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Nheë Nheë Nheë, Genealogia do Ócio Tropical

Nheë Nheë Nheë
Nhee 2, Pinturas em aquarela de imagens de pedras

Estou sem tempo! Não podemos perder tempo! Esqueça essas expressões antes de entrar na exposição Nheë Nheë Nheë, Genealogia do Ócio Tropical de Márcio Almeida, no Sesc Santo Amaro, no Recife. Tente mergulhar no ócio, relaxar e pensar que a vida é uma aventura existencial.

Se tiver vontade sente ou deite no espaço expositivo, afinal este pode ser seu momento de descobertas, gozo, prazer de se encontrar consigo mesmo. Estar no ócio é estar no sossego redesenhando a vida e mediando o lugar da transgressão criadora. A vadiagem experimental se nutre de um não fazer nada criativo. Em síntese é o que transmite essa mostra sutil, de limpeza formal marcante, e que reflete sobre as relações de trabalho, desde o período do Brasil colônia até os dias de hoje.  O conceito traz outros contornos e reafirma o pensamento de Antonio Negri, filósofo marxista italiano quando define:  “O trabalho é capacidade de produção, atividade social, dignidade, mas por outra parte é escravidão, comando, alienação”.

A exposição é alinhada com três trabalhos anteriores e o mais recente, Nheë Nheë Nheë, é fruto da residência de Márcio Almeida na Usina de Arte Santa Terezinha, na Zona da Mata, sul de Pernambuco. Por alguns dias ele experimentou momentos de ação e descanso. Produziu dentro de um tempo livre, que nos dias de hoje corre o risco de ser eliminado pelo governo. Não trabalhar formalmente é visto pelo sistema como vagabundagem, preguiça, ócio. Hanna Arendt, em A Condição Humana, nos lembra que todas as palavras europeias para trabalho significam também dor e esforço – em latim e inglês labor, em grego ponos, em francês travail, em alemão Arbeit.

O que se distingue nessa obra é a forma de combinar elementos que brotam no espaço expositivo, desde o título da mostra nascido nas origens de nossa língua indígena. Ñheé, segundo o antropólogo Adolfo Colombres, significa fala. Portanto, Nheë, Nheë, Nheë, pode ser uma tradução livre de tagarelice. Também se refere a uma forma de controle exercida pelos religiosos na tentativa de unificar as linguagens tribais para facilitar a catequese forçada.

No texto de apresentação, o curador Beano de Borba comenta o trabalho de Márcio Almeida como um ócio tradicional e um rito selvagem, sustentados por uma insurgência do tempo liberto. A intenção do artista é “realizar um paralelo entre a questão do trabalho ocidental e o ócio tropical”. Nesse contexto, ele tem como base a interferência das religiões e as estratégias dos colonizadores na catequização os indígenas. Ócio e liberdade é o binômio que atravessa todas as quatro instalações que compõem a mostra. “No processo de curadoria partimos do novo trabalho, Nheë Nheë Nheë, e incluímos outras obras, desdobramentos ligados à lógica ocidental de trabalho e que refletem as distorções praticadas pelo sistema”.

A instalação Nheë Nheë Nheë, que dá título à mostra, é um exercício delicado composto por treze peças criadas com galhos de oliveira, pás e ferro de cova que dão forma às ferramentas de trabalho. Apesar do espaço relativamente pequeno da galeria, as obras fluem. A parede envidraçada do chão ao teto não atrapalha, ao contrário, incorpora a paisagem externa, mimetizando a vegetação com os galhos secos.  Em outra instalação, Nosso Descanso é Carregar Pedras, o serialismo está presente no conjunto de cartões de ponto de hospitais sobre os quais o artista ilustra com aquarela imagens de pedras, elementos simbólicos da escravidão desde os tempos bíblicos. O relógio de ponto marca o tempo demandado pelo sistema que, segundo Foucault, se transforma em uma forma de controle trabalhista.

A mais abrangente delas, Waiting for Work é marcada pela fotografia, uma série de dez imagens que captam o momento de descanso de funcionários após o intervalo do almoço. O tempo de não fazer nada, de livre reflexão e comunicação entre os colegas. Essa realidade do espaço temporal diário é extensão animada de um campo de atração e repulsa, movido por forças poéticas e sociais. Fecha a mostra, Truck Sistem, que toca em um dos aspectos mais cruéis do trabalhismo brasileiro, a servidão por dívida. Com cerca de 30 papéis carbono, coletados e grafados, Márcio Almeida coloca em discussão a recorrente escravidão por débitos vivida pela classe trabalhadora da cidade e do campo. Esse procedimento de abuso vigente no Brasil, mostra que o trabalhador não consegue liquidar suas dívidas com o patrão, mesmo as da cantina, tornando-se escravo permanente do empregador.

