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Tucumán recebe BIENALSUR após inauguração em Tierra del Fuego

Voluspa Jarpa, Christian Boltanski, Magdalena Jitrik, Banderas del fin del mundo. Crédito BIENALSUR (2)
Banderas del fin del mundo, instalação com obras de Voluspa Jarpa, Christian Boltanski, Magdalena Jitrik. (FOTO: BIENALSUR)

O hasteamento de três bandeiras na “cidade do fim do mundo”, Ushuaia, foi um marco importante no último fim de semana: foi inaugurada na província argentina de Tierra Del Fuego a segunda edição da BIENALSUR, evento que tem como essência enfatizar o Sul global.

As Bandeiras do fim do mundo (Banderas del fin del mundo), como foi chamada a instalação ao ar livre tem sua origem em um projeto do artista francês Christian Boltanski, que concebeu uma das bandeiras para a BIENALSUR, as outras duas foram produzidas pela artista chilena Voluspa Jarpa a argentina Magdalena Jitrik. As peças foram içadas pelo diretor da BIENALSUR e reitor daa UNTRER, Aníbal Jozami, pela diretora artística e cultural da BIENALSUR, Diana Wechsler, e pelo secretário da Cultura da província, Gonzalo Zamora. Na ocasião, Jozami declarou que o evento “nasceu para mudar as correntes centrais da cultura, para influenciá-las com o pensamento do Sul”.

Além da cidade de Ushuaia, o município de Rio Grande também recebeu atividades relacionadas ao evento, incluindo a mostra Paisagens entre paisagens (Paisages entre paisages), em cartaz no Museo Fueguino de Arte. Na edição de estreia da bienal, a Tierra del Fuego não havia sido incluída no mapa, o que mudou completamente em 2019, sendo a província a primeira a receber programação.

A próxima parada do evento, a partir dos dias 23 e 24 de abril, indo agora na direção Norte, será em Tucumán, ao noroeste argentino, entre o Chile, a Bolívia e o Paraguai. Três instituições da província sediarão exposições, ações, intervenções e palestras: Museo Provincial de Bellas Artes Timoteo Navarro, MUNT – Museo de la Universidad Nacional de Tucumán “Juan B. Terán” e Centro Cultural Juan B. Terán. O destaque fica para a exposição Entre sentidos, no MUNT, que terá obra da artista brasileira Chiara Banfi.

Os brasileiros, inclusive, tem presença garantida nesta BIENALSUR. Já nas primeiras aberturas em Tierra Del Fuego, Berna Reale, Lia Chaia e Dora Longo Bahia, e a argentina radicada no Brasil Carla Zaccagnini, tiveram obras nas exposições em Ushuaia e Rio Grande.

Confira a programação completa de Tucumán:

  • Museo Provincial de Bellas Artes Timoteo Navarro

Exposição: “Otra ella”. Artista: Nicola Costantino
Exposição: “Heroínas”. Artistas: Leila Alaoui, Carolina Antoniadis,, Claudia Casarino, Annemarie Heinrich, Voluspa Jarpa, Adriana Lestido, Eduardo Longoni, Zulema Maza, Erika Meza, Javier López, Stéphanie Pommeret, Omar Torres, Mariana Schapiro y Edward Shaw.
Intervenção sonora: En primera persona. Artista: Carola Beltrame.

  • MUNT – Museo de la Universidad Nacional de Tucumán “Juan B. Terán”:

23/05 – Conversa Sebastián Tedesco, Bruno Mesz y Mateo Carabajal: “Transmodalidad, ciencia y poética de los sentidos”

24/05 – Exposição: “Entre sentidos”. Artistas: Duygu Nazli Akova, Joaquín Aras, Chiara Banfi,Eugenia Calvo, Cecilia Catalin, Cecilia Ivanchevich Ana Mance, Camila Maya, Bruno Mesz, Ana María Morill, María Jesús Román, Sebastián Tedesco.

