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A ARTE!Brasileiros acompanhou durante todo o ano que agora se encerra os acontecimentos na arte no Brasil e no mundo. Nesta reta final de 2018, fizemos um balanço daquilo que foi destaque no cenário nacional da arte e listamos algumas exposições em instituições e em galerias que foram marcantes.

Além disso, é importante pontuar alguns outros acontecimentos que se fazem importantes no desenvolvimento, na preservação e na manutenção da arte, como a inauguração da Fábrica de Arte Marcos Amaro, no interior de São Paulo. O espaço gerido pelo empresário, artista e colecionador homônimo se propõe a ser um importante polo de disseminação da arte. A Casa do Povo, espaço cultural no Bom Retiro, se firmou como um notável ambiente de troca e discussões sobre os temas que circundam o campo artístico.

O Masp e a Casa de Vidro, ambas instituições sediadas em prédios icônicos de Lina Bo Bardi, firmaram parceria para que pelo menos uma vez ao ano exposições simultâneas sejam realizadas nos prédios. Neste momento, acontece Ainda assim me levanto, de Sônia Gomes, em salas dos edifícios. Com grande esforço da Gerência de Artes Visuais e Tecnologia, o Sesc sediou em suas unidades dezenas de exposições valorosas ao longo de 2018, como Lugares do Delírio, Jamaica Jamaica e VKHutemas.

A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage assume gestão do Museu Internacional de Arte Naïf, no Cosme Velho, para realizar sua reabertura. Também no âmbito das reformas, o Museu Bispo do Rosário, por meio de investimentos da Galeria Almeida e Dale e da Fundação Marcos Amaro, está realizando uma série de melhorias no espaço e na conservação de seu acervo. Também vimos, em 2018, a Montblanc dar o prêmio de Arts Patronage para Mônica Nador, por seu trabalho no JAMAC.

A resistência e a perseverança desses agentes da arte e da cultura em tempos nos quais elas têm sido atacadas por valores políticos e ideológicos são coisas para serem festejadas. Desejamos um 2019 no qual possamos estar junto a essas pessoas e entidades que valorizam a arte.

Instituições

 

Histórias Afro-atlânticas

A grande exposição do ano realizada pelo Masp em parceria com o Instituto Tomie Ohtake ganhou reconhecimento no Brasil e no mundo, ganhado o APCA e sendo citada como uma das melhores exposições do ano pelo The New York Times. “Neste ano comemorou-se os 130 anos da Abolição no Brasil, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. E, no entanto, são vivas e profundas as marcas da escravidão no País. Diariamente somos confrontados com as provas concretas da desigualdade racial, seja por meio de aterradores dados estatísticos ou através de dramas reais, como o assassinato de Marielle Franco, que relembram quão profundo e arraigado é o racismo no país. Apesar da sensação de que pouco avançamos para combater tal situação, a denúncia dessa segregação persistente parece pouco a pouco esgarçar o manto da invisibilidade que recobre a questão”. Leia aqui sobre a exposição, eixo de nossa edição 43.

FOTO: Conversation, Barrington Watson, 1981.


Hilma af Klint: mundos possíveis

Como primeira exposição do ano, a Pinacoteca do Estado de São Paulo sediou a primeira individual da pintora sueca na América Latina. A curadoria foi de Jochen Volz, diretor da instituição, e teve mais de uma centena de obras expostas. Hilma af Klint é uma artista excepcional. Nas várias acepções do termo. Sua obra não é apenas seminal, antecipando em vários anos o início do abstracionismo, como apresenta uma qualidade estética rara, aliando sutileza formal e cromática a uma intensa espiritualidade”. Confira texto completo de Maria Hirszman sobre a exposição.

Foto: Hilma af Klint, ‘The Ten Largest, No. 7, Adulthood, Group IV’, 1907. Cortesia da Fundação Hilma af Klint


AI-5: ainda não terminou de acabar

Nos 50 anos do do Ato Institucional n. 5, o Instituto Tomie Ohtake realizou uma grande coletiva que discutiu a ditadura militar no Brasil e fez pensar sobre o presente momento. “A ruptura da legalidade democrática leva à perda do direito de expressão, à autocensura, à instabilidade institucional, dentre outras consequências, cujos tentáculos se estendem até nossos dias. Para investigar os efeitos deste trauma no campo artístico, o Instituto Tomie Ohtake deu espaço à mostra “AI-5: Ainda não terminou de acabar”. Relembre reportagem sobre a exposição, publicado na ARTE!Brasileiros 44.

FOTO: Evandro Teixeira, ‘A queda do motociclista da Força Aérea’.


Ex-África

Mostra que visita as unidades do CCBB ao longo das unidades federativas do País, Ex-África reuniu a maior quantidade de obras provenientes de processos artísticos da África contemporânea. “A África é lembrada pelo sofrimento. Colonização, pragas, fome, segregação, inúmeros adjetivos de um continente abalado. Não obstante, parece importante observar que há movimentos na arte contemporânea que vem buscando, de forma notavelmente expressiva, trazer a tona séculos de identidade”, escreveu Matheus Moreira em texto sobre a mostra.

