Page 57 - ARTE!Brasileiros #52
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Historiador da arte atuante
entre o fim do século 19 e início
do 20 ganha duas mostras
em importantes instituições
berlinenses no mesmo
momento em que a cidade
recebe a 11ª edição de sua bienal
por raFael CarDoso
ABY WARBURG EM
DIÁLOGO COM O
CONTEMPORÂNEO
no exato momento em Que a bienal De berlim
vem dar sua contribuição ao esforço para tornar a cena
artística mais inclusiva e atual, dois importantes espa-
ços expositivos da capital alemã voltam a atenção para
a obra de um historiador da arte, falecido há mais de
noventa anos, especialista em Renascimento italiano. As
exposições Aby Warburg, atlas de imagens Mnemosine:
o original e Aby Warburg, entre cosmos e páthos: obras
berlinenses do atlas de imagens Mnemosine, ocupam
respectivamente a cultuada Haus der Kulturen der Welt
(hKW) e o museu Gemäldegalerie. O que torna a obra
de Warburg tão relevante para o presente que mereça
esse duplo destaque e, mesmo em tempos de pandemia,
atraia um público cada vez maior?
Aby Warburg (1866-1929) não é nenhum desconhecido
na história da arte, mas antes um dos grandes nomes
da geração que teorizou uma “ciência das imagens”
(Bildwissenschaft, em alemão), no início do século 20.
Com o ressurgimento desse tipo de abordagem, no
rastro de seguidores como Georges Didi-Huberman e
Horst Bredekamp, sua reputação intelectual se avultou
ao ponto de ele virar modismo entre estudiosos da arte.
O problema é que Warburg é daqueles autores mais refe-
ridos do que lidos. Muitos dos que invocam seu nome o
fazem apenas para justificar aproximações entre obras
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