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Prêmio EDP nas Artes tem inscrições abertas para jovens artistas

Trabalho de Iagor Peres, vencedor na edição de 2018. Foto: Divulgação

Com o objetivo de estimular a arte contemporânea brasileira produzida por jovens entre 18 e 29 anos, o 7° Prêmio EDP nas Artes tem suas inscrições abertas entre os dias 3 de março e 3 de abril (clique aqui para acessas inscrições e edital). Serão selecionados dez participantes que receberão em seus ateliês o acompanhamento crítico da equipe de jurados e, ao final do processo, participarão de uma mostra coletiva no Instituto Tomie Ohtake.

Além de apoiar o percurso artístico destes selecionados no processo de realização das obras, este acompanhamento implementa os critérios para a escolha dos três premiados finais, anunciados no dia da abertura da exposição, em 1o de outubro. Estes três artistas receberão bolsas para residências artísticas no exterior.

O prêmio é voltado a jovens artistas de todo o Brasil, nascidos ou residentes no país há pelo menos dois anos e, além da premiação, contempla uma série de atividades ao longo do ano, como debates e oficinas, inclusive em regiões brasileiras onde o acesso à arte contemporânea é mais restrito. A primeira, o debate “Carreira de Artista”, acontece no dia 10 de março, às 19h30, no Instituto Tomie Ohtake, quando o público poderá interagir com as artistas Ana Almeida, Carla Chaim e Leda Catunda.

“O prêmio EDP nas Artes é uma das principais ações da Companhia nessa frente, estimulando o desenvolvimento da arte contemporânea e ajudando a revelar novas gerações de grandes artistas”, afirma Luis Carlos Gouveia Pereira, diretor do IEDP, em texto de divulgação do prêmio. Na edição anterior, em 2018, os premiados com residências artísticas internacionais foram Marie Carangi (Recife); Elilson Gomes Do Nascimento (Recife) e Iagor João Barbosa Peres (Rio De Janeiro).

 

Projeto Documenta Pantanal terá espaço na SP-Arte

Foto de uma tempestade sobre o Rio Touro Morto no Mato Grosso do Sul, durante o período de das chuvas no Pantanal. Por Luciano Candisani
Foto de uma tempestade sobre o Rio Touro Morto no Mato Grosso do Sul, durante o período de das chuvas no Pantanal. Por Luciano Candisani

Projeto Documenta Pantanal trará o trabalho de 3 dos seus integrantes, Araquém Alcântara, João Farkas e Luciano Candisani, para a SP Arte – feira de arte que reúne mais de 2 mil artistas brasileiros e internacionais todos os anos, sediada no Pavilhão da Bienal durante os dias 1º e 5 de abril em 2020.

Alcântara está em atuação desde 1970 e foi o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques do Brasil, também se destacando por ter realizado um ensaio sistemático sobre os ecossistemas e as unidades de conservação do país. Farkas codirigiu, ao lado do diretor Jorge Bodanzky, o filme Ruivaldo, O Homem que Salvou a Terra e lançará em abril deste ano o livro Pantanal, com imagens realizadas ao longo de 6 expedições no bioma. Candisani, depois de ter produzido por duas décadas narrativas imagética que interpretam culturas tradicionais e ecossistemas ao redor do mundo, se dedica atualmente à produção de um ensaio sobre a beleza e a importância da dinâmica da água no Pantanal.

Onça fotografada no Pantanal por Araquém Alcantara
Foto de Araquém Alcantara

De acordo com a organizadora do Documenta, a produtora cultural Mônica Guimarães, a participação desses três profissionais contribui para ilustrar como a fotografia é importante na criação de um pensamento que estimule a preservação do Pantanal: “O olhar sensível de cada um deles para as variadas facetas da região pantaneira expõe, além da exuberante natureza desse ecossistema, sua fragilidade e chama a atenção para a necessidade de sua urgente conservação”.

Sobre Documenta Pantanal

O projeto prevê o desenvolvimento de ações multimídia (exposições, livros e vídeos) como chamado à sociedade para a urgência em conhecer e preservar este patrimônio, com intuito de falar com um público amplo – procurando aproximar pesquisadores, acadêmicos, produtores ligados ao agronegócio, grupos com interesses em conservação, turismo, jornalistas e educadores – para colocar o Pantanal na agenda da opinião brasileira.

