Page 17 - ARTE!Brasileiros #61
P. 17
BIENAIS 16ª BIENAL DE LYON
No Musée Guimet, inaugurado em 1889, Ugo Schiavi, Grafted Memory Sytem, 2022.
Instalação de aço, vegetais, insetos, fósseis e cabos elétricos
um conflito que durará 15 anos e terminará em 1975 com infinitas traz os limites e a inevitável fragilidade do nosso
a Guerra Civil Libanesa. corpo. “Seja racializado, colonizado, generificado ou
Aqui foram explorados etnia, gênero, sexualidade e diminuído, ‘ele é a maior manifestação de onde todo
contexto socioeconômico como vários territórios em começa e termina”, diz o Manifesto.
que o sofrimento individual e coletivo se sobrepõem, No nosso atual estado de incerteza global, climática,
através das gerações. Mais de 230 obras e documentos, socioeconômica e política, provocado pela ação do
de 34 artistas, trazem indícios de como a arte em tem- próprio homem, que depreda seu entorno e o do outro,
pos difíceis permaneceu ativa e relevante. “Beirute tem olhando-se cada vez mais num espelho em que se
um microcosmo condensado de incoerências. É uma afoga como Narciso, a arte acaba sendo um elemento
cidade por si só manifesto da fragilidade, e ela continua de denúncia permanente, um grito sensível.
FOTOS: PATRICIA ROUSSEAUX diz o Manifesto. tástica a partir de mais de 125 artistas, perscrutando
mostrando até hoje vulnerabilidade e determinação”,
Nesse sentido, a construção documental e fan-
Por último, desenvolvido durante a pandemia, no 3000 anos, reconsiderando a História, muitas vezes
confinamento e num dos momentos em que o mundo esquecida ou marginalizada, permite refletir sobre as
e a sociedade global conviveram com uma provação dificuldades que persistem.
17
16 limítrofe, o terceiro movimento: Um mundo de promessas As exposições e suas narrativas se expandem ao