"O fim continua_Barro-cerâmica", de Tatiana Blass, exposta na individual "Reviravolta", na Galeria Millan. Foto: Ana Pigosso
Que Tatiana Blass é uma das principais artistas de sua geração, isso todos nós já sabíamos; que ela continuava a desenvolver seu universo poético e a expandir sua linguagem com a mesma potência do início, isso é um dado novo. Ou melhor, um dado novo pelo menos para mim que, já faz alguns anos, não observava sua produção.
A mostra Reviravolta que a artista apresenta até o próximo dia 16 de julho na Galeria Millan, demonstra como Tatiana mantém a potência de seus trabalhos de início de carreira, de alguma maneira, ainda conseguindo tensionar a pintura e sua história, por meio de três movimentos:
Em primeiro lugar pela representação de espaços tridimensionais (salas, palcos?), condicionando-os irremediavelmente às duas dimensões da tela ou do papel ou do vidro.
O real tensionado na representação, os tons baixos, todas aquelas áreas trabalhadas por alguém que conhece as pinturas de Alfredo Volpi e Paulo Pasta, mas que não se contenta em ser mais um epígono obediente dos dois artistas, um desses adeptos interessados apenas em cristalizar determinadas soluções plásticas logradas com êxito por ambos.
Tatiana parece partir da pintura de Volpi e Pasta para trazer mais alguns dados à linguagem pictórica, ampliando soluções conhecidas, experimentando superfícies e transbordamentos que acabam por escapar ao rigor dos artistas mais velhos, ansiando por esbarrar e penetrar de maneira mais efetiva em outras áreas talvez mais alusivas.
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Vista da exposição "Tatiana Blass: Reviravolta", na Galeria Millan. Foto: Ana Pigosso
Vista da exposição "Tatiana Blass: Reviravolta", na Galeria Millan. Foto: Ana Pigosso
"Os sentados", de Tatiana Blass. Foto: Ana Pigosso
O segundo movimento de Tatiana fica mais evidente em uma pintura em que a busca do tempo na pintura – a pintura, a arte do espaço, o teatro, a literatura, as artes do tempo (ver Lessing) –, se transforma numa espécie de “efeito caleidoscópio”, em que as áreas internas da pintura se movem e se removem, com humor.
Interessante ver como décadas após Abraham Palatnik propor, de maneira solene, a sua “arte cinética” – uma pintura que, envergonhada, busca introduzir o tempo no espaço – Tatiana retoma o mesmo problema agora como uma espécie de brincadeira de criança, uma brincadeira tão séria que chega a emocionar.
O terceiro movimento de Tatiana concentra-se no transitar entre a pintura e a escultura, produzindo objetos ou “cenas tridimensionais” que ocorrem dentro de estruturas idealmente cúbicas, cenas pictóricas, teatrais.
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Obra de Tatiana Blass exposta em "Reviravolta". Foto: Divulgação
Obra de Tatiana Blass exposta em "Reviravolta". Foto: Divulgação
Obra de Tatiana Blass exposta em "Reviravolta". Foto: Divulgação
O uso dessas caixas virtuais onde “ocorrem” as esculturas da artista é o mesmo procedimento usado há séculos por Nicolas Poussin para realizar suas pinturas (refiro-me às maquetes produzidas pelo artista, reproduzindo as cenas que iria pintar). Poussin lá no século 17 e Giacometti, no século 20 – com seus cubos vazados, onde “ocorriam” algumas de suas esculturas – também me faz retornar ao trabalho de “desmanche” das esculturas de Tatiana.
Nesses trabalhos Tatiana se vale de um procedimento tão tradicional (as maquetes de Poussin, as caixas de Giacometti!) e encontra – pasmem! – outros dois artistas, estes contemporâneos que, cada um a seu modo, transformam e borram os limites da escultura, da pintura e do teatro. Refiro-me a Claudio Cretti e Erika Verzutti.
Cretti, a partir da exploração de objetos inusitados e suas relações entre si e o espaço real, caminhou para a construção de “palcos” em que esses mesmos materiais conectados, transformados agora em figuras, reclamam para o fazer escultórico tanto o teatral quanto o pictórico.
Verzutti, por sua vez, ao incorporar as bases que recebem suas formas na configuração geral do trabalho também encontra a pintura e o teatro onde – para modernistas impolutos – só deveria existir escultura.
É neste sentido que caminha Tatiana Blass, enveredando para a criação de encenações que ficam nas bordas do real, ou introduzindo o tempo quando só deveria ter espaço, nos limites entre a pintura, a escultura e o teatro. No limiar da matéria e do vazio.
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Obra da série "bijoux", de Claudio Cretti. Foto: Cortesia do artista
Obra da série "bijoux", de Claudio Cretti. Foto: Cortesia do artista
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Interessante como tanto Cretti, Verzutti quanto Blass, por caminhos distintos e com resultados tão singulares, demonstram a necessidade imperiosa da arte contemporânea buscar sua origem (ali, onde o teatro, a pintura, a escultura e o tableau vivant se encontram) como uma espécie de salvo conduto para continuar existindo e significando algo nos dias de hoje.
SERVIÇO
Tatiana Blass: Reviravolta Galeria Millan: R. Fradique Coutinho, 1360 – Pinheiros, São Paulo (SP)
Em cartaz até 16 de julho
Visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 15h
“Mais do que um fotógrafo, Penna é um construtor de imagens”. A frase do produtor e curador Baixo Ribeiro ganha mais sentido ao caminharmos por Labirintos Revisitados, em cartaz no Sesc Bom Retiro, em São Paulo. Traçando diálogos com referências artísticas do universo da pintura e da cinematografia, os trabalhos expostos compõem narrativas que se aproximam de cenas oníricas e ficcionais. Com curadoria de Agnaldo Farias e cocuradoria de Baixo Ribeiro, a nova individual de Penna Prearo reúne 49 fotografias. Apesar da longa trajetória do artista, a mostra enfoca trabalhos recentes, produzidos nos últimos três anos. “Não é uma exposição retrospectiva e isso para mim conta muito. Eu tenho cá comigo, firme, que mesmo com 50 anos de estrada, se eu estou vivo e produzindo, eu não estou retrospectando nada”, compartilha.
As cores saturadas, as diferentes texturas e as interferências visuais nos saltam aos olhos. Como destacam os curadores, há décadas Penna Prearo quebrou o (discutível) pacto que impõe à imagem fotográfica o dever de capturar uma fração do mundo, de forma transparente. “Passou a fazer da imagem fotográfica um bumerangue que bate no mundo para voltar repicando sobre si”, escreve Agnaldo Farias no texto curatorial. “Essa imagem dá uma autêntica descrição do que a gente sente quando olha o trabalho do Penna. Não são imagens comuns, não são imagens simples. Não estão representando nada. Então, quando elas vêm, nos capturam, nos ocupam a vista e a percepção”, complementa Baixo Ribeiro.