Nove galerias brasileiras participam da ARCOmadrid 2020

Valeska Soares E Mauro Restiffe, “Proscenium”, 2018. No estande da Fortes, D'Aloia & Gabriel.

A feira ARCOmadrid 2020 reúne, entre 26 de fevereiro e 1 de março, um total de 209 galerias de 30 países em seus setores principais. Realizada pelo IFEMA (Institución Ferial de Madrid), entidade responsável por organização de eventos, a feira tem como foco o Programa Geral, composto por 171 galerias selecionadas pelo Comitê Organizador.

É apenas uma questão de tempo é uma proposta especial para uma seção desta ARCOmadrid. Esta seção é comissariada por Alejandro Cesarco e Mason Leaver-Yap e é composta por 16 artistas de 13 galerias. Esse projeto propõe observar a  prática artística a partir da obra do artista cubano-americano Felix Gonzalez-Torres. O setor Diálogos, que inclui 10 galerias selecionadas por Agustín Pérez Rubio e Lucía Sanromán, oferece uma análise da criatividade contemporânea focada no diálogo entre duas criadoras, prestando atenção especial à maneira como as mulheres praticam arte na América Latina e aos pontos em comum na obra de artistas de diferentes gerações.

Já o programa Opening é novamente um espaço para descobrir novos trabalhos na feira, com 21 galerias selecionadas pelo brasileiro Tiago de Abreu Pinto e pelo turco Övül Ö. Durmusoglu, que representará o compromisso com jovens galerias internacionais.

As representantes brasileiras na ARCOmadrid deste ano são as galerias Anita Schwartz Galeria De Arte, Baró Galeria, Casa Triângulo, Fortes D’aloia & Gabriel, Jaqueline Martins, Luisa Strina, Sé, Superfície e Vermelho, que levam artistas brasileiros e também internacionais para seus estandes.

Confira toda a programação no site do evento.


ARCOmadrid 2020
de 26 de fevereiro a 1 de março
Avenida del Partenón, 5 28042, Madrid, Espanha

Onde nós estávamos quando não estávamos aqui?

Cena do filme "Você Não Estava Aqui", de Ken Loach. Foto: Divulgação.
Cena do filme "Você Não Estava Aqui", de Ken Loach. Foto: Divulgação.

“No último sábado à noite eu me casei. Eu e minha esposa nos estabelecemos. Agora, eu e minha esposa estamos separados. Vou dar um passeio pela cidade”. Canta uma senhora, Rosie, ao pentear o cabelo de Abby (Debbie Honeywood), que está sentada na frente dela com as pernas e os braços juntos e organizados de forma harmoniosa, disfarçando em partes – com sua postura e a rapidez de enxugar seus olhos – o estado emocional fragilizado. Não é uma cena crucial, nem pivotal, mas é dotada da gentileza e candura habilmente injetadas em conjunto no novo filme do cineasta britânico Ken Loach, aos 83 anos de idade — vigoroso, ainda. 

Sorry We Missed You, traduzido no Brasil para Você Não Estava Aqui, diz respeito a Abby e sua família, em Newcastle, no nordeste da Inglaterra. Ela é uma enfermeira e cuidadora de idosos e pessoas com mobilidade reduzida que trabalha em um “esquema de sem garantias”, recebendo apenas pelos serviços prestados e trabalhando apenas quando é chamada pelo patrão. Seu marido, Ricky (Kris Hitchen), perdeu o emprego na área da construção civil e a chance de obter uma hipoteca após o colapso econômico de 2008. Sob indicação de um amigo ele começa a trabalhar como motorista autônomo, conceito que nos é explicado logo no começo do filme pelo supervisor da frota, Maloney (Ross Brewster): “Você não é contratado aqui, [você] entra a bordo. Algo que gostamos de chamar de integração. Você não trabalha para nós, [você] trabalha conosco. Você não dirige para nós, [você] realiza serviços”

 

Mesmo perdendo o temperamento algumas horas, Ricky é um pai afetuoso, como também é Abby, cuja convivência com pessoas prejudicadas por questões da velhice e do abandono talvez faça com que ela invista de forma profunda na união da sua família — uma tarefa difícil tendo em mente as longas jornadas do casal. “Estou vendo aqui. Das 7h30 da manhã até as 21h? E as jornadas de oito horas?”, pergunta Molly, outra das senhoras sob cuidado de Abby. Como consequência, há um peso imbuído por ambos, uma culpa parental por não passarem tempo suficiente com as crianças Seb (Rhys Stone) e Liza Jane (Katie Proctor). “Ele está crescendo todo dia diante dos nossos olhos. Quer dizer, isso quando o vejo”. O maior (cuja observação empática do autor pode lembrar O Garoto da Bicicleta dos Dardenne, ou até De Cabeça Erguida, primogênito de Emmanuelle Bercot na direção) tem talento para o Grafitti, mas começa a perder aulas e acaba por se encrencar com a polícia, enquanto a menor é inteligente a ponto de surpreender o próprio pai, contudo, preocupa Abby e Ricky quando rompe a ter problemas para dormir.