  • Centro Cultural Juan B. Terán:

24/05 – Instalação: “Tenemos el poder de elegir”. Artista: Marie Orensanz

William Forsythe: Objetos Coreográficos — Sesc Pompeia

A exposição Objetos Coreográficos, do multiartista William Forsythe, desembarca no Sesc Pompeia, em São Paulo, onde fica até 28 de julho. Nos anos 90, o artista decidiu ir para além da dança e começou a produzir obras com as quais se pudesse interagir em movimento, objetos para serem usados em cena na dança.

A exposição foi, então, concebida de forma que o público possa interagir com as obras no local. “Os objetos coreográficos não existem se não tiver a ativação do espectador. Eles estão sempre em diálogo com o espectador, estão convocando o público a se movimentar, a colocar o seu corpo em movimento”, conta Veronica Stigger, que divide a curadoria com a Forsythe Produções.

É a primeira individual do artista no Brasil, que já expos em diversas localidades pelo mundo, como Londres, Paris e Frankfurt. Além de objetos, Forsythe também produz trabalhos em video-arte, que estão presentes na mostra.

Confira a entrevista com Veronica Stigger, em conversa com Marcos Grinspum Ferraz e imagens de Coil Lopes.

Raul Mourão expõe sua produção multimídia na Galeria Nara Roesler

Cena do vídeo "Bang-Bang". FOTO: Divulgação

O artista carioca Raul Mourão apresenta a partir deste sábado, dia 25 de maio, a exposição Introdução à Teoria dos Opostos Absolutos, na Galeria Nara Roesler, em São Paulo. A individual reúne esculturas, fotografias, pinturas e vídeos, e incorpora comentários poéticos sobre o contexto sociopolítico do país.

Na obra The New Brazilian Flag, por exemplo, o artista recorta o círculo azul da bandeira do Brasil, criando um furo onde havia estrelas e a frase “ordem e progresso”. “Essa bandeira é um gesto de desconstrução, uma sutil intervenção física num objeto de tecido criando uma obra que tem a síntese de um cartum”, explica o artista no texto de divulgação da mostra.

O artista Raul Mourão. FOTO: Divulgação

Além disso, grandes esculturas, que por vezes lembram instalações, dialogam com outras em menor escala, criadas com objetos do cotidiano como copos, garrafas e tijolos. A pesquisa do artista sobre iconografias urbanas – como grades, objetos de botequins e elementos gráficos de sinalização – também estão presentes em fotografias, e o vídeo Bang-bang traz à tona o tema da violência e do ódio pela criação artística.

No dia da abertura, entre 11h e 19h, haverá visita guiada, bate-papo, live video, performance e outras atividades, com a participação de nomes como Guilherme Wisnik, Fábio Faissal, Lenora de Barros, Lúcia Koch, Afonso Tostes e Dj Nepal.

Introdução a Teoria dos Opostos Absolutos

Av. Europa, 655 – Jardim Europa, São Paulo

De 25/05 a 20/07

Av. Europa, 655 – Jardim Europa, São Paulo – SP

Mostra no Parque Lage expõe obras do Museu de Arte Naïf, fechado há dois anos no Rio

Obra de Pedro Paulo da Conceição que está na mostra. FOTO: Divulgação

Cerca de dois anos e meio após o fechamento – por falta de recursos – do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian), o público carioca pode mais uma vez ver parte do acervo da instituição na grande mostra Arte Naïf – Nenhum Museu a Menos, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Na exposição, com curadoria de Ulisses Carrilho, obras do acervo do Mian dialogam com outras de arte contemporânea de mais de 30 artistas, entre eles Nelson Leirner, Barrão, Marcos Chaves, Erika Verzutti e Leda Catunda.

A chamada “arte naïf” – do francês, ingênuo – se refere a um gênero guiado pelo autodidatismo de artistas como Dalton Paula, Heitor dos Prazeres, Amadeo Luciano Lorenzato, Odoteres Ricardo de Ozias e Agostinho Batista de Freitas, entre outros. Esta definição, no entanto, passou a ser questionada com o tempo, por ser uma categorização imprecisa e que demonstra certo preconceito com uma arte “não erudita”.

Com cerca de 300 peças, a mostra é também uma “exposição-manifesto” que “marca uma posição da EAV do Parque Lage em favor das instituições culturais brasileiras e sua liberdade de expressão”, segundo texto de apresentação da mostra.

