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A quadratura do círculo no Espaço Cultural Porto Seguro

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Uma das atividades paralelas ligadas à exposição Meteorológica, da dupla Detanico Lain, no Espaço Cultural Porto Seguro, a performance A quadratura do círculo é uma parceria com a SP Companhia de Dança, com concepção coreográfica de Ricardo Gali.

A instalação coreográfica é apresentada 27 de fevereiro no espaço da obra. Confira entrevista com Ricardo e com o curador da exposição, Rodrigo Villela. Leia também matéria sobre a mostra, clicando aqui.

Frida Kahlo ganha grande mostra no Brooklyn Museum, em Nova York

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O Brooklyn Museum de Nova York acaba de inaugurar uma grande mostra sobre a artista mexicana Frida Kahlo (1907-1954), uma das mais celebradas pintoras latino-americanas do século 20 e grande nome do modernismo em seu país. A exposição reúne não só obras da artista, entre pinturas e desenhos, mas também objetos pessoais, roupas, fotografias e vídeos.

É a primeira vez que peças expostas na Casa Azul, na Cidade do México – onde Kahlo morou toda a vida – podem ser vistas nos Estados Unidos. Intitulada Appearances Can Be Deceiving, a mostra é dividida em dez seções como “Raízes”, “Arte e Revolução”, “Casamento” – Kahlo foi casada com o pintor e muralista Diego Rivera – “Arte e Vestimenta”, “Casa Azul”, entre outras.

Para além de sua produção artística, a pintora ficou conhecida por sua atuação política de esquerda, por sua relação com o movimento pela igualdade de gênero e pelas histórias de seu casamento. Recentemente, no entanto, familiares da artista e pesquisadores têm criticado distorções e uma mistificação da vida de Kahlo – que ao se tornar ícone “pop” teve sua produção artística ofuscada.

A exposição no Brooklyn Museum, que procura tratar com profundidade e cuidado o trabalho da artista e seus posicionamentos, ganha ainda mais relevância no momento em que o presidente americano Donald Trump fala em construir um muro entre EUA e México. Em entrevista recente, a diretora do museu, Anne Pasternak, falou sobre a importância de “reforçar pontes culturais”, não criar muros. A mostra fica em cartaz até 12 de maio no museu nova-yorkino.

Alex Flemming faz crítica à situação política brasileira em nova mostra

Para Alex Flemming, artista paulistano radicado em Berlim há quase 30 anos, a arte deve ser bela, “por mais que eu entenda que isso não é uma unanimidade do pensamento crítico”, diz ele. “Minha vida tem sido a pesquisa da cor e a pesquisa do material. Sou um colorista que já se utilizou de bichos empalhados, tapetes persas, computadores velhos, cuecas, móveis e outras superfícies para fazer meus objetos.”

Mas, não menos importante, a arte deve ser política, o que é notável em toda sua trajetória e, agora, na exposição que o artista apresenta na Galeria Emmathomas, em São Paulo. Ao todo são 28 pias de formatos e cores diferentes, originárias dos anos 1970 e 1980, nas quais Flemming desenhou mãos esculpidas com ponta de diamante. A nova série – intitulada Ecce Homo –, faz referência, a partir da passagem bíblica da condenação de Jesus Cristo, ao comportamento dos brasileiros no atual cenário político.

“As formas das pias remetem aos antigos altares domésticos das fazendas brasileiras e, aqui, trata-se de uma metáfora bíblica aplicada ao triste panorama atual em nosso país. Não foi Pôncio Pilatos quem lavou as mãos e deixou o Brasil chegar ao estado em que está, e sim as elites, nela incluindo o egoísmo de todos os partidos políticos, a omissão das instituições e a ganância do mercado”, diz ele.

Uma das obras da mostra. FOTO: Divulgação

Apesar de residir na Alemanha há muito tempo, Flemming mantém forte relação com o Brasil. Além das várias exposições realizadas em museus e galerias ao longo dos anos, o artista é o autor dos célebres vitrais com rostos de “pessoas comuns” estampados, localizados na estação Sumaré de Metrô (desde 1998) e na Biblioteca Mário de Andrade (desde 2016).

A mostra na Galeria Emmathommas, que fica em cartaz até 22 de março, tem curadoria de Ricardo Resende e foi criada em programa de residência na Fundação Marcos Amaro, em Itú.