Onde nós estávamos quando não estávamos aqui?

As questões que entremeiam Você Não Estava Aqui são trazidas por Loach em tempo hábil, principalmente o que pode ser relacionado com a “Sociedade do Cansaço” (conceito pelo filósofo sul coreano Byung-Chul Han) e a lógica “24/7” (destrinchada pelo crítico de arte e ensaísta Jonathan Crary). Chegamos a uma fórmula de sociedade onde não existem intervalos de calma, descanso ou aposentadoria. Há, em seu lugar, um cansaço coletivo, uma “implacável tradução para o valor monetário de qualquer intervalo de tempo possível ou de qualquer relação social concebível, de tornar todos os elementos de nossas vidas conversíveis aos valores do mercado”, como afirma Crary, complementando que o tempo para o descanso ou o bem-estar é simplesmente caro demais na visão da atual economia global, a mensagem transmitida? É a que, assim, a sobrevivência a longo prazo do indivíduo torna-se cada vez mais dispensável. 

A exemplo disso, tanto Maloney quanto seus “companheiros de frota” obedecem com medo quase ozymandiano ao aparelho que registra as entregas, no qual, os motoristas — dentro de uma cadeia macro — não passam de registros digitais passíveis de monitoramento: “o digital não pesa, não tem cheiro, não opõe resistência”, comentaria Han. O autor da Sociedade do Cansaço, para o jornal El País, coloca que “precisamos de um tempo próprio que o sistema produtivo não nos deixa ter; necessitamos de um tempo livre, que significa ficar parado, sem nada produtivo a fazer, mas que não deve ser confundido com um tempo de recuperação para continuar trabalhando”.

Ainda que o longa não quebre barreiras dentro da filmografia de Loach, ele ecoa um lamento — compartilhado por Paul Laverty, roteirista da obra e colaborador de longa data do cineasta — que importa mais que nunca vide o movimento de “uberização da economia” que é causa e agravante dos fenômenos descritos acima. “Eu pensei que fosse meu negócio”, argumenta Ricky, recebendo de Maloney a resposta: “Sim, mas é minha franquia”

Uma pesquisa do IBGE apontou que 38,8 milhões dos 93,8 milhões de pessoas que compõem a força de trabalho no Brasil atuavam na informalidade no terceiro trimestre do ano passado. Assim como para Ricky, não há salário fixo, benefícios ou folgas. Enquanto isso, ficam para o trabalhador praticamente todos os custos do serviço, da manutenção ao transporte, da internet ao seguro. A liberdade vai se rarefazendo ao contrário da imagem inicial vendida por aplicativos como o que nomeia esse movimento.

Apesar da rispidez do assunto, Loach consegue trazer certo humor à questão através de algumas derrapadas cômicas de Ricky — incluindo uma tentativa absurda de fugir de uma fiscal de rua e um toma lá dá cá com um cliente que se mostra torcedor do time rival — e utilizando da figura de Maloney, cujo positivismo estilo “coaching” é por si só uma chacota.  

Últimos pensamentos

Às vezes o longa-metragem é didático demais, com uma aproximação um tanto formulaica, algo que podemos relevar tendo em vista o caráter de diálogo com o público britânico que Laverty consegue estabelecer por essa aproximação. É uma história carregada a oito mãos: a família – passando pelos desgastes do mercado livre, pelo encerramento do estado de bem estar e pelas atribulações demonstradas pelos criadores – ainda é o foco do filme, é seu objeto, o avatar de todas as questões macro da história e quem permite que o roteiro de Laverty tome formato. Seria difícil pensar a execução de Você Não Estava Aqui sem esse conjunto de atores. Aliás, o cineasta mantém sua tendência a encontrar novos rostos que parecem ter nascido para suas histórias, encarando a progressão narrativa com sinceridade. Essa espécie de protagonismo coletivo nos permite também examinar o impacto, reverberado em escala familiar e através dessas duas gerações, da série de frustrações sofridas por Abby e Ricky em seus trabalhos.

