Detalhe de
Detalhe de "Maria Firmina dos Reis" (2022). Foto: Paulo Rezende/Divulgação Masp.

A mostra Joseca Yanomami: nossa terra-floresta é a primeira individual dedicada aos desenhos do artista, apresentando parte expressiva de sua produção no marco de 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami. Ela reúne 93 desenhos de personagens, cenas, paisagens e fenômenos do universo yanomami, tendo como referência a floresta, seus povos, suas histórias e os cantos xamânicos – um registro que dá cor e forma aos espíritos vistos apenas por aqueles que passam pelo processo de tornar-se um líder espiritual. “Quando eu aprendi a desenhar eu ouvia os pajés cantando e eu gravava na minha cabeça para desenhar depois”, conta Joseca.

"Quando Yamanayoma, o espírito feminino da abelha, continua andando com seus passos curtos e firmes pela terra, os alimentos crescem bem. Esta é Yamanayoma" (2013). Foto: Cortesia Masp.
“Quando Yamanayoma, o espírito feminino da abelha, continua andando com seus passos curtos e firmes pela terra, os alimentos crescem bem. Esta é Yamanayoma” (2013). Foto: Cortesia Masp.

Integrante da comunidade Watoriki (Terra Indígena Yanomami no Amazonas), Joseca fundou, na década de 90, a primeira escola de seu grupo, incentivando crianças no aprendizado da escrita e no estudo de línguas. Na época, participou da produção de inúmeros folhetos bilíngues (yanomami/português) para programas de educação escolar e de saúde criados por ONGs brasileiras. No começo dos anos 2000, Joseca foi o primeiro Yanomami a trabalhar na área da saúde. Nessa época, ele também começou a esculpir animais da floresta em madeira, e, logo em seguida, passou a se dedicar também a desenhos que ilustravam elementos e histórias da vida yanomami.

A exposição ainda conta com a exibição do vídeo SOPRO, do coletivo Barreira Y, com apoio do Fórum de Lideranças Yanomami e YeK’wana e do Instituto Socioambiental. A obra traz a projeção dos desenhos do Joseca Yanomami, acompanhada de falas de Davi Kopenawa Yanomami, realizadas em 2020 no congresso nacional, como parte da campanha #foragarimpoforacovid, contra o garimpo e a disseminação da Covid-19.

Já a mostra individual Dalton Paula: retratos brasileiros apresenta 45 pinturas que retratam lideranças e personalidades negras historicamente invisibilizadas no Brasil.

Detalhe de "Maria Firmina dos Reis" (2022). Foto: Paulo Rezende/Divulgação Masp.
Detalhe de “Maria Firmina dos Reis” (2022). Foto: Paulo Rezende/Divulgação Masp.

Nascido em Brasília, Paula vive e trabalha em Goiânia, onde se formou em Artes Visuais na Universidade Federal de Goiás (UFG). Em 2021 participou da exposição Enciclopédia negra, na Pinacoteca de São Paulo; em 2020 fez sua primeira exposição individual, Dalton Paula: um sequestrador de Almas, em Nova York, na Alexander and Bonin Gallery. No ano de 2019 expôs no 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Em 2018 foi selecionado para a Trienal Songs for Sabotage, do New Museum em Nova York e teve trabalhos na exposição Histórias Afro-Atlânticas, no MASP e no Instituto Tomie Ohtake. Seu trabalho integra coleções importantes, como a do Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York, do Art Institute of Chicago, em Chicago, da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do MASP.

Sua prática artística utiliza diversas linguagens, como pintura, performance, instalação, fotografia e objeto, para evidenciar relações entre imagem e poder. Em seu repertório, a figura central é o corpo negro em diáspora, seus rituais, com destaque para os retratos de personalidades negras que constituem uma proposta de revisão da historiografia oficial do Brasil, a fim de ressignificar e dar protagonismo às contribuições de personalidades afrodescendentes.

A exposição  traz trabalhos de diferentes fases da trajetória do artista, de 2018 até os dias atuais, sendo 30 deles exibidos pela primeira vez. As obras resultam de um longo processo artístico que se inicia com a seleção de biografias, parte para uma pesquisa e a coleta de documentos, como fotos e recortes, e então segue para a fase de produção.

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