Nos dias de hoje, com o homem subtraído do tempo a que tem direito, Genealogia do ócio tropical poderia ser um ponto de partida para a bula do remédio: Vida outro Modo de Usar? O artista acredita que sim. “Entendo a produção como algo ligado diretamente ao pensamento livre, sem compromissos, é exatamente nesses instantes de reflexão que somos mais produtivos”. Márcio Almeida prova desse remédio constantemente. Só começa a trabalhar uma obra, sem nenhum instrumento, pensando tranquilo deitado na rede, maquinando ideias, literalmente no ócio.


Márcio Almeida: Nheë Nheë Nheë,
Genealogia do Ócio Tropical
Até 28 de setembro, das 9h às 17h.
Sesc Santo Amaro, no Recife.
Rua 13 de Maio, 455, Santo Amaro – Recife
+55 (81) 3216-1728

Bienal de Berlim começa evocando Flávio de Carvalho

Flávio de Carvalho, 'Experiência n. 3', 1956 Photograph, b/w Source: Fundo Flávio de Carvalho/CEDAE-UNICAMP, Campinas © The Heirs of Flávio de Carvalho
“O peixe dentro do mar nada sabe do voo nupcial da abelha, nem das ideias de um comandante de navio, mas poderá um dia entrar em contato com os ossos de um homo sapiens e ponderar sobre os ossos.
Uma coleção de ossos é, portanto, mais importante a um observador do que os ossos do próprio observador. A luz sobre o passado é o único tipo de luz capaz de iluminar o presente, e de ajudar a derreter o véu da cegueira; o passado colecionado em museu apresenta mais sugestibilidade que o tumulto de uma geração, e é eminentemente capaz de concorrer ao desabrochar do indivíduo”.

 

O trecho acima é parte do livro Os ossos do mundo, publicado em 1936, portanto há mais de 80 anos, e escrito por Flávio de Carvalho, após seis meses de viagem na Europa, entre 1934 e 1935. Exp. 1: Os Ossos do Mundo é justamente o título da atividade que dá início à 11ª Bienal de Berlim, nesta sexta, dia 6 de setembro, com curadoria de María Berríos, Renata Cervetto, Lisette Lagnado e Agustín Pérez Rubio.

O arquiteto e artista transgressor Flávio de Carvalho (1899 – 1973), que em 1956 saiu de saias em São Paulo, foi um dos que inspiraram o projeto vencedor para a Bienal de Berlim, no ano passado, e suas propostas surgem agora como referência para o processo curatorial do time majoritariamente latino-americano, exceção do espanhol Rubio.

“Parece uma exposição, mas não é. É apenas uma abertura pública do processo curatorial enquanto experiência. Não encontramos uma palavra para traduzir “experiência”. Em alemão, nem “erfahrung”, nem “erlebnis”, nem “experiment”, conseguiu satisfazer o grupo mais a equipe da bienal”, escreveu Lagnado por e-mail, respondendo a duas perguntas sobre a mostra.

Experiência é um termo usado por Carvalho em várias de suas ações consideradas hoje precursoras da performance, como Experiência n. 2, em 1931, quando atravessou uma procissão de chapéu, no centro de São Paulo, para fúria de religiosos católicos. No mesmo ano, ele publicou um livro relatando o caso e fazendo uma longa análise de suas implicações com referências na psicanálise.

A Bienal de Berlim tem início agora ocupando o ExRotaprint, um edifício em um bairro periférico com alta população de imigrantes em Berlim, escolhido pelos curadores para iniciar um processo de vivências, encontros e reuniões com artistas em residência.

Lagnado observa o momento de escritura de Os Ossos do Mundo (disponível online em https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/2769), em 1934, “ano paradigmático para a ascensão do nacionalismo” em consonância com a situação atual: “Estamos chegando agora, trinta anos após a queda do Muro de Berlim, com nossas referências de casa na bagagem.”

Segundo a curadora, o espaço funciona como um laboratório, já que não tem condições museológicas. A exp.1, de fato, sequer terá obras propriamente ditas, “mas rastros de uma coleção de ideias amadurecidas nos últimos seis meses durante as conversas internas”.

A proposta reflete um pouco outra iniciativa de Flávio de Carvalho, o Clube dos Artistas Modernos – CAM, criado em 1932,  que, como aponta Lagnado,  “promoveu apresentações paradigmáticas de Osório César, como o mês das crianças e dos loucos, a conferência de Mário Pedrosa sobre Käthe Kollwitz, sem contar o Teatro da Experiência que acabou fechando o espaço”.

Bienais têm de fato se prolongado no tempo para além da mostra, e a própria Como Viver Junto, que teve à frente Lagnado, na 27ª Bienal de São Paulo, em 2006, começou antes com um extenso programa de seminários. A proposta agora é muito mais radical. O espaço será aberto ao público de quinta a sábado, em horários definidos, quando os curadores estarão lá trabalhando, recebendo quem quiser ir, com uma programação para escolas da vizinhança. “Importante deixar claro que essas experiências são nossas e não uma réplica do percurso do Flávio”, defende a curadora.