“No ano de 2018, o Brasil sofreu a maior catástrofe museológica de sua história, de irreparáveis perdas para a humanidade: o incêndio do Museu Nacional. De acordo com o Instituto Brasileiro de Museus, há hoje, no Brasil, 261 museus fechados por falta de verba e de manutenção. Esse número representa 7% do universo de 3.789 instituições do país. A EAV do Parque Lage defende instituições culturais e espaços de exposição como zonas de aprendizagem, territórios de confrontamento e dúvida, de ensino e trocas de conhecimento”, diz o texto.

Arte Naïf – Nenhum Museu a Menos

Escola de Artes Visuais – rua Jardim Botânico, 414, Rio de Janeiro

Até 7/7

Entrada gratuita

II BIENALSUR começa em Tierra del Fuego, província mais austral do mundo

Matilde Marín, Atlântico Sur (Atlántico Sur), na exposição Paisajes entre paisajes no MFA - Museo Fueguino de Arte/Centro Cultural Yaganes

A segunda edição da BIENALSUR, que tem como proposta se expandir para diversas cidades do mundo, terá a sua inauguração na Argentina nos dias 19 e 20 de maio, especificamente em duas cidades da ilha de Tierra del Fuego, Ushuaia e Rio Grande. Além das exposições e outras atividades nas cidades-sede, a BIENALSUR terá simultaneamente, em 20 países, mais de 100 mostras vinculadas ao evento, que incluíram 400 artistas do mundo todo.

Para Aníbal Jozami, diretor geral da BIENALSUR e reitor da Universidade Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), a escolha da província para sediar a inauguração é importante por estar “no Sul do Sul”, o que se refere a algo muito mais do que uma realidade geográfica. Diana Wechsler, curadora da e diretora artístico-acadêmica da BIENALSUR, explica que a escolha da Tierra del Fuego é profundamente simbólica, “pois permite avançar no desenho de novas rotas artísticas possíveis, reconfigurar a cartografia existente e apontar novas formas inéditas, simultâneas, fronteiras, capazes de expandir seus próprios limites”.

No primeiro dia da abertura, 19 de maio, em Ushuaia, será inaugurada a exposição Arte y territorio, no Museo del Fin del Mundo. Entre os artistas participantes dessa coletiva de videoarte está a brasileira Anna Bella Geiger, além do canadense Kapwani Kiwanga e do alemão Harun Farocki. As obras fazem referência aos modos de se explicar o que é um território e também a como ocupar um. Na mesma instituição, o artista e biólogo Paul La Padula mostra sua obra La mirada que construye mundo, “colagem que conta uma história anacrônica da natureza”.

Os artistas Voluspa Jarpa (Chile), Magdalena Jitrik (Argentina), Christian Boltanski (França) e Mariana Telleria (Argentina) integram uma exposição no Aeroclube Ushuaia, intitulada Banderas del fin del mundo, em alusão ao apelido dado à cidade, “a cidade do fim do mundo”, por se encontrar ao extremo sul do globo terrestre. Nessa coletiva, os artistas desenvolveram bandeiras que acompanham o projeto Draw me a flag, formulado por Boltanski para a Fundação Cartier, em Paris. De acordo com a organização da bienal, a criação da instalação terá o acompanhamento musical de OIANT (Orquesta de instrumentos autóctonos y nuevas tecnologías de UNTREF).

Já no dia 20, na cidade do Rio Grande, no Museo Fueguino de Arte (Centro Cultural Yaganes), acontecerão três exposições: duas individuais — El agua que apagó el fuego, de Gustavo Groh, e Dos, tres, muchas, de Esteban Álvarez, ambos argentinos — e uma coletiva — Paisajes entre paisajes. Na coletiva, formada apenas por obras de artistas mulheres, destaque para a participação de três brasileiras: Berna Reale, Lia Chaia e Dora Longo Bahía, além de Carla Zaccagnini, argentina radicada no Brasil. Paisajes entre paisaje mostra “como a paisagem é um tópico que estimulou viagens e fantasias; Isso chamou a atenção de cientistas, escritores e artistas visuais ao longo da história, e isso dá a possibilidade de capturar a imensidão da natureza”.