Em cena de "Você Não Estava Aqui", Ricky (Kris Hitchen) e Liza Jane (Katie Proctor) sentam juntos para comer durante o intervalo de entregas.
Ricky (Kris Hitchen) e Liza Jane (Katie Proctor) sentam juntos para comer durante o intervalo de entregas.

Para Ken Loach — em entrevista ao El País —, ainda há motivos para esperança: “O primeiro é que os povos sempre resistirão e alguém sempre lutará. O segundo é que vivemos em um sistema que não pode continuar por mais tempo. Pensemos, por exemplo, no trabalho dos entregadores que utilizam gasolina para fazer suas entregas, quando o petróleo tem os dias contados. Estamos destruindo os pequenos comércios nos centros das cidades e dos povoados, encomendando e comprando tudo pela Amazon. Queremos continuar assim?”. 

A Gentil Carioca inaugura a 16ª edição do projeto Abre Alas

Obra de Darks Miranda.

A galeria A Gentil Carioca apresenta exposição coletiva que traz obras de artistas selecionados no edital Abre Alas 16, tendo nesta edição  Keyna Eleison, Pablo León de la Barra e Yhuri Cruz na comissão de seleção e curadoria.

Os artistas selecionados são Andre Niemeyer, Andréa Hygino, Darks Miranda, Fátima Aguiar, Gilson Andrade, Juliana dos Santos, Leka Mendes, m. morani, max wíllà morais, Mulambo, Nathalia Favaro, Reitchel Komch, Val Souza e Yan Copelli.

Além disso, a galeria traz A Porta na Parede, de Ana Linnemann, para integrar a 35ª Parede Gentil e convidou o artista de Marcos Abreu para realizar a arte da 86ª Camisa Educação, que traz a estampa de uma bandeira geométrica escura com a imagem do livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire.

A exposição, primeiramente programada para terminar em março, foi prorrogada até o dia 9 de abril.

Três seleções artísticas para aproveitar o carnaval

Foto do ensaio sobre a Estação Primeira de Mangueira, realizado por Maureen Bisilliat em 1969.
Foto do ensaio sobre a Estação Primeira de Mangueira, realizado por Maureen Bisilliat em 1969.

Agora ou Nunca – devolução: paisagens audiovisuais de Maureen Bisilliat

Em Agora ou Nunca – devolução: paisagens audiovisuais de Maureen Bisilliat, a fotógrafa inglesa Maureen Bisilliat, radicada desde 1957 no Brasil, reúne pela primeira vez em uma exposição parte de sua produção audiovisual, com extratos de 12 vídeos. 

Bisilliat começa a traçar um percurso relevante em vídeo a partir dos anos 1980, quando já era consagrada no campo da fotografia. A mostra busca seus registros, apresentando um panorama de sua produção mais recente como também uma resposta àqueles que foram retratados por ela antes em suas fotografias. Há entrevistas com Darcy Ribeiro, Roberto Burle Marx, Pietro Maria Bardi e Alberto Korda. Destaque para o vídeo Morro da Mangueira, onde ela reencontra personagens fotografados por ela na década de 1960, quando em trabalho para a Revista Quatro Rodas.

Suas imagens dos mangueirenses em trajes verde e rosa (as cores da Estação Primeira de Mangueira), incluindo um retrato do compositor Cartola, foram feitas no próprio morro onde fica a escola e compuseram as matérias É sempre verão nesta baía e A batucada dos bambas. Alguns destes registros e outros feitos por Bisilliat na Banda de Ipanema nas décadas de 1960/70 podem ser consultados no seu próprio acervo no Instituto Moreira Salles

QUANDO: A visitação vai até o dia 5 de abril às 20h
ONDE: Galeria 1 do Instituto Moreira Salles Avenida – Avenida Paulista, 2424, São Paulo/SP

Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia

A foto mostra a escultura "Cristo Mendigo" que foi o carro abre-alas do desfile Ratos e Urubus. Na imagem, a escultura é coberta por sacos de lixo como uma censura, e carrega a faixa que diz "Mesmo proibido olhai por nós!"
Abre-alas “Cristo Mendigo” no desfile Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia. Foto: Sebastião Marinho (Agência O Globo)

Com título homônimo ao emblemático desfile da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis – ocorrido há alguns carnavais, mais especificamente no amanhecer de 7 de fevereiro de 1989 – a exposição que ocupa a Galeria Tarsila do Amaral, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), presta homenagem ao desfile e ao carnavalesco Joãosinho Trinta, que se referia ao evento como uma “Ópera de Rua”. 