“Para mim, a fotografia mudou completamente de eixo”, diz o artista, que acredita que desde o início do seu trabalho esse eixo já estava deslocado da captura do real. “Com o tempo, fui dominando essas ferramentas [da fotografia] – ferramentas de pensar, inclusive. No começo, por exemplo, tive que criar coragem para sair da foto única e montar esses painéis com muitas imagens – isso faz muito tempo, já. Eu falo criar coragem, porque foi exatamente isso que aconteceu. Eu liguei para dois, três amigos para saber se eu podia fazer isso… Imagina! Você pode fazer tudo que você quiser. Então, eu fui me libertando dos parâmetros mais óbvios da fotografia, que é o documento”, conta. Assim, mergulhou seu trabalho em outra lógica, e através do tratamento digital, construiu suas imagens.
A arte!brasileiros visitou a exposição e conversou com o cocurador e com o fotógrafo Penna Prearo. Confira:
Mais um dos parâmetros da fotografia do qual Penna Prearo se libertou foi a necessidade de uma câmera fotográfica profissional. Aos 71 anos, o artista lida com Parkison há cerca de sete. “Afetou a mão direita, mão da câmera e do mouse. O mouse eu me adaptei com a esquerda e passei a usar canetinha digital. Com a máquina eu sempre usei muito tripé, mas a câmera pesada eu não dou mais conta, porque a mão direita ficou quase que inerte”, assim passou a construir suas imagens a partir de um aparelho celular.
“Aí, eu não mordo a isca de que o celular mudou meu trabalho, facilitou. Ele melhorou. É uma ferramenta muito oportuna e veio na hora certa. E para mim resolver a questão, eu não parei de trabalhar. Eu trabalho todo dia, todo dia. Quer dizer, todo dia eu finalizo uma imagem e ao menos assim eu poderia fazer uma exposição do tamanho dessa, fazer umas duas iguais”. E complementa: “A coisa do Parkinson e da idade começou a mostrar que o que a gente sempre achou que a vida é curta, você descobre que o tempo é curto mesmo. E o celular nessa hora, então, joga pra frente.”
Obras da exposição Gira, de Jarbas Lopes, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR)/Foto: Wesley Sabino
O Museu de Arte do Rio abriga duas exposições simultâneas, em cartaz até setembro. Em Gira, Lopes, cuja trajetória na arte começou há 30 anos, propõe novos significados para objetos que foram descartados nas ruas, de jornais e revistas a faixas de divulgação de shows e propaganda política, com os quais ele criou esculturas e pinturas interativas. Com curadoria de Amanda Bonan e Marcelo Campos, a mostra reúne cerca de 100 obras que fazem parte da produção do artista, além de trabalhos inéditos e projetos que só existiam no papel. Lopes também apresenta fotografias, desenhos, livros, maquetes e instalações.
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Obras da exposição Gira, de Jarbas Lopes, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR)/Foto: Wesley Sabino
Obras da exposição Gira, de Jarbas Lopes, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR)/Foto: Wesley Sabino
Já a mostra Coleção MAR + Enciclopédia Negra propõe uma reparação histórica, trazendo à luz trabalhos realizados por artistas contemporâneos, que retratam personalidades negras cujas imagens e histórias de vida foram apagadas ou nunca registradas. Antes do século 19, apenas os nobres eram retratados. Já negras e negros, foram fotografados, muitas vezes, em condições anônimas ou em cenas em que apenas aparecem carregando mercadorias em suas cabeças.
A exposição – que hoje reúne obras de 36 artistas contemporâneos no MAR – nasceu da colaboração entre os consultores e curadores Flávio Gomes, Lilia Schwarcz e Jaime Lauriano e teve sua primeira apresentação na Pinacoteca de São Paulo, em 2021. O trabalho resultou também no livro Enciclopédia Negra, que reuniu biografias de mais de 550 personalidades negras, em 416 verbetes individuais e coletivos, publicado em março de 2021 pela editora Companhia das Letras (saiba mais).
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Olhar de Mãe Aninha de Xangô, um dos trabalhos da mostra Coleção MAR + Enciclopédia Negra, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR)/Foto: Rafael Salim
Trabalho presente na mostra Coleção MAR + Enciclopédia Negra, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR)/Foto: Divulgação
Olhar de Tia Ciata, um dos trabalhos da mostra Coleção MAR + Enciclopédia Negra, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR)/Foto: Rafael Salim
Das 250 obras de artes expostas, 13 são novos retratos, criados por seis artistas contemporâneos, convidados pelo MAR, e que vão entrar para a coleção do museu após a mostra. O elenco de artista reúne Márcia Falcão, Larissa de Souza, Yhuri Cruz, Bastardo, Jade Maria Zimbra e Rafael Bqueer, que fizeram retratos de personalidades como Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Tia Ciata, Manuel Congo, Mãe Aninha de Xangô e João da Goméia. Em tempo: Coleção MAR + Enciclopédia Negra é a sexta exposição inaugurada neste ano pelo Museu de Arte do Rio e é parceria com a Pinacoteca de São Paulo.
SERVIÇO
Jarbas Lopes: Gira Até 16/9
Coleção MAR + Enciclopédia Negra Até 11/9
Museu de Arte do Rio (MAR) – Praça Mauá, 5 – Centro (RJ)
Horários: de quinta a domingo, de 11h às 18h (Última entrada no pavilhão às 17h)
Preço: R$ 20 (Inteira) R$ 10 (Meia) / Conferir política de gratuidade e meia-entrada no site e nas redes sociais do MAR
A história contada no argentino Vicenta, filme de Dário Doria, começa em 2006, com a personagem título descobrindo que Laura, sua filha mais nova e portadora de deficiência mental, havia sido estuprada por um tio e estava grávida. Junto com Valeria, a filha mais velha, Vicenta precisa conseguir que Laura possa abortar. Afinal, sendo uma criança, como poderia já ser mãe?
O documentário ganha certa momentum agora, tendo em vista que em dezembro de 2020 a Argentina aprovou o aborto legal e seguro para gestações até a 14ª semana. A decisão foi conquistada com muitos anos de luta, e o caso “LMR vs. Estado Argentino” contribuiu para impulsioná-la.
O tema do documentário é substancioso e urgente, mas seu formato também merece reconhecimento. O filme é inteiramente realizado com animação de bonecos e sua história é contada por uma narradora (Liliana Herrero) que não se dirige ao público de forma direta; onisciente e onipresente, ela conversa com Vicenta, ao invés disso. Com a escrita e a gravação bem executadas, esse elemento do filme torna-se um ás para a contação da história e contorna bem uma das barreiras para o seu feitio: o fato de que seus protagonistas não desejavam aparecer nele. “Como tornar essa história visível sem as duas principais ferramentas dos documentários, a entrevista e o registro direto?”, questionou Amir Labaki, fundador e diretor do festival É Tudo Verdade, onde o documentário faz sua estreia no Brasil.
