Page 43 - ARTE!Brasileiros #49
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NA PÁGINA ANTERIOR, JAC LEIRNER, PULMÃO (LUNG), 1987. ACIMA, RIVANE NEUENSCHWANDER, WORK OF DAYS, 1998
Isto pode trazer duas questões: a própria transforma- experiência de estar diante delas; as obras que estão
ção da historiografia da arte a respeito de como são no museu estão também reproduzidas fora do museu,
pensadas suas metodologias e teorias; e a formação estão simultaneamente nos celulares, computadores,
artística, pois a grande maioria das pessoas que acessa revistas e jornais. Além de textos críticos que reforçam
um museu hoje não tem formação de história da arte a ideia da obra nos dando outras chaves de acesso.
e está ali para uma experiência que transcende qual- Quando finalmente temos a experiência real, é como um
quer nomenclatura ou ficha técnica. Então como lidar déjà vu, aquela estranha sensação de já ter vivenciado
com essa nova abordagem do público dentro de um aquilo antes. São vários os mediadores nas relações
museu? Como acessar esse novo ser humano disperso entre o museu imaginário e o museu real.
e ao mesmo tempo com o mundo inteiro à distância de A coleção do MoMA tem mais de 200 mil peças e agora
um clique? oferece também navegação e pesquisa digital, tornando
O público de hoje divide sua atenção entre as obras nas possível acessar online imagens de cerca de 81 mil
paredes e seus telefones. Hoje o mundo se apresenta obras. Mesmo esse novo público que já está condicio-
através de imagens, a ideia de contemplação mudou nado a ver tudo online pode notar cortes transversais
radicalmente desde o surgimento dos smartphones. As nas associações das imagens expostas tanto no museu
chaves são outras, quase todo mundo tem familiaridade quanto no site do museu.
com as obras que estão no museu antes mesmo da Numa lógica contemporânea ditada pelos algoritmos,
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