Chico Mendes na sua casa em Xapuri, Acre, em 1988. Foto: Miranda Smith/Creative Commons.
Chico Mendes na sua casa em Xapuri, Acre, em 1988. Foto: Miranda Smith/Creative Commons.

A Mostra Ecofalante de 2021 ocorre no âmbito da Semana Nacional do Meio Ambiente, instituída em 1981 com o objetivo de promover a participação da comunidade na preservação do patrimônio natural do Brasil. Assim, de 2 a 9 de junho, o evento disponibiliza gratuitamente 16 filmes e duas séries ao redor dessa temática. Os filmes poderão ser acessados no site da mostra e na plataforma parceira Belas Artes à La Carte.

Chico Mendes na sua casa em Xapuri, Acre, em 1988. Foto: Miranda Smith/Creative Commons.
Chico Mendes na sua casa em Xapuri, Acre, em 1988. Foto: Miranda Smith/Creative Commons.

Um dos destaques do festival é o longa-metragem BR Acima de Tudo, que fará sua pré-estreia mundial. Realizada com o apoio do Rainforest Journalism Fund do Pulitzer Center, o filme dirigido por Fred Rahal Mauro trata dos impactos da possível expansão da rodovia BR-163, cujo traçado corta a floresta amazônica em direção à fronteira com o Suriname, projeto gestado durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Já a série A Década da Destruição, de Adrian Cowell e Vicente Rios e considerada um marco no documentário ambiental tem seis episódios na programação. Dirigida entre 1980 e 1990, a produção apresenta a realidade amazônica, em especial a luta pela terra e a violência de fazendeiros contra trabalhadores rurais, bem como o conflito entre a antiga mineradora CVRD (atual Vale S/A) e garimpeiros. O episódio “Chico Mendes – Eu Quero Viver” foca na trajetória do sindicalista, ativista político e ambientalista e destaca sua luta a favor dos seringueiros da Amazônia.

Confira a programação

Na grade de filmes estão presentes obras assinadas por Wolney Oliveira (Soldados de Borracha), Eryk Rocha (Edna), Luiz Bolognesi (A Última Floresta), Estevão Ciavatta (Amazônia Sociedade Anônima), Belisario Franca (Amazônia Eterna), Victor Lopes (Serra Pelada: A Lenda da Montanha de Ouro), Christiane Torloni e Miguel Przewodowski (Amazônia, o Despertar da Florestania), Fernando Segtowick (O Reflexo do Lago), Julia Mariano (Ameaçados), Márcio Isensee e Sá (Sob a Pata do Boi), Daniel Junge (Mataram Irmã Dorothy), Heidi Brandenburg Sierralta e Mathew Orzel (Quando Dois Mundos Colidem).

A Última Floresta, do diretor Luiz Bolognesi, foi o filme de encerramento do Festival É Tudo Verdade em 2021 e teve sua estreia mundial na Mostra Panorama do consagrado Festival de Berlim (arte!brasileiros conferiu o filme e você pode ler nossas impressões aqui). Outro filme que, anteriormente, também havia sido exibido na Berlinale é O Reflexo no Lago, de Fernando Segtowick, obra que trata de comunidades ribeirinhas localizadas próximas da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. Já Quando Dois Mundos Colidem, de Heidi Brandenburg Sierralta e Mathew Orzel, conquistou o prêmio especial do júri no Festival de Sundance. A obra investiga o violento conflito desencadeado na Amazônia peruana por um projeto de extração de petróleo, minério e gás, que vitimou os povos indígenas ali residentes.

Cena de "A Última Floresta". Foto: Pedro Márquez / Divulgação.
Cena de “A Última Floresta”. Foto: Pedro Márquez / Divulgação.

Além disso, a Mostra Ecofalante relembra documentários premiados em suas edições passadas. É o caso de Sob a Pata do Boi, de Márcio Isensee e Sá, e do curta-metragem Ameaçados, de Julia Mariano. O primeiro foca na relação da pecuária com a Amazônia, enquanto o segundo mostra a luta de pequenos agricultores do sul e sudeste do Pará.