FOTO: Kudzanai Chiurai, ‘Genesis [Je n’isi isi] III’, 2016 


Arte Democracia Utopia: quem não luta tá morto

Coletiva com curadoria de Moacir dos Anjos buscou apresentar, no Museu de Arte do Rio (MAR), um panorama do que foi produzido recentemente no cenário nacional que vá de encontro à um ideal utópico. “(…) a exposição alcança uma temperatura às vezes até documental, que apresenta um quadro complexo da situação atual”. Clique aqui e confira o que Fabio Cypriano escreveu sobre a exposição em texto para nossa edição 45.

FOTO: Anna Maria Maiolino, ‘Por um fio’, 1976


Bill Viola: visões do tempo

Uma valiosa mostra de vídeos produzidos nos últimos 20 anos pelo artista estadunidense e um dos pioneiros do formato: Bill Viola. Visões do Tempo, no Sesc Avenida Paulistacontou com a curadoria integrada de Kira Perov, diretora executiva do estúdio de Bill, Juliana Braga de Mattos e Sandra Leibovici, respectivamente gerente e assistente da gerência de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo (GEAVT). Leia mais sobre a exposição clicando aqui. 

FOTO: Bill Viola, Chapel of Frustrated Actions and Futile Gestures (Capela de Ações Frustradas e Gestos Fúteis), 2013


Irving Penn: centenário

Grande fotógrafo estadunidense, Penn teve exposição no Instituto Moreira Salles paulista em homenagem aos 100 anos que completaria. Mais de duas centenas de fotografias estiveram na mostra. Dentre as imagens estavam retratos de nomes como Pablo Picasso, Audrey Hepburn, Truman Capote e Yves Saint Laurent, além delas, fotografias de moda e cliques de diferentes etnias, como os povos de Cuzco e da Nova Guiné, dentre outros registros.

FOTO: Irving Penn, Audrey Hepburn’, 1951.


MAM 70: MAM E MAC-USP

As sete décadas do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), que tem obras de seu acervo no Museu de Arte Contemporânea da USP, foram reunidas em uma mostra para comemorar esse natalício, com curadoria de Ana Magalhães (MAC USP), Felipe Chaimovich (MAM) e Helouise Costa (MAC-USP). Com quatro eixos expositivos, a exposição buscou enfatizar a fotografia, o contemporâneo, a formação do acervo e a missão pedagógica da instituição.

FOTO: Rosana Paulino, Sem Título, 1997.


Bienal Naïfs do Brasil

“(…) há muitas questões que podem escapar de quem observa a obra de um artista popular olhando-o a partir da concepção do primitivismo, que reduz esses artistas a um rótulo que pode significar um julgamento pelo contexto sócio-cultural em que vivem. Talvez o ponto mais latente disso na mostra seja o fato de que muitas obras abordam discussões sociais e políticas, muitas vezes identitárias, que podem muitas vezes se fecham apenas à ambientes acadêmicos e seriam reproduzidas apenas por artistas que tenham acesso a isso. Os naïfs se mostram muito à frente nesse ponto, assinalando nitidamente o seu posicionamento sobre algumas dessas questões”. Leia o texto completo sobre a exposição que ocorreu no Sesc Piracicaba clicando aqui. 

FOTO: Gildo Xavier, Conquista, 2017.


Anri Sala: o momento presente

“Sala relaciona o território e a música a partir da memória do lugar e, como define a curadora da exposição, Heloisa Espada, o casal que empurra o realejo pode ter frequentado a Salle des Fêtes ou isso pode apenas simbolizar um fragmento de um sonho acordado. No trabalho de Anri Sala, a banalização do dia a dia se transforma por meio de práticas libertárias no espaço público, no melhor espírito da Internacional Situacionista, movimento surgido em 1957, que defendia, entre outras coisas, uma vida lúdica e de liberdade permanentes”. Confira texto no qual Leonor Amarante fala sobre a mostra ocorrida no Instituto Moreira Salles.

FOTO: Anri Sala, ‘Long Sorrow’, 2005.


GALERIAS

Vanderlei Lopes, A democracia é um mito, 2018

Com o ar pesado demais para respirar

Exposição importante com curadoria de Lisette Lagnado, sediada na Galeria Athena, no Rio de Janeiro. “A curadora aponta para os tempos cíclicos da arte, da política e da própria sociedade, afinal, um distanciamento necessário para quem vive a barbárie dos dias atuais”. Confira texto de Fabio Cypriano sobre a exposição em diálogo com a exposição com curadoria de Moacir dos Anjos no MAR.