É a primeira vez que atividades relacionadas à BIENALSUR acontecem em Tierra del Fuego, reforçando sua missão de mostrar e refletir sobre a arte contemporânea, como buscam evidenciar em programas públicos através de palestras, oficinas, projeções, leituras compartilhadas e outras atividades que possam surgir da troca entre diferentes sujeitos do espaço social e cultural.

As próximas aberturas acontecerão em Tucumán, ao noroeste da República Argentina, em 25 de maio; em Rosário nos dias 5 e 6 de junho e em Córdova em 13 de junho. Na capital argentina, a BIENALSUR deve chegar apenas entre os dias 22 de 29 de junho, quando alcança seu ponto máximo, por ocupar espaços importantes em muitas das mais importantes instituições de Buenos Aires. Entre as exposições em outras localidades do mundo, as primeiras aberturas serão na Suíça, nos dias 8 e 9. A programação da BIENALSUR continua até novembro.

Vivian Caccuri participa da programação de performances da Bienal de Veneza

"Mosquitos Also Cry". FOTO: Frieze London/ Divulgação.

Com curadoria do americano Ralph Rugoff, a Bienal de Veneza apresenta pela primeira vez em sua história uma programação oficial de performances, que acontecem paralelamente à exposição principal e às mostras dos pavilhões nacionais. Entre os 14 projetos selecionados, que abordam questões relacionadas às “urgências da atualidade”, está Mosquitos also Cry, da brasileira Vivian Caccuri.

O trabalho é uma palestra performática que adentra os meandros do sentimento de ódio aos ruídos dos mosquitos, através de uma perspectiva histórica das doenças tropicais, teorias do som e de outras empíricas/inventadas.

Em sua pesquisa, Caccuri utiliza o som como veículo para explorar a percepção, sob aspectos relacionados a condicionamentos históricos e sociais. Por meio de objetos, instalações e performances, a artista cria situações que desorientam a experiência do cotidiano, interrompendo significados e narrativas registrados no inconsciente coletivo.

Em processo de assentamento, FAMA causa fascínio e é um presente para Itu

Obra de Beto Shwafaty, no acervo da fundação

Em artigo publicado em um livro (“Luvas!”, em Onda verde, 1920), Monteiro Lobato declara seu amor pelo Rio de Janeiro afirmando que a cidade, durante a criação do mundo, era o almoxarifado de Deus. Nos seis primeiros dias ele tirava de seu depósito todas as belezas e as depositava nos diversos lugares: fatigado, no sétimo dia ele descansou, deixando o almoxarifado na maior bagunça com belezas espalhadas e misturadas por tudo quanto é canto da cidade.

Foi esta a sensação que tive quando visitei as salas que apresentam obras da Fundação Marcos Amaro na Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), instalada numa antiga fábrica de tecidos construída em 1903 em Itu: espaços generosos com obras – algumas verdadeiramente excepcionais – dispostas numa expografia que dificulta a visão de muitas delas, uma espécie de almoxarifado solicitando uma ordem maior de visibilidade para os trabalhos expostos ou que explicite, por exemplo, as razões para que uma escultura atribuída ao Aleijadinho esteja ali no meio de outras produzidas nas últimas décadas. Porém, apesar dessa impressão de estar em um lugar indeciso entre ser um local de armazenagem ou um espaço de exibição, a sensação foi de fascínio frente àquele conceito de Fábrica de arte e cultura ainda em processo de formulação.

Como a Fábrica se comportará após as adaptações que virão em breve? Quantas oficinas terá, quantos auditórios, qual será sua aparência definitiva? E o acervo, continuará passando aquela impressão de indefinição entre storage e salas de exibição? Uma pista importante para o devir do acervo parece ficar evidente quando se visita a exposição anexa às salas do acervo aqui descritas. Trata-se da exposição Aproximações – Breve introdução à arte brasileira do século XX. Com curadoria de Aracy Amaral, a exposição apresenta uma seleção de obras do final do século XIX até meados do século passado. Iniciando com a primeira versão de Descanso do modelo, 1885, de Almeida Jr., pertencente à Fundação Marcos Amaro. Além dessa pintura, outras ali exibidas também pertencem à mesma instituição: dois Eliseu Visconti, três Portinari e mais uma obra de cada um dos seguintes artistas: Pedro Américo, Castagneto, Lasar Segall, Antonio Gomide, Victor Brecheret, Cícero Dias, Ismael Nery, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Guignard e Ianelli.