ALEX FLEMMING – Série Ecce Homo

De 14 de fevereiro a 22 de março

Galeria Emmathomas – Alameda Franca, 1054 – Jardim Paulista (São Paulo)

Entrada gratuita

 

Debates e exposições sobre causas indígenas em São Paulo

Em programação vinculada à exposição Claudia Andujar: A Luta Yanomami – uma grande retrospectiva do trabalho da fotógrafa, artista visual e ativista –, o Instituto Moreira Salles (IMS) realiza nesta quinta-feira, dia 14, às 19h30, uma conversa aberta com Ailton Krenak, um dos mais importantes e atuantes líderes indígenas do país.

Membro do grupo Krenak, nascido em Minas Gerais, Ailton se dedicou à luta pelos direitos dos povos indígenas desde cedo. Foi atuante na Assembleia Constituinte que produziu a atual Constituição Brasileira (1988), fundou organizações como a ONG Núcleo de Cultura Indígena e em 2016 recebeu o título de professor honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Também no IMS, na sexta-feira, dia 15, Krenak participa do seminário “Questão indígena, os museus e a escola”, organizado pelo Memorial da Resistência de São Paulo em parceria com IMS e MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP) e voltado para professores da rede básica e educadores (saiba mais aqui). O evento segue no sábado, na sede do Memorial, com a participação de historiadores, museólogos, curadores e líderes indígenas.

O líder indígena Ailton Krenak. FOTO: Divulgação

O seminário dialoga com a exposição Ser essa Terra: São Paulo Cidade Indígena, que está em cartaz no Memorial até 22 de abril. Com depoimentos, imagens e objetos, a mostra trata da existência e resistência de diferentes povos indígenas na capital paulistana. Desenvolvida conjuntamente por mais de dez lideranças, conta com mediação curatorial de Daniel Kairoz e Marília Bonas e consultoria de Casé Angatu Xukuru Tupinambá.

Em outro evento dedicado a questões indígenas, a Casa do Povo recebe Claudia Andujar neste sábado, às 11h, para o Círculo de Reflexão sobre Judaísmo Contemporâneo. Andujar, de origem judaica, já traçou paralelos entre o extermínio de povos indígenas no Brasil e o Holocausto na Europa. Publicamos na edição 45 da ARTE!Brasileiros um texto sobre sua série Marcados. Leia aqui.

Endereços dos eventos e exposições:

Instituto Moreira Salles – av. Paulista, 2424

Memorial da Resistência de São Paulo – Largo General Osório, 66

Casa do Povo – Rua Três Rios, 252

 

MoMA adequará espaço para dar atenção a minorias

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O Museum Of Modern Art de Nova Iorque (MoMA) anunciou no início desta semana que estará fechado durante o período de 15 de Junho a 21 de Outubro para reformar seu espaço e pensar uma nova organização, fugindo da habitual sistematização disciplinar.

A instituição pretende, com o novo espaço, dar enfoque diferente à arte moderna e à arte contemporânea, especialmente a artistas que pertencem a minorias: mulheres, latinos, asiáticos, afro-americanos e outros grupos pouco valorizados pelo sistema da arte. Esta é a última fase de uma reforma que já dura meses, tendo custado 400 milhões de dólares.

Também nesta semana, o museu recebeu a maior doação em dinheiro de sua história: a família Rockfeller doou 200 milhões de dólares para a instituição.

Mostra reúne obras de Melvin Edwards no MAM da Bahia

Melvin Edwards, ‘Boa sorte, primeiro dia’. (FOTO: Ding Musa)

 

Mostra de Melvin Edwards, originalmente criada e apresentada no espaço auroras, em São Paulo, tem a sua segunda itinerância. Após ser exibida de agosto a outubro no Museu da República, no Rio de Janeiro, a exposição segue para o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), onde tem abertura no dia 8 de novembro, das 19h às 22h. A iniciativa é parte da programação do projeto HuMAMnamente Negro, que celebra o mês da Consciência Negra. A individual de Melvin é uma realização do auroras em parceria com a instituição baiana, com apoio da galeria Almeida e Dale.