O filme acompanha todo o processo de Vicenta, da descoberta da gravidez de Laura até o labiríntico processo com o Estado, “as próximas semanas serão idas e vindas ao tribunal. Para Laura, faltar à escola; para Valeria e para Vicenta faltar ao trabalho. Ir e voltar. Ir e voltar, uma vez e mil vezes”. Da apresentação de uma queixa, em 2011, ao comitê de direitos humanos da ONU ao ato de reparação pública a LMR, em dezembro de 2014.
Na resposta apresentada lia-se: “O comitê de direitos humanos da ONU em abril de 2011 considera que a falta de diligência do estado em garantir o direito legal a um procedimento exigido só por mulheres constituiu, em primeiro lugar, uma violação do direito à igualdade. Considera que a obrigação imposta a LMR de continuar sua gravidez constitui um tratamento cruel e inumano”.
Com isso, o comitê concluiu que o estado deveria reparar Laura, incluindo uma indenização, e tomar medidas para que violações desse tipo não ocorressem no futuro. Em resposta, o Estado deveria apresentar medidas para tal em um prazo de 180 dias. Finalmente, em 2014, a reparação chegou, oito anos depois, e a narradora pergunta a Vicenta: “Quanto dura um abuso de um tio? E das instituições? Quanto dura um dia Vicenta? E um ano? E oito?”.
*Trecho do texto de Miguel Groisman originalmente publicado em 14 de abril de 2021, confira clicando aqui.
Dentro do plano de internacionalização promovido pelo Centro Georges Pompidou de Paris para formar parcerias em outros países, pode ser criada agora sua primeira plataforma na América Latina, mais precisamente na cidade de Foz do Iguaçu, na região Oeste do estado do Paraná, aproveitando o imenso fluxo turístico para as belezas naturais das Cataratas do Iguaçu. Desde os anos 1980, museus de alguns países vêm se tornando pontas de lança de arte e cultura para se reafirmar em diferentes lugares do mundo, socializar seus acervos e, ao mesmo tempo, equilibrar suas receitas. Não por acaso, em 1981, Jack Lang, ministro da Cultura do presidente francês François Mitterrand, sentenciou: “A cultura é o petróleo da França”.
A iniciativa de buscar a cooperação com o Pompidou foi do governo do Paraná pelas características da instituição francesa, fundada em 1977. A assinatura de protocolo de intenções ocorreu no Centro Executivo da Itaipu Binacional. A empresa é parceira da iniciativa. O evento teve presença do governador do Paraná, Ratinho Júnior, e do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Anatalício Risden Junior.
As conversas começaram há dois anos. A arquiteta Luciana Casagrande Pereira, superintendente de Cultura do Estado do Paraná, lembra que foram feitas muitas reuniões virtuais por conta da pandemia, sendo a única presencial quando ela viajou a Paris. “O Pompidou foi escolhido por seu caráter multidisciplinar voltado às artes visuais, mas também ao cinema, teatro, dança e música”.
O museu internacional será construído na Foz do Iguaçu, a 17 quilômetros das Cataratas, na mesma região onde estão instaladas cinco das 15 maiores cooperativas de alimentos do mundo. “Foz do Iguaçu recebe cerca de dois milhões de turistas por ano. Se metade deste contingente ficar mais um dia para fazer turismo cultural, a estimativa é que sejam injetados mais de R$ 400 milhões anuais na economia local. Cultura e desenvolvimento andam juntos”, afirma o governador do Paraná.
Centre Georges Pompidou. Foto: Steven Zucker / Creative Commons
Foz do Iguaçu surgiu como destino natural do museu por estar na região da tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina e por contar com as Cataratas do Iguaçu, atrativo que motivou há muito tempo o desenvolvimento de considerável infraestrutura turística no local. “A rede hoteleira funciona há décadas, e a região ainda conta com três aeroportos internacionais: o de Foz do Iguaçu, o de Ciudad del Este (Paraguai) e o de Puerto Iguazu (Argentina), por onde entra a maior parte dos turistas europeus”, afirma Luciana.
Há semelhanças entre os programas de descentralização cultural do Paraná e do Centro Pompidou. “O Museu Oscar Niemeyer, que completa 20 anos, tem uma plataforma estendida na cidade de Cascavel, além de promover exposições itinerantes pelo estado. O Museu Paranaense, de 1876, um dos mais antigos do Brasil, terá uma extensão em todas as regiões do Estado até o final deste ano”. Arte e gestão são a praia de Luciana, que se dedica às artes visuais desde sempre. Ela presidiu a Bienal Internacional de Arte de Curitiba por dez anos, e com isso pôde acompanhar de perto a evolução da arte contemporânea. “A arte está no meu DNA, e para mim este projeto é uma ideia encantadora. A parceria do Pompidou em Foz do Iguaçu certamente será diferente da formada com outras cidades, devido a peculiaridades culturais e pelas circunstâncias locais e temporais.” O Pompidou tem algumas antenas espalhadas pelo mundo: Xangai (China), Málaga (Espanha), Bruxelas (Bélgica) e Metz (França). Com isso, pode fazer circular seu expressivo acervo de mais de 120 mil obras, das quais apenas 10% estão expostas nas paredes de sua sede em Paris. Há algum tempo, o museu francês estuda a instalação de uma plataforma na América Latina. E, ao que tudo indica, esse momento chegou.
O museu de Foz de Iguaçu ainda não tem nome e a ideia inicial é que a construção tenha 10 mil metros quadrados, mas como diz Luciana, tudo pode mudar. “Quando começarmos a definir o conceito, pode ser que o espaço tenha que ser ampliado. Estamos iniciando o processo de escolha do local, que somente se efetivará, e de comum acordo, quando nossos parceiros conhecerem esses lugares”.
As reuniões devem prosseguir entre as equipes paranaense e francesa pelos próximos dez meses. Após a execução da primeira fase de conceituação e planejamento, será lançado um concurso de arquitetura para escolher o projeto do museu internacional, no primeiro semestre de 2023. “O que nos interessa é que o projeto tenha relação com o local”, ressalta Luciana. “Ainda não definimos os critérios do concurso que irá escolher o projeto, mas o Brasil está na vanguarda da arquitetura mundial e temos certeza de que conseguiremos eleger um projeto à altura dessa iniciativa. Tudo isso vamos definir em acordo com o nosso parceiro”.
A expectativa no Paraná é de que a presença do Pompidou em Foz do Iguaçu não se resuma a uma iniciativa isolada. A superintendente Luciana diz que ele potencializará seu entorno, incentivando toda a cadeia de produção cultural. No futuro, prevê-se inclusive a criação de um museu ao ar livre, envolvendo os municípios lindeiros ao lago de Itaipu.
DO EDIFÍCIO AO ACERVO, O POMPIDOU ATRAI
Assim como a Torre Eiffel, no final do século 19, o edifício do Centro Georges Pompidou provocou intensa polêmica entre os franceses ao ser inaugurado no histórico bairro do Marrais, em 1977, bem próximo à Rua Rivoli. O projeto dos arquitetos italianos Renzo Piano e Gianfranco Franchini e do britânico Richard Rogers – uma caixa retangular, com estrutura de aço e vidro, tubulações e escadas rolantes aparentes – contrasta em tudo com o entorno haussmanniano do centro de Paris.