Na mostra, Ratos e Urubus entra como mais que inspiração ou referência, o samba enredo é trazido como uma das obras componentes da exposição, através de um trabalho curatorial com os registros imagéticos e em vídeo do desfile, os esboços dos carros alegóricos e o “por trás das cenas” do seu processo de construção. Raphael Escobar, Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Nuno Ramos e Márcia X integram a exposição com trabalhos selecionados e também obras comissionadas. Confira nossa matéria na íntegra clicando neste link.

QUANDO: A visitação vai até o dia primeiro de março às 20h30
ONDE: Galeria Tarsila do Amaral, no Centro Cultural São Paulo (CCSP) – Rua Vergueiro, 1000, São Paulo/SP

FAZ QUE VAI 

Still da videoinstalação "FAZ QUE VAI" de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca mostrando o dançarino Edson Vogue
Still da videoinstalação “FAZ QUE VAI” de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca

“Faz que vai”, passo do frevo que simula um momento de instabilidade, nomeia o curta de 12 minutos da dupla de artistas audiovisuais Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. Para a obra, eles retratam quatro bailarinos em seus respectivos modos de articular uma forma dessa tradição popular do estado do Pernambuco. Aliás, este é um dos pontos de maior interesse da dupla ao desenvolver o projeto: a atualização da tradição – um lugar de instabilidade para os artistas, que se relaciona metaforicamente com o próprio movimento do faz que vai. 

O frevo surge logo após o fim da escravidão no Brasil, quando as tropas no carnaval das bandas militares contratavam grupos de capoeiristas para liderar a procissão e afastar as gangues de rua da cidade ao abrir suas sombrinhas em frente à multidão como um movimento de controle de multidões improvisado. Quando as sombrinhas diminuíram e os movimentos dos capoeiristas começaram a ficar cada vez mais estilizados o frevo apareceu. Ao longo da nossa história, pessoas de diversas origens encontraram meios de expressão coletiva em oposição ao colonialismo. Hoje, o frevo se tornou patrimônio da UNESCO e é ensinado em escolas. 

No caminho de atualizar a tradição, os capoeiristas de Wagner e de Burca não são guarda-costas masculinos, mas em sua maioria homens afeminados e uma mulher trans. Em seu trabalho, a manifestação dessa dança de rua, num espaço tridimensional, se transforma completamente diante da câmera tecendo uma série de anotações entre ela, o corpo registrado e a dança típica que o movimenta, sem perder de vista a música como cerne da questão já que para a dupla “a música é o elemento que constitui uma espécie de fundamento para as práticas que pesquisamos. Seja de dança, dos videoclipes, da canção”.

Confira o trabalho completo no site de Wagner e de Burca, acessando este link.

Sucesso de público no Rio, mostra sobre o Egito antigo chega ao CCBB de São Paulo

Artefatos expostos na mostra no CCBB. Crédito: Divulgação

Após ser vista por mais de 1,4 milhão de visitantes no Rio de Janeiro, a exposição Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade fica exposta até o dia 11 de maio no CCBB paulistano. Com 140 peças emprestadas pelo Museu Egípcio de Turim (Itália), que abriga a segunda maior coleção egiptológica do mundo, a mostra reúne tanto réplicas quanto peças originais.

Se a pirâmide montada no espaço expositivo é uma representação em escala reduzida, há artefatos originais como uma múmia humana de verdade, estátuas e estatuetas, um Livro dos Mortos em papiro e objetos litúrgicos. Há ainda sarcófagos, vasos e modelos de diferentes períodos do Antigo Egito (que vai de 3100 a.C até 30 a.C).

Segundo texto de apresentação, as peças da mostra “têm em comum a relevância para o entendimento da cultura egípcia, que manteve parcialmente os mesmos modelos religiosos, políticos, artísticos e literários por três milênios”. Segundo Pieter Tjabbes, curador da mostra junto com Paolo Marini, “o principal objetivo é possibilitar a um público grande e diverso um entendimento qualificado sobre a cultura egípcia”.

