A obra de Maria Laet é uma suave projeção de sua personalidade. Ambas têm a essência onírica que brota de um imaginário quieto, afetivo e seletivo. A nova exposição, em cartaz na galeria Marília Razuk, é uma ode ao poético, com giros e achados, desenvolvida num momento especial desta jovem artista que se prepara para atuar na 33ª Bienal de São Paulo. Os onze trabalhos entre vídeos, fotografias, monotipias, objetos e uma instalação transformam-se em cerimônia íntima com a natureza. Alguns deles têm a densidade e a leveza de um nevoeiro, tudo muito intimista e repleto de imaginação analítica. Os alinhavos na terra aparecem mais uma vez na superfície, mas agora provocam tensão entre lugar e espaço, e parecem querer deter o ritmo das raízes, entrelaçadas em movimento profundo e sem fim.

Tudo em Maria Laet gera poesia, como na série em que “cadernos” de páginas brancas, delicadas, sem qualquer traço ou escrita conversam com outras obras como a foto de uma floresta rodeada por esbranquiçada bruma. No conjunto, o estilo sobrepõe a forma no domínio da sombra, luz e gesto. Na instalação, que pede participação do público, há um sussurro político. O pequeno espaço de paredes negras, com piso repleto de bolas de aço que se movem desorientadas pela presença do homem, encena a conquista por lugares.

Nos vídeos que se juntam à mostra, a respiração norteia, tira o visitante do plano ótico e o conduz à uma experiência sensitiva. Em um deles, um músico de tuba, tem o som de seu instrumento lacrado, e o “concerto” se realiza pelo aspirar e expirar do personagem. Em outro vídeo, ela mescla procedimentos e poéticas da natureza, onde o interesse está no balançar de um coqueiro, que respira na mesma cadência do músico da tuba do vídeo anterior. Esse universo tão particularizado na obra de Maria Laet parece conversar com um tonal de sua vida emotiva. Ela é admiradora confessa da obra de Ana Mendieta, artista cubana, morta misteriosamente aos 37 anos, ao cair nua do 33º andar de um edifício em Nova York, quando estava casada com o minimalista norte-americano Carl Andre, episódio até hoje não elucidado. Maria Laet e Ana Mendieta trabalham com a land art, o silêncio e captam tensões da existência humana em seu meio ambiente

Clique aqui para ler mais sobre Maria Laet na 33ª Bienal de São Paulo.

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