"Insight", de Sebastián Díaz Morales. Foto: Divulgação / Site do artista.
Em Insight, a imagem de uma equipe de filmagem que encara o espectador é subitamente esfacelada, como se fosse a superfície de um espelho partido. A metáfora com o objeto permite ao vídeo criar um ensaio visual que lida com a representação e os limites da ficção, e questiona os meios de comunicação de massa, vistos como o produto de um mundo que não distingue real e simulacro.
Para o novo episódio do Acervo Comentado Videobrasil, o curador e artista Nicolas Soares [1] comenta a obra de Sebastián Díaz Morales [2], exibida no 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (São Paulo, 2013). Confira abaixo:
Para acessar a obra completa clique aqui. E neste link pode-se encontrar uma breve análise de outras obras de Sebastián Díaz Morales.
Sobre o Acervo Comentado:
Acervo Comentado Videobrasil é uma parceria entre arte!brasileiros e a Associação Cultural Videobrasil. A cada 15 dias publicamos, em nossa plataforma e em nossas redes sociais, uma parte de seu importante acervo de obras, reunido em mais de 30 anos de trajetória.
Este projeto contribui para “redescobrir e relacionar obras do acervo Videobrasil, e vertentes temáticas, na voz de críticos, curadores e pensadores iluminando questões contemporâneas urgentes”, afirma Farkas.
Videobrasil
A instituição foi criada em 1991, por Solange Farkas, fruto do desejo de acolher um acervo crescente de obras e publicações, que vem sendo reunido a partir da primeira edição do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (ainda Festival Videobrasil, em 1983). Desde sua criação, a associação trabalha sistematicamente no sentido de ativar essa coleção, que reúne obras do chamado Sul geopolítico do mundo – América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio –, especialmente clássicos da videoarte, produções próprias e uma vasta coleção de publicações sobre arte.
Emilie Sugai no espetáculo AKA. Foto: Emidio Luisi
A arte abstrata de Tomie Ohtake toma nova forma em AKA. Concebido pela performer Emilie Sugai e pelo diretor Lee Taylor, o espetáculo propõe um diálogo interdisciplinar entre as artes plásticas e as cênicas contemporâneas, tendo como referência a dança japonesa butô. As apresentações ocorrerão de forma virtual e serão transmitidas gratuitamente pelo Sympla em sessões de 28 a 31 de janeiro e de 4 a 7 de fevereiro.
Para além de uma homenagem, o projeto investiga o universo pictórico e escultórico de Tomie Ohtake. “Não vamos mostrar as obras dela, mas é como se, pela dança, a pintura fosse nascendo do meu corpo”, explica a performer Emilie Sugai em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. AKA se desenvolve a partir de um roteiro cênico composto de quatro momentos, cada um relacionado a uma linguagem desenvolvida pela artista: esboço, gravura, pintura e escultura. De forma a reforçar a proposta sensorial, esses momentos possuem cores predominantes distintas, baseadas nos tons mais utilizados nos trabalhos de Tomie: o branco, o amarelo, o azul e o vermelho.
O projeto, que recebeu o Prêmio ProAC da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo para a produção e temporada de espetáculos inéditos de dança, foi pensado de forma presencial para o período pré-pandêmico. Devido às condições de isolamento social e segurança sanitária, ele foi transposto para um formato audiovisual, sob o olhar do cineasta Joel Pizzini.
Emilie Sugai no espetáculo AKA. Foto: Emidio Luisi/Produção
AKA conta com apoio de Fundação Japão, Instituto Tomie Ohtake, Santa Luz e Teatro FAAP e é desenvolvido em parceria com o Núcleo de Artes Cênicas (NAC).
Serviço Sessões gratuitas (online) via Sympla – para reservar o ingresso, clique aqui. 28 a 31 de Janeiro e de 04 a 07 de Fevereiro de 2021 Quinta-feira às 19h | Sexta-feira e Sábado às 20h | Domingo às 17h Duração: 40 minutos
Balé Folclórico da Bahia apresentando Espetáculo "Herança Sagrada". Foto: Vinicius Lima / Divulgação MASP
De 25 a 29 de janeiro, o MASP Auditório volta a abrigar a Semana Paulista de Dança. Criada em 2018, ela chegou a atrair mais de 2 mil espectadores em 2019, e agora chega à sua terceira edição. Desta vez, no entanto, todas as apresentações – gravadas antes da pandemia – serão transmitidas pelo canal do MASP no YouTube. Em razão do aniversário de 467 anos da capital paulistana, na última segunda-feira (25/01), o Balé da Cidade de São Paulo foi escolhido para dar início aos eventos.
