Quem me apresentou a obra de Miguel Bakun foi Eliane Prolik. Em uma das inúmeras visitas que fiz a Curitiba no início dos anos 1990, a então jovem artista certo dia me ofereceu uma cerimônia especial de boas-vidas: após me buscar no aeroporto, me levou a uma exposição do artista numa das instituições da cidade (teria sido o Museu de Arte Contemporânea? Não me lembro mais ao certo). Diante de minha reação, na sequência me levou para visitar uma coleção particular em que outras obras do artista se destacavam.
Com esse encantamento perante as pinturas daquele Bakun, até então um completo desconhecido para mim, Eliane parecia confirmar o acerto de sua proposta: como era gratificante apresentar a um então jovem crítico de São Paulo a obra de um artista excepcional e praticamente desconhecido fora do Paraná, um filho de imigrantes ucranianos, nascido no interior do Estado em 1909 e que morrera tragicamente em 1963.
Mas só depois fiquei sabendo desses fatos. Meu encontro com Bakun, graças à sensibilidade de minha amiga, digamos, foi a frio. Sem biografia que sublinhasse traços românticos ou romantizados, fui levado direto à sua obra, que se revelou como uma verdade sobre a existência da pintura enquanto celebração da vida das coisas porque era – em cada um dos quadros por ele pintados –, uma celebração da própria pintura.
Daquele primeiro contato até hoje, Bakun ficou para mim como uma das principais referências sobre como determinados procedimentos nascidos durante o início da arte moderna internacional (impressionismo, pós-impressionismo etc.) podiam medrar em países periféricos como o Brasil, anos depois de seus respectivos nascimentos na Europa; como alguns artistas, anos depois, tinham a capacidade de torna-los de novo atuais e, de certa maneira, fundamentais para uma compreensão mais abrangente sobre cada um deles, sobre seus desvios e aprofundamentos. O encontro com a obra de Bakun, naquela manhã fria de Curitiba, me ajudou a entender que devia haver uma história dos reaparecimentos das vertentes modernas em localidades isoladas desse mundo de meu Deus, reaparições que desmentiam qualquer sentido de “ideia fora do lugar” ou do tempo. Foi como descobrir que o pós-impressionismo nas produções do paranaense ali reaparece porque, para se completar enquanto forma de enxergar o mundo, aquela vertente necessitava de Bakun.
(O primeiro resultado mais importante desse meu encontro com a obra de Miguel Bakun foi a inclusão de sua obra na mostra “Bienal Brasil Século XX (São Paulo, 1994) no segmento “Modernismo”, sob minha responsabilidade e de Annateresa Fabris).
Bakun se tornou Bakun porque, em certo período, teve um contato forte com outro artista brasileiro significativo como José Pancetti, mas Bakun se tornou ele mesmo porque também se impregnou da visualidade criada por Van Gogh escrutinado por meio de revistas e livros. Em certa medida (aliás, como Iberê Camargo em seus inícios), visualizar o artista holandês por meio de reproduções permitiu-lhe descobrir que a pintura não era apenas o assunto tratado, mas que ele (o assunto) só poderia existir pela construção da forma, que se dá pelo agenciamento da cor e do gesto sobre a matéria.
A obra que Bakun, retirando de si mesma a condição de mera repetidora de estilemas criados pelos mestres do passado moderno por meio da realização plena de pintura, no aqui e agora, tem o poder de propiciar ao espectador o prazer (intraduzível em palavras) de uma pintura que se manifesta em sua totalidade no próprio ato de visualiza-la.
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Estas lembranças e considerações surgiram a partir da visita à mostra “Miguel Bakun”, na Simões de Assim Galeria de Arte, em São Paulo, em cartaz até 14 de dezembro próximo. Uma exposição impecável que tomou como partido restringir a produção apresentada às obras que antecedem a última fase do artista, atitude perfeitamente compreensível dado, inclusive, às limitações do espaço. Porém, ao não apresentar exemplares da última fase do artista, a Galeria fica devendo ao público paulistano uma exposição em que contemple, justamente, os derradeiros anos de Bakun. Nesse período, me parece, sua visão animista (perceptível, de maneira sutil em algumas das obras apresentadas) ganhará uma força transgressora e desconcertante e que, sob determinados aspectos, consegue ir além de onde chegou a própria pintura Van Gogh.

