Área externa do MAM SP recriada no Minecraft. Foto: Leonardo Sang / Divulgação.
Área externa do MAM SP recriada no Minecraft. Foto: Leonardo Sang / Divulgação.

Em parceria com a Microsoft e a Agência Africa, o MAM acaba de ser transportado para dentro do jogo Minecraft. No espaço da versão educativa do videogame – direcionada a escolas e estudantes -, é possível realizar visitas à uma réplica do museu, construir ou reconstruir obras de arte e aprender sobre a história da arte brasileira por meio de atividades lúdicas e virtuais.

De cara, a experiência já é interessante pela observação de como cada elemento do museu foi traduzido para a linguagem do Minecraft, um dos videogames mais populares da atualidade, caracterizado como uma espécie de lego digital que permite ao jogador construir ambientes e mundos virtuais.

Para a parceria com o MAM, além da recriação da sede e do Jardim de Esculturas do museu, a plataforma ainda reúne propostas de aulas com recortes temáticos a partir das obras de seu acervo; por enquanto já estão disponíveis quatro propostas. Em uma delas, por exemplo, é sugerido ao educador que leve a sua turma para um passeio no Jardim de Esculturas, possibilitando a abordagem de questões ligadas à interação do público com a obra fora do museu, ao feitio da peça (já que elas ficam expostas ao ar livre) e sua preservação. Depois da troca de ideias, os alunos podem construir suas próprias esculturas e apresentá-las aos seus colegas, refletindo sobre sua criação e relacionando com as questões levantadas anteriormente.

Vale notar também que, na versão educativa do Minecraft, professores, ou outro adulto responsável pela condução do jogo, têm controle do que os jogadores fazem e podem incluir blocos para limitar a área de atuação no mapa, não só demarcando os limites do território, mas também indicando onde os jogadores poderão construir ou não. Outra ferramenta do game é a lousa, que trará as orientações para realização das atividades e informações e links ao site do MAM sobre as obras de arte tratadas na aula. “A parceria dialoga com a missão do MAM em investir na formação cultural, educacional e artística da sociedade”, afirma Mariana Guarini Berenguer, presidente do museu, ao ressaltar que a arte é um dos elementos fundamentais para a construção da cidadania.

Para a estreia do projeto, como uma forma de mostrar esse mundo virtual, foi realizado um filme dentro do game, com criação de um avatar de Lázaro Ramos, com locução do próprio ator. A filmagem ficou sob a direção de Rog Souza, da Tropical – produtora parceira de MAM no Minecraft – e a documentação fotográfica do jogo foi feita por Leonardo Sang, criador do projeto VRP (Virtual Reality Photography), que aplica técnicas fotográficas aos espaços virtuais do jogo.

Primeira fase do projeto

Em sua primeira fase, o jogo trará obras do acervo do MAM-SP que dialogam formalmente com as formas geométricas, uma das principais características do Minecraft. 

O recorte enfatiza a arte construtiva e geométrica, seja como desdobramento, ruptura ou reinvenção desse estilo que surgiu no Brasil nos anos 1950 e que faz parte da história do MAM. Em 1952, o museu foi palco do lançamento do Manifesto Ruptura, encabeçado por alguns dos maiores nomes da arte concreta brasileira, como Geraldo de Barros, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto e Waldemar Cordeiro. O movimento defendia uma renovação das artes visuais e a vertente construtiva contra a figuração latente na época. O evento foi um marco fundamental para a arte concreta brasileira e sua posterior “dissidência”, a arte neoconcreta. 

Por hora, o ambiente virtual do MAM no Minecraft vai destacar 18 obras de artistas contemporâneos que fizeram parte dos movimentos concreto e neoconcreto ou que beberam dessas fontes. São trabalhos emblemáticos de Antônio Lizárraga, Athos Bulcão, Amilcar de Castro, Ary Perez e Denise Milan, Emanoel Araújo, Elisa Bracher, Franz Weissman, Guto Lacaz, Hélio Oiticica, Luiz Sacilotto, Mônica Nador e Renato Imbroisi, Sérgio Sister, Sérgio Camargo e Paulo Pasta.

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