“A ideia é continuar aproximando a cidade da dança por meio de atrações gratuitas e, desta vez, a agenda inclui espetáculos históricos que marcaram a trajetória de cinco companhias: quatro brasileiras e uma internacional”, afirma Anzelmo Zolla, curador da programação e que também foi responsável pela curadoria das duas primeiras temporadas.
Além do Balé da Cidade de São Paulo, mencionado acima, a programação de 2021 conta com apresentações do Theater Lüneburg (Alemanha), Quasar Cia de Dança e Studio3 Cia de Dança. O Balé Folclórico da Bahia fará o encerramento.
Como novidade desta edição estão os bate-papos que ocorrem sempre antes das apresentações. As conversas reúnem diretores e coordenadores artísticos e bailarinas dos grupos que irão se apresentar e o diretor de teatro José Possi Neto, referência do assunto no Brasil. Os temas discutidos variam das trajetórias das companhias aos espetáculos que serão apresentados e às Histórias da Dança no MASP, eixo temático ao qual o museu se dedicou em 2020. Participam Raymundo Costa, Olaf Schmidt, Henrique Rodovalho, William Pereira, Vavá Botelho, Erika Ishimaru, Mara Mesquita e Nildinha Fonseca.
Os eventos começam sempre às 19h com os bate-papos e os espetáculos ocorrem em seguida. Para assistir basta acessar youtube.com/maspmuseu.
Confira a agenda do festival para os próximos dias:
Dia 27 – quarta-feira, às 19h
Quasar Cia de Dança
Bate-papo: com o diretor artístico Henrique Rodovalho
Espetáculo: Divíduo (1998)
“A solidão é o tema que serve de fio condutor para a dramaturgia. Apartamentos urbanos, de pessoas que se encerram em 4 paredes e que criam e recriam relações com imagens, objetos e sons. O espetáculo propõe um diálogo entre o que é real e o que é virtual e solicita a participação de agentes externos, como a programação de rádio, a televisão que sintoniza canais abertos e o contato telefônico com profissionais do sexo”.
Dia 28 – quinta-feira, às 19h
Studio3 Cia de Dança
Bate-papo: com o diretor cênico William Pereira e a bailarina Mara Mesquita
Espetáculo: Depois
“O roteiro gira em torno de uma companhia de dança e os acontecimentos, sentimentos e sensações provocados após o final do espetáculo: o processo de individualização dos bailarinos; o corpo coletivo que se dissolve em cenas íntimas, de memórias, reflexões e confrontos. Um espetáculo metalinguístico onde a dança reflete a própria dança e seus intérpretes. A apresentação terá a participação especial da atriz e coreógrafa Marilena Ansaldi”.
Dia 29 – sexta-feira, às 19h
Balé Folclórico da Bahia
Bate-papo: com o diretor artístico Vavá Botelho e a bailarina e coreógrafa Nildinha Fonseca
Espetáculos: Bolero, 2-3-8 e Okan
Bolero
“Fusão de Bolero, de Maurice Ravel, aos ritmos africanos que dão o tom dos movimentos da companhia. Este espetáculo foi criado, há dois anos, para celebrar os 30 anos de existência da companhia”.
2-3-8
“Slim Melo, ex-bailarino da companhia, propõe uma coreografia que remete à sua memória afetiva quando morador da Cidade Baixa, em Salvador. Ele deseja celebrar a vida, as cores, texturas e aromas de sua terra natal, evocando os movimentos de rua com sua espontaneidade, técnica e simplicidade”.
Okan
“Nildinha Fonseca, primeira bailarina do Balé Folclórico da Bahia, assina esta nova coreografia que traz elementos de matriz africana somados à feminilidade. O espetáculo engloba diversas linguagens artísticas como teatro, dança e música que juntas conduzirão o público a um passeio pelo universo feminino”.
"Barriga", 2018, de Leda Catunda. Foto: Fortes D’Aloia & Gabriel e Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires.
A partir do dia 19 de fevereiro, até o mês de agosto, o Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA) apresenta a mostra Fuera de serie (fora de série), com obras da paulistana Leda Catunda e da portenha Alejandra Seeber – duas artistas latino-americanas cujas pesquisas estéticas se aprofundam nos limites da pintura.