Outra inovação da Bienal de Berlim é evitar o sigilo em torno dos participantes da mostra. O convite de exp.1 já anuncia contribuições de cerca de 30 participantes, eles o próprio Flávio de Carvalho, além do Teatro da Vertigem e da artista Virgínia de Medeiros, ambos também do Brasil, Cecília Vicuña, do Chile, e o Mapa Teatro, da Colômbia.

“Coletivos, artistas, educadorxs, palestrantes, coreógrafxs, poetas, todxs são igualmente integrantes da 11th Berlin Biennale for Contemporary Art. Não há uma separação entre exposição e programa público, ou entre exposição e educativo”, escreveu ainda Lagnado.

 

 

Os ‘Planos-Pipa’ de Marcelo Jácome

Marcelo Jacome, Planos Pipa

Marcelo Jácome é carioca, nascido em 1980, e visita Curitiba pela primeira vez. Sua atuação como artista plástico é diretamente influenciada por sua formação em Arquitetura e Urbanismo. Seu trabalho com formatos escultóricos busca ativar espaços livres, como com as obras Pontos Suspensos, Multiedros Relacionais e, a mais conhecida, Planos-Pipa. É esta última que o artista ativou no átrio do Shopping Pátio Batel, na capital paranaense, onde poderá ser vista de 5 a 28 de setembro.

O trabalho com as pipas começa quando Jácome passa a trabalhar com colagens utilizando papel de seda, as quais intitulou não-lugares. Segundo ele, isso aparece em um momento de sua carreira no qual percebeu uma necessidade de trabalhar com uma paleta de cores mais industrial: “Eu enxergo o mundo a partir de massas cromáticas, relativizo essas massas… Então sempre foi algo muito corriqueiro estar fazendo um recorte do mundo através dessa prática”, ele conta. Nesse momento, as cores evidenciadas do material chamam a sua atenção.

Ao começar a visualizar outras formas de utilizar o material, o artista enxergou as espacialidades dentro das composições que surgiam com a sobreposição do papel de seda. “Por que não passar isso para um espaço?”, ele pensou naquele momento. Nessa época, com um grande ateliê na zona portuária do Rio, não teve dúvidas de que passaria o trabalho para um formato escultórico. “Eu entendi que eu precisava de uma estrutura para que a coisa se efetivasse de uma maneira pertinente”. E foi então que as pipas apareceram para Jácome como uma solução plástica, um sistema formal.

Por fim, essas instalações site-specific, sempre feitas de acordo com o que os lugares, oferecem na possibilidade arquitetônica, foram chamadas de Planos-Pipa. Com elas, o artista já ocupou locais como a Saatchi Gallery, em Londres, e a Art Basel, na Basileia. Porém, o trabalho no Pátio Batel é o mais desafiador até agora, Marcelo conta. Para ele, foi instigante poder pensar algo possível, considerando a técnica e a montagem, para uma área tão grande quanto a disponibilizada pelo centro de compras curitibano — a maior na qual já ativou a instalação.

Com uma ligação essencial com a arte, tendo ao longo de seus pisos uma mostra permanente de seu acervo de obras, o Shopping Pátio Batel executa desde o ano passado a ideia de convidar um artista para realizar alguma intervenção de impacto durante seu aniversário. “Sempre quisemos usar a arte como mais um item para tornar a visita ao shopping uma atividade gostosa. Isso sempre foi parte do nosso conceito”, comenta Mariane Kucinski Caponi, gerente de marketing e relacionamento do Pátio Batel.

Completando seis anos neste mês de setembro, a curadora responsável pelo projeto, Eneida Gouvêa Vieira, viu no trabalho de Jácome a alternativa ideal para preencher o extenso ambiente do átrio do shopping, ao qual Mariane se refere como “uma grande tela em branco”. A área do piso tem aproximadamente 400 m², com 25 metros de altura.

Planos-pipa é a segunda intervenção realizada nesse local. Em 2018, a estreia foi comandada pelo artista estadunidense Jason Hackenwerth, que criou uma escultura com 15 mil balões. Além da estrutura monumental necessária para ativar o espaço, também é fundamental que todas as pessoas pudessem desfrutar do trabalho: “É importante que fosse uma obra de arte que fosse de fácil leitura para todos os públicos”, conta Mariane: “O Marcelo casou muito com isso. Ele consegue ter uma obra grandiosa: simples na sua essência, mas incrível na sua forma”.