Relembre matéria de Marcos Grinspum Ferraz, publicada no site da ARTE!Brasileiros na ocasião em que a mostra esteve em cartaz no auroras:

Nos 15 dias que passou no Brasil para montar sua exposição no auroras – espaço independente sediado em uma casa no Morumbi, em São Paulo –, o artista americano Melvin Edwards, de 81 anos, teve um verdadeiro surto criativo. Não só produziu as 16 esculturas e instalações que integram a mostra, como pintou, no que seria o seu “dia de folga”, 12 aquarelas que também estão expostas na casa.

“Falei para o Melvin pegar leve, mas ele dizia que estava aqui para trabalhar”, conta Ricardo Kugelmas, 40, fundador e diretor do auroras. “O próprio galerista dele comentou que há tempos ele não criava tanto.” A produção foi tão prolífica que pela primeira vez uma mostra ocupa todos os espaços da casa, desde a sala e o jardim até a sala de projetos, o corredor e um dos quartos do piso superior.

O resultado são obras abstratas – compostas de correntes, ferramentas de ferro, arames farpados e peças de aço – que facilmente remetem à segregação, preconceito, violência racial e escravidão, apesar de certa resistência do artista em afirmá-lo. “Se a cortina de arames nos faz pensar no muro de Trump ou em um campo de concentração, o Melvin não diria isso. Ele fala, inclusive, que correntes podem ser vistas como elos de conexão”, afirma Kugelmas.

O artista em frente a uma das obras da mostra. FOTO: Ricardo Kugelmas

Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, o artista ressaltou: “Expressar-se socialmente no trabalho é natural, nós criamos a sociedade. Meu trabalho é uma expressão social, e não protesto social. Não está limitado a isso”. Se de fato sua obra transcende essas questões, é impossível não lembrar que Edwards nasceu no Texas em 1937 e vivenciou na pele a intensa segregação racial que dominava o sul dos EUA.

Anos mais tarde intitulou sua mais conhecida e longeva série de obras de Fragmentos Linchados, em referência aos linchamentos sofridos pelos negros após a abolição da escravatura nos Estados Unidos. Em 1970, Edwards foi o primeiro artista afro-americano a realizar uma mostra individual no Whitney Museum of American Art, em Nova York, e a partir desta época se aproximou também das culturas africanas, tendo inclusive estabelecido um atelier no Senegal nos anos 2000.

Proximidade com o Brasil

Fragmentos Linchados, que começou a ser produzida nos anos 1960 e continua até os dias de hoje – no auroras há seis novas peças da série – foi tema da primeira individual de Edwards no Brasil, uma retrospectiva no MASP realizada no ano passado. Foi durante a montagem da mostra que o galerista do artista, Alexander Gray, propôs a Kugelmas realizar uma exposição no auroras, onde o artista poderia mostrar outras facetas de sua obra, com peças criadas no próprio Brasil.

Foto antiga do artista com um de seus “Fragmentos Linchados”

Os materiais foram todos comprados em São Paulo, como conta Kugelmas. “Ele adorou quando entrou no primeiro ferro velho. Disse que naquelas peças estava parte da história dos últimos 150 anos do Brasil. Mas, ainda assim, ele sempre afirma que sua maior preocupação não é com a origem dos materiais, mas sim com suas possibilidades plásticas, de compor algo novo em que por vezes nem reconhecemos os objetos”, conta Kugelmas.

A relação de Edwards com o Brasil não é de hoje. Em 1986, acompanhando a poeta e ativista Jayne Cortez, sua mulher à época, viajou por diversos cantos do país. Conheceu artistas como Emanoel Araujo – hoje diretor do Museu Afro, que tem no acervo obras de Edwards – e produziu, pouco depois, trabalhos que remetem ao país, como “Palmares” – que estava exposto no MASP e acaba de ser incorporado ao acervo do museu.

Arte em ambiente doméstico

Agora, é nos vários ambientes da casa modernista de Kugelmas, projetada por Gian Carlo Gasperini em 1957, que as obras de Edwards se espalham até o dia 16 de março. Fundado em 2016, o auroras é um espaço de arte independente que tem como proposta se diferenciar tanto de galerias quanto de museus. O próprio fato de estar sediado em uma casa – onde viveram os avós de Kugelmas e ele mesmo morou até recentemente – cria um ambiente bastante peculiar.