Foi o tempo que encarregou-se de absorver tanta ousadia e mesmo de elevá-la: hoje, o Centro Pompidou é considerado como um dos ícones da arquitetura high-tech, tendência dos anos 1970, inspirada na arquitetura industrial. Trata-se de um lugar efervescente, por onde circulam artistas, pesquisadores e turistas de todos os continentes.
O tempo também demonstrou que o Centro Pompidou é mais do que um simples museu. Seu conceito multidisciplinar hospeda o Museu Nacional de Arte Moderna, a Biblioteca Pública de Informação e o Ircam (Centro para Música e Pesquisas Acústicas), esse último fundado pelo renomado compositor e maestro francês Pierre Boulez (1925-2016). A principal coleção de arte moderna e contemporânea da Europa está no Centro Pompidou, hoje com mais de 120 mil obras. Entre nomes importantes, despontam os de Joseph Beuys, Louise Bourgeois, Marc Chagall, Robert e Sonia Delaunay, Jean Dubuffet, Marcel Duchamp, Frida Kahlo, Wassily Kandinsky, Yves Klein, Fernand Léger, Henri Matisse, Joan Miro e Piet Mondrian.
Presidida por Laurent Le Bon, a instituição tem visto suas coleções crescerem ao longo de seus 45 anos, tanto por novas aquisições como por doações. O acervo de monografias sobre arte e as exposições temporárias que realiza também fazem do Centro Pompidou um destino no mundo da arte, com mais de três milhões de visitas por ano. Por tudo isso, ultimamente o museu se expande para além das fronteiras da França levando esse imenso repertório de arte e cultura para outros povos.
PARCERIA DEVE POTENCIALIZAR BIENAL DE CURITIBA
Para o diretor geral da Bienal Internacional de Arte de Curitiba, Luiz Ernesto Meyer Pereira, a parceria para a implantação de um museu internacional de arte em Foz do Iguaçu vai fortalecer e potencializar as ações de descentralização que a Bienal e o Governo do Paraná já estão realizando. “A Bienal, além de acontecer na capital paranaense, também leva exposições de forma itinerante para outras cidades do estado, descentralizando o acesso à arte e contribuindo para a formação de público.”
A Bienal de Curitiba acontece desde 1993 no Paraná e em outros estados e países, como o Paraguai, a Argentina, o Uruguai, a França, Itália, China e Bélgica. A cada edição, reúne centenas de artistas em espaços diversificados, que não se restringem a museus, centros culturais e galerias, mas também invadem locais a céu aberto com intervenções urbanas e performances. Nomes icônicos como Marina Abramovic, Bruce Nauman, Dan Flavin, Louise Bourgeois, Julio Le Parc, Ai Weiwei, Richard Serra, entre outros, já passaram pela mostra, assim como artistas emergentes.
Para Meyer Pereira, esse empreendimento inédito com
o Centro Georges Pompidou, instituição também voltada
à formação de artistas e à educação do público,
irá dinamizar uma prática que a Bienal já desenvolve.
“Temos um importante projeto educativo dentro de cada edição, que abrange desde medidas de ação inclusiva,
cursos de capacitação de professores, visitas monitoradas nos espaços expositivos até publicações voltadas a professores e monitores. Tudo isso deve ser potencializado por essa parceria.”
Sesc Pinheiros, unidade onde ocorrerá o seminário "Brasis – Territórios Dissonantes". Foto: Creative Commons
“Urge discutir publicamente os problemas da crônica desigualdade socioeconômica, da captura do Estado por agendas corporativas, do racismo estrutural e, nas antípodas, da autodeterminação dos povos e comunidades, do reconhecimento e valorização das diferentes matrizes culturais e, também, da inadiável reparação histórica devida a povos preteridos pelo Brasil no singular”, declara o Diretor Regional do Sesc São Paulo Danilo Santos de Miranda. É neste sentido que se organiza o seminário Brasis – Territórios Dissonantes, que acontece nos dias 28, 29 e 30 de junho e 05, 06 e 07 de julho no Teatro Paulo Autran no Sesc Pinheiros, em São Paulo.
No ano do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da Independência do Brasil, o evento reunirá intelectuais e artistas a fim de refletir sobre os cruzamentos históricos entre estes dois determinantes eventos do nosso passado com o Brasil dos dias de hoje.
Abordando temas como novas vozes na produção cultural, literatura indígena, conquistas sociais do último século e resistências da arte à violência colonial contemporânea, a programação é formada por mesas de debates, conferências e intervenções artísticas e integra a ação em rede Diversos 22: Projetos, Memórias, Conexões, desenvolvida pelo Sesc São Paulo. As inscrições podem ser realizadas para todo o programa ou cada dia do evento no site da unidade.
PROGRAMAÇÃO
28 de junho
18h –As aranhas, os guarani e alguns europeus: notas para descolonizar o inconsciente e livrá-lo da peste fascista A pesquisadora Suely Rolnik propõe: “Impossível combater cenários distópicos (como este de agora, causado pela peste fascista) sem enfrentar o regime de inconsciente dominante. Para este enfrentamento micropolítico serão apresentadas sugestões baseadas em ressonâncias entre as aranhas, os Guarani e alguns europeus”.
20h – Abertura contextualizando o Seminário “Brasis: Territórios Dissonantes” no âmbito das ações do Diversos 22.
20h15 – Abertura-manifesto com DJ KL Jay.
O DJ dos Racionais MC’s apresenta uma narrativa em ritmo e poesia sobre o Brasil, mixando músicas, trechos de falas e sonoridades variadas para criar uma enunciação musical que represente um olhar negro e periférico sobre a história do país.
20h30 – Conferência de abertura: quem inventou o Brasil? A conferência – guiada por Cida Bento e com provocação de Thiago Amparo – convida a refletir sobre os imperativos de descolonização do pensamento na contemporaneidade e como organizações político-culturais contra hegemônicas atuam na desconstrução de narrativas hierárquicas de gênero, raça, posição e orientação sexual, classe e origem.
29 de junho
18h – Defender os mortos e animar os vivos: Resistências da arte à violência colonial contemporânea Conduzido pelo curador Moacir dos Anjos, o encontro propõe uma reinterpretação e reinvenção de imagens do Brasil do século XIX na produção de arte contemporânea.
20h – Abertura-manifesto: Sa(n)grado Coletivo Há-Manas (Tânia Granussi, Branca Gonzaga e Esther Antunes), em parceria com as artistas Branca Gonzaga e Esther Antunes, realiza uma performance com o texto O mundo é o meu trauma de Jota Mombaça.
