Foto: Divulgação

Os brancos que insistem em nos chamar de atrasados e com pouca riqueza avançam sobre nossos territórios porque já saquearam tudo o que tinham. Enquanto isso os “vândalos” arrancam as estátuas dos genocidas em busca de “justiça”, pois nenhum feito heroico aconteceu por parte daqueles que desnudaram o Brasil. Toda essa loucura que vemos dia e noite em nosso país, está refletindo a grande fake news que os livros de história, monumentos, nomes de ruas contam, silenciando as tragédias que cometeram para perpetuarem no poder. Para meu povo, o homem branco foi chamado de Peka Sahâ, homem de fogo, capaz de destruir tudo o que toca. É aquele que rouba e que mata com sua ganância insaciável.

Os povos indígenas nunca fizeram monumentos, porque esta forma de ver o mundo através de homens heróis é uma fantasia criada pelo homem branco para vender seus produtos de guerra. Nós preferimos praticar nossas cerimônias e falar com os espíritos do que entrar nesta selvageria suicida. Nossas riquezas estão vivas e só têm “valor” por estarem vivas. São nossas casas terrenas e espirituais, muitas delas conhecidas por sítios sagrados. São as montanhas e cachoeiras sagradas. Não costumamos deixar rastros, lixo ou violência por onde passamos, assim existimos e resistimos para continuarmos sendo povos diferentes, cujos valores se expressam na simplicidade de nossos rituais coletivos e pinturas corporais.

Para retirar o véu da ilusão heroica, é preciso incluir a voz de todos os silenciados. Vamos sacar as armas de Borba Gato e de Martin Bugreiro lembrando: quantos índios foram caçados, assassinados e esquartejados? Quantas cabeças e orelhas foram cortadas, para premiar estes heróis brancos? E isso continua acontecendo. Ontem era o colonizador que nos matava, hoje são os mineradores, fazendeiros e plantadores de soja. Vamos etiquetar os nomes das empresas e grandes corporações ou dos deputados e bolsonaristas que querem matar índios. Vamos pintar os monumentos com cores, adornos e seres mitológicos, como a Cobra Grande, para que ela possa engolir a memória das violências transformando na cura que a humanidade tanto precisa. É urgente que as violências sistêmicas da colonização sejam expostas.

São os mesmos poderosos que perpetuam no poder. É este pensamento colonizador doentio que segue financiando as atuais guerras: causando fome, desmatamento, as doenças e pragas que chegaram até nós pelo desequilíbrio da cultura colonizadora. A história não deve ser apagada, melhor que ela seja ressignificada para que esta memória nos sirva de exemplo para gerarmos uma nova consciência.

Deixe um comentário

Por favor, escreva um comentário
Por favor, escreva seu nome