Page 61 - ARTE!Brasileiros #52
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Delírio e aFetos traDuziDos em pinturas marcam a volta de José Roberto
Aguilar ao circuito de arte, com a exposição Destinos, o Homem Inventa o Homem,
em cartaz na Fiesp. A performidade de cada tela é parte de um voo ancestral
proposto por ele na tentativa de desvendar o universo, o homem e a natureza, na
mostra que marca seus 60 anos de arte.
Aguilar interpreta as superfícies brancas das 69 telas como pistas de pouso
para exibir uma cosmologia cujo fio condutor perpassa pelos filósofos gregos,
Revolução Francesa, Picasso, Van Gogh, Bispo do Rosário e a cidade de São Paulo.
Seus desejos são espiralados como um tornado e evoluem com a liberdade cos
tumeira, como na abordagem radical de Guernica de Picasso. Pintada este ano,
a intervenção é uma alusão à bipolaridade política do mundo atual num conflito
que desemboca no dilema: ou a guerra ou a paz. As telas de grandes dimensões,
algumas inéditas, dispostas na boa montagem de Haron Cohen, são demonstrações
inconclusas de uma arte de hipóteses que parecem nunca ter um ponto final. Em
Mademoiselles d´Avignon de Picasso, que leva o título 1907, ele celebra o ano da Detlhe da obra símbolo de
invenção da arte moderna e a criação da teoria da relatividade restrita, de Einstein. Aguilar militante contra a
O trabalho de Aguilar é intenso e obsessivo como atesta Rio Amazonas, uma devastação das florestas,
Rio Amazonas foi pintada
tela de grandes dimensões que traduz a sua ligação com o ativismo ambiental na em 2015 e faz parte da
defesa do planeta que, segundo ele, vem sendo destruído pela ganância e ignorância. série Rios Voadores
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