Page 19 - ARTE!Brasileiros #54
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biblioteca para a internet das coisas, ou seja, a gente peça em ídiche em plena pandemia! Isso vai virar
vai colocar chips em cada livro e criar um sistema de uma espécie de instalação audiovisual projetada no
rastreamento, por meio de RFID (identificação por segundo andar [com data a definir], uma experiência
radiofrequência), para que a gente consiga registrar imersiva. É uma coisa mesmo para chacoalhar os
a maneira como as pessoas usam a biblioteca. E aí fantasmas, porque estamos lá com a mão na massa,
quando você pegar o livro você não terá apenas a falando dessas várias gerações que por ali passaram.
ficha técnica, mas saberá como ele foi usado, perto
de que outros livros foi colocado. E isso gera nuvens Você falou já do assunto, mas acho importante
de conhecimento, que partem do usuário, e que aprofundar um pouco na questão financeira e
quem pesquisa poderá ter acesso. Para isso teremos administrativa da Casa, considerando que se já
o público, grupos de estudo, um grupo de ídiche, era difícil captar recursos anteriormente, o quadro
pessoas ligadas aos movimentos negro e indígena parece ainda mais complexo agora…
e assim por diante - para, digamos assim, cutucar De modo geral, 2021 está parecendo com aquelas
este acervo e dar a ele uma maior agência. A ideia séries em que a segunda temporada é feita com
é que a biblioteca e os acervos possam falar por si menos dinheiro, sabe? Então estamos preocupados.
mesmos e que as pessoas possam ler não apenas Para 2020 nós tínhamos mais recursos captados, e
os livros, mas também a biblioteca. agora em 2021 a crise está batendo de maneira ainda
mais radical. Claro, temos a vacina, mas quando é
E existe o projeto de restauração e reativação do que vamos ser vacinados? Então vai ser um ano
TAIB, originalmente desenhado pelo Jorge Wilheim difícil. E inclusive pensando nos mecanismos de
e agora com projeto do André Vainer, Ilan Szklo e incentivo à Cultura. O Proac ICMS foi cortado do
Silvio Oksman. Como está esse trabalho? dia para a noite em São Paulo, por um governo que
O TAIB completou 60 anos no ano passado, não podia inclusive tem um diálogo com a classe artística. Não
parar, mas tivemos que focar a captação de verbas era o governo federal, que não tem diálogo nenhum.
para outras áreas mais urgentes. De qualquer modo, Então nesse momento o meu jeito de ser otimista é
essa captação para o restauro deve retomar este se preparar para o pior.
ano. Mas nós já temos os projetos básicos prontos, Ao mesmo tempo, ano passado tivemos picos de
estamos chegando nos projetos executivos. É uma filantropia, de doações, e acho que isso pode se
intervenção que respeita muito o que o prédio é his- manter este ano. Se continuarmos sendo úteis, talvez
toricamente. E para além disso, fomos construindo a gente consiga levantar recursos. E também estão
camadas de sentido. Primeiro, a campanha de arre- surgindo coisas. Tem um projeto que chama South
cadação contou com a participação da Fernanda South, e nós fomos uma das três instituições sem
Montenegro, falando da relação dela com a Casa, fins lucrativos do mundo escolhidas - ao lado do Raw
com o TAIB, com a comunidade judaica. Agora, nesse material (Dakar, Senegal) e do Green Papaya Project
momento em que as pessoas ainda não podem visi- (Manilla, Filipinas) - para receber uma porcentagem
tar o teatro, nós decidimos lançar um chatbot, que das vendas de obras de um leilão de arte. E é muito
é um robô que te recebe online e responde às suas legal, porque a gente sempre fala para as pessoas
perguntas, conta histórias da Casa. Esse robô tem do mundo da arte que nós somos um espaço de
personalidade, ele é um velho contrarregra mal-humo- arte, mas costumam nos ver como uma coisa mais
rado do teatro judaico. Então a gente quer aproveitar periférica. E de repente as pessoas estão reparando
as possibilidades virtuais para criar experiências que de fato também fazemos parte desse universo.
outras que não só viewing rooms e lives. Tentar não Na verdade, precisaremos cada vez mais também
apenas reproduzir uma experiência analógica no depender de associações internacionais. A gente
espaço digital, mas fazer algo diferente. Isso é uma recebeu recentemente apoio do British Council, do
coisa que a Ana Druwe, da nossa comunicação, tem Relief Fund (do Ministerio das Relações Exteriores da
falado muito. E também nesse sentido vamos ter Alemanha) e da Foundation for Art Iniciatives (Ffai).
uma peça, dirigida pela Martha Kiss Perrone - uma Mas enfim, nós contingenciamos recursos e temos
remontagem de Um Sonho de Goldfadn, enredo garantida a programação para este ano, com verba
de Jakub Rotbaum dos anos 1940 - que está sendo captada via Lei de Incentivo à Cultura, parcerias,
filmada lá no teatro. E é uma loucura, montar uma associados e o programa de amigos. Então a minha
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