"Anjo", de Mario Cravo Neto. Cortesia Galeria Paulo Darzé.

Buscando renovar a experiência com o público por meio de diferentes iniciativas, mas mantendo sempre a fotografia como ponto central, a SP-Foto, que acontece presencialmente há 14 anos, realiza seu primeiro Viewing Room. Entre galerias, editoras e projetos independentes, o evento reúne mais de 50 expositores nacionais e internacionais entre os dias 23 e 29 de novembro.

“A cada edição, promovemos um encontro de gerações entre artistas e galerias já consolidadas no circuito e jovens expositores e artistas que estão florescendo agora. São apostas, nomes que acreditamos que vão ascender cada vez mais”, afirma Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP-Foto.

Nesse contexto, participam do evento galerias de todo o Brasil, instituições – como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo), o Instituto Mário Cravo Neto e a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) -, as editoras Fotô Editorial, Lovely House e Terra Virgem Edições e projetos independentes, que trazem uma seleção minuciosa de fotografia e videoarte. 

Still do vídeo “Cantando na chuva”, de Berna Reale. Foto: Cortesia Clube de Fotografia MAM-SP.

A fim de propiciar uma experiência imersiva no digital, o Viewing Room foi elaborado de forma a permitir que o visitante percorresse os diferentes projetos expositivos. Cada galeria, editora ou projeto ocupará um ambiente – neste caso, online -, no qual poderão ser expostas até 20 obras de um ou mais artistas, e disponibilizados conteúdos em texto, vídeo e áudio, com intuito de propiciar uma narrativa única e enriquecer a mostra. Caso haja o interesse por algum trabalho disponível no site, apenas um clique em “Contatar galeria” já permite que o comprador inicie uma conversa com o expositor.

Diálogos plurais

Um dos destaques desta edição é a participação de projetos independentes. Em diálogo com 01.01 Art Platform (com seu olhar sobre as produções africanas e afrodiaspóricas) e Levante Nacional Trovoa (que se dedica à inserir no circuito das artes a produção mulheres e pessoas não binarias negras, asiáticas e indígenas) – leia a reportagem sobre os dois projetos -, está o nova-iorquino MFON: Women Photographers of the African Diaspora, que participa pela primeira vez de um evento brasileiro, representando a voz de mulheres e não binários afrodescendentes. O coletivo apresenta no SP-Foto Viewing Room obras de artistas como Deborah Willis, Dee Dwyer, Jaimee Todd e Tokie Rome-Taylor em um projeto expositivo que enfatiza a forma diversa como cada uma aborda a ascendência africana e representa sua visão de mundo.

Já a Piscina Art foca em temáticas relacionadas a autoimagem, representação e corpos,  trazendo à feira obras produzidas por jovens artistas mulheres. Por último, entre os espaços independentes, está o Centro Cultural Veras, concebido a partir de uma gestação de vinte anos pelo monge e curador Josué Mattos, que teve a ideia quando vivia em um monastério nas montanhas de Paraty e acabou se especializando em arte na França. As obras trazidas pelo Veras terão sua venda destinada à construção da sua sede física em Florianópolis.

História da fotografia brasileira

Iniciado como um grupo de fotógrafos amadores, o Foto Cine Clube Bandeirantes representou o ápice do movimento fotoclubista no Brasil – que se propagou, nos anos 1940, pelas principais capitais do país. Uns dos fatores marcantes da atuação do grupo foi abrir as portas para a fotografia brasileira mundo afora. Este ano, o Clube é evidenciado na SP-Foto.

Foi pensando na sua importância para a história da fotografia que diversos projetos expositivos decidiram celebrá-lo nesta edição da Feira. Em parceria, as galerias Luciana Brito e Bel Amado exibem uma seleção de obras com alguns dos principais nomes do Foto Cine Clube Bandeirantes, como Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul,  Marcel Giró, Paulo Pires e Thomaz Farkas. Já a Galeria Almeida & Dale, em Os Frequentadores do Clube, faz uma homenagem ao apresentar trabalhos de artistas já consagrados mundialmente que, em comum, são apaixonados frequentadores do Clube, como Barbara Mors, Ivo Ferreira da Silva, Julio Agostinelli e José Yalenti. A Utópica, por sua vez, põe em foco o integrante German Lorca, que tem suas obras expostas ao lado das fotografias dos modernistas Fernando Lemos, Annemarie Heinrich, Alice Kanji e Dulce Carneiro, em uma experiência que une o visual e o sonoro no espaço expositivo virtual.  

De olho no presente

“Queimada I, Barão de Melgaço, Brasil”, Lalo de Almeida. Cortesia Utópica Photography.

No mesmo evento que nos relembra parte da história da fotografia brasileira, a Documenta Pantanal convida o público a refletir sobre o presente e as questões urgentes do meio ambiente que o envolvem. O faz a partir de fotografias de João Farkas, Luciano Candisani e Araquém Alcântara que buscam documentar a região do Pantanal brasileiro. O assunto se estende para além da exposição, com a conversa entre os fotógrafos João Farkas e Lalo Almeida durante ciclo de debates e palestras da SP-Foto. Com um olhar direcionado às emergências ambientais, ambos comentam suas obras a partir de duas abordagens distintas: o fotojornalismo e o documento. 

Além da exposição virtual

O bate-papo entre os fotógrafos faz parte de uma programação ampla e gratuita com o ciclo de debates e palestras online, os Talks, a fim de completar a experiência da feira. Confira a programação abaixo:

  • 24/11 às 16h: A curadora Luciara Ribeiro conversa com a artista Moara Brasil;
  • 25/11 às 11h: A curadora Luciara Ribeiro conversa com a dupla de artistas Takeuchiss;
  • 26/11 às 11h: O curador Eder Chiodetto conversa com os artistas Ayrson Heráclito e Daniel Jablonski;
  • 26/11 às 16h: Com um olhar direcionado às emergências ambientais, os fotógrafos João Farkas e Lalo Almeida comentam suas obras. 

Se interessou? Para mais informações, acesse o site da SP-Arte clicando aqui.


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