Cena da obra "Parallel", de Jiwon Choi. Foto: Reprodução

O curador e professor de Comunicação Social da UFMG Eduardo de Jesus comenta, no novo episódio do Acervo Comentado Videobrasil, a obra Parallel, da sul-coreana Jiwon Choi, trabalho que foi apresentada na 20a edição do Festival Sesc_Videobrasil, em 2017. “Trata-se de um potente filme ensaio em torno de questões da vida social contemporânea da Coreia do Sul”, conta o curador em seu depoimento.

O novo episódio da série é lançado no mesmo momento em que a instituição promove a mostra coletiva Antropoceno: Coreia x Brasil 2019-2021, na plataforma VB Online, com trabalhos de seis artistas sul-coreanas e curadoria de Juhyun Cho.

Nas palavras de Eduardo de Jesus, Parallel “de um lado busca um testemunho contundente das experiências vivenciadas pelo avô da artista na guerra da Coreia, por outro reproduz processos midiáticos que quase estruturam as formas subjetivas típicas da contemporaneidade na Coreia do Sul. Uma profusão de signos típica do sistema midiático”. Deste modo, a obra da jovem artista coreana – com trajetória consistente nas linguagens audiovisuais – faz um paralelo entre dois períodos da história do país, deixando claro continuidades e diferenciações no tempo.

“Isso fica bastante nítido em passagens em que ela aproxima a ambiguidade de sentidos da palavra shot entre ‘atirar’ ou ‘tirar foto’, para produzir uma espécie de reflexão em torno da excessiva produção de imagens na sociedade contemporânea e ao mesmo tempo o intenso processo de militarização pelo qual a Coreia atravessa, desde a guerra”, afirma Jesus. O próprio nome do filme, Parallel (paralelo, em português), também remete à divisão entre Coreia do Sul e do Norte e à DMZ (Zona Desmilitarizada da Coreia), faixa que divide os dois países.

Surge também com intensidade o universo do K-Pop – no filme a própria artista constrói uma banda de K-pop, na qual ela performa todos os integrantes do grupo. Para Jesus, fica claro estar em questão uma luta em busca da identidade. “Se naquele primeiro momento da guerra a questão era a democracia, agora é a identidade”. E ele conclui: “É bem interessante o modo com que a artista constrói uma critica bastante contundente, usando os próprios elementos da cultura midiática para elaborar essa crítica”.

Assista aqui também o depoimento dado pela artista ao Videobrasil em 2017 sobre Parallel. “Eu estou apresentando a cultura coreana contemporânea, resultante da Guerra da Coreia e da cultura popular coreana”, afirma. Ao falar da luta de seu avô, de seus pais e da cultura contemporânea da Coreia da Sul, a artista conclui: “Precisamos aprender mais uns com os outros, apenas escutar e dialogar mais”.

O avô da artista em cena do filme. Foto: Reprodução.

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Acervo Comentado Videobrasil é uma parceria entre arte!brasileiros e a Associação Cultural Videobrasil. A cada 15 dias publicamos, em nossa plataforma e em nossas redes sociais, uma parte de seu importante acervo de obras, reunido em mais de 30 anos de trajetória. Confira os outros episódios neste link.

Sobre Videobrasil

A instituição foi criada em 1991, por Solange Farkas, fruto do desejo de acolher um acervo crescente de obras e publicações, que vem sendo reunido a partir da primeira edição do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (ainda Festival Videobrasil, em 1983). Desde sua criação, a associação trabalha sistematicamente no sentido de ativar essa coleção, que reúne obras do chamado Sul geopolítico do mundo – América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio –, especialmente clássicos da videoarte, produções próprias e uma vasta coleção de publicações sobre arte.

Este projeto contribui para “redescobrir e relacionar obras do acervo Videobrasil, e vertentes temáticas, na voz de críticos, curadores e pensadores iluminando questões contemporâneas urgentes”, afirma Farkas.

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