20h15 – MESA: Entre três Brasis (1822, 1922 e 2022)
Lilia Schwarcz e Gênese Andrade | Provocação: Jeferson Tenório
Quais os pontos de aproximação e divergência entre os Brasis da Independência, da Semana de Arte Moderna e da atualidade? Se por um lado, verifica-se a continuidade dos processos excludentes e violentos de nossa formação socioeconômica, como pensar as rupturas e conquistas sociais do último século?
30 de junho
18h – Brasis refletidos em cena
Conduzido por Jaqueline Elesbão, o encontro questiona: Entre antropofagia e brasilidade, história real e utopia, de que Brasis falam os encenadores de artes cênicas?
20h – Abertura-manifesto com Bia Ferreira
O desdobramento do afeto como ferramenta de comunicação é a aposta da artista, que parte de experiências cotidianas e próximas de seu íntimo para se aproximar, tocando em dimensõ es partilhadas de repressão e violência – especialmente contra a população negra e LGBTQIA+.
20h15 – MESA: Vozes resistentes narrram o Brasil
Com Tiago Torres (Chavoso da USP) e Katú Mirim | Provocação: Rita Von Hunty
O Brasil tematizado pelos românticos e modernos foi narrado por vozes específicas: masculinas, brancas, burguesas, donas de terras. A despeito de continuarmos sendo um país excludente e de produção cultural elitizada, o último século assistiu ao fortalecimento de novas vozes na literatura, na música, no cinema.
5 DE JULHO
19h – Praça (térreo) – BOCAAAAAAA Inspirado na obra musical a Bachiana Brasileira n°7, o solo de Allysson Amaral invoca o princípio dinâmico de Exú, Exú Enugbarijo – a boca coletiva (boca do mundo) que engole de um jeito para cuspir de forma transformada de outro.
20h – Corpo-terra e contracolonialidade A multiplicidade dos corpos, dos territórios e seus modos de existir e combater a colonialidade será ponto de partida para reflexões do mestre quilombola Nego Bispo.
6 DE JULHO
19h – Praça (térreo) – Tudo de novo O solo de Beatriz Sano integra o projeto Solos Brasileiros: Danças para Villa-Lobos a convite da Oficina Oswald de Andrade de São Paulo, em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna.
20h – Livros-povos: a literatura indígena Macuxi e Taurepang Por meio da literatura indígena, Julie Dorrico apresentará sua obra que invoca Makunaima; a poesia de Sony Ferseck, também escritora Macuxi; e Clemente Flores (Taurepang) e Devair Fiorotti (não indígena).
7 DE JULHO
20h – Palavra viva: uma complexa dramaturgia dos afetos | Lançamento do livro Palavra Viva Com Dione Carlos, Leda Maria Martins, Valmir Santos | Mediação: Rosane Borges
A complexa dramaturgia de afetos na obra de Dione Carlos e o aquilombamento como tecnologia para publicação literária. Lançamento do livro Palavra Viva.
Artistas do MAHKU em produção de suas obras. Foto: Daniel Dinato
Condutores dos rituais com ayahuasca entre os indígenas Huni Kuin, os cantos huni meka são compreendidos como instrumentos de mediação entre os mundos do visível e invisível. A partir do dia 2 de julho, alguns deles ecoam pela Casa de Cultura do Parque como parte de MAHKU – Cantos de imagens. A exposição é um desdobramento das pesquisas do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) e apresenta uma série de trabalhos que transpõe esse importante marco cultural às artes visuais. A seleção reúne 11 pinturas e a uma grande instalação da artista Kássia Borges, que será montada junto ao público durante a abertura.
Parte do povo indígena Huni Kuin – que conta com cerca de 14 mil pessoas no estado do Acre e no Peru – o MAHKU é composto atualmente por Ibã, Kássia Borges, Pedro Maná, Cleiber Bane e Acelino Tuin. Fundado em 2012, no município de Jordão, no estado do Acre, o grupo dá continuidade às pesquisas de seu fundador, Ibã Huni Kuin e de seu filho Bane – que, em 2009, começou a transformar os cantos huni meka em imagens, a fim de decorá-los e compreendê-los. O método de aprendizagem foi posteriormente coletivizado, gerando o coletivoartístico.
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"Txain Punke Ruaken", de Acelino Tuin do MAHKU. Foto: Samuel Esteves
"Yame Awa Kawanai", Pedro Maná do MAHKU. Foto: Samuel Esteves
Curador da mostra ao lado de Ibã Huni Kuin, o antropólogo Daniel Dinato compartilha que nesta exposição buscaram ressaltar a qualidade pessoal das manifestações artísticas, apresentando diferentes versões dos cantos. “Ainda que o fundo mítico e ritual das obras seja coletivo, cada artista transforma o canto huni meka de uma forma específica e, assim, o coletivo mantém também uma certa autonomia e independência interna. Como os integrantes do MAHKU costumam dizer, mesmo que pintado mil vezes o mesmo canto, ele nunca sairá igual. Sempre diverso, sempre único”, explica.
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Artistas do MAHKU em produção de suas obras. Foto: Daniel Dinato
Cleiber Bane, Pedro Maná, Kássia Borges, Ibã Huni Kuin e Acelino Tuin, integrantes do MAHKU. Foto: Daniel Dinato
Quem visita a Casa de Cultura do Parque pode ainda conferir as outras exposições do II Ciclo Expositivo 2022. A individual de Rodrigo Bivar, Breve, reúne trabalhos que se constroem a partir da ideia de efemeridade, já Feltragens traz uma seleção de obras em feltro de lã de carneiro tingida feitas por Teresa Viana. Saiba mais acessando o site da instituição.
SERVIÇO
MAHKU – Cantos de imagens
Local: Casa de Cultura do Parque – Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 1300 – Alto de Pinheiros Período expositivo: 2 de julho a 18 de setembro Horário de funcionamento: quarta a domingo, das 11h às 18h
Realização Casa de Cultura do Parque e Carmo Johnson Project
Entrada gratuita mediante apresentação de comprovante de vacina
A artista plástica paulistana Laura Vinci e seu novo objeto de interesse: as plantas. Foto: Jennifer Glass / cortesia da artista e da Galeria Nara Roesler
Efemeridade e transitoriedade são vocábulos essenciais à poética da artista plástica Laura Vinci. Ambos são traduzidos em trabalhos site specific e instalações, ou ainda intervenções e esculturas de dimensões menos monumentais das que costuma conceber, como as obras cinéticas de sua mais recente mostra, Maquinamata, em cartaz até o dia 8 de agosto na filial carioca da galeria Nara Roesler. Ali, natureza e equipamentos diversos, elementos recorrentes em suas criações, dialogam no que a artista chama de uma busca por “novos paradigmas de como lidar, pensar e se relacionar com o mundo das plantas”.
