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BIENAIS BIENAL DE SÃO PAULO



            jovem artista brasileiro, teve seu trabalho inter- único país latino-americano a conseguir essa façanha
            ditado pela polícia por usar a bandeira nacional.  foi a Argentina em 1977, com o Grupo de los Trece,
            O pop brasileiro também mostrou sua dimensão    liderado por Jorge Glusberg, idealizador do cayC
            com obras críticas ao sistema, como as de Claudio   (Centro de Arte y Comunicación), de Buenos Aires.
            Tozzi, Antonio Henrique Amaral, Rubens Gerchman
            e Nelson Leirner. Citando Michel Foucault, “o poder  reDemoCratização
            é produtor antes de repressor; produz maneiras de   Na década de 1980, com o início da abertura política,
            viver e produz realidades”.                     os países que assinaram o boicote retornam à Bienal.
               Dois anos depois a Bienal sofre um boicote interna- As galerias se multiplicam e o trânsito da comunidade
            cional decorrente da intervenção militar na exposição   artística internacional se intensifica, não mais apenas
            do Museu de Arte Moderna do Rio, que exibia as obras   centrado no período do evento, mas durante todo o
            que iriam para a 6ª Bienal de Paris; algumas foram   ano. Walter Zanini assume a edição de 1981 dando
            consideradas ofensivas ao regime. Mario Pedrosa   ênfase ao experimental e cria zonas de interrogações,
            é exilado no Chile em 1971 e provoca uma carta de   sem se preocupar com as certezas. Tal como Harald
            repúdio assinada por dezenas de personalidades,  Szeemann - curador da Documenta de Kassel em
            como Octavio Paz e Pablo Picasso. Contrariando as  1972, que muda toda a estrutura da mostra alemã e
            expectativas, o crítico Mário Schenberg, militante da   a coloca no topo das grandes exposições interna-
            esquerda, não boicotou a Bienal. Para ele, permanecer  cionais -, Zanini também muda o conceito da Bienal
            era uma forma de resistência, de garantir o lugar de   de São Paulo, trocando a montagem por países pela
            protesto. Convicto de sua posição, organiza uma sala   analogia de linguagem. O curador levou o evento para
            com jovens artistas, entre eles José Roberto Aguilar,  uma relação direta com o novo, expôs a arte postal,
            Carmela Gross, Ione Saldanha, Claudio Tozzi e João   o vídeo texto, mostrou a antiarte do grupo Fluxus,
            Câmara. A Bienal amargava um momento triste ao   abriu para as performances da dupla inglesa Gilbert
            ver esgarçado o maior projeto de arte que o país já   & George e proporcionou uma profunda análise sobre
            teve. E por que o Brasil jamais recebeu o Grande   a Arte Incomum com a participação de psicanalistas
            Prêmio (Itamaraty) da Bienal de São Paulo? Nunca   e estudiosos sobre a produção dos portadores de
            houve explicação convincente. O que se sabe é que o   doenças mentais.



































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                                                                                         São Paulo, 1996


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