Apesar da visão instituída do que seria a “arte no Brasil” daquele período, parece não restar dúvidas de que “Aproximações” (em cartaz até 15 de junho) comporta-se como um elo que une aquela mencionada escultura atribuída ao Aleijadinho – meio perdida na outra exposição – ao grande segmento de arte contemporânea local – o forte do acervo. Esse encadeamento que a mostra de Amaral explicita sinaliza para um devir da Coleção da Fundação Marcos Amaro transformando-se em um museu de arte brasileira, da passagem do século XVIII para o XIX até a atualidade.

Mesmo que essa narrativa sobre o que pode ter sido a arte no Brasil nesses últimos séculos venha sendo revista nos anos recentes, parece não restar dúvidas sobre o quanto será importante um acervo desse porte em uma cidade como Itu, para que novas pesquisas possam ser desenvolvidas no sentido de – quem sabe – reconsiderar essa visão sobre o fenômeno artístico brasileiro que se tornou hegemônica. Afinal, obras boas não faltam ao acervo. Se em seu segmento contemporâneo – sob a responsabilidade de Ricardo Resende –, sobressaem obras de Tunga, Fábio Miguez e Beto Shwafaty, entre outros, o segmento moderno não fica atrás. Afinal ali estão algumas obras que certamente permanecerão como paradigmas da arte produzida no Brasil, seja qual for o enfoque dado, como as pinturas de Almeida Jr., Segall e Guignard ali presentes.

***

Terminada a visita, fiquei pensando: apesar de todos os problemas inerentes ao um empreendimento ainda em processo de assentamento, que baita presente para a Itu a presença da FAMA na cidade! Que presente para o país, nesses tempos tão tenebrosos, a presença de Marcos Amaro atuando com todo o entusiasmo de sua juventude em prol da arte e da cultura. Ele e sua coleção de vocação pública – dentro de uma fábrica que tem tudo para se transformar numa usina de arte e conhecimento – fazem renascer a esperança de que nem tudo está perdido, ou se perdendo, no Brasil.

 

 

 

CCSP apresenta mostra sobre o coletivo baiano Etsedron

Foto de trabalho do grupo, presente na mostra no CCSP. FOTO: Divulgação

Em mais uma mostra realizada com seu acervo documental, o CCSP apresenta, a partir de 16 de maio, a exposição Passagem ETSEDRON, uma seleção de fotos e documentos sobre o coletivo de mesmo nome, atuante na década de 1970. A primeira exposição do acervo foi sobre a 1ª Bienal Latino Americana, de 1978.

Etsedrom (anagrama de Nordeste), foi um grupo baiano formado por mais de 20 integrantes e liderado pelo artista Edson da Luz. De caráter multidisciplinar, seus Projetos Ambientais reuniam dançarinos, médicos, antropólogos, atores, engenheiros, artistas e discutiam arte, terra e homem, apontando possíveis caminhos para a arte latino-americana.

O coletivo apresentou ao mundo uma visão particular e radical da realidade nordestina e participou de três edições da Bienal Internacional de São Paulo, em 1973, 1975 e 1977.  As proposições do grupo, ao escancarar uma região nordestina miserável e sofrida, trabalhando com materiais precários, mostram um forte caráter regionalista.

Passagem ETSEDRON

Centro Cultural São Paulo – rua Vergueiro, 1000.

De 16/5 a 7/7

Entrada gratuita

 

‘À Nordeste’ leva 275 obras ao Sesc 24 de Maio

Juliana Notari, Frames da videoperformance Mimosa, (vídeo projeção em três telas), 2014.