“Tenho estudado muito sobre elas, é um assunto que vem sendo discutido atualmente por áreas diversas, como a antropologia, a arqueologia e a filosofia. Ao conceber Maquinamata, eu me perguntei se o maquinário poderia nos ajudar a pensar sobre elas, o movimento que fazem, a sensibilidade delas. Se as máquinas, algo que nós humanos criamos, poderiam nos sensibilizar para pensá-las de outra forma”, conta Laura. Entre as obras ali presentes, estão, por exemplo, folhas douradas, rodopiantes, “que surgem como joias, relíquias para o futuro”. Para a artista, a transitoriedade das folhas, que “vão para outro estado quando caem das árvores”, e a própria troca sazonal das plantas refletem algo que igualmente temos. “Também somos sazonais ao longo de nossas vidas”.
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Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Erika Mayumi.
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Erika Mayumi.
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Obra da mostra Maquinamata, nova individual da paulistana Laura Vinci, em cartaz até 8 de agosto na Galeria Nara Roesler, no Rio. Foto: Flávio Freire
Paulistana, Laura Vinci lidava com artes visuais desde “menininha”: aos 15, diz ela, tinha um pequeno ateliê em casa. Ainda na adolescência teve, no entanto, uma formação como musicista, em conservatório. Laura foi instrumentista da Orquestra Jovem do Theatro Municipal, depois fez parte de seu Quinteto de Sopros. Tocava primeiramente flauta transversal, e então se dedicou ao oboé.
“Depois resolvi estudar artes plásticas. Entrei para a faculdade um pouco mais tarde, com 20 anos”, conta Laura, que se formou na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), no fim dos anos 1980. “Terminei os estudos como pintora, mas na década seguinte fiz minha primeira mostra individual já como escultora, em 1991, no Centro Cultural São Paulo, num programa concebido por Sônia Salzstein, para jovens artistas. Foi uma porta de entrada importante para a minha geração”. A exposição, diz a artista, marcou o início oficial de sua carreira, que no ano passado completou 30 anos.
A transição do plano da pintura para a tridimensionalidade, explica Laura, sempre ecoou suas reflexões “sobre nossa existência, o que são nossos corpos e a relação deles com o espaço”. Mas foi no fim dos anos 1990, quando participou da terceira edição do projeto Arte/Cidade, do curador Nelson Brissac Peixoto, que Laura afirma ter tido a grande virada de sua carreira, ao criar um trabalho para um edifício em ruína, de uma fábrica que foi, com o desenvolvimento de São Paulo, aos poucos sendo posta para fora da metrópole.
“Ali, comecei a considerar a arquitetura como estruturante das minhas criações, o que se tornou fundamental na minha produção”, afirma. “A obra também lidava com a questão do tempo, com que venho trabalhando até hoje. E aí já veio a ideia da mudança dos estados da matéria: coloquei 50 toneladas de areia sobre um piso de um dos andares do prédio, fiz um furo na laje, e esta montanha foi escoando para o pavimento de baixo durante o tempo da mostra, que queria falar das condições em que estava a cidade e de sua história”.
A artista diz que aprofundou a ideia de mudanças da matéria em 2002, quando levou ao Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo uma exposição em que experimentou com os estados da água. “Do vapor ao congelamento, a mesma matéria era vista de um jeito diferente, de um andar para o outro”, lembra. Dois anos depois, levou a mesma obra para a galeria Nara Roesler, que passou a representá-la.
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A instalação Estados, apresentada em 2002, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, e em que Laura Vinci se debruça sobre a transitoriedade da água, do vapor à sua condensação
A instalação Estados, apresentada em 2002, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, e em que Laura Vinci se debruça sobre a transitoriedade da água, do vapor à sua condensação
A instalação Estados, apresentada em 2002, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, e em que Laura Vinci se debruça sobre a transitoriedade da água, do vapor à sua condensação
A instalação Estados, apresentada em 2002, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, e em que Laura Vinci se debruça sobre a transitoriedade da água, do vapor à sua condensação
A instalação Estados, apresentada em 2002, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, e em que Laura Vinci se debruça sobre a transitoriedade da água, do vapor à sua condensação
A instalação Estados, apresentada em 2002, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, e em que Laura Vinci se debruça sobre a transitoriedade da água, do vapor à sua condensação
Ainda no fim da década de 90, Laura iniciou suas colaborações com o Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa. Lá, fazia a direção artística, novamente em diálogo com o espaço construído, desta vez a potente arquitetura de Lina Bo Bardi. A primeira peça de que participou foi Cacilda!, sobre a atriz Cacilda Becker (1921-1969). Também trabalhou na adaptação audiovisual que Zé Celso fez de Bacantes e, na década seguinte, participou de uma das montagens de Os Sertões.
Atuou também como cenógrafa para a companhia mundana, uma “cria” do Oficina, em espetáculos como O Duelo, com direção de Georgette Fadel e Camila Pitanga no elenco, e Máquinas do Mundo. Segundo ela, essa montagem foi uma encenação em que os elementos visuais eram os protagonistas e tinham relação, por sua vez, com seu trabalho Máquina do Mundo, que faz parte do acervo do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), desde meados dos anos 2000.
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Com direção artística de Laura Vinci, o espetáculo Máquinas do Mundo, da companhia mundana, no Teatro Oficina, em 2017
Com direção artística de Laura Vinci, o espetáculo Máquinas do Mundo, da companhia mundana, no Teatro Oficina, em 2017
Com direção artística de Laura Vinci, o espetáculo Máquinas do Mundo, da companhia mundana, no Sesc Pinheiros, em 2018
Com direção artística de Laura Vinci, o espetáculo Máquinas do Mundo, da companhia mundana, no Sesc Pinheiros, em 2018
Para Laura, no entanto, Cacilda! foi sua incursão mais importante no teatro. “Eu pude realizar algumas passagens que hoje são antológicas, como a cena em que Cacilda tem o derrame cerebral, enquanto fazia Esperando Godot, uma parte central na dramaturgia do Zé Celso”, conta. “Na cena, o sangue da cirurgia que ela viria a fazer caía num plástico transparente, que percorria toda a pista do teatro e terminava num baldezinho, e isso exigia a ajuda, a manipulação dos atores. Foi minha primeira experiência e uma coisa muita intensa, e como resultado estético foi uma peça muito bem-sucedida também”.
Da experiência com o teatro, alguns elementos migraram para o trabalho como artista plástica. As marcações em x, para os atores em cena no palco do Oficina, viraram litogravuras e um objeto de pedra rosso fiorentina, da série Múltiplos, que também estão em Inhotim. O x voltou a aparecer, por sua vez, na exposição Morro Mundo, apresentada em 2018 na Nara Roesler, em São Paulo. Outro exemplo é a peça Duelo, que pedia uma cena de tempestade em que papéis voassem ao abrir uma janela, entre outros elementos cênicos. Posteriormente, a artista criou um trabalho similar, chamado Papéis Avulsos, para a exposição Made By… Feito por Brasileiros, realizada em 2014, no antigo Hospital Matarazzo.