Enquanto essa nova exposição não ocorre, sugiro ao leitor que assista ao documentário Autorretrato de Bakun (1984), de Sylvio Back, uma demonstração cabal do quanto um documentário sobre a obra de um determinado artista pode se transformar, ele mesmo, numa obra de arte. Back, em Autorretrato de Bakun, longe de assumir um tom historicista ou “crítico”, mergulha de cabeça na complexa subjetividade do artista, recriando-a enquanto arte. Assim, fica aqui a dica para este final de semana: Bakun e Back.
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Em cartaz no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ apresenta trabalhos de 46 novos talentos das artes visuais do Brasil, selecionados entre mais de 700
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Em cartaz no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ apresenta trabalhos de 46 novos talentos das artes visuais do Brasil, selecionados entre mais de 700 inscritos pelos curadores Camila Fontenele e Tiago Gualberto, na ocasião em que são celebrados os 35 anos da mostra idealizada por Janete Polo Melo, ex-técnica sociocultural da Unidade que, em 1989, lançou a primeira edição da MAJ em parceria com o Centro de Comunicação e Artes da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Vitrine e agente de visibilidade e incentivo para a produção de artistas com idade entre 15 e 30 anos, ao longo de mais de três décadas, a MAIOR tem permitido a jovens talentos de todas as regiões do país expressarem sua criatividade por meio de manifestações artísticas diversas, como pinturas, gravuras, esculturas, intervenções e performances, movimentando o cenário artístico do interior paulista e ampliando a discussão da diversidade socioeconômica e cultural. A exemplo de edições anteriores, na ocasião da abertura da 31ª edição os curadores também farão o anúncio dos três artistas contemplados com o Prêmio Incentivo.
Movida pelo propósito de facilitar o acesso ao universo das artes e de difundir e projetar novos artistas para o Brasil e para o cenário internacional, a exposição coletiva do Sesc Ribeirão Preto contribuiu para a revelação de importantes nomes das artes visuais, como Jaime Lauriano, Marcelo Moschetta, Cordeiro de Sá, Beta Ricci, Felipe Góes, Fabricio Sicardi, Renata Lucas, Nilton Campos, Sofia Borges e Renato Rebouças, além de artistas indicados ao Prêmio PIPA, como Carla Chaim (2016), Talles Lopes (2022 e 2024) e Vulcanica Pokaropa (2024), entre outros.
Com mais de 600 talentos apresentados ao público ao longo de 35 anos, a 31ª edição da MAJ compõe um painel de diversidade étnica que incluiu brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas. Nesta edição, os artistas selecionados pelos curadores vêm de nove estados do Brasil – São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco, Pará, Minas Gerais e Amazonas – e do Distrito Federal.
Confira a seguir a lista completa de artistas presentes na 31ª MAJ:
Abner Sigemi – Amauri – Anna Lívia Taborda – Bárbara Savannah – Bruno Benedicto – Cho – Cicero Costa – Diego Rocha – Diez – Donatinnho – Estela Camillo – Felipe Rezende – Giovanna Camargo – Gu da Cei – Gustavo Ferreira – Hanatsuki – Isabela Picheth – Isabella Motta – Isabelle Baiocco – Ítalo Carajá – Janaína Vieira – Juniara Albuquerque – Kaori – Kelly Pires – Kuenan Tikuna – Leid Ane – Lorre Motta – Lucas BRACO – Lucas Gusmão – Lucas Soares – Luiza Poeiras – Mar Yamanoi – Mariana Simões – MAVINUS – Murillo Marques – Nat Rocha – Níke Krepischi – O Tal do Ale – Okarib – Pedro Mishima – Rayane Gomes – Samuel Cunha – Sophia Zorzi – Vitor Alves – Yan Nicholas – Yanaki Herrera
Processo curatorial
No texto curatorial da exposição, elaborado a partir de reflexões registradas em um longo diálogo entre Camila Fontenele e Tiago Gualberto, uma preocupação norteou o processo elaborado por eles a partir de setembro de 2023: a complexidade de selecionar um recorte diante de um número expressivo de artistas aspirantes a expor seus trabalhos na 31ª MAJ.
