O artista argentino León Ferrari. Foto: Divulgação
O artista argentino León Ferrari. Foto: Divulgação

A partir de 20 de abril, o Centro Pompidou, em Paris, apresenta a primeira exposição da obra de León Ferrari (1920-2013) em um museu francês, intitulada La Bondadosa Crueldad. O artista argentino foi autor de uma obra multiforme que combinava inventividade plástica e consciência crítica. Depois de estudar engenharia, começou a aprender desenho em 1946. Mudou-se para a Itália com sua família e fez suas primeiras esculturas em 1952, que foram expostas em Milão em 1955. Ao retornar a Buenos Aires, Ferrari recorreu a novos materiais: madeira e arame que ele usava para fazer construções frágeis e complexas.

Em 1962, passou a explorar a visualidade da linguagem em “quadros escritos”. Consternado com a violência de seu tempo, particularmente a Guerra do Vietnã, que recebeu ampla cobertura da imprensa, Ferrari dedicou seu trabalho ao destaque da barbárie do mundo ocidental.

Com produção marcada pelo tom feroz contra o cristianismo, em 1965, León Ferrari fez a escultura La civilización occidental y cristiana (civilização cristã ocidental), representando Cristo crucificado em um avião militar americano. Exilado no Brasil no final dos anos 1980, ele continuou sua prática de assemblage e fez uma série de colagens iconoclastas combinando representações bíblicas da tradição pictórica ocidental com imagens de violência publicadas na imprensa. Em São Paulo, Ferrari se vinculou às formações experimentais da cidade com artistas como Regina Silveira, Julio Plaza, Carmela Gross, Alex Flemming, Marcelo Nietsche e Hudinilson. 

A exposição é organizada por ocasião do centenário do nascimento de León Ferrari. O Centro Pompidou é a última parada na itinerância de La Bondadosa Crueldad, que percorreu antes o Museu Reina Sofía, em Madrid (Espanha), e o Museu Van Abbe, em Eindhoven (Holanda). La Bondadosa Crueldad propõe um percurso pelas obras, ideias e lutas políticas que atravessaram a vida do artista argentino. Trabalhos que “desmontam as sequências naturalizadas de violência propagadas pela guerra, religião e outros sistemas de poder”, e que “convidam quem os olha a parar, refletir e se posicionar”, segundo a fundação do artista, que participa da organização da mostra e disponibilizou ainda um número significativo de documentos inéditos.

A exposição fica em cartaz até o dia 29 de agosto de 2022.

Leia aqui sobre o centenário do artista.

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