Para a lista de permitidos

Ai-5 50 ANOS: ainda não terminou de acabar, 588 Páginas, Instituto Tomie Ohtake, R$ 100 - Fotos: Coil Lopes

“Engana-te quem diz / teu futuro será o espelho dessa grandeza”. Os versos do poema, datado de 1976, de Anna Maria Maiolino que abre o livro AI-5 50 anos: ainda não terminou de acabar funcionam como uma epígrafe não apenas para a publicação, mas também para a situação na qual o Brasil se encontra hoje. Para Paulo Miyada, organizador do livro e curador da exposição que deu origem a ele, “o que se vive agora é um rescaldo ardente do quão profundo foi o dano deixado pelos anos do regime militar, agravado pelo caráter precário das instituições democráticas que não foram tão revistas e fortalecidas nas últimas três décadas quanto teria sido necessário”.

O trecho está presente no artigo Não terminou de acabar, que faz parte do livro e foi publicado originalmente na plataforma arte!brasileiros em novembro de 2018, sob o subtítulo As lacunas na memória brasileira e a extensão do AI-5.

Nessa conjuntura, reunir o material de uma das exposições mais importantes dos últimos anos em um livro é uma forma de não permitir que as lacunas existam, registrando a memória de forma física, com colaboração de mais de 80 artistas e autores em 600 páginas de artigos, textos sobre artistas, fac-símiles, imagens, dentre outros. Feita de forma colaborativa, por meio de doações, a arrecadação dos meios necessários para a produção e impressão da publicação foi feita com êxito. Isso mostra que muita gente não está disposta a esquecer.

*Em 2020, o livro recebeu o Prêmio Jabuti de melhor ensaio na categoria artes.


AI-5 50 ANOS: ainda não terminou de acabar
Instituto Tomie Ohtake 
R$ 60,00

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O prêmio e os acervos

Miguel Chikaoka Salvaterra, PA – 1994

Em Belém para ministrar um curso sobre curadoria, visitei o solene Museu do Estado do Pará (MEP) que, junto com o Museu de Arte da Universidade Federal (MUFPA), abrigam em 2019 a 10ª edição do Projeto Prêmio Diário Contemporâneo[1]. O Projeto, sob a coordenação de Mariano Klautau Filho, a cada ano transforma Belém num dos pontos principais do Brasil para quem deseja ver, refletir e discutir a arte contemporânea do país, tendo como eixo privilegiado a fotografia e a imagem fotográfica.

Nesta edição, os artistas que responderam ao edital da mostra foram selecionados pelo júri formado por Octavio Cardoso, Heldilene Reale e Isabel Gouvêa, que escolheu um grupo potente de obras de artistas das mais diversas regiões do país. Junto com algumas obras de artistas convidados, formaram a exposição em cartaz no MEP.

Não leve flores, de Rodrigo Pinheiro e Ton Zaranza, foi a peça que talvez mais tenha me impressionado. Composta por uma série de retratos fotográficos em formato 40 x 40 cm, registram pessoas as mais diversas. Ao lado de cada retrato – como se fosse a legenda –, um depoimento impresso da pessoa retratada, relatando quais foram seus sentimentos e ações durante 28 de outubro de 2018, para quem não lembra, dia em que foi confirmada a vitória do atual presidente da República. Não leve flores conseguiu atrelar à dimensão já hipercodificada do retrato uma delicadeza na pose, na iluminação e no fundo colorido das imagens que reforçam os depoimentos acoplados, relatos das apreensões que gravitavam durante aquele dia fatídico. O que igualmente me despertou o interesse foi o fato de que a obra, embora configurada como uma galeria de retratos/depoimentos de parte da comunidade LGBT+ do Rio de Janeiro, não se restringe àquela comunidade, pois expressa os temores de parte significativa da sociedade brasileira frente ao devir em que penetramos naquele dia.

Mas essa não foi a única obra que me chamou a atenção no MEP (cuja arquitetura, por si só, já vale uma vista). Ainda ali, um olhar mais detido na produção exposta me revelou o trabalho de outros artistas instigantes: Julia Milward, de São Paulo, e sua série, “Renomes”, foi uma delas. A artista atua sobre fotos apropriadas de colunas sociais dos anos 1950 e 1950, em que os nomes das mulheres retratadas foram substituídos pelas indicações das atividades profissionais e dos nomes dos respectivos maridos. Reforçando o apagamento dessas mulheres enquanto indivíduos, Milward transplanta as imagens para um suporte que emula o drapeado das vestes suntuosas da maioria das retratadas e, nesse processo, ao mesmo tempo em que reforça a associação de cada obra ao drapeado dos vestidos de soirée, faz com que esse arranjo suma com o rosto da retratada. Abaixo de cada fotografia, em metal cromado, a indicação do proprietário de cada uma das mulheres: “Sra. Embaixador Fulano de Tal”, “Sra. Conselheiro Beltrano” etc.