Neide Sá, A Corda

Neide Sá: estrutura poética, ruptura e resistência

Uma das fundadoras do movimento Poema-Processo, a artista carioca Neide Sá teve exposição individual na Galeria Superfície. Gustavo Nóbrega, diretor da galeria, se empenhou em inseri-la em grandes exposições desde que começou a representá-la, enfatizando o importante papel poético, político e comunicativo da artista. Suas obras também estiveram em grandes exposições, como Mulheres Radicais e Arte-Veículo. Clique aqui e leia nossa matéria sobre a exposição, publicada na edição 44 da ARTE!Brasileiros.


León Ferrari, ‘Sem título’, 2008

León Ferrari: por um mundo sem Inferno

Lisette Lagnado se destaca como curadora de importantes exposições de 2018. Na Galeria Nara Roesler de São Paulo e Nova Iorque, apresentou mostra individual de León Ferrari. O artista também foi tema de conferência realizada pela ARTE!Brasileiros em abril, no auditório do MAM. A exposição na galeria mostrou um panorama da obra do artista que “ao longo de sessenta anos de arte, viveu no contrafluxo do sistema sendo empurrado aos infernos para emergir ainda mais forte. Ferrari observa o mundo e o transfigura em textos/gráficos que apontam dimensões submersas no cotidiano”. Leia texto de Patricia Rousseaux sobre o artista, capa de nossa edição 42.


Milton Dacosta, ‘Construção Sobre Fundo Vermelho’, 1957

Milton Dacosta: a cor do silêncio

Uma sublime retrospectiva na Galeria Almeida e Dale fez coro à celebração dos 100 anos que seriam completados pelo artista em 2017. “Dacosta não era adepto dos rótulos, tendo um percurso livre em sua passagem da figuração para a abstração, enquanto os colegas artistas disputavam a importância dos estilos”. Clique e leia entrevista na qual Paulo Pasta e Alexandre Dacosta falam sobre o artista.


Maria Laet, Terra, 2015
Maria Laet, Terra, 2015

Maria Laet: Poro

A exposição aconteceu tanto na galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro, quanto na galeria Marília Razuk, em São Paulo. Maria também teve forte presença na 33ª Bienal de São Paulo. “A obra de Maria Laet é uma suave projeção de sua personalidade. Ambas têm a essência onírica que brota de um imaginário quieto, afetivo e seletivo”. Confira texto de Leonor Amarante sobre a artista.


David Medalla, ‘A Flor Mohole’.

Você sonha com o quê? 

Apresentada na Galeria Luisa Strina, coletiva com curadoria de Magali Arriola reuniu obras de Marcel Duchamp, Pierre Huyghe, Laura Lima e Zé Carlos Garcia, Marie Lund, David Medalla, Cildo Meireles, Theo Michael e Gabriel Sierra. A mostra foi definida por Leonor Amarante como “uma indagação de como a arrogância do mundo pode ser questionada com devaneios e imaginação”. Leia o artigo completo clicando aqui.


Marcelo Moscheta, ‘A História Natural e Outras Ruínas (Cap. 15), 2018

Marcelo Moscheta: a história natural e outras ruínas.

Desdobramento da pesquisa de Moscheta sobre a natureza e seus recursos na qual se debruça há anos, a exposição foi sediada na Galeria Vermelho. O artista utilizou múltiplas técnicas para transpor em suas obras as questões das modificações que o fator humano causa na ambiente. A força dessas transformações é desencadeada obra por obra: “E compreenderam também que nada – nem montanhas, rios, continentes ou mares – é eterno na Terra”, diz texto de enciclopédia em uma delas.


Clara Ianni, War II

Aonde Vamos?

Adolfo Montejo Navas, Ana Vitória Mussi, Clara Ianni, Ile Sartuzi, Kilian Glasner, Nazareth Pacheco, Ole Ukena e Tiago Tebet tem obras na mostra sob curadoria de Paulo Kassab Jr. na Galeria Lume. Jogando luz sobra a ideia de transição entre passado e presente, a exposição faz refletir sobre o caminho que percorremos e as quebras e permanências que se dão ao longo do tempo, dialogando com a situação política e social do país e questionando a intolerância e as ferramentas de mentiras nos dias de hoje.


Santídio Pereira, Sem título

Santídio Pereira: o olhar da memória

Com apenas 23 anos, o artista piauiense mostrou uma força robusta em exposição realizada na Galeria Estação. A mostra trouxe obras em xilogravuras, “técnica antiga que requer um tipo de relação diferente e mais demorada com a matéria, que sangra a madeira, e que coincide com a maneira com que Santídio enxerga seu passado”. Leia texto sobre a exposição publicado em nossa edição 44.

 


Ícaro Lira, Crime e Impunidade, 2017.

Ícaro Lira: Frente de trabalho

Em abril, Ícaro teve individual na Galeria Jaqueline Martins, que destacou o pensamento coletivo do artista, uma de suas características fortes. Trazendo trabalhos próprios, colaborativos e de outros artistas, Ícaro tornou o espaço expositivo um espaço de produção e chamou a atenção do público para o exercício de reflexão sobre o trabalho, inclusive no sistema da arte, num processo engajado e de resistência.


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