Maria Macedo, frame da fotoperformance
Maria Macedo, "Dança para um futuro cego”, 2021.

Criada em 1989, em Ribeirão Preto, a Mostra de Arte da Juventude (MAJ) chega à sua 30ª edição e faz sua primeira itinerância na capital paulista, no Sesc Consolação. Foram 402 inscrições – número recorde – a partir das quais a dupla de curadores Luciara Ribeiro e André Pitol escolheram 40 artistas e coletivos.

“A exposição traz um conjunto de obras selecionadas em parceria com [o curador] André Pitol e reflete a pluralidade da juventude no campo das artes, tanto de contextos quanto de territórios”. Espelha também o que estes jovens têm pensado e utilizado na produção de suas obras. “Há questões políticas, sociais, identitárias, poéticas e estéticas”, conclui.

Segundo Pitol, os temas abordados nas obras da MAJ emergiram das próprias pesquisas estéticas dos artistas e, claro, de seu interesse em discuti-los. E que o aspecto híbrido ou mesmo digital de alguns trabalhos foi consequência natural do período em que a seleção foi feita num período grave da pandemia de covid-19. Entre os trabalhos que ele destaca está o mural 45 propostas antirracistas, de Alan Ariê (Itapecerica da Serra/SP).

 

Ainda segundo Luciara, recentemente a MAJ se abriu enquanto mostra nacional, com participação de artistas de outros estados, ainda que tenha uma grande presença de nomes do Sudeste, em especial de São Paulo. Mesmo assim, ela traz grande diversidade, com artistas do interior e da periferia da capital paulista. Luciara ressalta que ela e Pitol fizeram uma nova leitura da premiação da MAJ, sempre voltada a três artistas.

“Percebemos que nas edições anteriores da exposição o critério era conceder o prêmio aos trabalhos tidos como mais bem resolvidos ou artistas que haviam tido mais destaque. O que nós fizemos foi entender que a mostra deve fomentar a produção e conclusão de trabalhos. Então, neste ano em que a MAJ chega à sua 30ª edição, a premiação foi um incentivo para que as obras pudessem ser finalizadas”, explica.

Ao fim, foram laureados Rebeca Ramos (São Paulo/SP), cujas esculturas estão relacionadas a uma crítica social à desigualdade na cidade de São Paulo e que destacam o amarelo, cor que remete à fome segundo Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de despejo (1960); Anderson Oli (João Pessoa/PB), cujo vídeo A rua que era praia resgata a memória do Complexo da Maré, no Rio; e Roberval Borges (Teresina/PI), que criou um mural com 176 pequenos espelhos em que o visitante tanto se vê quanto “encara um repertório de pessoas”, segundo Pitol, com quem nos deparamos quando vamos a uma feira de rua.

Assista à entrevista com os curadores no vídeo abaixo:

SERVIÇO

30ª Mostra de Arte da Juventude – Itinerância
Até 5 de março
Sesc Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque – São Paulo (SP)
Visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita

 

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