Page 64 - ARTE!Brasileiros #43
P. 64
CAPA AFRO-ATLÂNTICAS
ROGÉRIO REIS, SÉRIE NA LONA, RIO DE JANEIRO (1987-2002) CAMPO GRANDE, 1997, RIO DE JANEIRO, 1987-2002, HASSELBLAD
COM FILME TRI-X, 120 MM (SAIS DE PRATA), IMPRESSÃO EM PIGMENTO MINERAL SOBRE PAPEL ALGODÃO, 50 X 60 CM
conhecida por aqui, ganha destaque, bem como brasileira de matriz africana essencialmente a
uma ampla produção de afrodescendentes do lado um universo vinculado aos motivos religiosos
de cá do Atlântico (com uma forte presença da atual e a arte popular.
produção norte-americana). A seleção brasileira Histórias Afro-atlânticas não apenas dá espaço
– ou produzida no Brasil – também é ampla, indo para os artistas responsáveis por essa virada,
desde marcos históricos como as telas Negro e dentre os quais se destacam nomes incontor-
Negra, de Albert Eckhout, a uma série de trabalhos náveis como os de Rosana Paulino, Eustáquio
comissionados especialmente para a exposição. Neves, Sidney Amaral e Dalton Paula, que estive-
Desde o final da década de 1980, com as cele- ram presentes em praticamente todas as mostras
brações em torno do centenário da abolição e anteriores já citadas. A mostra procura também
a promulgação da Constituição cidadã, nota-se abrir espaço para identificar novos atores neste
um crescente interesse por parte dos artistas segmento. Apesar do lastro histórico importante,
brasileiros afrodescendentes de refletir sobre há também uma aposta em novos nomes dessa
um passado que não acabou, substituindo pouco produção, tanto no Brasil (No Martins, Rafael
a pouco o modelo anterior que associava a arte RG...) como no exterior (TitusKaphar, Nina Chanel
64