Miriam Inêz da Silva. Título desconhecido, 1992. Cortesia Almeida e Dale Galeria de Arte.
Miriam Inêz da Silva. Título desconhecido, 1992. Cortesia Almeida e Dale Galeria de Arte.

Com o mesmo título da exposição realizada pela galeria Almeida e Dale, em cartaz até o fim de março, o livro As Impurezas Extraordinárias de Miriam Inêz da Silva será lançado no dia 27 de fevereiro. Na mostra foram reunidas mais de 110 pinturas e gravuras criadas pela artista entre 1962 e 1996, sendo a maior retrospectiva de Miriam na capital paulista. Agora, obras inéditas que não puderam estar expostas compõem as páginas do livro, que conta ainda com textos de Kiki Mazzucchelli, Sofia Cerqueira, Marcelo Campos e Bernardo Mosqueira, curador da mostra e organizador da publicação.

Nascida em 1937 na cidade de Trindade, em Goiás, Miriam Inêz da Silva estudou na Escola Goiana de Artes Plásticas, foi aluna de Ivan Serpa no MAM-RJ, participou de duas Bienais Internacionais de São Paulo (1963 e 1967) e sustentou uma trajetória artística de quatro décadas. Ao revisitar a obra de Miriam, Mosqueira, junto de Ana Clara Simões Lopes, pretende apresentar os seus trabalhos como frutos de uma mulher moderna e transgressora (confira aqui conversa entre os dois sobre a exposição). Essas são características ressaltadas pela mostra ao evidenciar ainda o fato da artista ter representado de maneira única as tensões relativas ao processo de modernização do Brasil no século 20. Tal representação se afasta da forma como a artista foi retratada por muito tempo; segundo Mosqueira, a partir do início dos anos 1970 quando grande parte dos críticos de arte no país passou a classificar a artista como “primitiva”, “naïf” e “popular”, seu trabalho passa a ser tratado como algo gerado de maneira intuitiva, ingênua e tradicional.

 “A inclusão (ou exclusão) de Miriam nestas categorias fez de sua obra objeto de um olhar atrofiado, informado por elitismo, incapaz de reconhecer as complexidades que constituem sua prática. Onde estes críticos vêm apontando intuição, inocência, pureza e tradição, na exposição ressaltamos intenção, malícia, impureza e transgressão”, afirma o curador.

Miriam Inêz da Silva. "Gato gatão. De dia é gato, e de noite assombração". Cortesia Almeida e Dale Galeria de Arte.
Miriam Inêz da Silva. “Gato gatão. De dia é gato, e de noite assombração”. Cortesia Almeida e Dale Galeria de Arte.

A mostra fica em cartaz até dia 27 de março com entrada gratuita. As visitas podem ser agendadas pelo telefone (11) 3882-7120 ou e-mail: recepcao@almeidaedale.com.br. Por conta da pandemia, a galeria produziu um viewing room no qual o público poderá conhecer a montagem virtualmente.

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