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GUERRA CULTURAL HISTÓRIA



                                    os outros. E atualmente não existe idéia alguma que, espera-se, venha a exercer
                                    uma autoridade unificadora dessa espécie. Na realidade, é por demais evidente
                                    que os ideais nacionais, pelos quais as nações se regem nos dias de hoje, atuam
                                    em sentido oposto.

                                       Algumas pessoas tendem a profetizar que não será possível pôr um fim à guerra,
                                    enquanto a forma comunista de pensar não tenha encontrado aceitação universal.
                                    Mas esse objetivo, em todo caso, está muito remoto, atualmente, e talvez só pudesse
                                    ser alcançado após as mais terríveis guerras civis. Assim sendo, presentemente,
                                    parece estar condenada ao fracasso a tentativa de substituir a força real pela força
                                    das idéias. Estaremos fazendo um cálculo errado se desprezarmos o fato de que
                                    a lei, originalmente, era força bruta e que, mesmo hoje, não pode prescindir do
                                    apoio da violência.


                                       Passo agora a acrescentar algumas observações aos seus comentários. O senhor
                                    expressa surpresa ante o fato de ser tão fácil inflamar nos homens o entusiasmo
                                    pela guerra, e insere a suspeita, de que neles exige em atividade alguma coisa, um
                                    instinto de ódio e de destruição, que coopera com os esforços dos mercadores
                                    da guerra. Também nisto apenas posso exprimir meu inteiro acordo. Acreditamos
                                    na existência de um instinto dessa natureza, e durante os últimos anos temo-nos
                                    ocupado realmente em estudar suas manifestações.

                                       Permita-me que me sirva dessa oportunidade para apresentar-lhe uma parte da
                                    teoria dos instintos que, depois de muitas tentativas hesitantes e muitas vacilações
                                    de opinião, foi formulada pelos que trabalham na área da psicanálise?

                                       De acordo com nossa hipótese, os instintos humanos são de apenas dois tipos:
                                    aqueles que tendem a preservar e a unir o que denominamos ‘eróticos’, exatamente
                                    no mesmo sentido em que Platão usa a palavra ‘Eros’ em seu Symposium, ou
                                   ‘sexuais’, com uma deliberada ampliação da concepção popular de ‘sexualidade’; e
                                    aqueles que tendem a destruir e matar, os quais agrupamos como instinto agressivo
                                    ou destrutivo.


                                       Como o senhor vê, isto não é senão uma formulação teórica da universalmente
                                    conhecida oposição entre amor e ódio, que talvez possa ter alguma relação básica
                                    com a polaridade entre atração e repulsão, que desempenha um papel na sua área de
                                    conhecimentos. Entretanto, não devemos ser demasiado apressados em introduzir
                                    juízos éticos de bem e de mal.


                                       Nenhum desses dois instintos é menos essencial do que o outro; os fenômenos
                                    da vida surgem da ação confluente ou mutuamente contrária de ambos. Ora, é
                                    como se um instinto de um tipo dificilmente pudesse operar isolado; está sempre
                                    acompanhado, ou, como dizemos, amalgamado por determinada quantidade do outro
                                    lado, que modifica o seu objetivo, ou, em determinados casos, possibilita a consecução
                                    desse objetivo. Assim, por exemplo, o instinto de auto-preservação certamente é
                                    de natureza erótica; não obstante, deve ter à sua disposição a agressividade, para
                                    atingir seu propósito.

                                       Dessa forma, também o instinto de amor, quando dirigido a um objeto, necessita
                                    de alguma contribuição do instinto de domínio, para que obtenha a posse desse

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