À margem desse viés ativista mais explícito (mas que não perde a delicadeza, jamais), a exposição apresenta outras manifestações de interesse: a série “Angelus”, da baiana Maria Baigur, por exemplo, ressignifica a documentação da paisagem urbana – quase toda, hoje em dia, subserviente a um gosto de derivação da escola alemã de fotografia – registrando em cada uma das imagens urbanas que exibe elementos que as humanizam, retirando-as do fosso comum da atual fotografia “de arte”, fria e distante. Além desse ensaio de Baigur, impossível permanecer imune às produções tão diversas e potentes, como aquelas de Mateus Sá, de Pernambuco, José Diniz, Rio e de Renan Teles, São Paulo, entre vários outras, produções que abalam as certezas enraizadas naquele edifício algumas vezes centenário.

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Se no segmento da exposição apresentada no MEP sobressaem, além da produção de alguns convidados, artistas que se inscreveram no edital deste ano, no Museu de Arte da Universidade Federal do Pará, devido às comemorações dos 10 anos do Prêmio, são apresentadas obras de artistas já presentes na Coleção Diário Contemporâneo e alguns convidados.

Essa exposição singulariza-se por apresentar praticamente apenas obras pertencentes à Coleção, franqueando ao público o contato com a produção de alguns dos artistas mais significativos da cena brasileira contemporânea e que, pelas mais diversas circunstâncias, residem ou residiram em Belém. A mostra como que produz uma antologia delicada de trabalhos de Miguel Chikaoka, por exemplo, um artista cuja importância não se reduz ao fato (grandioso em si mesmo, diga-se) de ter sido responsável pela formação de gerações de artistas de Belém. Chikaoka ali é apresentado como um artista cuja sensibilidade, na maneira como opera a câmera fotográfica, demonstra que a fotografia documental pode, sim, ir muito além do mero registro do real, quando operada por alguém que sabe nelas enxergar algo que transcende os fatos e as circunstâncias.

 

A mostra também é pródiga ao apresentar a produção de um dos artistas paraenses mais conhecidos para além das fronteiras do estado: Luiz Braga. Ali encontramos o artista com obras que decididamente o retiram do compromisso que lhe foi outorgado de representante da “visualidade amazônica”. Fora desse viés, Braga se revela o artista maior que já dava demonstração de ser, desde as fotos em preto e branco, produzidas nos anos 1970, exibidas no MUFPA. A participação de Braga na mostra ganha ainda maior destaque com a apresentação de algumas de suas fotografias em cor, produzidas em interiores residenciais e sem nenhum apelo regionalista mais evidente. Por último, a mostra também traz a público uma surpresa para aqueles que se interessam pela produção de Luiz Braga: um vídeo – peça raríssima (talvez única) dentro de sua obra – em que o registro de cunho antropológico é ampliado em seu significado pelas imagens produzidas pelo artista.

Artistas da significação de Claudia Leão, Dirceu Maués, Flavya Mutran, Geraldo Ramos, Janduari Simões, Jorane Castro e Walda Marques, completam o time de artistas que constituem, no MUPFA, talvez o cerne mais consistente da fotografia produzida há algumas décadas no Pará.

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Um dado já perceptível nos parágrafos acima, reveste o Programa Diário Contemporâneo de uma importância ímpar na cena brasileira: o fato de que, além de anualmente colocar Belém em contato com parte do que de mais estimulante ocorre no Brasil em termos de arte contemporânea, o Prêmio – a partir de acordos assinados com o Museu da Casa das Onze Janelas e com o Museu da Universidade Federal do Pará – levam para seus respectivos acervos, as obras premiadas pelo Projeto. Agindo dessa maneira, o Prêmio deixa de ser, então, apenas mais um dos eventos ligados à arte contemporânea em Belém, para se transformar em um fomentador importante dos acervos dos dois museus citados, ambos públicos (o primeiro estadual, o segundo, federal). Esse acordo entre a entidade promotora do evento – o Diário do Pará – e os dois museus, demonstra como é possível produzir projetos de excelência unindo a iniciativa privada e os museus públicos brasileiros, sempre carentes de verbas para ampliar seus respectivos acervos.

A cada edição do Prêmio, é preciso frisar, o corpo de jurados é mudado, garantindo, assim, a presença sempre diversificada de pontos de vistas de profissionais respeitados de todas as regiões do país. Neste tipo responsabilidade compartilhada, ganha o Diário do Pará, que associa sua marca a duas instituições públicas respeitáveis, ganham os dois museus e ganha o público paraense, que poderá continuar convivendo com as obras premiadas em cada edição.

Completados os dez primeiros anos do Prêmio, surgem possibilidades de que ele venha a ganhar ainda maior penetração e destaque, não apenas na cena paraense e brasileira, mas também internacional. São tempos novos que se aproximam nessa segunda década que se inicia. Que as três instituições envolvidas tenham a sabedoria de continuar mantendo e ampliando o escopo do Projeto, sem descuidar da necessidade de bem escolher, daqui para frente, quem pode e merece continuar oferecendo-lhe o devido suporte.