Com curadoria de Francisco Lemos, a mostra reúne obras, estudos, esboços e documentos históricos e recentes. Segundo o texto de apresentação, a exposição expõem as obras de Seeber e Catunda “no âmbito das suas técnicas pictóricas e da influência que recebem da cultura urbana, arte moderna, design, música e natureza. Evidenciando perspectivas partilhadas e zonas de diferença, ela busca iluminar as particularidades de suas obras, sugerindo trocas entre suas trajetórias e estéticas”.
A exposição ocupa dois ambientes do MALBA, uma das mais importantes instituições culturais argentinas, inaugurando o programa “Paralelo 1 || 3” – que coloca em conversa espaços expositivos do térreo e do segundo andar do museu. Fuera de serie será acompanhada por um livro homônimo editado por Gabriela Rangel, diretora artística do museu, com imagens e um ensaio curatorial de Lemus, um texto do poeta norte-americano John Yau e uma entrevista com as duas artistas.
“Mujer Pancho”, 1999, de Alejandra Seeber. Foto: Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires
Em trecho de seu texto, Yau escreve: “Na expansão dos limites da pintura – esforço que, ao mesmo tempo, põe em causa o seu estatuto de privilégio – Catunda e Seeber levam a disciplina para um novo território onde o assunto é sério, mas não levado muito a sério. Ambas as artistas são capazes de dar humor e consciência social ao seu trabalho. Elas questionam os padrões do que constitui beleza e experiência estética refinada para o espectador e o convidam a fazer o mesmo”.
Além de sua primeira exposição no museu portenho, no segundo semestre de 2021 Leda Catunda apresenta mostra na Carpintaria (espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro), ao lado da norte-americana Judy Chicago.
Performance com as Xifópagas Capilares,reproduzida para Nervo de Prata, 1987. 1 videocassete (20 min.) VHS
Lembrar da influência da França na cultura brasileira é algo que nos faz percorrer um caminho filosófico-artístico e poético que nomeia o anônimo, recorda o esquecido e dá voz ao silêncio.
Até os anos 1960, a cultura francesa tomava conta do mundo ocidental, não é por acaso que o idioma francês é o único falado oficialmente nos cinco continentes. No Brasil, havia uma comunicação cotidiana entre os dois países, via cultural. Os colégios de freiras se ocupavam da educação de uma elite juvenil feminina. A Universidade de São Paulo, em 1934, foi buscar na França intelectuais e cientistas para sofisticar seu quadro acadêmico e assim vieram Roger Bastide, Lévi-Strauss, entre outros.
O intercâmbio entre a França e o Brasil vem de longa data e este ano toma vários espaços culturais. Na bienal de São Paulo, de 1951 a 1961, críticos franceses participaram do júri de premiação em sete edições, e artistas daquele país levaram prêmios em oito.
Na contemporaneidade, Tunga foi o artista brasileiro que mais se destacou na França, onde fixou residência na décadade 1980, e onde realizou várias exposições na galeria Daniel Templon, expôs no Grand Palais, Louvre e chegou à X Documenta de Kassel, convidado pela curadora da mostra, a crítica francesa Catherine David. Nosso especial relembra aqueles tempos de Tunga na iluminada e efervescente Paris da época. As Xifópagas Capilares da foto acima, são uma expressão do período.
ARTE!Brasileiros também destaca algumas exposições importantes que movimentarão neste segundo semestre o Ano da França no Brasil, como o inesquecível Matisse, reverenciado por todos, que traz sua alegria à Pinacoteca do Estado de São Paulo; de Chagall, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte e em seguida no Rio de janeiro, com momentos singulares de uma vasta obra; Cartier-Bresson, que o público poderá apreciar em um significativo conjunto de fotografias. O design ganha vitrina na exposição do Museu da Casa Brasileira.
Ainda nesta edição, um artigo especialmente elaborado para mostrar a magnitude do patrimônio francês que integra os acervos das mais importantes instituições brasileiras. E há muito mais!
I am writing this text in the midst of the isolation we have been subjected to in the past few days by the pandemic that has plagued our planet, to a greater or lesser extent, in most countries.
In Italy, where until now we rarely commented on the exhibitions at the Venice Biennale, approximately 12 thousand citizens died in the last 30 days. We all watched in horror the international scenes, typical of science fiction films. We read and heard daily a plethora of data and information about an unknown scourge, the COVID-19, which only comes close to the Black Death, in the Middle Ages, or the Flu Spanish, before World War I. Today and here, we are trying to minimize the numbers of human losses in Brazil, collaborating with a quarantine that allows the least amount of infected people.
