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EXPOSIÇÕES NOVA YORK
Trópicos malditos, gozosos e devotos 11, 2020, algodão, lã e fibra acrílica
em Dias assombrosos Como os atuais, Rivane histórica, voltando”, afirma ela ao comentar a presença
Neuenschwander coloca o dedo na ferida ao lidar, de frequente de elementos ligados à sensação de impo-
forma arguta e persistente, com alguns dos fantasmas tência, angústia e temor em sua produção.
que assolam a nossa época. São três os eixos centrais O medo é um afeto associado à infância. E é na
que conduzem sua exposição Trópicos Malditos, Gozo- investigação dos temores infantis que tem início a
sos e Devotos, em cartaz até 24 de outubro na galeria pesquisa que Rivane vem desenvolvendo há pelo menos
nova-iorquina Tanya Bonakdar: o medo, a violência quatro anos. Em uma série de workshops, realizados em
sexual e a guerra. Em quatro séries de trabalhos apa- instituições como o Parque Lage (Rio) e a White Chapel
rentemente independentes, a artista resgata temas que (Londres), a artista pediu que as crianças revelassem FOTOS: CORTESIA DA ARTISTA E TANYA BONAKDAR GALLERY
fazem parte de seu repertório pessoal há algum tempo, seus medos e ao mesmo tempo exorcizassem essas
promovendo uma conexão ora sutil, ora explícita entre os vulnerabilidades idealizando capas de proteção, como
aspectos íntimos, construtivos e poéticos dos trabalhos forma de abrigar ou afugentar seus receios. Realizou
com a crise social e política da atualidade. “O medo é um processo semelhante, de depuração de imagens
uma construção também social. Ele é importante para assustadoras, com seus filhos pequenos por meio
mim porque a gente vê essa conexão da coisa cíclica, de jogos de nomeação e descrição de fantasmas que
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