Bitu Cassundé, Clarissa Diniz e Marcelo Campos são os curadores da exposição À Nordeste, que reunirá 275 trabalhos de artistas que problematizam os imaginários acerca do Nordeste brasileiro, questionando as visões do que é “estar à Nordeste”. Artistas como Almandrade, Ayrson Heráclito, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, Bispo do Rosário, Glauber Rocha, Jonathas de Andrade, Juliana Notari, Leonilson, Marepe, Mestre Vitalino, o coletivo Saquinho de Lixo e Véio são alguns destaques, evidenciando o caráter multidisciplinar das variadas linguagens e suportes das obras que compõem a mostra, de esculturas a ‘memes’. A exposição pode ser conferida a partir de 16 de maio.

Artistas de contextos, linguagens e interesses diversos dialogam horizontalmente: em comum, uma produção pulsante, que problematiza os imaginários que se têm acerca do Nordeste e questiona os lugares tradicionais — físicos e metafóricos — de se estar no mundo. A crase em À Nordeste surge como elemento desafiador do estereótipo regionalista, pois evita o artigo definido — e, com ele, uma identidade unívoca — de “o Nordeste”.

A fim de atualizar suas pesquisas já voltadas para a região, conhecer novos artistas e projetos e, de alguma forma, moldar a curadoria da exposição, os curadores revisitaram as nove capitais nordestinas, além de interiores significativos para alguns desses Estados — ora em trio, em dupla ou, raras vezes, individualmente, ainda que na companhia de representantes do Sesc. Na prática, as viagens de pesquisa aconteceram de agosto de 2018 a janeiro de 2019.

“Iniciamos essas viagens e visitas a campo no segundo semestre do último ano, em pleno processo eleitoral. Neste período, o Nordeste vivenciou um momento um tanto quanto singular, revigorante, de contraposição a uma ideia de Brasil que acabou prevalecendo naquele contexto”, pontua Diniz. “Pudemos ver um Brasil em transformação, a partir de um Nordeste de muitas lutas, mobilizações e reivindicações em torno de suas questões”, completa Bitu Cassundé.

 

Curitiba recebe duas mostras de Ai Weiwei

"Forever (Bicycles)" no Museu Oscar Niemeyer. FOTO: Divulgação

O artista chinês Ai Weiwei provocou ainda mais curiosidade entre os brasileiros após a mostra Raiz ter sido exibida na Oca do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no último trimestre do ano passado, se estendendo até o janeiro deste ano. A individual, que tem curadoria de Marcello Dantas, agora ocupa o Museu Oscar Niemeyer (MON) em Curitiba. Além de receber Raiz, a cidade também hospeda a primeira mostra comercial e individual do artista da América Latina, na Galeria SIM/Simões de Assis.

No museu, a exposição abriu em 1º de maio e deve se estender até o dia 4 de agosto. Nela, as grandes obras que estiveram no Ibirapuera também chamam a atenção do público do Sul, como o grande barco que reflete sobre a crise dos refugiados (Law of the journey) e a grande escultura com bicicletas (Forever/Bicycles), esta última na parte externa do MON.

A união entre as galerias SIM e Simões de Assis, pai e filhos, para a individual, homônima, do artista evidenciam a importância de uma primeira vez do artista em galeria na América Latina. Na exposição, que vai de 14 de maio a 29 de junho, Ai Weiwei apresenta alguns trabalhos mais antigos, como esculturas de bambu e porcelana produzidas em 2009, mas também leva peças que produziu durante o processo de Raiz, mas que não figuram na exposição institucional: “O convite para Ai Weiwei vir ao Brasil era também um convite para uma interpretação e para a realização de novos trabalhos“, diz o texto das galerias.

Conhecido pelo teor polêmico de seus trabalhos, que trazem conteúdos sociais e políticos bem marcados, Weiwei não tem nenhum receio de unir seu trabalho como artista ao que desempenha também como ativista. Os trabalhos em couro que figuram nas duas exposições, por exemplo, possuem citações em inglês de autores que trabalhavam ou trabalham com essas temáticas.

Tendo produzido alguns dos trabalhos expostos em um período que passou no Brasil organizando a mostra, o artista entrou em contato com artesanatos regionais, como ex-votos feitos em Juazeiro do Norte. Ele solicitou para que os artesãos criassem bonecos em formas que remetem ao seu trabalho, como figas, zodíaco chinês e refugiados.

Confira texto de Maria Hirszman sobre Raiz, publicado na ARTE!Brasileiros 45. Clique aqui.