 

 

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[1] – Em todas suas edições, a mostra Prêmio Diário Contemporâneo realiza-se em duas instituições: o Museu Casa das Onze Janelas e o Museu de Arte da Universidade Federal do Pará. Excepcionalmente neste ano, uma das exposições do Prêmio realiza-se no Museu do Estado do Pará que, como a Casa das Onze Janelas, também pertence ao estado do Pará.

Lucia Koch apresenta individual na Galeria Nara Roesler

"Tumulto", obra de Lucia Koch. Foto: Divulgação

A nova exposição da artista Lucia Koch, apresentada na galeria Nara Roesler, em São Paulo, tem seu título composto pelos nomes de duas grandes instalações presentes na mostra: Tumulto e Turbilhão. No salão principal da galeria, Tumulto é um cruzamento de cortinas diagonais que recortam o espaço, gerando um acúmulo de camadas semitransparentes. Como explica o texto de divulgação da mostra, “parte destas cortinas-filtros parece atravessar as paredes, continuando para além das salas de exposição”.

Turbilhão, por sua vez, aparece como um tipo de contraponto à primeira obra. O trabalho apresenta-se como uma espécie de anti-vitrine, com a abertura da grande janela de vidro do espaço expositivo preenchida inteiramente por uma treliça vermelha. “Nela é instalado um grande círculo (recortado da mesma treliça) que se move vagarosamente com a ajuda de um motor, criando assim um efeito moiré, que pode ser visto tanto de dentro, como de fora da galeria”, diz o texto.

Em outros trabalhos expostos, a mostra levanta também discussões sobre o trabalho artístico feito em colaboração. Trabalho Noturno, criado coletivamente, ecoa a experiência de A Longa Noite, instaurada por Lucia Koch no Sesc Pompeia em 2018. Tramatura, apresentada na data de abertura da exposição, é uma performance criada pela Coletiva Balaiada Qualira, formada pelas artistas Eliara Lua, Flora Maria, Ana Musidora e Jo dos Santos. O grupo apresenta também a videoperformance Eclipse, feita junto com Aline Belfort.

Tumulto, Turbilhão
Galeria Nara Roesler – Avenida Europa, 655, Jardim Europa, São Paulo
Até 19 de outubro

 

“Vaivém” trata da cultura brasileira para além da arte

Vista da exposição no CCBB de São Paulo. FOTO: Edson Kumasaka

“Não cabe mais ver as redes como espaço de descanso e decoração. Necessita-se admirar sua representação e compreender que materialidade é a prova da resistência ameríndia. Que por trás da beleza e da forma existem focos de resistência. Que tecer ou criar a partir delas é arte, ativismo. É atividade. É sobrevivência. É ser.”, afirma Naine Terena no catálogo da mostra Vaivém, vista até julho no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo e, agora em setembro, sendo  aberta em sua sede de Brasília, seguindo depois para o Rio e Belo Horizonte.

Vaivém é dessas mostras que vão além do campo da arte para tratar da cultura de forma mais ampla, e aí está seu maior valor.

Mais do que simplesmente apresentar de forma sequencial várias representações de um dos mais típicos objetos da cultura brasileira, a exposição com curadoria de Raphael Fonseca apresenta diversos aspectos dos significados da rede, como aponta Naine na citação acima, indo muito além do clichê da preguiça que o colonialismo a demarcou.

Isso fica claro logo na primeira sala da mostra, quando se contextualiza a importância da produção do artefato de origem indígena no nordeste, mais especificamente em São Bento, na Paraíba, onde são produzidas por ano nada menos que 12 milhões de redes. Os números aí já deixam claro que o impacto do comércio vai também além do estereótipo que se pode ter. O portal da cidade possui um imensa rede para marcar posição.

Assim, a mostra segue em uma sucessão de narrativas um tanto surpreendentes ao longo de seis módulos, que abordam desde as distintas formas de representação da rede, seja no modernismo brasileiro, seja nos quadrinhos de Walt Disney com o Zé Carioca, até sua função de geradora de identidade, como bem aponta Naine Terena em relação aos povos indígenas.

Vem deles, aliás, algumas das imagens mais potentes da mostra, grande parte delas comissionadas pelo curador, entre elas produzidas por Yermollay Caripoune, Alzelina Luiza, Carmézia Emiliano e Jaider Esbell, entre outros. No catálogo, Clarissa Diniz cita uma fala de Esbell, aliás, que aponta de maneira exata porque a mostra alcança alta voltagem política: “Não há como discutir descolonização sem adentrar as portas das cosmovisões dos povos originários”.

Há aí um acerto curatorial imenso, afinal, mesmo que artistas contemporâneos tenham se apropriada da rede em suas obras, de Hélio Oiticica a Tunga, de Paulo Nazareth a OPAVIVARÁ – todos presentes na mostra, é no contexto indígena que ela ganha caráter de resistência e manifesto anti-hegemônico.

