Page 44 - ARTE!Brasileiros #53
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ENTREVISTA ARACY AMARAL


            UMA PESQUISADORA


            MOVIDA PELA


            CURIOSIDADE


            E PELO RIGOR





                        Observadora atenta da cena
                        cultural desde a década de
                        1950, a crítica, pesquisadora
                        e historiadora da arte Aracy
                        Amaral fala sobre sua formação,
                        trajetória e sobre o desafio
                        de fazer uma curadoria em
                        tempos de pandemia

                        por maria hirszman





                                                                    Aracy Amaral: “É uma batalha permanente”



            irreQuieta, araCY amaral continua encarando o   o presente que ela conversou com a ARTE!Brasileiros.
            desafio de buscar caminhos para uma maior compreen-  Na entrevista a seguir, ela fala sobre seus anos de
            são da arte e da cultura nacional. A despeito das enormes   formação, sobre a experiência à frente de instituições
            dificuldades impostas pela pandemia, vem trabalhando   como a Pinacoteca do Estado e o Museu de Arte
            intensamente nos últimos tempos para dar corpo a uma   Contemporânea da usp, sobre alguns dos diversos
            exposição ambiciosa, que procura iluminar os vários   temas de pesquisa aos quais se dedicou com rigor e
            modernismos que brotaram no Brasil nas primeiras   curiosidade (como a preocupação social na arte; arte
            décadas do século XX. A mostra, feita a quatro mãos,   construtiva; arte contemporânea; as relações entre as
            em parceria com Regina Teixeira de Barros, promete   culturas brasileira e latino-americana; o modernismo
            revelar uma trama interessante entre história, arte e   em geral – e Tarsila do Amaral em particular) e sobre
            pensamento nas primeiras décadas do século passado.   a agonia e as adversidades decorrentes da pandemia.
            Trama essa que, por contraste, deixa evidente uma das
            marcas do Brasil atual: a ausência de qualquer projeto     –  Vamos começar falando da exposição que
            coletivo, de superação da desigualdade e proposição   você e Regina Teixeira de Barros estão preparando
            de novas bases para o desenvolvimento nacional.   para o Museu de Arte Moderna de São Paulo (mam-
               Pesquisadora, crítica, curadora, professora e,  -sp) no ano que vem, antecipando as celebrações
            sobretudo, observadora atenta e curiosa da cena   em torno do centenário da Semana de 1922.           FOTO: ANTONIO HENRIQUE AMARAL/DIVULGAÇÃO
            cultural brasileira desde a década de 1950, Aracy viveu   Aracy Amaral – Nós vamos falar dos vários moder-
            com intensidade e vivacidade a segunda metade do   nismos no Brasil. A ideia é ampliar, cobrindo o perío-
            século xx e as duas primeiras décadas do século    do entre 1900 e 1937, quando se dá o golpe de Getúlio
            atual. É, portanto, do ponto de vista privilegiado de   Vargas. Abordamos então o pré-modernismo, a
            quem se dedicou a investigar o passado e perscrutar   chegada dos modernismos propriamente ditos na

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