“Ao observar as 722 inscrições – que passaram por três fases de seleção, inicialmente 114, depois 72, até chegarmos às 46 pessoas selecionadas – percebo a forma fluida e coerente com que esses trabalhos se fortalecem reciprocamente, ao mesmo tempo em que também geram tensões e contrastes”, afirma Camila.
“Tão importante quanto reconhecer o mérito das investigações de destaque desse conjunto de 722 artistas aos quais nos dedicamos é compreender o papel formativo e educador construído ao longo das dezenas de edições da MAJ. Isto é, o gesto de laurear um conjunto representativo dessa arte jovem não deve se separar do gesto de escuta e oferta de condições de aperfeiçoamento aos demais artistas não selecionados. Em termos curatoriais, as centenas de pesquisas não selecionadas serviram como um grande coral de vozes a nos guiar para a identificação de pautas, agendas, reivindicações sociais, políticas e estéticas”, conclui Gualberto.
Com abertura ao público às 19h30 do dia 5 de dezembro, no Sesc Ribeirão Preto, a 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ posteriormente poderá ser visitada no horário normal de funcionamento da unidade: de terça a sexta, das 13h30 às 21h31; aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h. Com acesso livre e gratuito, a exposição fica em cartaz até 8 de junho de 2025.
Serviço
Exposição | 31ª Mostra de Artes da Juventude – MAJ
De 6 de dezembro a 8 de junho
Terça a sexta, 13h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, 9h30 às 18h
Período
6 de dezembro de 2024 13:00 - 8 de junho de 2025 21:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Ribeirão Preto
Rua Tibiriça, 50, Centro, Ribeirão Preto - SP
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A Casa Seva, em parceria com a Galeria Vermelho e com curadoria de Ana Carolina Ralston, convida para a abertura da exposição Claudia Andujar: Flora. A mostra reúne uma
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A Casa Seva, em parceria com a Galeria Vermelho e com curadoria de Ana Carolina Ralston, convida para a abertura da exposição Claudia Andujar: Flora. A mostra reúne uma série de imagens que exaltam a beleza e a complexidade ambiental da natureza, permitindo um mergulho sensorial na visão da renomada fotógrafa suíça radicada no Brasil.
A exposição apresenta dez registros da floresta amazônica, capturados por Andujar nos anos 70. As ampliações dessas fotografias possibilitam ao espectador uma experiência imersiva, dividida em dois núcleos expositivos dentro da Casa Seva, espaço independente voltado à arte, natureza e sustentabilidade. No primeiro, as imagens impressas em papel algodão ressaltam a maestria da artista no uso da luz e sua composição poética. Já no segundo núcleo, a projeção de três fotografias sobre tecidos cria uma atmosfera envolvente, permitindo que os visitantes interajam diretamente com a obra.
Além do impacto estético, Claudia Andujar: Flora resgata a mensagem essencial da artista: a importância da preservação da Amazônia. Publicadas originalmente na revista Realidade em uma edição especial sobre a região, essas imagens servem como um alerta para a devastação ambiental e a necessidade de proteger esse ecossistema vital. Como a própria Andujar afirma, “sem a natureza não dá para continuar a viver”.
Serviço
Exposição | Claudia Andujar: Flora
De 13 de fevereiro a 12 de abril
Terça a Sexta, das 11 às 18h, sábado, das 11 às 15h
Período
13 de fevereiro de 2025 11:00 - 12 de abril de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Casa Seva
Al. Lorena, 1257 - Casa 1, Jardins, São Paulo - SP
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Um conjunto que mescla escultura, instalação e vídeo reorganiza a ambientação da galeria. Seguindo os procedimentos de sua última individual na Central, ‘Montanhas nos observam em time-lapse’ (2019), Manhães
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Um conjunto que mescla escultura, instalação e vídeo reorganiza a ambientação da galeria. Seguindo os procedimentos de sua última individual na Central, ‘Montanhas nos observam em time-lapse’ (2019), Manhães propõe alterações na iluminação do espaço e recorre a recursos sonoros para compor a percepção de uma “floresta inventada”, como pontua a artista.
