Page 32 - ARTE!Brasileiros #49
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SEMINÁRIO GESTÃO CULTURAL






             A GESTÃO CULTURAL EM TEMPOS


             DE CRISE ECONÔMICA E POLÍTICA





             SEMINÁRIO REALIZADO PELA ARTE!BRASILEIROS E PELO ITAÚ CULTURAL REUNIU GESTORES, ARTISTAS E ESPECIALISTAS
             PARA DEBATER OS DESAFIOS E CAMINHOS PARA A GESTÃO CULTURAL NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO; SAIBA O QUE
             FALARAM EDUARDO SARON, FABIO SZWARCWALD, JOCHEN VOLZ, GABRIELA NOUJAIM, JONATHAS DE ANDRADE, ANA
             CARLA FONSECA E KATIA DE MARCO


             POR MARCOS GRINSPUM FERRAZ. FOTOS ITAÚ CULTURAL/JÉSSICA MANGABA

















             REALIZADO NO DIA 21 DE OUTUBRO, em São Paulo, o   A primeira mesa, que contou também com a partici-
             seminário Gestão Cultural: Desafios Contemporâneos dis-  pação de Fabio Szwarcwald, diretor-presidente da EAV
             cutiu questões essenciais sobre gestão nos tempos atuais,   Parque Lage, e Jochen Volz, diretor da Pinacoteca de
             em um contexto de crises política e econômica vividas no   São Paulo, começou com a fala de Eduardo Saron,
             país. Dividido em duas mesas, o evento foi apresentado e   diretor do Itaú Cultural. “Em um momento tão deses-
             mediado pela diretora editorial da ARTE!Brasileiros, Patricia   tabilizado da nossa política nacional, um momento tão
             Rousseaux, que destacou em sua fala de abertura alguns   conservador – para não usar uma palavra mais dura
             dos temas que pautaram o debate.                  –, eu tendo a não querer debater onde está o erro do
             “Questões teóricas, jurídicas, econômicas e políticas   lado de lá, mas sim pensar no que nos permitiu che-
             sempre formaram parte de programas acadêmicos     gar neste momento. Alguma coisa deixamos de fazer
             e debates. Porém, a precarização dos investimentos   para que a sociedade nos visse de uma forma não tão
             estatais, a aceleração das mudanças socioculturais, a   meritória”, afirmou Saron.
             discussão sobre questões ambientais e migratórias, a   Segundo ele, ao mesmo tempo em que a sociedade ques-
             ascensão do debate sobre nossa história colonial, as   tiona a necessidade de investimento público em cultura
             questões de gênero e os movimentos de intento de   e o governo tenta criminalizar os artistas, “o mundo da
             censura às liberdades de expressão têm feito da cultura   cultura poucas vezes atravessa a rua para estabelecer
             um palco quase primordial de manifestações”, afirmou   empatia com o outro campo”. A partir deste diagnóstico,
             Rousseaux. “Esta situação apresenta verdadeiros desa-  Saron propôs uma análise do que aconteceu no Brasil
             fios aos gestores e diferentes agentes da cultura e da   nos últimos 20 anos, período em boa parte caracterizado
             arte contemporânea. É necessária uma extraordinária   por um crescimento econômico centrado no boom das
             flexibilidade, uma visão ampla, democrática e ética capaz   commodities e no fortalecimento das estatais como
             de entender as exigências do debate nas instituições   patrocinadoras da cultura.
             públicas e privadas”, completou.                  “E predominou uma política muito centrada na questão


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