Page 69 - ARTE!Brasileiros #58
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caso o intelectual se dedicasse mais
a ela e não se dispersasse em
agrados aos donos do poder.
***
Grupo dos Cinco, obra que
pertencia a Mário de Andrade,
hoje faz parte do acervo do
Instituto de Estudos Brasileiros da
USP – um dos centros de pesquisa
mais significativos para o
processo de institucionalização
do modernismo de São Paulo.
Além do desenho de Anita, o
Instituto preserva também obras
fundamentais para a
compreensão da arte no Brasil
nas primeiras décadas do século
passado. Faz-se necessário agora
que mais estudiosos atentem para
a importância de todas elas, para
uma compreensão menos
idealizada do movimento
modernista e seus possíveis
desdobramentos.
Nu, 1934, de Gastão Worms, do Acervo da
Pinacoteca do Estado de São Paulo
[1] O Retorno à Ordem foi um fenômeno Música, ECA USP, 2021, pág. 186. [10] Sobre como Mario de Andrade recebe a
internacional ocorrido no período entre as [4] HELIOS (Menotti del Picchia). “Corações em produção de Candido Portinari, consultar:
duas guerras mundiais, em que artistas e êxtase...”. Correio Paulistano, 01 de setembro CHIARELLI, Tadeu. Pintura não é só beleza.
críticos superaram a adesão total ou parcial de 1922 p.5 Op. cit. pág. 41 e segs.
às correntes das vanguardas históricas, [11] ANDRADE, Oswald. Diário confessional
percebendo-as como mais outros itens do [5] Idem. (org. de Manoel da Costa Pinto). São Paulo:
passado. [6] ANDRADE, Mario. “Prefácio Companhia das Letras, 2022.
[2] O senador assinava seus poemas como interessantíssimo”. Pauliceia desvairada, [12] A preocupação com a produção de uma arte
Jacques D´Avray. Freitas Valle era uma figura 1922. In ANDRADE, Mario. Poesia completa. “nacional” era como que um prerrequisito
importante na cena paulistana, não apenas Ed. crítica de Dileia Z. Mafio. Belo Horizonte: para que os pintores fossem aceitos no
Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1987. Pág. 60.
por seu salon semanal, mas, sobretudo por [7] Amédée Ozenfant, Charles-Edouard universo modernista de São Paulo. Anita,
FOTO: REPRODUÇÃO | PINACOTECA DE SÃO PAULO [3] Flávia Rejane Prando, em sua tese sobre [8] Apud: CHIARELLI, Tadeu. Pintura [13] ANDRADE, Mário de. “O Movimento
ser o responsável pela bolsa de estudos que
quando deixou as experiências alemãs e
o estado de São Paulo concedia a jovens
norte-americanas, deu pouca atenção para
Jeanneret, Après le Cubisme,1918. Citato em:
artistas plásticos e músicos.
BALL, Susan L. Ozenfant and Purism. The
esse problema, o que acabou deixando-a à
Evolution of a Style 1915-1930). Yale University,
margem de todo o processo.
o circuito do violão na primeira metade do
1978, pag.36.
século XX em São Paulo, faz referência a
modernista”. In Aspectos da literatura
Mario Amaral Souza, como um importante
brasileira. 5ª. São Paulo, Martins, 1974.
não é só beleza. Florianópolis: Letras
violonista da cidade que teria morrido moço,
Contemporâneas, 2007, pág. 41 e segs.
[14] Del Picchia faleceu em 1988; Mario de
entre 1925 e 1928. A autora cita uma obra de
Andrade, em 1945; Oswaldo de Andrade, em
[9] Sobre como Mário de Andrade recebe a
Mario Amaral – “Céu Azul” - que, por sua
1954; Anita, em 1964 e Tarsila, em 1973.
produção de Lasar Segall, consultar: “Segall
vez será mencionada na crônica de Helios.
PRANDO, Flávia Rejane. O mundo do violão
Gedeão do modernismo (org. Yoshie
em S. Paulo: processos de consolidação
pintura do artista”. IN CHIARELLI, Tadeu.
Um modernismo que veio depois. São Paulo:
do circuito do instrumento na cidade (1890-
Sakiyana Barreirinhas). Rio de Janeiro:
1932). São Paulo: Tese de Doutorado. PPG realista: algumas considerações sobre a [15] Refiro-me a DEL PICCHIA, Menotti. O
Alameda, 2012. Pág. 87 e segs.
Civilização Brasileira, 1983.
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