We are perplexed in our fragility to the cracks in an economic and political system that cannot be sustained when it comes to serving human beings equally. Who until a few days ago defended the minimum state, today recognizes in the Unified Public Health System (SUS) the only way out of crises of this magnitude. Scientists who at the beginning of the year were forced to stop their research thanks to the cut in grants and investments are now being requested at all times.
The coronavirus came against our daily virus.
In culture, where we already discussed cuts to incentive laws and watched the dismantling of various institutions, the pandemic poses a new challenge.
To date, March 31, 2020, all meetings and cultural activities have been canceled or postponed. The editions of the Art Basel fairs in Hong Kong and Basel closed; ARCO Lisbon; SP-Arte, in São Paulo; and arteBA, in Buenos Aires. The São Paulo and Mercosur Biennials were postponed, as well as the Manifesta13, in Marseille. The Berlin Biennial still has to announce whether it will be maintained in June.
The IFEMA Exhibition Center, where the traditional ARCO Madrid fair was held just a month ago, has just been transformed into a “hospital” with over a thousand beds for infected patients.
“The outlook is bleak for the country’s cultural sector,” said Manuel Fernandez-Braso, president of the Asociación de Galerías de Arte de Madrid.
Despite the anguish we experience, having to take care of ourselves and our peers, we had to find, in our daily lives, moments of reflection and work solutions so as not to fade.
For our team, this would be a moment of great celebration. In this edition # 50, the first of the year, ARTE!BRASILEIROS celebrates its 10th anniversary. Ten years where we defend the idea that art synthesizes transversal narratives and that, specifically in the work of art, the artist expresses his ability to move away from the world and perceive him as a subject. It contains your ideas and, certainly, your anxieties and those of your time.
In these years we have tried to portray the strength and diversity of contemporary Brazilian art, for Brazilians and for the world, in some of the themes that stood out in this period in a remarkable way: the defense of freedom and gender issues; the fight against racial discrimination, women’s segregation, economic, social and political oppression; migratory movements, freedoms, denouncing aggressions to the environment and the planet.
We also portray innovation in movement, in color, the search for new supports, experimentation, research of materials and stories.
To this end, we invested in a contemporary digital art and culture platform, capable of speaking both to academia and the market.
We created a huge network of national and international collaborators and our seminars brought together interlocutors from several countries.
We got here with a positive balance. More than a thousand subscribers to the printed magazine, close to 50 thousand organic and loyal followers on Instagram, in addition to a network of relationships and readers that surrounds around 80 thousand on the www.artebrasileiros.com.br portal
This year, if we manage to win COVID-19 and its aftermath, we will hold our VI International Seminar, scheduled for early October.
This edition, which brings a new graphic project, specially commissioned to the team of designers at Alles Blau Studio, had the ability to adapt to the difficulties of the moment. The work with the teams in the home-office, their interviews and reports, showed a very high degree of collaboration and competence on the part of everyone involved. Most of the texts were produced before the several postponements of exhibitions and biennials, but we chose to keep them, believing that better days will come.
We hope to find everyone healthy, and can imagine another moment, which will certainly require us to be born again.
IN THE ACADEMIC UNIVERSE, the prefix “trans” refers to what is “between”, “through” and “beyond” the disciplines, considered only segments of knowledge. ARTE!Brasileiroswas founded five years ago with the conviction that art has the ability to be a particular catalyst for the idea that we must regroup the different forms of knowledge in order to seek an understanding of the world. It is a special instrument to track the reflection of contemporary individuals about their own suffering. Art allows the juxtaposition of messages, it “knows”. Its mediation as a cognitive and sensory experience allows for an encounter of trans-formation. An experience with one another that goes “beyond”.
The psychic force of each subject, immersed in his
time and territory, the different forms of expression,
choice of languages and mediums make the artwork
an exceptional channel, where, throughout history,
men leave their legacy.
In contemporary art, for lack of a better term to name the art we have access to after Modernism and the avant-garde movements, diversity explodes. It is in the choices of the speech used by artists and artistic directors that we see the “through”.
Social, political or religious hatred, intolerance to gender differences, defence of territories and violence against refugees who globally migrate leaving behind part of their history, all these issues break out and create in the work of artists, cultural entanglements that “speak”. The issues and concerns of the contemporary individual are brought to the fore, giving way to another conception of beauty.