Na linha do tempo de sua carreira, Laura considera que sua trajetória segue um caminho harmonioso em seus desdobramentos. “Embora eu flutue, navegue por vários tipos de materiais e situações físicas, com a sorte de realizar trabalhos em espaços públicos, o fluxo é mais tranquilo”, diz a artista, que pondera, no entanto, que houve uma “virada interessante” em 2014, numa exposição sobre os 70 anos de uma joalheria, com curadoria de Marcelo Dantas, no CCBB do Rio:
“Fiz uma chuva de ouro, de papéis douradinhos”, lembra. “Criei algo como uma bateia gigante, botei na abóboda e havia um ventilador que de vez em quando soprava essas folhinhas. Elas caíam pelos 15 metros do vão do hall e isso causava uma comoção que eu não havia imaginado. As pessoas simplesmente se jogavam nelas, gritavam, aconteceu uma entrega muito linda do público. Isso modificou a relação de meu trabalho com o público, com o estímulo a uma interação, numa emoção em que o corpo ia antes de pensar. O trabalho pedia uma reação muito espontânea. Acho que tem um pouco a ver com minha experiência no teatro. Em No Ar, que fiz no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (Mube), em 2017, também teve esta característica de a obra chamar o corpo do espectador”.
Nas obras de Laura Vinci, outro elemento recorrente são os dispositivos diversos. “Quase sempre existe um equipamento em minhas criações, às vezes não estão aparentes, mas nos bastidores. Em Estados, no CCBB, tinha todo um maquinário sofisticado, para refrigeração de supermercados. Acho que isso vem de um desejo de, para observar a natureza e os acontecimentos naturais, usar o artifício das máquinas, que conseguem repetir estes movimentos”, explica. “Já em Máquina do Mundo é diferente, o trabalho traz um equipamento da alta indústria, da mineração. Tinha a lógica da máquina no conceito da obra, e ela estava lá, explícita”.
A instalação Máquina do Mundo (2005), inspirada em trecho de poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade, e parte do acervo do Instituto Inhotim
A música, um interesse iniciado na adolescência, continua ainda hoje a informar a poética da artista, assim como as letras – Máquina do Mundo, vale lembrar, teve como inspiração um trecho do poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade. Casada com o escritor e músico José Miguel Wisnik, “o assunto literatura está presente em casa o tempo todo”, segundo ela. “Mas sou leitora desde sempre, sobretudo de autores brasileiros. A literatura é uma companheira e uma disparadora de reflexão e estímulos para a criação”, afirma. Em sua cabeceira, no momento, estão Revolução das Plantas, do botanista italiano Stefano Mancuso, e A Trama da Vida, do biólogo inglês Merlin Sheldrake.
A artista considera que seu trabalho, de modo geral, tem uma característica não muito mercadológica. São estruturas muito grandes, do ponto de vista comercial “muito inviáveis” por natureza. “Tanto que sempre fiz mais exposições em espaços públicos, onde é possível apresentá-las. Tenho também uma produção mais viável para compra, em paralelo, mas vou muito no meu ritmo, não acompanho o do mercado”, reflete.
A propósito do mercado, Laura comemora o fato de que ele e as instituições tenham se fortalecido no Brasil nos últimos anos. “Há um ambiente que não havia quando comecei. Hoje um jovem artista consegue viver de seu trabalho, se ele consegue se inserir no mercado. É algo muito positivo”, diz a artista que, no entanto, pondera a necessidade de se “estar sempre com os olhos bem abertos, para não perder a oportunidade de se fazer uma contestação imediata, quando necessário”, como Cildo Meirelles recentemente fez, ao retirar as obras cedidas à coletiva Histórias Brasileiras, no Masp, após a recusa da instituição em incluir um conjunto de fotos relacionadas ao MST (Movimento Sem Terra).
Segundo Laura, estamos vivendo uma “verdadeira tragédia” nestes anos de governo Bolsonaro. E as instituições também vêm sofrendo com isso, por exemplo, com a perseguição à Lei Rouanet, que afeta a realização de exposições. Isso, no entanto, não deve ser obstáculo ou salvo-conduto à crítica.
“Vai ser necessário muito tempo para reconstruir, é verdade. É muito violento o que estamos passando. Mas acho que o artista precisa se posicionar e confrontar as contradições das instituições. Isso faz parte do amadurecimento da arte no País como um todo. Este governo deixará um legado negativo, que vai durar ainda. Ao mesmo tempo, a cultura brasileira tem uma potência enorme, e continuaremos lutando contra isso, com nossas ferramentas”, conclui.
"Generosity, Regeneration, Transparency, Independence, Sufficiency, Local Anchor and most of all Humor", feita por Dan Perjovschi no Fridericianum. Foto: Nicolas Wefers
‘Lumbung’. A palavra que pode nos parecer incomum é o termo indonésio para definir um celeiro de arroz comunitário e se articula como eixo conceitual da documenta quinze. Sob direção artística do ruangrupa, coletivo de artistas de Jacarta, a edição 2022 da mostra internacional acontece de 18 de junho a 25 de setembro na cidade de Kassel, na Alemanha. Mas o que significa lumbung enquanto conceito? Como um modelo artístico e econômico, o termo está enraizado em princípios de coletividade, compartilhamento de recursos comunitários e alocação igualitária; e essa é a prática adotada pela equipe artística.
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"Generosity, Regeneration, Transparency, Independence, Sufficiency, Local Anchor and most of all Humor", feita por Dan Perjovschi no Fridericianum. Foto: Nicolas Wefers
"Cosmologies of care: freedom", por Kate Adams, Project Art Works e Trampoline House. Foto: Patricia Rousseaux
"Rancho cuis", de Serigrafistas Queer. Foto: Patricia Rousseaux
"Generosity, Regeneration, Transparency, Independence, Sufficiency, Local Anchor and most of all Humor", feita por Dan Perjovschi no Fridericianum. Foto: Patricia Rousseaux
De forma a concretizar essa proposta, a documenta buscou uma não centralização de sua curadoria, proporcionando espaço para reunir e explorar ideias com uma interação entre formalidades e informalidades, de forma a alcançar uma tomada de decisão coletiva. Para isso, convidou coletivos, organizações e iniciativas que – em seus métodos, raízes artísticas e abordagens organizacionais e econômicas – compartilham os valores da mostra. De diferentes localidades do mundo, esses parceiros (denominados membros lumbung) são Britto Arts Trust, FAFSWAG, Fondation Festival Sur Le Niger, Gudskul, INLAND, Instituto de Artivismo Hannah Arendt, Jatiwangi art Factory, Más Arte Más Acción, OFF-Biennale Budapest, Project Art Works, The Question of Funding, Trampoline House, Wajukuu Art Project e ZK/U – Center for Art and Urbanistics.
