Toda vez que uma obra é vendida, o Instagram do projeto Quarentine compartilha esse envelope aberto, como comemoração.

Acostumados a comercializar seus trabalhos por conta própria ou por meio de galerias, uma série de artistas brasileiros decidiram participar de uma iniciativa distinta – talvez inédita – em tempos de pandemia do novo coronavírus. Na tentativa de enfrentar as enormes dificuldades impostas pelo novo contexto, cerca de 45 artistas de diversas regiões do país se reuniram no projeto Quarentine, “uma iniciativa de incentivo à produção e venda de trabalhos durante a quarentena”, nas palavras dos organizadores.

Concebido pelas artistas Lais Myrrha e Marilá Dardot, pela curadora Cristiana Tejo e pela fundadora da plataforma 55SP Julia Morelli, o Quarentine propõe uma ação coletiva na qual os trabalhos de todos os artistas são vendidos por um mesmo preço (R$ 5 mil) e o valor total reunido é repartido igualmente entre todos os colaboradores.

Os artistas participantes são: Ana Dias Batista, Ana Lira, Arissana Pataxó, Armando Queiroz, Bruno Faria, Caetano Costa, Cinthia Marcelle e Diran Castro, Clara Ianni, Clarice Cunha, Daniel Lie, Debora Bolsoni, Denilson Baniwa, Fabiana Faleiros, Fabio Morais, Fabio Tremonte, Fernando Cardoso, Guto Lacaz, Jaime Lauriano, Janaina Wagner, João Loureiro, Laercio Redondo, Lais Myrrha, Lenora de Barros, Lia Chaia, Lucas Bambozzi, Manauara Clandestina, Marcellvs L., Marcia Xavier, Marco Paulo Rolla, Mariana de Matos, Marilá Dardot, Marta Neves, Maurício Ianês, Nicolás Robbio, Patrícia Francisco, Paulo Bruscky, Rafael RG, Ricardo Basbaum, Romy Poc, Rosângela Rennó, Sara Não Tem Nome, Sara Ramo, Traplev, Yana Tamayo e Yuri Firmeza.

“O coronavírus tem reforçado a importância da cooperação entre todos e da redistribuição mínima de condições materiais como as únicas possibilidades de sua superação. Sem a ação coletiva não há solução”, diz o texto de divulgação da iniciativa. “Esta situação sem precedentes na história recente mundial tem convidado-nos a repensar estilos de vida, alianças, formas de contribuição e maneiras de atuação profissional. Diante deste contexto de incertezas e de interrupção do cotidiano, o grupo propõe um experimento coletivo de re-imaginação de modelo econômico para as artes”, conclui.

Além disso, uma cota extra foi criada para ser doada para o fundo emergencial de apoio às pessoas trans afetadas pelo covid-19 e assistidas pela Casa Chama, uma organização civil de ações socioculturais com foco em artistas Transvestigêneres.

Artistas das mais variadas regiões, em momentos distintos da trajetória, de diferentes gêneros e grupos raciais foram convidados a propor trabalhos de acordo com as condições de quarentena – em casa, com os materiais e instrumentos disponíveis. As obras resultantes são desenhos, gravuras digitais, arte sonora, vídeos, fotos e textos, entre outros, pensadas para serem enviadas digitalmente e realizados (baixados, impressos e/ou executados) pelos compradores também em condições de quarentena. Os trabalhos só serão visualizados pelas pessoas que os comprem. Segundo os organizadores do Quarentine, há a intenção de, ao final do processo, realizar uma exposição online com as proposições desenvolvidas. Os trabalhos podem ser adquiridos na Plataforma 55SP (www.55sp.art/quarantine)


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