‘O lado de fora dos olhos fechados’ marca a mudança na prática da artista, que, após um período de silêncio, experimenta novos materiais e soluções formais para as obras apresentadas. “Meu interesse é entrar em algo que não tenha nome, que não seja nem instalação, nem escultura, e sim, todas as coisas juntas” conta Manhães.
Manhães foca, nesta exposição, na invenção de organismos e seus espaços próprios. “Seres organizados em círculo nesta sala, como num alinhamento megalítico, evocam a distribuição de elementos numa floresta, onde habitam entes que vemos e que não vemos. Ronda o mistério; sinto que há um ritual em curso, embora não seja capaz de nomeá-lo.” escreve Ana Avelar, que assina o texto crítico da mostra.
Durante a abertura, que acontece entre 15h e 18h, a artista Mayla Goerisch apresenta uma peça sonora que se inspira e dialoga com a exposição ‘O Lado de Fora dos Olhos Fechados’.
Serviço
Exposição | O lado de fora dos olhos fechados
De 17 de fevereiro a 30 de abril
Segunda a sextas, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Período
17 de fevereiro de 2025 11:00 - 30 de abril de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Central Galeria
Rua Bento Freitas, 306 / subsolo vila buarque / 01220-000 são paulo
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Após passar por Brasília e Salvador, a exposição Nhe´ ẽ Se desembarca na CAIXA Cultural de São Paulo, reforçando a presença das culturas indígenas em uma das maiores cidades
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Após passar por Brasília e Salvador, a exposição Nhe´ ẽ Se desembarca na CAIXA Cultural de São Paulo, reforçando a presença das culturas indígenas em uma das maiores cidades da América Latina. A visitação é gratuita, de terça a domingo, das 9h às 18h.
A mostra reúne obras de treze artistas indígenas contemporâneos de diversas regiões, evocando uma jornada de memória, resistência e renovação através das vozes, visões e fluxos de Guaranis, Pankararus, Mura, Tukanos, Molina, entre outros povos. A exposição mescla artistas já renomados com novos nomes: Aislan Pankararu, André Hulk, Auá Mendes, Daiara Tukano, Day Molina, Déba Tacana, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Glicéria Tupinambá, Paulo Desana, Rodrigo Duarte, Tamikuã Txihi, Xadalu Tupã Jekupé, e Yacunã Tuxá.
A curadoria é assinada por Sandra Benites e Vera Nunes. Sandra, da etnia Guarani Nhandeva (MS), é pesquisadora e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ, tendo se tornado a primeira curadora indígena no Brasil a integrar a equipe de um museu. Por sua vez, Vera Nunes é uma das principais mulheres na liderança de projetos artísticos de grande escala no país e pesquisadora em arte pública, gênero, raça e interseccionalidades.
A exposição nasceu a partir de uma pesquisa acadêmica de Benites e revela o desejo de fala dos povos indígenas, tem o patrocínio da CAIXA e do Governo Federal e é idealizada e realizada pela Via Press – Comunicação & Cultura, que atua há 26 anos no mercado, com foco no desenvolvimento de projetos culturais e em ações de comunicação estratégica.
São Paulo: entre rios
Em meio aos prédios e todo o cenário urbano de São Paulo, a exposição mergulha Nhe´ ẽ Se nas formas como os povos indígenas enxergam a vida, a comunidade e a natureza. Desde a origem do mundo, os rios são vistos como as veias da terra e canais que conectam o mundo físico ao espiritual, fornecendo sustento e equilíbrio.
