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Xul Solar, Grafia antica, 1939
Xul Solar, ícone da arte argentina e muito próximo de Bor- a Buenos Aires expõe em Berlim, na galeria Der Sturm,
ges. “Sempre vi os quadros de Xul como quebra-cabeças e ainda vive seis meses em Paris. Quando volta à Argen-
de Buenos Aires. Mais do que sua intenção esotérica ou tina, Pettoruti influencia artistas e ensina o público a ver
liberdade estética, impressionavam-me sua obsessão territórios ainda inexplorados naquela época. Em 1971,
semiótica, sua paixão hierárquica e geometrizante”. Para ano de sua morte, ele é homenageado com sala especial
ela, Buenos Aires, nas décadas de 20 e 30, era o anco- na 11ª Bienal Internacional de São Paulo.
radouro urbano de fantasias astrais. Sarlo descreve a Para a crítica argentina Marta Traba, o processo de
vanguarda portenha como filhos de endinheirados, quase modernidade em países da América Latina deve ser
em debacle econômico e de imigrantes como o pintor observado como áreas abertas e áreas fechadas; para
Emílio Pettoruti, considerado um dos fundadores do o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, como povos
FOTO: CORTESIA COLEÇÃO MALBA Ante o Espelho, o artista revela que sempre quis conhecer simplesmente, como teoriza Aracy Amaral, a partir do
modernismo argentino. Em sua autobiografia Um pintor testemunhos, povos novos, povos transplantados. Ou
reconhecimento da existência de duas América Latinas:
a terra de seus antepassados, e assim vai para Itália, onde
a das áreas ancestrais mexicanas, maias e andinas e, de
reside em Florença, Roma e Milão, tem contato com os
outro lado, a desprovida de uma sólida cultura remota,
futuristas Carlo Carrà e Giacomo Balla. Inspirado pela
como os países da área Atlântida, em particular Venezuela,
Commedia dell´Arte Italiana, pinta arlequins e dedica
parte de sua vida às naturezas mortas. Antes de voltar Brasil, Uruguai, Argentina e parte do Chile.
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