VERBO 16 - 5-Dança para um futuro cego_2021_maria macedo (4)
Maria Macedo, "Dança para um futuro cego", 2021. Foto: Cortesia da artista

Após dois anos em ausência, a Verbo: Mostra de Performance Arte volta a acontecer presencialmente em 2022. Com curadoria de Marcos Gallon e Samantha Moreira, a edição reflete sobre o atual estado das coisas com ações que ecoam discussões ligadas a identidade, gênero, raça e ancestralidade e busca pensar como se dá uma performance em tempos de pandemia, em que a presença física das pessoas e a circulação, por vezes, representam elementos de perigo.

De 27 a 30 de julho, a programação ocorre em São Paulo, na Galeria Vermelho, e nos dias 11 e 12 de agosto, em São Luís do Maranhão, no Chão SLZ. A edição conta também com um plano estendido de ações, que serão incorporadas ao programa regular de exposições da Vermelho entre os meses de setembro de 2022 e maio de 2023.

Dedicada a apresentação de performances de artistas brasileiros e estrangeiros, a Verbo teve início em 2005, com o objetivo de criar uma rede de artistas e público ligados à linguagem artística. Com a pandemia, viveu um hiato de dois anos. “Foi uma opção nossa, quando em 2020 resolvemos não fazer nenhuma ação que fosse virtual, por um esgotamento mesmo, por uma condição excessiva de tudo que estava acontecendo”, explica Samantha Moreira em entrevista à arte!brasileiros. Para a curadora, esse tempo de pausa ressoa na mostra atual: “Acho que depois de dois anos, vem com muita potência, muitas narrativas, muitas poesias e muitos desesperos a partir do que a gente viveu, além desse desejo do encontro”.

Neste ano, mais 400 propostas de diversas regiões do País e do mundo foram enviadas à seleção. Do encontro de suas latências, nasceu o recorte curatorial da 16ª Verbo. Isso, porque há anos a organização opta por criar o programa a partir da leitura dos projetos, ao invés de definir um conceito-guia a priori.

“Foi possível identificar algumas temáticas recorrentes, como aquelas relacionadas a questões raciais e de ancestralidade, apontando para a diversidade de temas prementes e essenciais evidenciados por conta da fragilidade dos sistemas políticos durante a pandemia; questões de gênero materializadas em performances e vídeos que reivindicam o empoderamento e a inserção de minorias no campo da arte atual, e de forma mais ampla na arena de políticas públicas; questões ligadas à identidade, ao estar no mundo materializadas a partir da precariedade e ambientadas em espaços reduzidos que constituem ‘diários de bordo’ sobre os dois últimos anos por meio de práticas diárias de manutenção da vida”, explicam Marcos Gallon e Samantha Moreira.

A mostra apresenta 38 ações, reunindo artistas e coletivos de 12 estados brasileiros das regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Sul, e trazendo a participação de performers estrangeiros da África do Sul, Alemanha, México, Rússia e Suécia.

A edição deste ano traz ações presenciais, distribuídas entre a Vermelho e o Chão, e uma mostra de trabalhos em audiovisual. “A gente entendeu que a programação dos vídeos tinha que acontecer com uma intensidade. Tínhamos muitas performances em processo a partir da pandemia, feitas em vídeo. Muito acontece, claro, dessa relação corpo e movimento, ou corpo e não-movimento, a partir dessa experiência que tivemos mundialmente da Covid-19″, conta Samantha Moreira. A mostra de vídeos é comum a ambas as sedes e também ficará disponível online, de forma a alcançar um público mais amplo. 

A programação maranhense conta ainda com uma fala da diretora artística do Festival de Sexualidades e Gêneros de Lausanne (Suíça), Valentina D’Avenia, que apresentará o evento numa conversa com artistas e público, e com uma residência artística na Casa do Sereio, em Alcântara, Maranhão. O projeto de pesquisa, coordenado por Yuri Logrado, receberá o artista carioca André Vargas que desenvolverá a ação a ser apresentada como parte da programação do Chão SLZ no dia 12 de agosto.

Confira a programação completa:

Galeria Vermelho
Verbo 16
Rua Minas Gerais, 350 – Higienópolis, São Paulo (SP)

27/07
20h – Darqueruim Comuna, de Depois do Fim da Arte, acontece na Banca
20h – Nem tudo que vai prá parede é obra de arte, de Marcel Diogo, é apresentada na fachada
20h – Rezos pra rasgar o mundo, de Tieta Macau, na Sala 3
21h – Cadafalso, de Luisa Callegari, Guilherme Peters e Sansa Rope, na Sala 1

28/07
20h – Darqueruim Comuna, de Depois do Fim da Arte, acontece na Banca
20h – O presente, amanhã, de Carla Zaccagnini, na Sala 2
20h30 – 123 ponteiros, de Elilson, na Sala 3
21h30 – Um ritual-recital-performático III, de Jamile Cazumbá, na Sala 1

29/07
20h – Darqueruim Comuna, de Depois do Fim da Arte, acontece na Banca
20h – Apagamento, de Marcel Diogo, na Sala 2
20h – Zona Cinzenta, da T.F. Cia de Dança, na Sala 1
21h – Fagia, de Paola Ribeiro, na Sala 3

30/07
11h às 17h – Programa de vídeos

Registro de ARGILA, de Áurea Maranhão, que será apresentada na VERBO 16 no Chão SLZ
Áurea Maranhão, “Argila”, 2021-2022. Foto: Cortesia da artista

Chão SLZ
Verbo 16
Rua do Giz, 167 – Centro, São Luís (MA)

11/08
19h às 22h – Programa de vídeos
19h – O pornô ético: O que se faz a partir do sexo e das emoções, conversa aberta ao público com Valentina D’Avenia, diretora artística do Festival de Sexualidades e Gêneros de Lausanne (Suíça)
20h30 – Argila, de Áurea Maranhão

12/08
19h às 22h – Programa de vídeos
19h30 – André Vargas (obra em processo, desenvolvida na residência na Casa do Sereio)
21h – Toada — Retomada, do coletivo #Joyces

Deixe um comentário

Por favor, escreva um comentário
Por favor, escreva seu nome