Entrecortada por mais de 300 rios e córregos, como Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, São Paulo é uma cidade rodeada de água. Porém, ao longo de sua construção, os rios foram soterrados pelo asfalto. De acordo com as curadoras Sandra Benites e Vera Nunes, a exposição incorpora com um olhar sensível e feminino, essa dicotomia entre a relação espiritual dos povos indígenas com as águas, e a forma como, em São Paulo, esses rios soterrados, por vezes emergem em intensas chuvas de verão, causando o lembrete de uma vida ainda pulsante.
“Nossa ideia é refletir sobre os rios e o fato de que essa cidade é uma terra indígena, a qual o seu povo, assim como as águas, também foi soterrado e silenciado. Mas é hora de Nhe´ ẽ Se: o desejo de fala.”, explica.
Novo manto tupinambá
A exposição traz o lançamento exclusivo de um manto desenvolvido pela artista Glicéria Tupinambá, natural da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia.
O “Assojaba Tupinambá” é uma vestimenta sagrada, utilizada em rituais e composta por penas de aves nativas. Segundo a artista, a indumentária representa para o povo Tupinambá uma confluência entre a dimensão espiritual, o meio ambiente, a economia, a agroecologia e a transmissão de saberes. O manto também simboliza a relação da invisibilidade das mulheres e o apagamento da cultura indígena ao longo dos anos.
Os mantos Tupinambá são vestimentas sagradas feitas de penas de aves e utilizadas por lideranças indígenas do povo Tupinambá antes da colonização europeia. Eles simbolizavam poder, espiritualidade e pertencimento e eram usados em rituais importantes. No período colonial, os portugueses coletaram diversos artefatos indígenas, incluindo os mantos, que foram levados para museus e coleções europeias.
O primeiro manto que Glicéria teve oportunidade de conhecer pessoalmente foi na França. Desde então, além de reivindicar a devolução desses artefatos, a artista tem sido fundamental no processo de recuperação e valorização da cultura, recriando os mantos e resgatando o conhecimento ancestral.
As obras
Com uma mescla de artistas, a exposição traz diversas linguagens. É possível ver obras mais alinhadas à arte urbana, como as da artista Daiara Tukano, natural de São Paulo, do povo Yepá Mahsã, mais conhecido como Tukano. Além dos artistas manauaras Auá Mendes e André Hulk, que já realizaram diversos grafites em São Paulo; e de Xadalu Tupã Jekupé, natural de Alegrete, no Rio Grande do Sul.
Também estão presentes as cores de Yacunã Tuxá, de Rodelas, no sertão baiano, e de Tamikuã Txihi, artista que atua na liderança da Terra Indígena Pataxó, da Bahia. Txihi atualmente reside em São Paulo para ajudar na recuperação da Terra Indígena Jaraguá, na zona oeste.
Já Aislan Pankararu, de Petrolândia, no interior de Pernambuco, traz obras com argila; e Paulo Desana, do povo Desana, utiliza luz neon para iluminar o rosto de corpos indígenas. No campo audiovisual, os registros fotográficos do mineiro Edgar Kanaykõ Xakriabá, que se dedica a narrar o cotidiano de sua aldeia; além do vídeo arte de Rodrigo Duarte.
Destaque também para as esculturas em cerâmica de Déba Tacana, pertencente ao povo Tacana, no estado de Rondônia, fronteira com a Bolívia; e para a estilista de moda Day Molina, que traz a obra “Encantaria”, uma vestimenta com palhas, penas e demais elementos indígenas.
Serviço
Exposição | Nhe´ ẽ Se
De 18 de fevereiro a 11 de maio
Terça a domingo, das 9h às 18h
Período
18 de fevereiro de 2025 09:00 - 11 de maio de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 – Centro – SP
Detalhes
A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito,
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A partir dos anos 1930, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, se posicionando e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época estará presente na mostra Arte Subdesenvolvida, que ficará em cartaz entre 19 de fevereiro e 05 de maio de 2025, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). Com a curadoria de Moacir dos Anjos e produção da Tuîa Arte Produção, a exposição terá entrada gratuita, mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site do CCBB.
O conceito de subdesenvolvimento foi corrente por cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa.
