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Trópicos malditos, gozosos e devotos 15, 2020, algodão, lã e fibra acrílica










            supostamente rondavam a casa e as mentes, até que o   de sombras, e Fear of, uma assemblage na qual se
            sentimento vago de assombração se transformou em   nomeiam e entrelaçam medos potentes e paralisantes
            um terreno seguro e livre de ameaça. Esse processo   da sociedade contemporânea. “A gente que viveu, foi
            de troca e investigação acabou fornecendo-lhe um   criança durante a ditadura militar, e hoje tem filhos, vê
            amplo repertório de imagens e referências que vêm   o ciclo, o retorno do recalcado, percebe uma unidade
            assumindo diferentes corpos e formas, ecoando aqui   e também que o fascismo não está do lado de fora.
            e ali em sua poética. “Às vezes ficam latências de um   Ele está do lado de dentro”, afirma ela, reivindicando
            trabalho para o outro, algo que te incomoda e que   sempre essa ênfase no medo como fenômeno social,
            você só vai resolver anos depois. Talvez através de   de necessidade de conectar qualquer mergulho pessoal
            outra obra”, explica.                            com aspectos mais totalizantes. Os casos particulares
               Dois dos trabalhos atualmente em exposição em   também são iluminadores de como esse afeto funda-
            Nova York dialogam diretamente com esse processo de   mental é manipulado dentro do campo social, de como
            coleção e reelaboração: a série À Espreita, um conjunto   ele é usado calculadamente para a manutenção das
            de desenhos feitos a partir de material coletado com   forças autoritárias dentro da sociedade.
            as crianças e retrabalhados como se fossem teatros   Partindo de referências como Vladimir Safatle e de

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