In an interview with Brazilian art critic Frederico Morais, entitled Material Language, and partially published on the Tate Etc. magazine, issue number 14, in April 2008, Meireles says: “I produced my work based on language. I try to distance myself from a pathological approach
to art, that is, art as an autobiography of the author.”
In this edition, we assembled exhibits from different parts of the world, featuring foreign artists who dive and translate to the visual arts the social and cultural characteristics of different countries. In Brazil, books and exhibitions that focus on immigrant artists – Yolanda Mohalyi, Lasar Segall, Lina Bo Bardi – who settled here, thus building part of the national art history. Coverage of the Lyon and Istanbul biennales, the Frieze and Fiac fairs, shows and initiatives that address by the means of the arts, the issues of gender and sexual identity.
For the past five years, ARTE!Brasileiros has maintained that conviction following, along with journalists, curators, historians, anthropologists and art critics, the work of Brazilian and foreign artists, national and international exhibitions, numerous biennales, the establishment and progress of cultural institutions, research publications and books, and of course, a market that only came to grow in the past three decades.
Our audience has gained strength and our bilingual publication has gained ground. In 2012, we won the Art Critics Brazilian Association Prize, Antônio Bento, dedicated to the top visual arts outreach and promotional work in the media, in 2011.
Since ever, we have tried to be as serious as possible with regards to reflection and information. It has been an absolute joy to accompany young artists in their early career and witness them evolve, as well as those already established, who have gained prominence and new working spaces.
We have also developed a division for networking and seminars, for listening to the experience of national and international experts, which reached an ever increasingly eager public. Finally, we now have a digital platform with a weekly schedule, video interviews and reports, the first steps for our ARTE!TV.
We want to thank our employees, who supported and accompanied us through the difficulties and contributed to implementing an enterprise like this in Brazil, a country with gaps in its educational development, but which, despite its flaws, is still
an international cultural reference, and we also thank our sponsors who support this initiative.
We hope, with all our hearts, to have the needed strength to carry on.
Foto da Art Basel em Miami Beach. Cortesia da feira.
Na ressaca de 2020, o mundo da arte começa a retomar calendários e estabelecer estratégias reformuladas após um ano de eventos sendo adaptados por conta da pandemia e feiras migradas em formatos híbridos com o online. A incerteza ainda cerca qualquer planejamento para o ano que começa, mas mesmo assim alguns especialistas em arte e mercado deram suas apostas para 2021. Em sua coluna Gray Market, o editor da seção de mercado no Artnet News, Tim Schneider, calcula que as principais feiras de arte de 2021 acontecerão conforme planejado: Frieze New York (5 de maio), Art Basel Hong Kong (21 de maio), Frieze Los Angeles (26 de julho), Armory Show (9 de setembro) e Art Basel Miami Beach (dezembro).
“Se você está contando pontos, isso significa que as duas únicas feiras importantes que estou advertindo são a Art Basel em Basel (prevista para sair em 14 de junho, mas postergada recentemente para 23 de setembro) e a Frieze London / Masters (com lançamento previsto para 13 de outubro)”. Por que essas duas exceções? Schneider explica que a Suíça fez jus à sua reputação em 2020 por estar entre os países mais exigentes e restritos do mundo no que se refere à regulamentação de eventos presenciais durante a crise. “Considere os desafios que já estamos vendo com a distribuição de vacinas e restrições de viagens internacionais relacionadas à saúde, e posso ver os funcionários do governo potencialmente forçando a Art Basel a atrasar um pouco seu principal evento”, ele supõe.
Já sua ressalva com a Frieze London / Masters recai sobre a estratégia de vacinação adotada pelo Reino Unido: o governo pretende oferecer vacinas a 15 milhões de pessoas – acima de 70 anos, profissionais de saúde – em meados de fevereiro e milhões a mais de pessoas com mais de 50 anos e outros grupos prioritários até a primavera. Só no outono o resto da população adulta receberá uma vacina, justamente para quando a ocorrência da Frieze London está planejada. O mesmo período no ano passado marcou um novo acréscimo no nível de transmissões, algo que poderia ser novamente um empecilho. “A cautela poderia obrigar os funcionários da Frieze a mudar a feira de seu formato tradicional no Regent’s Park para o mesmo modelo distribuído da Frieze Los Angeles 2021”, indica o editor.