“Era nossa intenção começar compartilhando papéis, autoria, trabalho e ideias. Consideramos essa diversidade como abundância, um excedente com o qual podemos começar”, explica o ruangrupa. Assim, cada um dos membros lumbung trouxe recursos diferentes para ‘o celeiro de arroz coletivo’. Juntos, buscam construir um discurso de longo prazo para além da documenta quinze, “aumentando assim o bem-estar de suas respectivas instituições locais, bem como de todo o seu ecossistema por meio de conhecimento compartilhado”, explica a comunicação oficial da documenta quinze. “Queremos criar uma plataforma de arte e cultura globalmente orientada, colaborativa e interdisciplinar que permanecerá efetiva além dos 100 dias da documenta quinze. Nossa abordagem curatorial busca um tipo diferente de modelo colaborativo de uso de recursos – em termos econômicos, mas também no que diz respeito a ideias, conhecimento, programas e inovações”, completa o ruangrupa.
Workshop do ruangrupa com a equipe artística. Foto: Nicolas Wefers
A mesma postura foi tomada frente aos artistas participantes, convidados a se encontrarem em pequenos grupos de trabalho, nos quais puderam se conhecer antes da abertura e apresentar suas práticas e projetos para a documenta quinze, discutindo questões ou aconselhando uns aos outros sobre os processos artísticos. Esses grupos de trabalho, chamados de mini-majelis, são também voltados para trocas de longo prazo e conexões sustentáveis além da documenta quinze. “Sua composição é moldada pelos diferentes fusos horários em que os artistas e coletivos vivem e se comunicam. Além disso, em intervalos irregulares, todos os envolvidos na documenta quinze se reúnem em um grande majelis akbar.”
A explicação nos traz um outro ponto importante da documenta: a polifonia adotada no vocabulário da curadoria, composto por termos de diferentes idiomas, bem como termos familiares usados em novos contextos. “Construir relações sociais e questionar dinâmicas de poder é essencial para a prática lumbung. Isso também inclui expandir a maneira como a linguagem é usada e entendê-la como uma ferramenta para desenvolver novas ideias e perspectivas”, explica a comunicação oficial.
No âmbito físico, essa polifonia se explicita na forma como Kassel abriga a mostra. Ao invés de servir como ‘local’, a cidade é entendida como um ecossistema, como uma malha de contextos sociais em que a documenta quinze emerge e cresce. Assim, a exposição ocorre em 32 espaços espalhados por quatro áreas de Kassel: Mitte, Fulda, Nordstadt e Bettenhausen. A partir do Mitte de Kassel, com seus muitos prédios de museus, documenta quinze se estende ao redor do Rio Fulda, a hidrovia arterial historicamente importante da cidade. A partir daí, a exposição abre para Nordstadt e, pela primeira vez na história da documenta, vai ao distrito industrial de Bettenhausen.
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Detalhe da instalação de Raychel Carrión no Instituto de Artivismo Hannah Arendt (INSTAR). Foto: Nicolas Wefers
"The Wall of Puppets", Yaya Coulibaly levada à documenta quinze pela Fondation Festival sur le Niger. A instalação está exposta no Hübner Areal em Kassel. Foto: Maja Wirkus
"ছায়াছিব (Chayachobi)", de Britto Arts Trust, exposta no Documenta Halle. Foto: Nicolas Wefers
Ingressos
Ingresso diário: 27 euros / 19 euros reduzidos
Ingresso de 2 dias: 45 euros / 32 euros reduzidos
Ingresso de temporada (imprima em casa): 125 euros / redução de 100 euros
Ingresso de temporada: 129 euros / reduzido 104 euros
Ingresso noturno (17h às 20h): 12 euros / 8 euros reduzidos
Ingresso familiar: 60 euros
Ingresso diurno para grupo escolar: 7 euros por pessoa
Ingresso solidário, pode ser resgatado por outra pessoa como bilhete gratuito: 27 euros
Cada compra de ingressos apoia projetos de sustentabilidade na Alemanha e Indonésia com 1 euro
Sonia Gomes - Sem título, 2004. Foto: divulgação/Mendes Wood DM
Art Basel 2022 volta a acontecer no mês de junho, dos dias 16 a 19, na cidade suíça da Basileia. Seis galerias brasileiras se encontram entre os mais de 200 participantes internacionais da feira deste ano, sendo elas: A Gentil Carioca, Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Luisa Strina, Gomide & Co, Mendes Wood DM e Nara Roesler.
A galeria A Gentil Carioca apresenta uma seleção de obras inéditas de seus artistas sob o conceito de flutuação. Os trabalhos suspensos convidam os espectadores a contemplar o estande em oposição à gravidade. Entre os artistas presentes estão Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Vinicius Gerheim and Vivian Caccuri.
Já a Fortes D’Aloia & Gabriel exibe uma seleção de obras históricas inéditas de alguns de seus artistas representados, incluindo nomes conhecidos como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Ernesto Neto, Erika Verzutti, Iran do Espírito Santo, Janaina Tschäpe, Jac Leirner, Lucia Laguna, Marcia Falcão, Marina Rheingantz, Nuno Ramos, Rivane Neuenschwander, Sheroanawe Hakihiiwe, Valeska Soares e Yuli Yamagata.
A Galeria Luisa Strina leva para a seção principal da feira uma coleção de obras de artistas latino-americanos e europeus, com destaque para os brasileiros Tonico Lemos Auad, Panmela Castro, Alexandre da Cunha, Marcius Galan, Fernanda Gomes, Laura Lima, Renata Lucas, Cinthia Marcelle, Marepe, Cildo Meireles, Lygia Pape, Clarissa Tossin e uma apresentação solo da artista Anna Maria Maiolino no setor Unlimited.
Enquanto isso, a galeria Gomide & Co expõe trabalhos de diferentes épocas e contextos da arte brasileira, incluindo os artistas Luciano Lorenzato, Chico da Silva, Francisco Brennand, Hercules Barsotti, Jaider Esbell, Lenora de Barros, Lygia Clark, Maria Lira Marques, Max Bill, Mira Schendel, Norberto Nicola, entre outros.
A Mendes Wood DM inclui uma seleção de destaques do seu programa, seguindo a intenção de expor artistas internacionais e brasileiros em um contexto propício ao diálogo. Entre eles estão Lucas Arruda, Sonia Gomes, Heidi Bucher, Neïl Beloufa, Paloma Bosquê, Paulo Monteiro, Nina Canell, Michael Dean, Varda Caivano, Mariana Castillo Deball, Guglielmo Castelli, Eleonore Koch, Patricia Leite, Paulo Nazareth, Rosana Paulino, Solange Pessoa, Paulo Nimer Pjota, Maaike Schoorel, Luiz Roque & Erika Verzutti, Amadeo Luciano Lorenzato, Paula Siebra, Marina Perez Simão, Kishio Suga, Rubem Valentim e Alma Allen.
Por fim, a galeria Nara Roesler exibe uma apresentação solo de Carlito Carvalhosa, artista que atuou no Brasil desde o início dos anos 1980, e cujo trabalho está atualmente em exposição no local da galeria em Nova York. A apresentação centra-se na utilização contínua da Carvalhosa de superfícies reflexivas e materiais brancos opacos – de cera a cerâmica e gesso.