A exposição ainda é generosa ao apresentar as diversas representações da rede ao longo dos séculos, seja nos artistas viajantes da época da monarquia do Brasil, seja por sua revisão crítica, tão bem realizada por Denilson Baniwa.

A exposição é sem dúvida audaciosa, ao apresentar mais de 300 obras de 140 artistas, em um período de cinco séculos, do 16 ao presente. Contudo, seu foco é preciso, e passar por ela uma experiência efetiva.

É essencial lembrar que a mostra é fruto de um doutorado realizado pelo curador ao longo de cinco anos, portanto uma pesquisa de fôlego, que se materializa no espaço expositivo de forma adequada e realmente como uma vivência, isso é, não se trata de uma transposição ilustrativa de uma tese. Em tempos de questionamento da ciência e da academia, Vaivém serve ainda para apontar como o ambiente universitário segue essencial para a reflexão da cultura brasileira, assim como capaz de transpor o ambiente acadêmico para um diálogo potente com a sociedade.

Farol expõe obras da coleção Santander Brasil pela primeira vez

Tomie Ohtake, Sem título [Untitled], 1978

A exposição Contemporâneo, sempre – Coleção Santander Brasil, com curadoria de Agnaldo Farias e Ricardo Ribenboim, apresenta um panorama de 70 anos da arte brasileira e reúne um conjunto significativo de pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e fotografias. Das mais de duas mil obras do acervo, foram escolhidos 64 trabalhos, divididos nas categorias Abstração, Retrato e Paisagem.

Uma obra que nunca foi exposta, do artista Bené Fonteles, na categoria Abstração, é uma das atrações esperadas. O trabalho, sem título, foi criado em 1980. Já a obra mais antiga é a escultura de Victor Brecheret, Tocadora de Guitarra (1923). E a mais recente, uma pintura do artista Paulo Almeida, parte da série “Palimpsestos”. O processo criativo da obra envolve modifica-la a cada nova exposição. O artista trabalhará no local e concluirá as alterações dias antes da abertura ao público.

As escolhas contemplam diversos artistas fundamentais nesse recorte proposto pela curadoria: reunir figuras clássicas e contemporâneas da arte no país, ultrapassando as definições de tempo e se renovando a cada olhar.

Contemporâneo, sempre – Coleção Santander Brasil
Farol Santander – Rua João Brícola, 24 – Centro
Até 5 de janeiro de 2020

 

Daniel Senise apresenta mostra no Instituto Tomie Ohtake

Trabalho de Daniel Senise na mostra. Foto: Divulgação

Com uma nova obra em dimensão monumental e um conjunto de trabalhos pouco vistos ou inéditos que apresentam intervenções sobre fotografias, o artista Daniel Senise apresenta no Instituto Tomie Ohtake a mostra Todos os Santos, em cartaz até 13 de outubro.

Segundo Daniela Labra, curadora da exposição, o conjunto mostra um imbricamento de linguagens resultante do pensamento pictórico de Senise. “Desdobram sobre superfícies e imagens fotográficas o discurso acerca de memória, espacialidade, representação, materialidade, história da arte ocidental e filosofia que definem a pós-pintura de Daniel Senise”, afirma Labra em texto de apresentação da mostra.

O trabalho em grande dimensão, com 5 por 3,66 metros, contém fragmentos de matéria queimada recolhidos do interior do Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, destruído pelo fogo em 2011 e ainda interditado. “Nesta obra, a fotografia sai e entra o espelho como suporte, refletindo por entre restos carbonizados o real invertido que habita seu lado de fora”, diz a curadora no texto.

Nos outros trabalhos, realizados de 2005 a 2019, surgem fotografias de espaços como o antigo galpão da Estrada de Ferro Sorocabana, o Hospital Matarazzo, ou locações na Bahia e em Nova York, entre outras. As fotos foram feitas ou dirigidas por Senise com a colaboração de Mauro Restiffe, Caetano Dias, Tiago Barros e Fernando Laslo. Para a curadora, “camadas de temporalidade se sobrepõem configurando uma discussão sobre fisicalidade da matéria, representação, imagem, real, existência”.

Daniel Senise – Todos os Santos
Instituto Tomie Ohtake – Av. Faria Lima 201
Até 13 de outubro de 2019
Entrada gratuita

 

Com 33 galerias, SP-Foto estreita vínculos internacionais e inaugura setor editorial

Foto de Martin Parr que estará na Galeria Lume. Foto: Divulgação

Com 43 expositores – sendo 33 galerias, oito editoras e dois museus (MASP e MAM) – e trabalhos de cerca de 300 fotógrafos, a feira SP-Foto acontece entre os dias 21 e 25 de agosto em São Paulo, no Shopping JK-Iguatemi. Braço da SP-Arte, o evento chega à sua 13a edição consolidado como um dos principais eventos de fotografia do país, dedicado não só ao mercado e ao colecionismo, mas também ao debate e reflexão acerca da fotografia contemporânea – suas práticas, temáticas, antecedentes históricos e caminhos futuros.