Com todo o zelo para a última edição da Frieze de 2021, por que Schneider está confiante com a ocorrência da primeira, em Nova York, ainda em maio? Uma resposta pode ser a oferecida por Victoria Siddall, diretora do conselho da feira na metrópole americana. Em entrevista ao colunista do The New York Times Scott Reyburn, Siddall já havia sinalizado que “Nova York é uma das poucas cidades onde você pode realizar uma feira para 60 galerias internacionais sem ter que contar com um grande público internacional. Há tantos colecionadores na cidade”. Ela afirma: “É uma feira muito menor, mas parece certa para o primeiro semestre.”
Há de se esperar para 2021 uma redução no número de feiras frequentadas pelos galeristas? Talvez sim. A galerista de Marianne Boesky, também de Nova York, planeja atender metade das feiras às quais comparecia há cinco anos, por exemplo, ressaltando que a necessidade de frequentar os eventos e seu encarecimento gradual levaram-na a um ponto em que a comparação entre a receita da galeria e as despesas gerais em feiras de arte – sem contar horas de trabalho -, quase não atingiam o ponto de equilíbrio.
O leiloeiro Oliver Barker presidindo os leilões eletrônicos globais da Sotheby’s. Cortesia da Sotheby’s.
Para além da permanência das feiras presenciais, Schneider se arrisca entrevendo um aumento nos leilões online devido a um número de compradores dispostos a gastar (“livremente, mas não de forma imprudente”) depois de um ano em que reduziram os luxos; sua aposta é que finas obras de arte serão vendidas em leilão, embora “troféus não façam parte do pacote”.
E como ficam os famigerados viewing rooms? “Minha sensação é que, uma vez que até mesmo a programação física limitada entrou em cena, manter um programa digital simultâneo tornou-se uma proposta cada vez mais de alto esforço / baixa recompensa para revendedores com recursos modestos”, explica o editor. Ele complementa notando que caso feiras de arte virtuais continuem após o retorno de suas contrapartes ao vivo, “alguns desses negociantes vão decidir que o ciclismo contínuo de suas próprias salas de exibição online não vale mais a pena, especialmente se eles ainda puderem participar de feiras virtuais”.
Sejam os viewing rooms ou leilões virtuais, para a consultora de arte Emily Tsingou: “O legado duradouro de 2020 será que a confiança em um formato puramente digital não é a solução para o futuro do mercado de arte”, como dito em entrevista ao The Art Newspaper.
LEIA MAIS: Na edição #53 de arte!brasileiros foi publicada uma reportagem que traçava um panorama do mercado da arte no Brasil em 2020, escutamos galeristas e outros agentes do mercado nacional, colocando em cheque tais adaptações ao ambiente virtual e se elas haviam sido benéficas, ou não. Confira acessando este link.
Para iniciar a sua programação de 2021, a Pinacoteca de São Paulo abre, no dia 1° de fevereiro, a mostra Fayga Ostrower: Imaginação Tangível, individual de uma das mais destacadas artistas do Brasil no século 20. Com 130 trabalhos, a exposição traça um panorama da produção de Fayga Ostrower (1920-2001), pioneira da gravura abstrata no país, nascida na Polônia e naturalizada brasileira após sua chegada ao Rio de Janeiro em 1934.
A exposição, com curadoria de Carlos Martins, faz parte das celebrações do centenário de nascimento da artista – “autodidata, inovadora e múltipla em suas realizações” – e está organizada a partir dos principais interesses que norteavam sua pesquisa. Segundo o texto de apresentação da mostra, “o público poderá apreciar a pluralidade das obras que se relacionavam com a literatura, estamparia e arquitetura, ampliando os limites tradicionais das técnicas de xilogravura e gravura em metal, criando um vocabulário muito particular”.
Ilustração para a capa de “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima, 1952. Foto: Isabella Matheus/ Pinacoteca de São Paulo
Em um primeiro núcleo, a exposição perpassa os anos de formação de Fayga, onde é visível o uso das narrativas literárias e a inspiração em livros para criar imagens e aprimorar o aprendizado da gravura. Nesse período, a artista ilustrou livros como O Cortiço, Invenção de Orfeu e Terra Inútil. O segundo momento da mostra apresenta o período em que Fayga Ostrower passa a obter reconhecimento nacional e internacional, e no qual ela dá uma grande virada em sua carreira – na década de 50, a artista abandona a figuração e parte para abstração e para composições mais livres.