O festival apresenta ainda três dos mais importantes filmes assinados por Jorge Bodanzky: Iracema, Uma Transa Amazônica (1974), codirigido por Orlando Senna, Jari (1979) e Terceiro Milênio (1981), ambos codirigidos por Wolf Gauer.

Agenda de debates

3 de junho, quinta-feira, às 19h
Acontece o debate “Para Onde Leva a Transamazônica?”, no qual participam os diretores da série Transamazônica: Uma Estrada Para o Passado Jorge Bodanzky e Fabiano Maciel, o documentarista João Moreira Salles, Alessandra Munduruku (a confirmar) e Danicley de Aguiar, do Greenpeace Brasil. A jornalista Flavia Guerra faz a mediação.

4 de junho, sexta-feira, às 19h
“Amazônia: Uma Questão de Terra(s)” é o tema do debate agendado para 4 de junho. São várias as atividades econômicas que fazem pressão sobre a maior floresta tropical do mundo e os povos tradicionais que lá vivem. Atualmente, uma série de leis em tramitação procura regular tais atividades. Quais são os principais beneficiários dessas leis? Participam do encontro Brenda Brito, pesquisadora do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), Marcello Brito, presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e Sônia Guajajara, líder indígena nacional (APIB). O jornalista acreano Fábio Pontes faz a mediação.

7 de junho, segunda-feira, às 19h
Acontece o debate  “Amazônia: Infraestrutura Para Quem?”. A Amazônia é palco de atividades econômicas desde o Brasil Colônia, mas foi só na ditadura militar que os projetos de desenvolvimento em grande escala surgiram, trazendo consigo uma ocupação desordenada e um forte desmatamento. Hoje, fala-se muito na necessidade de infraestrutura na região para alavancar a economia e apoiar um projeto de desenvolvimento sustentável. Como resolver o gargalo sem ampliar a destruição? Será necessário uma nova compreensão do território para alcançar esse objetivo? Integram a mesa Ana Cristina Barros, pesquisadora do CPI – Climate Policy Initiative, Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do IBAMA, e Simão Jatene, ex-governador do Pará. Sérgio Leitão, diretor do Instituto Escolhas, faz a mediação.

8 de junho, terça-feira, às 19h
“Raízes da Amazônia: Projetando o Futuro” é o debate do dia 8 de junho. Quando o tema é o futuro da Amazônia, fala-se em bioeconomia, mercado de carbono, valorização da floresta em pé, inúmeros projetos que contemplam a biodiversidade da maior floresta do mundo e os ‘serviços ambientais’ não contabilizados que ela presta. Por outro lado, há também uma efervescência cultural – nas artes, na gastronomia, no pensamento e conhecimento milenar das múltiplas culturas da Amazônia que necessitam de reconhecimento. O debate propõe um novo olhar sobre a Amazônia, seu enorme potencial e a contribuição de seus povos. Participam Ricardo Abramovay, professor sênior do Programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE/USP) e autor de Amazônia: Por uma Economia do Conhecimento da Natureza, a Secretária de Ciências e Tecnologia do Amazonas Tatiana Schor e Eliakin Rufino, compositor e produtor musical de Roraima. Mariano Cenamo, diretor do Idesam/AMAZ faz a mediação.

9 de junho, quarta-feira, às 19h
O evento “Amazônia e os Futuros Possíveis” encerra o ciclo de debates. Trata-se de uma conversa sobre o documentário BR Acima de Tudo, que retrata a diversidade socioambiental em uma das partes mais preservadas da floresta brasileira, e as perspectivas da chegada de uma rodovia na região. Participam da mesa Fred Rahal Mauro, diretor do filme, Angela Kaxuyana (a confirmar), da COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, e Carlos Printes, da ARQMO – Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná.

Para saber mais sobre as atividades paralelas do festival, como o webinário e a masterclass com Jorge Bodanzky, acesse este link.

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