“A venda é um resultado sempre aguardado e esperado, mas não é o único de um evento como esse”, afirma a diretora da feira, Fernanda Feitosa. “Manter o público sintonizado e interessado é muito importante e isso faz parte de um trabalho contínuo nosso e das galerias”, completa.

Nesse sentido, além de ver trabalhos de celebrados nomes nacionais e internacionais – em uma enorme lista que passa por Francesca Woodman, Martin Parr, José Manuel Ballester, Jean Manzon, Antoni Abad, Helman Newton, Miguel Rio Branco, Thomaz Farkas, Mario Cravo Neto, German Lorca, Mauro Restiffe, Ana Maria Tavares, Geraldo de Barros, Pierre Verger, Cinthia Marcelle, Pedro Motta e Sofia Borges –, o público poderá assistir a uma série de encontros com fotógrafos, artistas, curadores, escritores e jornalistas.

No ciclo Talks, um debate com a curadora norte-americana Margot Norton e o arquiteto e crítico Guilherme Wisnik, mediado por Miguel del Castillo, discute o impacto da contemporaneidade digital nas imagens e seus desdobramentos sociais; uma conversa com o jornalista e pesquisador Ronaldo Entler e a venezuelana Julieta Gonzáles, diretora do Jumex (México), analisa os trabalhos de Christopher Willians, Rosângela Rennó e Wolfgang Tillmans; e uma mesa com a curadora norte-americana Barbara Tannenbaum, do Cleveland Museum, e com Mário Cohen aborda o mercado fotográfico e sua integração com o mercado de arte.

Na programação do Meet the Artists, dedicada aos trabalhos de fotógrafos contemporâneos, os convidados deste ano são Mauro Restiffe e a dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca. Novidade desta edição, o setor editorial ocupa um novo espaço da feira dedicado a livros e foto-livros. Estarão presentes as editoras Cobogó, BEI, Taschen, Madalena, Fotô Editorial, Lovely House, Terra Virgem e YOW, além das instituições MASP e MAM.

Por fim, fotografia e literatura são o mote de outro ciclo de conversas, inaugurado este ano em parceria da SP-Foto com a Escrevedeira (espaço paulistano voltado para cursos e eventos literários). Concebido pelo escritor e crítico João Bandeira, o workshop Olho no Olho – Fotografia & Literatura apresenta três mesas: a primeira com Alberto Martins e Maureen Bisilliat, a segunda com Bob Wolfenson e Matinas Suzuki e a terceira com Cristiano Mascaro e Noemi Jaffe.

O programa de imersão profissional, organizado pela feira desde 2015 e dedicado à internacionalização da fotografia brasileira, convida este ano Tanya Barson (MACBA), Sophie Hackett (Art Gallery of Ontario), Elizabeth Cronin (NY Public Library) e Simon Baker (Maison Européenne de la Photographie), que se aprofundarão na pesquisa sobre a fotografia brasileira através de visitas à museus, galerias e outras instituições paulistanas.

“Temos nos dedicado a promover essa ponte entre o Brasil e o exterior há anos”, explica Feitosa. “E esse trabalho vai gerando frutos, esses contatos vão maturando. Quando a Sarah Meister veio em 2015, por exemplo, ela conhecia pouco da fotografia moderna brasileira. Agora, o MoMA já adquiriu algumas fotografias deste período para seu acervo”. Além disso, a curadora do museu nova-yorkino têm vindo regularmente ao país e está preparando uma mostra sobre o fotocineclubismo brasileiro, a ser realizada no MoMA em 2020.

“Essas viagens de imersão têm exatamente essa missão de introduzir a fotografia e a arte brasileira à esses profissionais que, munidos desse material e desse conhecimento, vão se aprofundar, explorar novos diálogos, traçar paralelos entre artistas brasileiros e de outros países”, diz Feitosa. Isso tudo, obviamente, resulta também no mercado e no colecionismo: “Porque tem um aspecto do mercado de arte que é a longo prazo”.

Sobre os trabalhos dos cerca de 300 fotógrafos expostos na SP-Foto, Feitosa afirma que as temáticas tratadas são bastante variadas, mas que algumas eixos podem ser identificadas, bastante sintonizados ao contexto político e social vivido nos dias de hoje. “Há uma profunda preocupação dos artistas, e os fotógrafos não fogem a isso, com questões como a destruição ambiental, as ocupações urbanas desordenadas, o pertencimento e o deslocamento, as questões de gênero e de raça”, diz ela, citando como exemplo os nomes de Luciana Magno, Luiz Braga, Cristiano Mascaro, João Farkas e Sebastião Salgado.

Para saber mais sobre a SP-Foto e conhecer todos os expositores, acesse aqui o site da feira.

SP-Foto 2019
Shopping JK Iguatemi, 3º piso – Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 2041.
21 a 25 de agosto
Entrada gratuita