“É uma casa, tem afeto, tem uma escala muito humana. E vai meio contra tudo o que tem acontecido em São Paulo. O vizinho semana passada subiu um muro de 30 metros, o outro colocou quatro portões… e aqui a gente está abrindo a porta da casa, tentando convidar, trazer alunos de escola pública”, diz Kugelmas, que também montou no local uma biblioteca aberta com livros de arte. Neste sentido, apesar de criticar instituições que se preocupam mais com o número de visitantes do que com a formação de um público interessado – “especialmente museus americanos” –, o diretor do auroras diz que pretende trazer cada vez mais gente para o espaço.

“Se eu já abri minha casa e estou dedicando minha vida a isso, não estou fazendo nem para os meus amigos nem muito menos para a madame que mora aqui no bairro. Estou pensando nos artistas, nos jovens artistas, nos estudantes e no cara da escola pública aqui perto”, diz ele. Após se formar em direito e trabalhar em outras áreas, Kugelmas entrou no mundo das artes em 2006, quando foi convidado para ser diretor de estúdio do artista Francesco Clemente em Nova York.

O auroras foi criado em sua volta ao Brasil, em 2016, em grande parte por influência de Tunga. “Ficamos amigos e ele me dizia que, por já ter formado uma grande rede de contatos nos EUA, eu deveria voltar para o Brasil e fazer algo aqui. Dizia que o Brasil é mata virgem, que tem muita coisa para ser feita por aqui.” Numa coincidência infeliz, Kugelmas voltou dos EUA exatamente quando Tunga morreu. Decidiu nomear o espaço em homenagem ao artista, inspirado em sua série de aquarelas Quase Auroras.

A biblioteca do auroras, que fica aberta ao público. FOTO: Marcos Grinspum Ferraz

Para não ser um projeto totalmente pessoal, o fundador logo formou um conselho com artistas como Fernanda Gomes, Claudio Cretti, Lenora de Barros, Lucia Koch e Bruno Dunley, além de nomes de outras áreas como os músicos Arto Lindsay e Rômulo Fróes e profissionais do mundo editorial como Charles Cosac e Isabel Diegues. Em pouco mais de dois anos de funcionamento, a casa apresentou exposições individuais ou coletivas com nomes de peso como os brasileiros Flavio de Carvalho, Antonio Dias, Tunga, Carmela Gross, Leda Catunda, Jac Leirner, Paulo Monteiro e Emmanuel Nassar e os estrangeiros Robert Rauschenberg, Cecily Brown, Alex Katz e David Salle. A próxima mostra será do artista conceitual americano Tom Burr.

Os trabalhos por vezes estão à venda, o que ajuda a manter o espaço – que sobrevive sem patrocínios ou editais, ao menos por enquanto –, mas segundo Kugelmas isso não é critério para incluí-los nas exposições. “Como não há uma preocupação grande em vender, como numa exposição de galeria, nem uma preocupação tão grande com a carreira, digamos assim, como numa exposição em um museu ou grande instituição, o artista tem uma enorme liberdade criativa. Ele sabe que está num espaço de projetos, onde pode arriscar.”

O auroras fica aberto apenas aos sábados ou com agendamento prévio nos outros dias. Esse sistema diminui os custos e possibilita uma existência razoavelmente barata para o espaço. Em um momento em que as artes recebem cada vez menos apoio estatal e que mesmo grandes instituições culturais se veem ameaçadas, Kugelmas considera que espaços independentes terão um papel ainda mais importante, “quase de resistência”. “Acho que com o andar da carruagem, o jeito de sobreviver será atuar cada vez mais colaborativamente, com mais articulação entre artistas, curadores, galeristas, instituições, espaços de projeto… E também realizar cada vez mais pequenas ações, arregaçar as mangas e fazer acontecer”, conclui.

Melvin Edwards 

Até 16 de março de 20019
auroras –  Avenida São Valério, 426
Entrada gratuita

Prêmio Parque Lage vai oferecer residências artísticas em Nova York

Como parte do projeto de internacionalização da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro), o diretor da instituição, Fabio Szwarcwald, anuncia na próxima quarta-feira, dia 13 de fevereiro, a primeira edição do Prêmio Parque Lage, realizado em parceria com a organização nova-iorquina AnnexB.

Alunos e ex-alunos formados no último biênio da EAV Parque Lage podem se inscrever para concorrer ao prêmio, que terá júri formado por representantes das duas instituições. O contemplado terá direito à residência artística de dois meses, com todas as despesas pagas, em Nova York.