O terceiro período contemplado pela exposição, em núcleo intitulado Expressões Gráficas, mostra a aproximação de Fayga, já no final dos anos 60, com outras técnicas de trabalho, como serigrafia e litografia. Estão aí também os cartazes de divulgação das exposições de Fayga, desenhados pela própria artista. “Ela tinha essa curiosidade de imagem impressa, sem preconceito. O que interessava era a multiplicação da imagem, fazer uma proposta visual que possa e tenha caráter, mesmo que multiplicado sobre o papel por qualquer tipo de mídia”, afirma Martins no texto de divulgação.
“Bambús”, 1953, serigrafia sobre tecido. Foto: Isabella Matheus/ Pinacoteca de São Paulo
Uma das mais destacadas artistas brasileiras de seu tempo, Fayga Ostrower recebeu o Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo (1957) e o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza (1958), além de prêmios nas bienais de Florença, Buenos Aires, México e Venezuela. Para a exposição na Estação Pina, um catálogo bilíngue (português e inglês) foi produzido com imagens das obras da Fayga, mostrando sua trajetória e reunindo textos de Carlos Martins e de Adélia Borges.
*Leia também “Acervo Radical”, texto de Fabio Cypriano sobre a nova disposição da coleção da Pinacoteca do Estado.
Serviço: Fayga Ostrower: Imaginação Tangível Estação Pinacoteca – 2° andar Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia Gratuito (a entrada só é permitida com a reserva pelo site www.pinacoteca.org.br)
Cena de "Sound Graden", de Jeamin Cha. Foto: Divulgação
Já faz alguns anos que, de modo crescente, as discussões em torno do Antropoceno se tornaram pauta fundamental na pesquisa e produção de artistas contemporâneos ao redor do mundo. Se temáticas como a destruição da natureza já estavam presentes nas artes visuais há mais tempo, a urgência da crise ambiental e a consolidação de um novo conceito – que se refere ao período em que a ação humana na natureza é tamanha e tão destrutiva que passa a representar uma ameaça à própria vida no planeta – se mostraram incontornáveis na criação artística realizada nas mais variadas linguagens e suportes.
Dentro deste contexto, ainda parece raro no mundo ocidental, e no Brasil mais especificamente, um olhar atento para a produção oriental referente a esses temas, em países como, por exemplo, a Coreia do Sul. “Desde o início, o objetivo desse projeto curatorial era mostrar o Antropoceno não ocidental”, conta Juhyun Cho, curadora da mostra Antropoceno: Coreia x Brasil 2019-2021, em cartaz desde o começo de janeiro na plataforma Videobrasil Online. Suprir parte desta lacuna, portanto, é um dos objetivos da exposição, que reúne contundentes trabalhos audiovisuais de seis artistas coreanas contemporâneas: Hayoun Kwon, Sanghee Song, Ji Hye Yeom, Jeamin Cha, Eunji Cho e Song Min Jung.
Cena de “Future Fever”, de Ji Hye Yeom. Foto: Divulgação
A data presente no título se refere ao início, em 2019, de um projeto mais amplo de cooperação entre a Associação Cultural Videobrasil e o Ilmin Museum of Art, em Seul – do qual Cho é a curadora chefe -, que apresentou uma mostra de artistas brasileiros no museu coreano. A segunda exposição, com os trabalhos dos artistas coreanos, seria realizada presencialmente no Brasil em parceria com o Sesc, mas acabou migrando para a nova plataforma do Videobrasil por conta da pandemia de Covid-19. Apesar da mudança forçada, o novo formato se mostrou coerente com a pesquisa da curadora coreana – bastante focada na relação entre arte e novas mídias – e com o suporte dos trabalhos, que misturam principalmente filmagens e animações 3D.
Para Cho, a apresentação dos 11 vídeos – “altamente narrativos” e com duração entre 5 e 35 minutos – em ambiente virtual, permitindo ao visitante número irrestrito de acessos, a qualquer horário ao longo de um mês, “parece ser vantajosa para entregar mensagens ao público, que pode viver uma imersão e apreciação mais completa”. De fato, a disponibilidade de tempo parece favorecer a mostra, dada a densidade dos trabalhos, com narrativas por vezes fragmentadas e com múltiplas camadas de apreciação, em um emaranhado de visões sobre as questões sociais e geopolíticas da Coreia, mas também relacionadas às questões globais contemporâneas.