A mostra, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, esculturas, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentos. São peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago cedidas pelo Museu de Arte do Rio – MAR.
Após a temporada carioca, a exposição segue para o CCBB Brasília, ainda em 2025.
PRINCIPAIS DESTAQUES
Peças de grande importância para a cultura nacional estão presentes em Arte Subdesenvolvida. Duas obras de Cândido Portinari, Enterro (1940) e Menina Ajoelhada (1945), fazem parte do acervo da exposição. Muitas pinturas do artista figuram o desespero, morte ou fuga de um território marcado pela falta de quase tudo.
Outra obra que também se destaca na mostra é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. Ela é composta por dois sacos cheios com arroz e feijão, alimentos típicos de qualquer região do Brasil, envoltos por um laço preto. Esse laço é símbolo do luto, como aponta a artista. O público também terá acesso a uma série de fotografias da artista intitulada Aos Poucos.
Outro ponto alto da mostra é a obra Sonhos de Refrigerador – Aleluia Século 2000, de Randolpho Lamonier. “A materialização dos sonhos tem diversas formas de representação, que inclui um grande volume de obras têxteis, desenhos e anotações feitos pelas próprias pessoas entrevistadas, objetos da cultura vernacular e elementos que remetem à linguagem publicitária”, ressalta o artista. “Entre os elementos que compõem a obra, posso listar, além dos têxteis, neons de LED, letreiros digitais, infláveis, banners e faixas manuscritas, até conteúdos sonoros com relatos detalhados de alguns sonhos”, completa Lamonier.
Assim como em SP e BH, lúdica e viva, a instalação multimídia realizará também um inventário de sonhos de consumo dos cariocas, que inclui desde áudios e manuscritos das próprias pessoas entrevistadas a objetos e peças têxteis. Vai ocupar toda a Rotunda do CCBB Rio e, como explica o curador Moacir dos Anjos, “faz uma reflexão, a partir de hoje, sobre questões colocadas pelos artistas de outras décadas”.
Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras terão obras expostas na mostra, entre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.
No período em que a exposição ficará em cartaz no CCBB RJ serão realizadas atividades educativas integradas, como a palestra “Arte e subdesenvolvimento no Brasil” com o curador e pesquisador Moacir dos Anjos. O evento discutirá os modos como a arte brasileira reagiu à condição de subdesenvolvimento no país entre as décadas de 1930 e início da de 1980. E como ela incorporou, temática e formalmente, os paradoxos dessa condição. Discussão que importa para entender a recente virada política na arte brasileira contemporânea. A palestra conta com tradução simultânea em LIBRAS.
O SUBDESENVOLVIMENTO EM DÉCADAS
A exposição será dividida por décadas. No primeiro eixo, Tem Gente com Fome, apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento. “São de 1930 e 1940 os artistas e escritores que começam a colocar essa questão em pauta”, afirma o curador Moacir dos Anjos.
No segundo eixo, Trabalho e Luta, haverá uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, entre outras regiões do Brasil onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos e melhores condições de trabalho.
Já o terceiro bloco se divide em dois. Em Mundo e Movimento “a política, a cultura e a arte se misturam de forma radical”, explica Moacir. Nessa seção há documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Na segunda parte, Estética da Fome, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião. “Nessa época houve muita inventividade que acabou sendo tolhida depois da década de 1960”, completa o curador.
O último eixo da mostra, O Brasil é Meu Abismo, traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro. “São trabalhos mais sombrios e que descrevem os paradoxos que existiam no Brasil daquele momento, como no texto O Brasil é Meu Abismo, de Jomard Muniz de Britto”, finaliza o curador.
