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SEMINÁRIO GESTÃO CULTURAL

             O segundo a falar foi o artista alagoano Jonathas de
             Andrade, que ressaltou a importância das bolsas, incen-
             tivos e residências em sua trajetória. “Tenho total clareza
             de que se eu estivesse começando nessa conjuntura
             atual, teria muito mais dificuldade em me desenvolver
             como artista”, afirmou, se referindo ao que chamou de
             um “processo de sucateamento e de desmonte cultural
             que vivemos hoje no Brasil”.
             Jonathas, que participou da 7  Bienal do Mercosul, da
                                       a
             32  Bienal de São Paulo e fez residências em vários
               a
             países, contou sobre sua trajetória nas artes iniciada
             ao final do curso de Comunicação Social na UFPE. Sua
             primeira exposição de fotografias, montada na Fundação
             Joaquim Nabuco após um processo de seleção para
             jovens artistas, resultou também em uma publicação
             financiada pelo Funcultura. “Naquele momento, em que
             eu estava tentando me entender como artista, todos
             os incentivos, bolsas e possibilidades públicas foram
             fundamentais no desenrolar das coisas.”
             A primeira mostra de Jonathas em São Paulo, por sua
             vez, aconteceu no próprio Itaú Cultural, e ao longo dos
             anos artista contou com apoios do Banco Real, da Funarte
             e de bienais, entre outros. “E isso me faz pensar que é
             urgente que tanto as instituições quanto as empresas                              JONATHAS DE ANDRADE
             que tenham condições desenvolvam programas voltados
             para as artes”. “Nesse momento crítico temos desastres
             ecológicos, genocídios e uma série de questões urgentís-  concurso, criando um novo e rentável ramo de mercado.
             simas. Mas, para pensar a cultura como um articulador   Fonseca falou ainda sobre o trabalho da empresa cubana
             disso tudo, para dar fôlego de verdade para esse país,   Habaguanex, que por mais de 20 anos ajudou a revi-
             eu acho que apoiar as artes também é urgente, porque   talizar edifícios da região histórica de Habana Vieja a
             estamos lidando com memórias que persistem”, concluiu.  partir de um projeto cuidadoso de gestão patrimonial;
                                                               de uma pizzaria no México que criou um modelo híbrido
             CASES DE GESTÃO                                   de negócio, no qual a cada cinco pedaços de pizza ven-
             A apresentação seguinte foi de Ana Carla Fonseca,   didos a empresa destina um para moradores de rua
             mestre em administração e doutora em urbanismo pela   com problemas com drogas; e de uma empresa chilena
             USP, assessora para a ONU e o BID em economia criativa   que, trabalhando simultaneamente com ancestralidade
             e cidades. Ela falou especialmente sobre seu trabalho com   e tecnologia, criou caixas de som feitas em estrutura de
             a Garimpo de Soluções, empresa que comanda ao lado   barro, a partir de técnicas tradicionais.
             de Alejandro Castañé, voltada para a economia criativa,   Última participante a falar, Katia de Marco apresentou
             soluções de negócios e desenvolvimento de cidades.   resumidamente o trabalho da Associação Brasileira de
             Fonseca apresentou cinco exemplos de projetos desenvol-  Gestão Cultural (ABGC) – que além do foco no ensino
             vidos ou que tiveram acompanhamento da empresa, entre   assume um papel de militância em causas culturais –,
             eles o concurso realizado para selecionar identidades visuais   da qual é fundadora e presidente, e levantou questões
             inovadoras para as sardinhas em Lisboa. O processo, que   sobre os desafios contemporâneos. Katia, que é também
             exemplifica como é possível trabalhar com as tradições e   coordenadora da pós-graduação em estudos culturais e
             com o patrimônio intangível de um lugar de forma original,   sociais na Universidade Candido Mendes e diretora do
             repercutiu de diversos modos na economia local. Uma antiga   Museu Antonio Parreiras (Niterói), destacou as diferenças
             empresa de cerâmicas, por exemplo, passou a produzir   marcantes entre as duas primeiras décadas do século 21
             louças estampadas com as ilustrações selecionadas no   no que se refere ao campo cultural no Brasil.


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