Page 80 - ARTE!Brasileiros #59
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MODERNISMO ARTIGO
Décadas antes do modernismo, a teoria da arte era sua volta. Viaja a Paris e lá conhece intelectuais como Bre-
algo que enriquecia as conversas sobre questões cul- ton e Picasso, que se interessa pela sua obra. Desmond
turais, mas no seu auge é uma necessidade. No México Rochfort, em seu livro Pintura Mural Mexicana, entende
nos anos 1920 os artistas tentam descobrir o ser nacional que nos anos em que Rivera pinta sua versão sobre
e individual. O muralismo e a gráfica aderem ao projeto a história do México, o enigma a ser resolvido é o da
nacional de reivindicação revolucionária que lentamente nação mexicana no momento em que a Revolução está
se institucionalizam. Jorge Schwartz, no livro Vanguar- no poder. Para o crítico, as visões do mundo moderno
das Latino-Americanas, lembra que, enquanto Oswald criadas pelos três grandes muralistas: Rivera, Orozco
de Andrade sonha com o matriarcado Pindorama, um e Siqueiros, entre 1930 e 1940, situam-se no contexto FOTO: ESTATE OF JOAQUÍN TORRES-GARCÍA / CATALOGUE RAISONNÉ NO. 1920.07
grupo mexicano tem como utopia a fundação de Estri- de realidades contrastantes. “Para Siqueiros consti-
dentópolis, um devaneio nascido de um movimento tuíam as bases de uma leitura profundamente parcial
artístico de vanguarda, o estridentismo, que surge em do mundo moderno. No caso de Orozco, os contrastes
Jalapa, Veracruz, em 1921. criam interrogação valorativa do conflito entre o ideal e
Nada sonhador, o mexicano Diego Rivera dá relevo a realidade. Na obra de Rivera, as dualidades do mundo
aos temas sociais e políticos com os quais está com- moderno são tratadas com combinação de posições
prometido. Casa-se com Frida Kahlo na época em que contraditórias, seja numa visão acrítica e mitificada da
intensifica os murais com temas que refletem o mundo à modernidade norte-americana ou por meio da retórica
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