Serviço
Exposição | Arte Subdesenvolvida
De 19 de fevereiro a 05 de maio
Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras
Período
19 de fevereiro de 2025 09:00 - 5 de maio de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ)
Rua Primeiro de Março, 66 –Centro, Rio de Janeiro - RJ
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A Portas Vilaseca inaugura o seu calendário anual de exposições com “Carnaval Crypto“, primeira individual do artista Randolpho Lamonier no Rio de Janeiro. Com texto crítico de Bernardo José
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A Portas Vilaseca inaugura o seu calendário anual de exposições com “Carnaval Crypto“, primeira individual do artista Randolpho Lamonier no Rio de Janeiro. Com texto crítico de Bernardo José de Souza, a mostra apresenta um conjunto de obras que têm como cenário um carnaval em meio a uma crise financeira, geopolítica e ambiental.
Reunindo cerca de 30 trabalhos produzidos ao longo dos últimos cinco anos, incluindo obras inéditas, a narrativa da exposição se constroi na aproximação de diferentes materiais e técnicas que fazem parte do repertório do artista, como têxtil, assemblage, serigrafia, pintura, video e neon.
As obras enunciam um campo de sensações tão amplo quanto sua variedade técnica: das cenas íntimas descritas pelas naturezas-mortas da série Bittersweet Haiku, aos excessos de desinformação, click-baits e ruídos digitais em Scroll Series, passando pelo sarcasmo insólito de Tropicália Lixo Lógico.
Neste recorte da produção recente de Lamonier, personagens históricos, mitológicos e figuras da cultura pop coexistem nos excessos de um carnaval pós-apocalíptico espalhado pelas ruas de um Brasil que derrete sob um mundo que desaba.
Serviço
Exposição | Carnaval Crypto
De 20 de fevereiro a 26 de abril
Terça a sexta-feira, das 11:00 às 19:00, sábados, das 11:00 às 17:00
Período
20 de fevereiro de 2025 11:00 - 26 de abril de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Portas Vilaseca Galeria
Rua Dona Mariana, 137, casa 2, Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
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Junte-se a nós no dia 22 de fevereiro, sábado, às 18h, para a abertura do ABRE ALAS 20, uma exposição histórica que há duas
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Junte-se a nós no dia 22 de fevereiro, sábado, às 18h, para a abertura do ABRE ALAS 20, uma exposição histórica que há duas décadas inaugura o calendário de exposições d´A Gentil Carioca no Rio de Janeiro, sendo uma importante plataforma para artistas do Brasil e exterior. A cada edição, novos artistas são selecionados por meio de uma chamada aberta e um comitê curatorial, garantindo um panorama da produção contemporânea e promovendo um diálogo vibrante entre diferentes culturas, linguagens e expressões artísticas.
Este ano, é uma alegria apresentar esta exposição com a curadoria de Ana Carolina Ralston, Bianca Bernardo, Catarina Duncan e Thayná Trindade, além de Georgiana Rothier, fundadora da Residência Artística Ybytu. Juntas, elas selecionaram 34 artistas entre 607 portfólios, que refletem os diferentes contextos e linguagens da arte contemporânea, compondo uma exposição plural e diversa. Participam desta edição:
Almeida da Silva, Amori, Anti, Asmahen Jaloul, Badu, Blecaute, Bruno de Souza, Carolina Marostica, Cecilia Avati, Dandara Catete, Helena Rodrigues, João Machado, Ju Morais, Lucas ururahy, Lui Trindade, Ma Konder, Matheus de Simone, Mayra Sergio, Mônica Barbosa, Naia Ceschin, Natalia Quinderé, Perola Santos, Rainha F, Shay Marias, Sophia Pinheiro, Stefanie Queiroz, Tayná Uraz, Thais Basilio, Thais Borducchi, Thaís Muniz, Trompaz, Vix Palhano, Waleff Dias, Washington da Selva.
Ao longo dos últimos anos, mais do que uma exposição, o Abre Alas se tornou um lugar de festa, encontro e experimentação, onde a arte assume as formas e os reflexos brilhantes da potência criativa de seus participantes. Além da exposição coletiva e do tradicional concurso de fantasias, o evento contará com uma programação de performances e DJs.
Serviço
Exposição | ABRE ALAS 20
De 22 de fevereiro a 26 de abril
De segunda a sexta, das 12h às 18h, sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio)
Período
22 de fevereiro de 2025 12:00 - 26 de abril de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020