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"Rastros que dejamos sobre la cara de la tierra", 2021, de Edgar Calel. Foto: Hugo Quinto/ Cortesía de Alexia Tala

Perdidos. No meio. Juntos foi o título da 22ª Bienal de Arte Paiz, realizada na Cidade da Guatemala, capital do país centro-americano, e na pequena cidade de Antigua Guatemala. Inspirado em uma publicação do artista holandês Jonas Staal sobre um grupo de refugiados em Amsterdam, o título ganhou novos sentidos ao ser deslocado para a realidade latino-americana, especialmente em um país com quase metade de sua população de origem indígena.

“O que geralmente se vê na América Latina não é a negação da cidadania às minorias, mas a negação de uma vida digna”, afirma a curadora-chefe da edição, a chilena Alexia Tala, em referência aos povos originários que “têm negados seus direitos de viver respeitando suas cosmovisões, suas formas de medicina e de organização comunitária”. O título se refere também aos muitos imigrantes que partem da América Latina para os países do Norte, em consequência de desemprego e pobreza, e que vivem como espécies de refugiados nestes países.

Levantando estas e muitas outras questões, a 22ª Bienal de Arte Paiz, encerrada dia 6 de junho, reuniu trabalhos de 40 artistas – entre eles os brasileiros Ayrson Heráclito, Detánico & Lain, Jonathas de Andrade e Vanderlei Lopes – e se espalhou por seis instituições das duas cidades guatemaltecas. Além das mostras coletivas, com grande presença de artistas locais, duas exposições individuais completaram a mostra: uma do artista guatemalteco Aníbal Lopez e outra da fotógrafa chilena Paz Errázuriz (que segue em cartaz após o fim da bienal).

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A curadora Alexia Tala. Foto: Divulgação

Em entrevista à arte!brasileiros, Alexia falou sobre a curadoria da Bienal – feita por ela em parceria com o curador adjunto Gabriel Rodríguez Pellecer -, sobre o contexto político latino-americano, sobre o momento pandêmico e uma série de outros assuntos. Leia a seguir.

ARTE! – Em primeiro lugar, gostaria que você contasse um pouco como foi pensado o projeto curatorial da 22ª Bienal de Arte Paiz e quais os principais eixos temáticos que percorrem a mostra. Dentro disso, poderia falar um pouco também sobre o título perdidos. en medio. juntos.

Vou começar a responder pela segunda parte. O título vem de uma publicação do artista holandês Jonas Staal e do projeto BAK que foca em um grupo de 200 refugiados a quem foi negada a cidadania. Este fato nos pareceu um espelho da situação das comunidades indígenas da América Central e de muitas pessoas que se veem forçadas a migrar, que por um lado são reconhecidos como cidadãos, mas por outro lhes são negados seus direitos de viver respeitando suas cosmovisões, suas formas de medicina e de organização comunitária. Além disso, também associamos o título a todos os imigrantes que podemos pensar também como refugiados, no sentido de que o principal motivo da migração para o norte é o desemprego, que é em si mesma uma forma de violência econômica.

O que geralmente se vê na América Latina não é a negação da cidadania às minorias, mas a negação de uma vida digna e de se poder viver em paz. Então veio a pandemia e o título ganhou força própria.

O trabalho de Jonas Staal, a forma como aborda as suas pesquisas e projetos, foi uma inspiração, uma espécie de base a partir da qual começamos a considerar a bienal como um projeto. Suas propostas de formação política, suas oficinas de discussão, as diversas formas de trabalhar no nível coletivo e suas formas particulares de problematizar nos serviram de ponto de partida para discutir sobre o local, o regional e o hemisfério sul em relação ao norte. E, dentro disso, sua base na desigualdade.

O projeto curatorial está dividido em três eixos temáticos: Universos da matéria; Passados. eternos. futuros; e Geografia perversa/ Geografias malditas. Todos os três abordam questões que estão interligadas e que tocam bem ali, naquele ponto onde tudo se desequilibra tanto social quanto politicamente, onde a história ancestral é confrontada com a história contemporânea e onde a matéria e as formas de abordagem dos objetos e da natureza se opõem.

Vista geral da exposição “Universos de la materia”, parte da bienal. Foto: Hugo Quinto/ Cortesía de Alexia Tala

ARTE! – Em seu texto curatorial você fala no conceito de “presentismo” para se referir a uma espécie de desorientação que vivemos no momento atual do mundo, relacionada também à uma dificuldade de olhar tanto para o passado quanto para o futuro. Poderia falar um pouco sobre essa ideia, sobre como ela é abordada pela curadoria e como se relaciona com a produção artística contemporânea?