Sediada no Parque Lage, em edifício tombado pelo IPHAN, a EAV é uma das mais importantes instituições educacionais de arte do país. Voltada prioritariamente para o campo das artes visuais contemporâneas, abrange também outros campos de expressão como música, dança, cinema, teatro e literatura. As atividades da EAV contemplam tanto as práticas artísticas como seus fundamentos conceituais, com foco também na formação de público através da realização de exposições, eventos, de uma biblioteca e de seu arquivo documental.

A AnnexB é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2016 e dedicada a divulgar e promover a arte brasileira em Nova York. Através de residências artísticas, exposições e programas públicos, a AnnexB trabalha especialmente com artistas contemporâneos em início ou meio de carreira. Já estiveram em residência na instituição mais de 50 artistas, entre eles nomes como Carla Chaim, Nino Cais e Mateu Velasco.

CCSP apresenta diálogos entre artistas brasileiros e sul-africanos

Resultado de um projeto mais amplo de pesquisa e colaboração entre artistas de diferentes países do Sul, a exposição Conversas em Gondwana apresenta, a partir do dia 7 de fevereiro no Centro Cultural São Paulo (CCSP), trabalhos criados em parceria por artistas brasileiros e sul-africanos.

Gondwana é o nome do supercontinente que há cerca de 200 milhões de anos reunia as massas continentais do que hoje chamamos América do Sul, África, Antártica, Austrália e Índia. Como explicam as curadoras Juliana Caffé e Juliana Gontijo, “o projeto evoca esse passado geológico distante a fim de intensificar o fluxo de práticas e pesquisas entre artistas, curadores e pesquisadores dessas regiões”.

Para a primeira edição de Conversas em Gondwana formaram-se cinco duplas, sempre com um artista brasileiro e um sul-africano: Aline Xavier e Haroon Gunn-Salie; Ana Hupe e Gabrielle Goliath; Clara Ianni e Mikhael Subotzky; Daniel Lima e Ismail Farouk; e Paulo Nimer PJota e Siwa Mgoboza. A exposição no CCSP apresenta, ainda, uma seção intitulada Arquipélago, com trabalhos de Kemang Wa Lehulere, Penny Siopis, Cinthia Marcelle, Jean Meeran, Thiago Rocha Pitta, Marcelo Moscheta e Renata de Bonis.

Nas palavras das curadoras: “Deste modo comunicacional aliado à invenção estética, talvez possamos entrever algo do que Walter Mignolo chama de ‘pensamento crítico de fronteira’: aquele que parte das epistemologias subalternas e irrompe a geopolítica dominante do sistema-mundo colonial e capitalista para deslocar fronteiras, horizontalizar diálogos e diversificar conhecimentos”.

No próximo sábado, dia 9 de fevereiro, conversas com os artistas abordarão os principais temas tratados na exposição: identidades e representações pós-colonialistas; crise e política; terra e economia; gênero, sociedade e pós-colonialismo; e violência e aprisionamento.

Conversas em Gondwana

De 7 de fevereiro a 7 de abril de 2019

Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000

Entrada gratuita

Conheça os cursos de pós-graduação em artes na FAAP

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Com um valoroso histórico de comprometimento com o universo da arte, a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) tem inscrições abertas para turmas de pós-graduação que se iniciam em neste ano letivo. O candidato pode se inscrever para cursos de Estudos e Práticas Curatoriais, História da Arte e Práticas Artísticas Contemporâneas.

Também é importante lembrar o histórico da FAAP com residências artísticas, open studios e exposições coletivas com trabalhos de alunos de todo o núcleo de artes da faculdade, além de um incansável trabalho com o Museu de Arte Brasileira (MAB-FAAP).

Alguns cursos mais antigos e outros mais recentes reunem grupos extremamente envolvidos de profissionais no corpo docente, são eles artistas, mediadores, pesquisadores, editores e educadores de arte. Todos eles se dedicam a ensinar de forma interdisciplinar e multidisciplinar, interligando a arte com outros horizontes e promovendo atualizações. O curso de História da Arte, por exemplo, “propõe a apresentar pesquisas recentes, que questionam as visões consagradas, oferecendo uma visão crítica e atualizada”.

