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ENTREVISTA ROSÂNGELA RENNÓ






                         OS TEMPOS


                         ENTRELAÇADOS DE



                         ROSÂNGELA RENNÓ






                                         Exposição na Estação Pinacoteca apresenta um leque
                                         amplo de pesquisas elaboradas pela artista mineira ao
                                         longo de 35 anos de carreira, boa parte delas tendo como
                                         principais elementos a memória e a imagem fotográfica

                                         por maria hirszman




            a obra De rosÂngela rennó será revisi-
            tada numa grande exposição antológica, a ser
            inaugurada na Estação Pinacoteca, em 2 de
            outubro, dando oportunidade ao público de
            ver em conjunto a potência de sua produção.
            Tendo como principais elementos a memória
            e a imagem, sobretudo a fotográfica, a artista
            desconstrói estruturas de perpetuação do
            poder, ilumina perversões sociais e traz à tona
            artifícios da nossa ordem social que nos aju-
            dam a iluminar e desconstruir naturalizações
            que por vezes parecem inabaláveis.
               Com curadoria de Ana Maria Maia, a mos-
            tra apresenta um leque amplo de pesquisas
            e questões elaboradas pela artista ao longo
            de 35 anos. Lá estão trabalhos antológicos,
            como as séries Vermelha (Militares), Vulgo ou
            Apagamentos, mesclados a obras pouquíssimo   Rosângela Rennó
            vistas, do início da carreira, ou pesquisas iné-
            ditas no Brasil como Eaux de Colonies (2019).   arte!brasileiros – Essa exposição revisita toda a sua car-
               Enfim, Pequena Ecologia da Imagem, título   reira? Pode ser considerada uma grande retrospectiva?
            da exposição que deriva de um trabalho feito   Rosângela Rennó - Ela é grande, mas não é retrospec-
            em 1988, aponta para o núcleo poético em      tiva. Primeiro porque a palavra retrospectiva já me deixa   FOTOS: GABRIELA LIMA | ROSÂNGELA RENNÓ | THIAGO BARROS
            torno do qual Rosângela orbita, marcado por   em pânico, nos coloca com uma certa idade que a gente
            tempos entrelaçados, pelo recurso persis-     se recusa a admitir que tem. Mas também porque muita
            tente a imagens de âmbito privado e por um    coisa ficou de fora, o que é natural em qualquer exposição.
            fascínio por tirar da invisibilidade de arquivos   Ela foi conduzida para ter um certo tipo de obra e uma
            e histórias anônimas, aspectos que ela aborda   temperatura. Se de fato fosse para ser retrospectiva, a
            na entrevista a seguir.                       gente teria que abranger outras questões.

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