Exatamente, esse presentismo de que fala Koselleck nos levou a pensar em uma questão de temporalidade, de análise da capacidade e incapacidade de vislumbrar futuros em um momento em que – ainda mais com a pandemia – se acentuou essa falsa ideia de interconectividade, que ao mesmo tempo nos bombardeia e nos cega. Dentro desta temporalidade está o passado ancestral Maia, que em um país multiétnico e multilíngue onde 60% da população é indígena, assume uma importância crucial.

A curadoria procurou aproximar-se disso, desde o nosso lugar de brancos mestiços falando a partir da conjuntura histórica de uma overdose de presente e nos permitindo entrar em territórios ancestrais que pertencem a estes artistas do altiplano e de outros convidados. O importante era fazer isso por meio de suas próprias vozes, dos artistas Kakchiquel, Tz´utujil, Garífunas e afrodescendentes de outros lugares da América Latina, assim como artistas da África.

Os trabalhos apresentados na bienal dialogam entre si e entre os eixos temáticos. Há uma multiplicidade de vozes que se revelaram, passadas duas semanas da inauguração, mais potentes do que eu mesma como curadora poderia ter imaginado. A decisão de abrir um espaço para as vozes indígenas e populares, sem pretender ser tradutora de nada, resultou em uma percepção coletiva do público guatemalteco de que tudo o que está ali exposto faz sentido em suas vidas. E essa é a maior recompensa ao trabalho da equipe.

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Trabalho do panamenho Antonio José Guzmán na Bienal de Arte Paiz. Foto: Juan Carlos Mencos/ Cortesía Silvia de Tres

ARTE! – Sobre a seleção dos artistas, há uma predominância de latino-americanos (35 dos 40 participantes). Este olhar que parte do que chamamos de Sul Global, e mais especificamente da América Latina, é o foco principal da exposição? Gostaria que falasse um pouco sobre essa escolha.

Sim, o foco foi a América Latina, tanto por questões curatoriais quanto de logística. Embora muitas das obras respondam ao contexto guatemalteco, a ideia sempre foi tomar a Guatemala como o espelho a partir do qual podemos ver todas essas desigualdades que historicamente afligem o Sul Global. E por isso, junto ao Gabriel Rodriguez, meu co-curador, convidamos também artistas como Nelson Makengo, do Congo, Emo de Medeiros, de Benin, e Heba Y. Amin, do Egito. As obras destes três artistas têm funcionado como uma espécie de conector de realidades muitas vezes desconhecidas do público centro-americano.

ARTE! – Mas mesmo que haja este recorte regional, existe uma produção feita dentro desta vasta região que é também bastante diversa. Como surge essa diversidade na mostra? 

Sim, é uma produção muito diversa e também muito desconhecida, por se tratar de uma região bastante marginalizada e invisível para o circuito global da arte contemporânea. Este circuito perde a oportunidade de encontrar uma infinidade de artistas incrivelmente interessantes e talentosos e, além disso, perde a chance de se aproximar de um fenômeno que está ocorrendo com os artistas do altiplano e suas formas de abordar a arte contemporânea a partir de sua própria indigeneidade que, apesar de fazer críticas terrivelmente profundas, são resolvidos de maneiras altamente estéticas e poéticas.

A diversidade também surge na mostra a partir do momento em que decidimos que 70% das obras seriam comissionadas, ou seja, novos projetos. Fizemos pesquisas prévias para poder entregar aos artistas material que culminou em uma publicação intitulada Paraíso (re)partido, que contém uma série de temas relevantes ao contexto, desde questões históricas até assuntos contemporâneos.

Os artistas estrangeiros viajaram para a Guatemala, o que resultou em uma série de colaborações que surgiram organicamente não apenas com artistas locais, mas também com pessoas de outras áreas, desde guias espirituais e curandeiros botânicos, tecelãs de tear de cintura, poetas, cineastas, arqueólogos forenses e advogados. Ayrson Heráclito, por exemplo, trabalhou com Wingston González na obra Onagulei: Mensageiro dos ancestrais. Enfim, uma série de outros saberes entraram na bienal e, junto com a arte, chegaram a soluções estéticas.

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Série “Ladino Hardware, na exposição de Aníbal López na Bienal de Arte Paiz. Foto: Hugo Quinto.

ARTE! – Pensando no âmbito mais local da mostra, quase metade dos artistas são da Guatemala. Queria saber um pouco sobre como foi feita essa pesquisa no país e quais as preocupações que você percebe mais latentes na produção destes artistas. 

Exatamente, esta edição tem uma proporção bastante equilibrada de artistas nacionais e internacionais. Propusemo-nos a incluir vários artistas Tzutujil, Kakchiquel e Garífuna que, como eu disse, estão a tornar a arte contemporânea mais surpreendente e que – não interessados ​ou influenciados pela crítica institucional – estão profundamente enraizados na sua visão de mundo ancestral. E integramos artistas populares que utilizam técnicas tradicionais ou ancestrais, mas que conseguiram desenvolver seu próprio imaginário dentro do que fazem.

