Page 71 - ARTE!Brasileiros #52
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Em Estudo para o Tempo Suspenso Ma, Dudu Tsuda lida com a sensação de tempo suspenso a partir do conceito japonês de Ma





            um papel importante na dissolução desses estereó-  É nesse aspecto que Caroline, Cyshimi, a artista e
            tipos, trazendo um maior conhecimento sobre essas   arte-educadora Alice Yura e a artista visual Singh Bean
            diferentes culturas. “A falta de repertório das pessoas   pensam a decolonialidade ao lado da arte que fazem e,
            sobre outras realidades e expressões acaba criando um   por isso escreveram um manifesto em 2020 relacionando
            distanciamento entre etnias. A arte está 100% interligada   a arte asiática contemporânea aos pensamentos decolo-
            com a falta de intercâmbio cultural.”            niais. “Arte e decolonialidade dialogam na possibilidade
               As ideias de Shima vão de encontro a esse pen- de trazer à tona narrativas contra-hegemônicas, quando
            samento: “A produção cultural e suas manifestações   artistas através de suas produções revelam contextos
            artísticas nos oferecem parâmetros para dizer onde   que fazem esse ‘giro de olhar’ sobre nossa memória,
            estou, quem eu sou, e para onde vou.” Um primeiro   cultura e sociabilidades”, explica Caroline.
            passo para que a arte cumpra esse papel e de fato   Mas como isso se dá no trabalho de fato? Segundo
     FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA  dê-la para além dos estereótipos de cada região: “Por  tralidade apenas fetichizada e comemorada, politizando
            facilite esse intercâmbio, para Youssef, parte de enten- Cyshimi, pode se dar ao contrapor a ideia de uma ances-

            exemplo, por que pensar que a coisa mais importante
                                                             as identidades. Como complementa Caroline, pensar
            ou mais interessante das pessoas do Oriente Médio é
                                                             um discurso artístico que não se satisfaz apenas no
                                                             relato único, mas se propõe à discutir questões coletivas
            uma religião? Ver só esse lado nos fecha para outras
                                                             e sociais e vai além de pautar identidade também faz
            experiências relevantes”, diz.
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