Museu de Arte Brasileira – Centro – Residência Artística. “Open Studio”. FOTO: Divulgação

Já o curso de Práticas Artísticas Contemporâneas oferece aos ingressantes que se debrucem sobre a atuação profissional no sistema da arte contemporânea, percorrendo quatro eixos: experimentações em poéticas visuais, sintaxes e processos artísticos pautados em diálogos transdisciplinares, exercícios práticos e discursivos que ampliem a percepção acerca do fazer, elaboração de proposições e projetos artísticos em embate com contextos político-culturais, e construção e discussão das poéticas individuais. Tudo isso ocorre com acompanhamento constante do professor, no que chamam de “critic class”.

O aluno que preferir os caminhos de Estudos e Práticas Curatoriais também encontrará uma forte presença da arte dos anos 60 até o momento no currículo, sendo um dos primeiros objetivos a compreensão justamente das práticas artísticas contemporâneas, visando “desenvolver formas singulares de produção de conhecimento prático que lidem com forças semelhantes àquelas que movem a produção artística, pensando a partir dos trabalhos de arte para constituir uma rede de fricções capazes de produzir novas maneiras de trazê-los a público, dentre elas exposições de arte, publicações, conferências”.

Registro de aula na Oficina de Gravura. FOTO: Sabrina Meira/Agência FAAP.

Nomes como Ana Luiza Dias Batista, Thiago Honório, Veronica Stigger, Ana Pato, Georgia Kyriakakis, Ana Paula Cohen e Edilamar Galvão são alguns que fazem parte do corpo docente dos cursos oferecidos. No curso de Estudos e Práticas Curatoriais, os alunos também receberão visitas de Cinthia Marcelle, Ivo Mesquita, Mabe Bethônico, Suely Rolnik para palestras e terão como artistas convidados a dupla
Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Jaime Lauriano, Mark Lewis e Sofia Borges.

As inscrições para a realização dos cursos permanecem abertas, sendo o período letivo iniciado em março de 2019. Confira informações sobre requisitos para inscrições, preço e horários dos cursos no site da faculdade.

Pedro Moraleida, a beleza da dor

Obra presente na mostra no Instituto Tomie Ohtake. FOTO: Divulgação

Pedro Moraleida, “menino” que se suicidou pouco após completar 22 anos, em 1999, teve sua obra artística, de uma força excepcional, silenciada por anos.

Após sua morte, seus pais, Luiz Bernardes e Nilcéa Moraleida, convidaram o professor Gastão Frota e colegas como Cinthia Marcelle, Sara Ramo e Emilio Maciel para olhar para o conjunto da obra produzida pelo artista em tão curto tempo. Desde então, pesquisadores e curadores como Rodrigo Moura e Veronica Stigger se debruçaram também sobre suas mais de 450 pinturas e quase 1450 desenhos.

Nas palavras de Paulo Miyada, curador da mostra no Instituto Tomie Ohtake, Moraleida “decidiu que a arte precisava ser sempre um grito, uma pústula, uma canção do sangue fervente. Alimentar-se de nossos desejos e traumas inconfessáveis, ao invés de polir a superfície cromada dos ambientes sofisticados”.

Aparentemente o percurso de Moraleida na arte esteve influenciado pela sua enorme curiosidade em filósofos que, nos anos 90, serviram de base para o pensamento contemporâneo. Bataille, Artaud, Deleuze, Derrida e Lacan estão, de uma ou outra forma, presentes em suas obras, que trazem a escatologia, a sexualidade e o corpo e utilizam-se delas sempre como uma afronta.

A intensidade e a violência da pintura de Moraleida perturba, necessariamente, porque na sua beleza radica uma profunda dor. Um ser que implode tudo o tempo todo, inconformado, que não consegue ter prazer. Corpos dilacerados, mãos amputadas. As mesmas mãos capazes de produzir essa obra. “O traço decidido de seus desenhos e a potência cromática de suas pinturas são alguns dos ingredientes que multiplicam a dureza de suas palavras”, diz Miyada.

Isto tudo pode ter lhe custado a vida. Afinal, romper com cânones morais e também estéticos sempre tem um preço.

Pedro Moraleida – Canção do Sangue Fervente 

Até 17 de fevereiro

Instituto Tomie Ohtake –  Av. Brigadeiro Faria Lima, 201