Esta pesquisa, na verdade, venho fazendo há 6 anos, quando me envolvi com diversos projetos na Guatemala. Quando fui convidada para fazer a curadoria da bienal, já conhecia de perto a cena local e o contexto e isso me levou muito organicamente a desenvolver um projeto altamente contextual.

As inquietações presentes na produção dos artistas centro-americanos eu diria que são bastante marcadas. Sem homogeneização, poderia pensar em duas questões que as atravessam: a desigualdade em todos os seus sentidos e as questões territoriais. Essas fronteiras invisíveis que existem dentro de um mesmo território denominado estado-nação, fronteiras que são habitadas, que são um território mais do que um limite – e o que elas têm em comum é que nos falam de segregação política, pois têm o componente de racialização e da desigualdade.

ARTE! – Falando em racialização, há um grande número de artistas de origem indígena. Poderia comentar um pouco este aspecto da mostra?

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que eu fujo das categorizações. O que vemos nesta bienal são muitos artistas indígenas que estão produzindo arte contemporânea. Não é pelo fato de sua origem que poderia ser criada uma nova categoria. Mas pensando em que aspecto eles podem se diferenciar de outros artistas contemporâneos, vejo que a diferença é que eles desenvolveram seus trabalhos, muitos deles altamente conceituais, a partir de seu próprio lugar, falando desde sua própria indigeneidade, de sua própria visão de mundo. E eles têm evitado a crítica de arte institucional, ou seja, em hipótese alguma você vê esses artistas tentando se encaixar no que o circuito está procurando. Até mesmo sua forma de abordar as questões políticas é muito própria. Suas obras falam de sua história, da desigualdade, da destituição, de sua cosmovisão e da personhood (status de pessoa) que a natureza e os objetos têm em sua vida diária. Eu não diria que desenvolvemos um enfoque na arte indígena, pelo contrário, criamos os cenários onde as suas obras, em conjunto com as de outros artistas, ganham maior força através do diálogo.

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“Lacandón”, 2006, de Aníbal López. Foto: Cortesia Coleção Quinto – Lojo

ARTE! – Seria interessante falar também sobre as duas exposições individuais, uma do artista guatemalteco Aníbal Lopez e outra da fotógrafa chilena Paz Errázuriz. Como se deu a escolha destes artistas e como suas obras dialogam com a Bienal como um todo? 

Essas duas exposições funcionam dentro de dois eixos da Bienal, tanto em Geografia Perversa/ Geografias Malditas quanto no eixo dos Pasados. eternos. futuros. Ambas as propostas buscam tornar visíveis as fissuras do tecido social, fissuras que provêm de problemas históricos do passado e outras que provêm de problemas locais. No caso do Aníbal, provém da realidade guatemalteca e no caso de Paz da realidade do contexto chileno, um país altamente classista onde as margens da sociedade nunca conseguem se integrar.

Sempre soubemos que queríamos fazer duas mostras individuais, uma em homenagem a um artista da América Latina e outra a um artista da Guatemala. Aníbal é sem dúvida o artista mais influente da América Central, suas ideias surgem com fortes raízes intelectuais e com uma força que frequentemente superam a si mesmas. O confronto que López faz entre arte e realidade é muito bruta e evidencia questões ligadas à ética e à moral. Foi muito importante resgatar seu legado por meio dessa retrospectiva – A1-53167: Lugares sitiados – e investigar e produzir material para disponibilizar aos pesquisadores. Por isso desenvolvemos parte do Arquivo Oral Aníbal López, um arquivo que contém entrevistas com pessoas próximas a ele em termos de pensamento e produção.

Os debates sobre identidade e principalmente sobre racismo estão latentes nas exposições, principalmente no eixo Passados. eternos. futuros. Hierarquias raciais existem desde o passado e continuam até hoje, e é neste hoje que estamos construindo o passado para o futuro.

Paz Errázuriz luta há anos para dar visibilidade e reconhecimento aos direitos sociais das minorias em geral. Hoje, em um mundo unido pela internet, essas lutas são tão locais quanto globais, e por isso a força que adquirem dialoga com tantas outras diferenças histórico-culturais em outras geografias.

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Paz Errázuriz, série “La Manzana de Adán”, 1982- 1990. Foto: Cortesia da artista

A mostra A grandeza da margem, para a Bienal de Arte Paiz, corresponde à primeira vez que Errázuriz fotografa fora do contexto chileno. Ela retrata uma comunidade transgênero em sua série Tran Guatemala (2020), seguindo a linha de La Manzana de Adán. O segundo trabalho comissionado que Errázuriz desenvolve é a série Sepur Zarco (2020), onde ela retrata um grupo de mulheres Quechí que levaram a julgamento militares que, durante a guerra, as submeteram à escravidão doméstica e sexual. Este julgamento teve sucesso, dando aos militares sentenças de 120 e 240 anos de prisão. Por isso foi muito midiático, mas elas esconderam seus rostos ao longo do processo. Hoje, Paz as retrata na tentativa de dignificar seus frágeis corpos que carregam com muito sofrimento mas, ao mesmo tempo, com muita força.

