Claudia Andujar, Catrimani Region, 1972-76, mineral pigment print (from infrared film). Artwork © Claudia Andujar. Collection of the artist.

Harvé Chandès, diretor geral da Fundação Cartier pour l’art contemporain e Alex Poots, Diretor artístico do The Shed, estão honrados em anunciar a estreia estadunidense da exposição The Yanomami Struggle, dedicada à colaboração e à amizade entre a ativista Claudia Andujar e o povo Yanomami, um dos maiores grupos indígenas que vivem na Amazônia hoje. Em exibição do dia 3 de fevereiro a 16 de abril de 2023, no The Shed, em Nova Iorque, a mostra tem curadoria de Thyago Nogueira, Diretor de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles (IMS), com a orientação do pajé e líder Yanomami Davi Kopenawa. O evento é organizado pela IMS, Fundação Cartier e The Shed, em parceria com as ONGs brasileiras Hutukara Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental.

Após aclamadas apresentações no IMS (São Paulo), na Fundação Cartier (Paris) e no Barbican Centre (Londres), entre outros espaços, a exposição será ampliada no The Shed visando incluir mais de 80 desenhos e pinturas produzidas pelos artistas Yanomami André Taniki, Ehuana Yaira, Joseca Mokahesi, Orlando Nakɨ uxima, Poraco Hɨko, Sheroanawe Hakihiiwe e Vital Warasi, como também o xamã Davi Kopenawa. Os visitantes também encontrarão novos trabalhos em vídeo de artistas contemporâneos, como os cineastas Yanomami Aida Harika, Edmar Tokorino, Morzaniel Ɨramari e Roseane Yariana. Essas obras serão expostas ao lado de mais de 200 fotografias da Claudia Andujar, que traçam os encontros da artista com os Yanomami e aumentam a visibilidade da luta dos povos indígenas para proteger sua terra, população e cultura. O diálogo estabelecido entre os novos artistas Yanomami e o trabalho fotográfico de Andujar oferece uma visão inédita da sociedade, cultura e artes visuais dos Yanomami. Essas obras serão exibidas em Nova Iorque pela primeira vez, oferecendo a mais extensa apresentação da arte Yanomami nos Estados Unidos até hoje.

“Acredito que o mais importante é a chance de apresentar às pessoas outro aspecto do nosso mundo. Ao mesmo tempo, esse outro aspecto do nosso mundo permite que nos reconheçamos em outros seres humanos, que merecem viver suas vidas como desejam, seguindo sua própria compreensão de mundo”.
– Cláudia Andujar

Cláudia Andujar nasceu na Suíça em 1931 e foi criada na Transilvânia antes de imigrar para a cidade de Nova Iorque em 1946 depois de escapar do Holocausto. Ela se mudou para o Brasil em 1955, quando começou sua carreira como fotógrafa. Há mais de cinco décadas, Andujar vem colaborando com os povos Yanomamis em defesa de seus direitos e soberania. “The Yanomami Struggle” conta a história da relação de Andujar com o povo Yanomami durante a Ditadura Militar no Brasil (1964 – 1985), desde o seu primeiro encontro em 1971 até a transformação de sua prática artística em ativismo sete anos depois, quando ela e outros ativistas criaram a Comissão de Demarcação do Parque Yanomami. Pela voz e orientação do xamã e líder Davi Kopenawa, a exposição também narra a origem dos Yanomami e mapeia sua cosmovisão, política e sociedade. A amizade de Davi com Andujar desde a década de 80 é fundamental para sua relação com os Yanomami. Ao lado de diversos ativistas e organizações, eles trabalharam com as comunidades Yanomami contra invasões à suas terras, luta que resultou na proteção do território Yanomami pelo governo brasileiro em 1992. A proteção das terras foi seguida por importantes programas de saúde e educação, além da criação de diferentes Associações Yanomami. Apesar desse progresso, o ativismo retratado na exposição não é relegado ao passado. A invasão do território por garimpeiros continua e ameaça não só os Yanomami como também a floresta Amazônica. Desde de 2000 uma nova geração de artistas Yanomami vem produzindo e expondo seus trabalhos fora do território, estabelecendo uma nova perspectiva que está agora incorporada na exibição. Essas diversas visões da história também incluem a contribuição de diversos outros indivíduos e organizações, incluindo a Associação Yanomami Hutukara, Instituto Socioambiental e o antropólogo Bruce Albert (consultor da Fundação Cartier e coautor de “The Falling Sky”).

“Aqueles que não conhecem os Yanomami vão conhece-los através das imagens. Meu povo está sendo retratado. Você nunca os visitou, mas eles estão presentes. É importante para mim e para você, para seus filhos e filhas, adolescentes, crianças, aprender a enxergar e respeitar meu povo Yanomami que viveu nessa terra por tantos anos”.
– Davi Kopenawa, xamã e líder Yanomami

“Em um momento em que a Amazônia é novamente ameaçada pelo desenvolvimento desenfreado do desmatamento e do garimpo, essa exibição apresenta uma narrativa multifacetada de violência e resistência. Além de usar a arte como uma plataforma para ampliar a voz do povo Yanomami e expor nossa responsabilidade na crise humanitária e ambiental que ameaça a vida dos povos originários ao redor do mundo”.
– Thyago Nogueira, curador

SERVIÇO

The Yanomami Struggle
Curadoria de Thyago Nogueira e orientação de Davi Kopenawa
Até 16 de abril
The Shed: 545 West Street, Nova Iorque – EUA
Visitação: quarta, quinta, sábado e domingo, das 11h às 18h; sexta, das 11h às 20h.

