Vista da instalação
Vista da instalação "ANTENA IA MBAMBE Mimenekenu Ê lá Tempo!", de Ana Pi e Taata Kwa Nkisi Mutá Imê. Crédito: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo

Um diálogo em deslocamento e entre gerações”: assim Ana Pi define o trabalho que desenvolveu em parceria com Taata Kwa Nkisi Mutá Imê, sacerdote do candomblé de quem é filha há 18 anos, e que pode ser visto logo na entrada da Bienal. Trata-se de uma estrutura metálica composta por quatro antenas em movimento, com mais de sete metros de altura, que se conecta com uma série de referências de grande força simbólica como búzios, palhas da costa, sementes de baobá, monitores que exigem imagens e fotografias coletadas ao longo da pesquisa e a voz de Taata falando sobre os inquices, entidades soberanas no candomblé. Para desenvolver esse projeto, a dupla percorreu milhares de quilômetros, capturando vestígios e elementos poéticos em uma série de países e instituições (como o Instituto Fundamental da África Negra, em Dakar, o Museu do Quai Branly, ou Museu das Artes e Civilizações da África, Ásia, Oceania e Américas, em Paris, ou a Porta do Não Retorno, Em Uidá-Benim), agora amalgamados num conjunto bastante complexo de referências, como um comentário vivo acerca das encruzilhadas e potencialidades.

“Quando falamos de tempo, estamos disputando algo de futuro, de continuidade da vida e não somente da vida humana”, afirma ela, enfatizando a importância de valorizar novos caminhos. Ana Pi – que também colaborou, como coreógrafa, com o trabalho que Julien Creuzet expõe na mostra – celebra que a Bienal esteja confraternizando “com algumas ideias de mundo que não é essa hegemônica, que polui, que deixa gente passando fome”. Ela relembra que esta é a primeira edição do evento pós-pandemia. E acrescenta: “Não podemos esquecer que mais de 700 mil pessoas faleceram e ainda não foram rezadas. Nossas cosmovisões vêm para tratar disso”. ✱

 

 

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