ARTE! – A Bienal de Arte Paiz, assim como tantas exposições e eventos culturais no mundo, teve que ser adiada por conta da pandemia de Covid-19. Esse adiamento e esse novo contexto resultaram em mudanças na forma e nos conteúdos da mostra?

Sim, foi adiada. Eu diria que consideramos primeiro fazer uma bienal presencial, depois uma solução online, que rapidamente descartamos, e depois uma bienal híbrida, para ao final voltar à ideia de uma bienal presencial, mas com um forte foco no local e com projeto educacional reforçado. Ao mesmo tempo desenvolvemos vários eventos online, palestras, workshops e um simpósio que têm procurado não nos desvincular do diálogo internacional. Embora os aviões não cheguem e muitas fronteiras estejam fechadas, esse diálogo tem sido importante. Quanto ao conteúdo das mostras, isso não foi afetado, apenas algumas estratégias de produção tiveram que ser modificadas devido à impossibilidade de deslocamento.

ARTE! – Além disso, de que modo você acha que essa Bienal dialoga com a nova realidade global?

Esta bienal foi concebida como uma plataforma catalisadora das relações entre a história e o contemporâneo. Nesse sentido, o diálogo com a realidade global é constante, pois a realidade global não se compõe apenas do hoje, é algo que vem se arrastando e agregando acontecimentos. A bienal aborda esses debates que prevalecem hoje a nível mundial.

Por exemplo, as obras de Paz Errázuriz de que falei; ou as de Uriel Orlow, que trabalhava com curandeiros botânicos no tempo em que Dom Domingo Choc foi assassinado acusado de feitiçaria; Oswaldo Maciá, que fez uma instalação sonora e olfativa para falar sobre a migração em nível planetário; Edgar Calel, que aborda as questões ecológicas metaforizando com as marcas que deixamos na terra; e Andrea Monroy, que trabalha o sincretismo da sabedoria ancestral e da religião.

“Cómo se llamaban las plantas antes de que tuvieran nombre”, 2020-2021, do suíço Uriel Orlow, na Bienal de Arte Paiz. Foto: Hugo Quinto/ Cortesía de Alexia Tala

ARTE! – Voltando à questão do foco da Bienal no território, do qual você falou, no contexto atual muito tem se falado de que exposições, feiras de arte e bienais talvez passem a receber principalmente um público mais local, em consequência de uma diminuição nos deslocamentos pelo mundo. Queria saber como você percebe isso…

Como sabemos, as feiras e bienais têm adquirido uma posição internacional cada vez mais forte ao longo do tempo, tendo um público massivo e, no melhor dos casos, um projeto pedagógico com trabalho relevante sobretudo junto às escolas locais, que se dá através da arte, das obras expostas e suas várias formas de abordagem. Isso pensando a partir do local, mas todos esses eventos que se repetem ao longo do tempo não são relevantes apenas para o público da região, mas para todo o ecossistema da arte: curadores, críticos, artistas e até galeristas e colecionadores. Por isso é importante pensar em novas formas de alocar os orçamentos, pois embora as exposições e o contato direto com a obra de arte não tenham comparação com o contato online, parte desses recursos deve servir para fortalecer projetos educacionais tanto presenciais quanto online, isso é algo indispensável. Ao mesmo tempo, você deve trabalhar duro para ter um alcance internacional por muitas razões que todos nós conhecemos, mas principalmente para poder tornar visível o pensamento dos artistas, seus processos criativos, suas obras e os diálogos que eles geram entre si.

ARTE! – E como tem sido a recepção do público nesta edição da Bienal de Arte Paiz?

Não posso esconder a grande satisfação que sinto. A bienal superou todas as expectativas que eu mesma tinha em relação ao público local, ela tem sido um sucesso de visitas e de crítica. Mas o mais importante é que esse esforço de fazer uma bienal profundamente contextual foi percebido pelo público não especializado, que se identificou plenamente. Tenho recebido mensagens muito emocionantes no Instagram de pessoas desconhecidas que têm ido visitar as exposições. Além disso, os diretores dos museus estão pedindo o adiamento das datas de encerramento das exposições. Acabamos de receber a confirmação de que a mostra da Paz Errázuriz ficará aberta um mês a mais do que o previsto. Isso para mim dá ainda mais sentido ao projeto e me faz sentir que três anos de trabalho árduo e um ano de incertezas pandêmicas valeram a pena.

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