SOBRE A FUNDAÇÃO CARTIER POUR L’ART CONTEMPORAIN
A Fundação Cartier por l’art contemporain é uma instituição cultural privada cuja missão é promover todos os campos da criação artística contemporânea ao público internacional por meio de um programa de exposições temporárias, performances ao vivo e conversas. Criada em 1984 pela Maison Cartier, a instituição está sediada em Paris em um prédio projetado pelo arquiteto Jean Nouvel. O programa artístico singular da Fundação Cartier explora uma ampla gama de campos criativos desde as artes visuais e cênicas até arquitetura, design, moda, filosofia e ciências. Por quase quatro décadas a Fundação Cartier vem sendo um instrumento fundamental para revelar o talento de grandes artistas contemporâneos além de estabelecer seus espaços museológicos como uma plataforma onde cientistas e artistas podem se encontrar e criar novos projetos que abordam questões do mundo atual. Sua coleção é composta por cerca de 2.000 obras provenientes de um rico programa multidisciplinar, que comprova a relação com mais de 500 artistas ao redor do mundo. Como parte da sua observação contínua da relação entre os seres humanos e a natureza, a Fundação Cartier produziu projetos coletivos (como exibições, publicações e palestras públicas) que abordam questões ambientais contemporâneas, como mudanças climáticas, biodiversidade, desmatamento e a multiplicidade das línguas e culturas indígenas. A Fundação Cartier viaja pelo mundo, em parceria com grandes instituições de arte, engajando novos públicos a descobrir o trabalho de artistas contemporâneos e serem desafiados por uma nova perspectiva.

SOBRE O THE SHED
The Shed é uma nova instituição cultural do e para o século 21, produzindo e recebendo inovações do universo da arte através de toda e qualquer forma criativa afim de construir e compartilhar um entendimento sobre as rápidas mudanças do mundo e de uma sociedade mais igualitária. Em seu edifício localizado no lado Oeste de Manhattan, The Shed reúne artistas consagrados e emergentes para criar novos trabalhos em áreas que vão do pop à música clássica, da pintura à mídia digital, do teatro à literatura e da escultura à dança. The Shed busca oportunidades para colaborar com colegas culturais e organizações comunitárias, trabalhar com parceiros e fornecer espaços exclusivos para eventos privados. A instituição foi desenvolvida para quebrar tradições que separam arte do público. Ao minimizar as barreiras causadas pelos problemas sociais e econômicos, o espaço oferece um ambiente acolhedor para a inovação e dialogo. Usufruindo da tecnologia, The Shed trabalha com pensadores e parceiros criativos para criar experiências digitais transformadoras no online. Usando sua infraestrutura e capacidade operacional, The Shed é capaz de produzir performances, exposições, eventos e reuniões de qualquer tipo, em locais amplos de multiuso. Impulsionado por sua crença de que o acesso à nova arte é um direito, não um privilégio, The Shed apresenta experiências profundas, capaz de criar laços entre seus artistas e audiência. Como uma organização independente sem fins lucrativos que valoriza a inovação, a equidade e a generosidade, o The Shed está comprometido com o avanço da arte, abordando as questões contemporâneas urgentes e tornando seu trabalho impactante, sustentável e relevante para a comunidade local, o setor cultural, a cidade de Nova York e muito mais.

SOBRE O INSTITUTO MOREIRA SALLES
O Instituto Moreira Salles (IMS) é uma instituição artística brasileira sem fins lucrativos com sede em São Paulo, Rio de Janeiro e Poços de Caldas. O IMS foi fundado em 1992 e possui importantes acervos em artes visuais, fotografia, música, literatura, gravuras e desenhos. É reconhecido por suas exposições, destacando artistas e temas do Brasil e do exterior. O IMS também publica catálogos de exposições e livros sobre fotografia, literatura e música, além das revistas impressas ‘ZUM’, dedicado à fotografia contemporânea no Brasil e no mundo, e ‘Serrote’, publicação trimestral voltada para ensaios e ideias. A exposição Claudia Andujar e a Luta Yanomami foi originalmente organizada no Brasil em 2018 pelo IMS em parceria com a Associação Hutukara Yanomami e o Instituto Socioambiental, antes de sua apresentação na Fundação Cartier, Trienal Milano (Itália), Fundación Mapfre (Espanha), Barbican Centre (Reino Unido) e Fotomuseum Winterthur (Suíça). Em 2014, o IMS também organizou uma retrospectiva dos primeiros trabalhos de Claudia Andujar que recebeu o nome ‘No Lugar do Outro’. A luta Yanomami faz parte do compromisso de longo prazo do IMS em promover os artistas mais importantes do Brasil, bem como a arte contemporânea indígena. The Shed será sua única parada na América do Norte antes de embarcar em uma turnê latino-americana em 2023.

SOBRE A ONG ASSOCIAÇÃO HUTUKARA YANOMAMI
A ONG Associação Hutuka Yanomami é uma associação indígena fundada em 2004 para representar os Yanomami e povos Ye’kwana do Brasil. É presidido por Davi Kopenawa, que há quase 20 anos luta pela proteção da Terra Indígena Yanomami e dos direitos de seus habitantes. Dário Kopenawa atua como vice-presidente.

SOBRE ONG INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA)
A ONG Instituto Socioambiental foi fundada em 1994 e atua na defesa dos direitos dos povos da floresta, apoiando e fortalecendo seus projetos de participação política, cultura, conhecimento tradicional e geração de renda. Desde 2009, incorpora o legado e as atividades da Comissão de Demarcação do Parque Yanomami (CCPY).

 

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