Cena de “Sound Graden”, de Jeamin Cha. Foto: Divulgação
Apesar dos diferentes temas tratados, a percepção sobre um mundo distópico legado ao futuro pelo Antropoceno percorre a maior parte dos trabalhos. Segundo Cho, “são artistas que operam na fronteira entre normalidade e aberração, em obras que, de formas diferentes, baseiam-se no documental”. O ficcional e os traços de surrealismo que surgem nos filmes e animações não deixam de estar conectados a realidades conflituosas enfrentadas no mundo, especialmente em regiões periféricas ou por grupos desfavorecidos. “Os trabalhos não apresentam a visão utópica de que este mundo capitalista será derrubado ou se tornará melhor, eles mostram a cegueira ou o lado invisível da crise e da realidade que enfrentamos”, afirma. “Os artistas estão falando diretamente sobre a crise e sobre quem está sofrendo com ela, por meio de fatos históricos e narrativas de ficção cientifica”, explica.
Entre os universos retratados surgem histórias passadas em lugares como a DMZ (Zona Desmilitarizada entre as Coreias do Sul e do Norte), os hospitais, ruas e estádios de Seul, as estradas do interior do país ou o mar de seu litoral, mas também em um povoado na Nigéria, em Paris ou em áreas da Amazônia brasileira. Há ainda lugares não identificáveis, vistos em épocas passadas ou futuras – por vezes com estética semelhante a de videogames – e referências a Leviatã, a Inteligência Artificial, a psicologia, ao militarismo e ao feminismo.
Cena de “Wild Seed”, de Min Jung Song. Foto: Divulgação
Mulheres coreanas
Em consonância com o enfoque dado há mais de 30 anos pela Associação Cultural Videobrasil à produção artística do chamado Sul Global – termo referente a países ou grupos marginalizados no quadro geopolítico global -, a aproximação entre Brasil e Coreia permite traçar diálogos ainda pouco vistos nas instituições culturais de ambos os países. “Acima de tudo, pensei que a solidariedade centrada em cada área era significativa para que os objetos de discriminação, exclusão e alienação que a modernidade e o capitalismo global criaram pudessem adquirir uma nova identidade”, explica Cho.
Para Solange Farkas, diretora do Videobrasil, “é de grande relevância mostrar para o público sul-americano as visões filosóficas, políticas e ecológicas de mulheres artistas coreanas que exploram com extrema habilidade a relação entre a terrível crise global em curso e o impacto da atividade humana em nosso planeta”. O fato de serem apenas artistas mulheres, ressaltado por Farkas, não deixa de estar associado à busca pela visão dos grupos menos favorecidos, como explica a curadora coreana: “Eu também queria mostrar como o patriarcado do capitalismo explorou as mulheres e a natureza, e como é importante construir uma coalizão global com vítimas da corrida ocidental pela acumulação de capital, incluindo trabalhadores, povos originários e várias minorias sujeitas à opressão e discriminação pela sociedade moderna. Mas é claro que eu não acho que apenas artistas mulheres podem construir esta solidariedade”.
Cena de “A Night with a Pink Dolphin”, de Ji Hye Yeom. Foto: Divulgação
Ao fim do período de um mês no ar, no dia 1º de fevereiro, Antropoceno: Coreia x Brasil 2019-2021 dá lugar na plataforma do Videobrasil a outra exposição concebida em parceria por Farkas e Cho, uma individual de Ayoung Kim. Uma das mais destacadas artistas contemporâneas do país asiático, Kim foi a representante da Coreia do Sul na 56a Bienal de Veneza de 2015, teve importantes mostras individuais no Festival de Melbourne e no Palais de Tokyo (Paris), além de ter participado de diversas bienais e festivais de cinema ao redor do mundo.
Segundo Cho, Ayoung Kim apresenta, em vídeos, performances e instalações, questões contemporâneas como a história coreana moderna, a política do petróleo, o imperialismo territorial e a movimentação do capital no mundo. Em suas experimentações, a artista apresenta ainda um vasto trabalho com arquivos e com desenvolvimento de dados e evoca formas pouco familiares de ler, ouvir e pensar sobre as condições do mundo. A mostra será a quarta a ocupar o espaço do Videobrasil Online, inaugurado em setembro com o documentário Abdoulaye Konaté – Cores e Composições, seguido pela exposição Sacudimentos, de Ayrson Heráclito, e da mostra coletiva Antropoceno, das artistas sul-coreanas.