A exposição, que seguirá ainda para os CCBBs de Brasília e Belo Horizonte, é dividida em três seções: vida cotidiana, religião e eternidade. A mostra apresenta também uma seção interativa, com um vídeo com reconstrução 3D de monumentos, baseada em dados reais, que permitirá aos visitantes percorrer lugares no Egito Antigo.

Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade
Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Álvares Penteado, 112
Entrada gratuita

Casa Fiat traz, em maio, mostra de Botticelli em Belo Horizonte

Detalhe da Vênus, de Botticelli.


Um dos grandes nomes do renascentismo italiano, Sandro Botticelli (1445–1510) será tema de uma grande exposição na Casa Fiat de Cultura, que marca a celebração dos 14 anos do espaço mineiro.

Intitulada Botticelli e seu Tempo, a mostra tem curadoria do historiador italiano Alessandro Cecchi e reunirá trabalhos de diferentes períodos da produção do artista. Incluindo ainda trabalhos de outros nomes centrais da arte do período – como Antonio del Pollaiolo, Andrea del Verrocchio e Filippo Lippi –, a exposição se propõe a apresentar um pouco da efervescência cultural da Florença renascentista.

Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, nome de nascença de Sandro Botticelli, é autor de obras célebres como O Nascimento de Vênus, A Tentação de Cristo e A Adoração dos Magos, muitas delas de cunho religioso ou mítico. Dedicou boa parte da carreira às grandes famílias florentinas, especialmente aos Médici, para os quais pintou diversos retratos. A exposição em belo Horizonte poderá ser vista entre os dias 5 de maio e 12 de julho de 2020.

 

Anna Bella Geiger — Sesc Avenida Paulista/MASP

Organizada pelo MASP em parceria com o Sesc Avenida Paulista, a mostra individual “Brasil nativo / Brasil alienígena”, de Anna Bella Geiger, é parte das exposições que fazem parte do eixo “Histórias das mulheres, Histórias feministas”, que ocupou o museu em 2019.

A exposição traz 190 obras da artista desde os anos 50 até os dias atuais, propondo um passeio por sua trajetória em duas das maiores instituições culturais do país até 1 de março.

Confira entrevistas com Adriana Souza, coordenadora de programação do Sesc Avenida Paulista, e Tomás Toledo, curador-chefe do MASP e curador da exposição.


Anna Bella Geiger: Brasil nativo / Brasil alienígena
até 1 de março
No MASP e no Sesc Avenida Paulista

Exposição em Nova Iorque aborda tempos autoritários no Brasil

Capa edição 43 - Sem Título - Moisés Patrício
Obra Sem Título da série "Aceita?", de Moisés Patrício. A obra foi capa da nossa edição 43.

A exposição Against, Again: Art Under Attack in Brazil aborda a presente onda transnacional de autoritarismo, apresentando diversas práticas artísticas que respondem à opressão no Brasil. Desde a ascensão de um movimento político conservador nos últimos anos, que resultou na eleição de um presidente de extrema direita em 2018, até as posteriores ameaças e ataques contra políticos, ativistas, intelectuais e artistas.

A exposição desenvolve um breve diagnóstico desses tempos e também analisa as condições históricas do autoritarismo no Brasil, mostrando como os artistas prosperaram e criaram novos imaginários para lidar com a opressão.

A mostra tem curadoria de Tatiane Schilaro e Nathalia Lavigne e foi organizada pela AnnexB, se estendendo entre 14 de fevereiro até 3 de abril de 2020 na Anya and Andrew Shiva Gallery, que fica dentro do John Jay College of Criminal Justice. Estão presentes na exposição obras dos artistas Sonia Andrade, Maria Thereza Alves, Marcelo Amorim, Giselle Beiguelman, Rafael BQueer, Nino Cais, #CóleraAlegria, Jonathas de Andrade, Anna Bella Geiger, Hudinilson Jr., Clara Ianni, Eduardo Kac, Randolpho Lamonier, Jaime Lauriano, Antonio Manuel, Arjan Martins, Virginia de Medeiros, Cildo Meireles, Ismael Monticelli, Rafael Pagatini, Anna Parisi, Regina Parra, Moisés Patrício, Dalton Paula, Aretha Sadick e João Simões, Berna Reale, Sallisa Rosa, Aleta Valente, Regina Vater, Igor Vidor.