Page 19 - ARTE!Brasileiros #56
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À esquerda, Boca do Inferno, de Carmela Gross, com o meteoro do Museu Nacional à frente; à direita, retratos de Frederick Douglass
a mostra se afunda em uma fuga novas descobertas, afinal todos (1927-2004), Lasar Segall (1889-
do presente. O escritor francês desse grupo já estão inseridos 1957) e Eleonore Koch (1926-2018).
André Gide (1869-1951) já defendia no circuito de arte contemporânea, São grupos de obras sempre
que “não se faz boa literatura com tendo participado de mostras na agradáveis de se ver, mas que
boas intenções nem com bons Pinacoteca do Estado - Véxoa – parecem mais estandes especiais
sentimentos”. O mesmo para nós sabemos, organizada por de feiras de arte. Koch ainda sai
uma bienal, é obvio. Naine Terena, em 2020, no Museu perdendo porque está sendo
Há mais ambiente de Bienal de Arte Moderna do Rio de exposta em lugares de passagem,
na mostra Dizer Não, organizada Janeiro e até no Centro Cultural um trabalho poético que merecia
pelo Ateliê 397, em seu novo espaço Banco do Brasil, quando da estar em uma escala menor.
na Barra Funda, do que no exposição Vaivém, em 2019. Mas sim, há algumas poucas
Parque Ibirapuera. Lá há obras Sem dúvida é uma presença obras que pensam o presente,
contundentes, como a instalação merecidamente conquistada, que e uma das mais contundentes
Serpente, de João Loureiro, algum dia precisa também chegar é Derrubada, de Clara Ianni,
que abriga uma jiboia escondida à curadoria, uma questão difícil que simplesmente deixa no chão
FOTOS: LEVI FANAN/ BIENAL DE SÃO PAULO | HELIO CAMPOS MELLO
no ambiente. na instituição, que segue com todos os mastros de bandeiras,
sub-representação na presença que estão na área externa do
presença inDÍgena de mulheres e sem nenhuma pavilhão e que costumam celebrar
Apesar de demasiadamente representatividade negra a internacionalidade do evento.
higienizada, o que inclui também a na direção geral da mostra, Derrubada é das poucas obras
arquitetura, mesmo que inovadora no que Veneza e Kassel, com que apontam para o lugar de pária
nos materiais e transparências, quem a Bienal de São Paulo gosta que o Brasil se tornou no mundo,
Faz escuro mas eu canto tem uma de se comparar, já estão muito sem diálogo possível no cenário
presença histórica de artistas mais avançadas. internacional, mesmo que no
indígenas: Daiara Tukano, Sueli A 34ª Bienal traz ainda catálogo isso seja visto apenas
Maxakali, Jaider Esbell, Uyra e conjuntos significativos de artistas como um comentário do fim
Gustavo Caboco. Não se trata, estelares no circuito, como Antonio das “representações nacionais”
contudo, de uma pesquisa com Dias (1944-2018), Lygia Pape na mostra.
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