Adriano Pedrosa, curador da 60ª Bienal de Veneza. Foto: Mauricio Jorge
Adriano Pedrosa, curador da 60ª Bienal de Veneza. Foto: Mauricio Jorge

Curador da 60ª Bienal de Veneza, Adriano Pedrosa revelou nesta terça-feira (31) seus planos para a exposição, que terá início em abril. Com um total de 332 artistas – contra 213, em 2022 –, a principal mostra internacional, intitulada Stranieri Ovunque – Estrangeiros em todo lugar, acontece em um mundo “repleto de crises relacionadas com a circulação de pessoas através das fronteiras”, segundo Pedrosa.

Para o curador, o título também expressa as “diferenças e disparidades condicionadas por [questões como] raça, sexualidade e riqueza”. Ele acrescentou que suas próprias experiências estão refletidas no tema, por ter vivido no exterior e se identificar como “o primeiro curador abertamente queer [da Bienal]”.

A lista de artistas selecionados revela uma presença significativa de brasileiros, entre indígenas, estrangeiros naturalizados, como Claudia Andujar, e grandes nomes do modernismo, a exemplo de Tarsila do Amaral. A participação de artistas indígenas, ressaltou Pedrosa, será “emblemática”. O coletivo Mahku, oriundo da fronteira entre Brasil e Peru, pintará um mural monumental na fachada do Pavilhão Central do Giardini. No Arsenale, o coletivo Mataaho, da Nova Zelândia, mostrará uma grande instalação.

Cartaz da 60ª Bienal de Veneza
Cartaz da 60ª Bienal de Veneza

De modo geral, o elenco de selecionados mescla artistas emergentes, em meio de carreira ou já estabelecidos – entre eles Beatriz Cortez, Simone Forti e Teresa Margolles – com um grande número de nomes históricos conhecidos, assim como artistas recentemente falecidos – a exemplo de María Izquierdo, Frida Kahlo, Wifredo Lam, Judith Lauand, Tomie Ohtake, Diego Rivera, Joaquin Torres-García e Rubem Valentim.

De modo similar à edição de 2022, a mostra será dividida em duas partes: um Nucleo Contemporaneo, em que se destaca a participação de artistas queer – como Érica Rutherford, Isaac Chong Wai, Violeta Quispe, Louis Fratino e Dean Sameshima, além de uma sala dedicada à “abstração queer”, com obras da chinesa Evelyn Taocheng Wang – e um Nucleo Storico, para obra contemporânea e histórica, respetivamente – uma seção com trabalhos de artistas do século XX da América Latina, África, do mundo árabe e da Ásia, datadas de 1905 a 1990.

O atual presidente da Bienal, Roberto Cicutto – que será substituído por Pietrangelo Buttafuoco, jornalista e autor de direita, indicado pelo ministro da Cultura da Itália, e cujos livros incluem uma biografia de Silvio Berlusconi – ressaltou a dimensão política da mostra. Segundo ele, a última edição teria sido “profética, tendo em vista os trágicos acontecimentos dos últimos quatro anos”, como a invasão russa na Ucrânia, o ataque terrorista do Hamas e a guerra imposta por Israel à Faixa de Gaza. A Bienal é um “ponto de vista privilegiado [a partir do qual se] pode fazer a curadoria do mundo”.

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