Nordeste Expandido

Ao longo de três dias, em novembro de 2023, o Banco do Nordeste realizou o primeiro seminário Nordeste Expandido: estratégias de (re) existir, em Recife (PE), em que apresentou e debateu a diversidade nas artes visuais dos nove estados do Nordeste, e ainda em parte de Minas Gerais e Espírito Santo. 

Aberto ao público, o seminário aconteceu no tradicional espaço da Galeria Janete Costa, no Complexo Cultural Dona Lindu, na praia de Boa Viagem, onde, durante rodas de conversas, performances e cafés de socialização, artistas, curadores e produtores culturais foram convidados a participar e apresentar seus trabalhos, suas experiências e seus projetos. 

Dentre os artistas e pesquisadores estiveram presentes Nicolas Soares (ES), curador do Museu de Arte Moderna de Vitória, e ainda os artistas, curadores e produtores culturais Arissana Pataxó (BA), Ariana Nuala (PE), Geoneide Brandão (AL), Kauam Pereira (BA), Luciano Feijão (ES), Lins (PE), Samantha Moreira (MA), Gustavo Wanderley (RN), Rayana Rayo (PE),
 Aslan Cabral (PE), Tieta Macau (MA),
 Adriano Machado (BA), Dinho Araújo (MA),
 Ziel Karapotó (AL), Consuelo Véa Coroca (RN), Ani Ganzala (BA), Josi (MG), Tieta Macau (MA), Samantha Lira (PE), Diogo Viana (PE), Carlos Melo, Aslan Cabral (PE), Yacunã Tuxá (BA), Simone Barreto (CE), Clara Moreira (PE), Liliana Sanches (ES), Guga Carvalho (PI), 
Iris Helena (PB),
 Alan Adi (SE),
 Charles Lessa (CE),
 Bruna Rafaela Ferrer (PE), e, de Minas Gerais, as Bordadeiras do Curtume/Mulheres do Jequitinhonha (MG), Viviane Fortes, Andressa Guimarães, Marli de Jesus Costa, Maria da Aparecida Leite e Celina Hissa. 

Luciano Feijão, Antianatomia negra

O objetivo do seminário foi mostrar, a partir da diversidade de participantes, a construção coletiva da exposição, que reúne mais de 216 obras, produto de um trabalho horizontal entre curadores de cada região e a gestão do BNB Cultural, que resultou numa mostra sensível, preocupada em acolher a diversidade. 

O encerramento do seminário contou com a presença especial de Sandra Benites (MS), diretora da FUNARTE. Jacqueline Medeiros (CE),  coordenadora de artes visuais do Centro Cultural Banco do Nordeste, e também curadora geral da coleção, falou da importância do projeto que reúne aquisições recentes do Banco do Nordeste em todos os estados de atuação. As obras também fizeram parte das exposições comemorativas dos 70 anos do Banco do Nordeste.

“Nessas novas aquisições buscou-se a equidade de territórios, gênero, raça e etnia para a Coleção BNB, com uma curadoria indígena e curadores representativos de cada Estado e região. Abrange xilogravuras, o que se denomina arte popular e todas as técnicas das artes visuais como vídeo, objeto, esculturas, pinturas, desenhos e instalações que, apesar de distantes geograficamente, se articulam entre si, como pode ser visto na exposição”, explicou.

Este projeto faz parte de uma estratégia de fortalecimento das cadeias produtivas da cultura nas áreas de atuação do BNB, chamada Banco do Nordeste Cultural. As diferentes ações são programadas e realizadas de forma integrada, envolvendo os centros culturais presentes nas cidades de Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará, e Sousa, na Paraíba, os acervos artísticos, históricos e bibliográficos, além de projetos estruturados, como é o caso do Ecossistema Musical, do Galerias Urbanas e do Ecossistema das Artes Visuais. 

“O Banco do Nordeste Cultural vem desempenhando um importante papel no processo de visibilização da produção artística dos agentes da área de atuação do Banco, por meio de programas como o Galerias Urbanas, o Ecossistema Musical e o Ecossistema das Artes Visuais. São ações, somando-se ao fornecimento de crédito, que fortalecem a marca da instituição e cumprem o papel de agente fomentador das cadeias produtivas das artes”, afirmou Murilo Albuquerque, gerente de Gestão da Cultura do BNB.

Obra da artista maranhense Gê Viana

Alguns palestrantes trouxeram as experiências culturais de seu estado de origem, como no caso de Samantha Moreira, fundadora do CHÃO, em São Luís (MA). “Encontros como este confirmam nossa intenção de fazer acontecer, de criar um espaço de afeto. O CHÃO não é um projeto que começa só comigo, começa com um grupo de artistas, educadores, gestores, com o desejo de pensar processos a partir do Maranhão. Tem grandes parceiros e tinha, anteriormente, o Tiago Martins de Melo, a Márcia Araújo e a Nova Frente. Hoje somos eu, Dinho, Camila Grimaldi e Tadeu Macedo que, enfim, gerimos o espaço, sempre trazendo novas parcerias para a programação acontecer, para ser um espaço aberto a receber articulações, pensamentos e tradições do Maranhão.” 

O CHÃO hoje é um galpão que fica no Centro Histórico de São Luís,  onde funcionavam os antigos armazéns do Saber, da Praia Grande, tombado no final do século XVIII. “É aberto, fica numa rua do Passa Carro. Isso é maravilhoso, porque a gente tem uma expansão de uma praça, que permite realizar performances para o público. É um espaço de experimentação que vive dessa nossa forma de ser, do desejo de fazer acontecer junto aos artistas que estão lá, junto às nossas outras parcerias. Na programação do CHÃO a gente recebe  muitos projetos de residência para acolher. Existem instituições parceiras que possibilitam acontecer outros projetos, como o Festival Verbo de performances, junto à Galeria Vermelho de São Paulo. Esse ano, expandimos para Fortaleza, e nos apresentamos na nova Pinacoteca. No Rio, por exemplo, o CHÃO é uma residência parceira da feira ArtRio, já faz cinco anos. A gente recebe os artistas premiados, assim como outros projetos de residências junto a outros artistas selecionados, numa chamada pública que a gente fez em caráter nacional e com artistas também do Maranhão.”

Bordadeiras do Curtume
Bordadeiras do Curtume, Vale do Jequitinhonha, Belo Horizonte – @mulheresdojequitinhonha

O artista Luciano Feijão, graduado em Artes Plásticas e mestre em Arte pela Universidade Federal do Espírito Santo, foi professor no Departamento de Artes Visuais da UFES. Trabalhou com ilustração e gravura em Vitória, São Paulo, México e Eslováquia, com destaque para as ações do Museu Capixaba do Negro. Feijão também explicou seu percurso: “Venho trabalhando sobre o corpo, principalmente o corpo negro, desde 2016. Foi exatamente o ano que eu assumi que o meu trabalho, enquanto artista visual, falaria fundamentalmente do corpo negro.” 

A exposição Nordeste Expandido: estratégias de (re)existir ficará aberta ao público até o dia 5 de janeiro de 2024, período em que poderá ser visitada de quarta a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. O acesso é gratuito.

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