Alfredo Jaar, "I Can’t Go On, I’ll Go On", 2019. Imagem: Cortesia do artista

Nesta terça-feira, 12 de maio, a Fundação Bienal lança o site bilíngue para a 34ª Bienal de São Paulo. Sob o título Faz escuro mas eu canto, a edição teve seu pontapé inicial em 8 de fevereiro – antes do surto do coronavírus alcançar o status de pandemia e da necessidade de isolamento social -, com a abertura da exposição de Ximena Garrido-Lecca e a performance realizada por Neo Muyanga, assistida por um público de quase 1,8 mil pessoas. Com a chegada da pandemia, a dinâmica de exposições individuais foi interrompida e as futuras mostras estão sendo repensadas pela curadoria da Bienal. Mesmo assim, embora a mostra coletiva tenha sido adiada de setembro para o dia 3 de outubro, a equipe da Bienal segue ativa e acaba de lançar o site da edição.

Paulo Miyada, curador-adjunto, Carla Zaccagnini, curadora convidada, Jacopo Crivelli Visconti, curador-geral, Ruth Estévez, curadora convidada e Francesco Stocchi, curador convidado. Equipe curatorial da 34a Bienal de São Paulo.
Paulo Miyada, curador-adjunto, Carla Zaccagnini, curadora convidada, Jacopo Crivelli Visconti, curador-geral, Ruth Estévez, curadora convidada e Francesco Stocchi, curador convidado. Foto: Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo

Novo site, novas confirmações

A 34ª Bienal terá a participação de cerca de 90 artistas, cujos anúncios têm sido graduais. Enquanto a Fundação não divulga a lista completa, o perfil dos artistas confirmados pode ser checado na nova página virtual. Aos 28 nomes que já constam na plataforma somam-se três novos artistas que contribuíram com a publicação educativa da 34ª Bienal: Carmela Gross, Daniel de Paula e Gustavo Caboco.

Gross já participou de sete edições da mostra. Seus trabalhos em grande escala se inserem no espaço urbano e assinalam um olhar crítico sobre a arquitetura e a história. Daniel de Paula, brasileiro nascido nos EUA, propõe em sua obra reflexões acerca da produção do espaço enquanto reprodução de dinâmicas de poder, revelando assim investigações críticas sobre as estruturas que moldam lugares e relações. O curitibano Gustavo Caboco, filho de mãe Wapichana, apresenta uma obra marcada pelo desejo à memória dos povos indígenas, pela repercussão das vozes desses povos e sua religação com o imaginário de luta e vida presentes em suas raízes – foi apenas em 2001 que Caboco conseguiu visitar a aldeia Canuanim (Roraima), de sua família.

Acesso gratuito às publicações da mostra

Seguindo a proposta da 34ª Bienal de expandir-se no tempo, as publicações do evento também começaram a ser lançadas em fevereiro de 2020 e se estenderão até outubro de 2020, por ocasião da inauguração da mostra coletiva. Tais publicações podem ser encontradas no site desta edição, com destaque para uma série de correspondências, elaboradas pela equipe curatorial da Bienal, para compartilhar com o público as reflexões sobre o desenvolvimento da 34ª edição.

Deana Lawson, “Oath”, 2013. Imagem: Cortesia do artista

Jacopo Crivelli Visconti e Paulo Miyada, curador geral e curador adjunto respectivamente, abordam a escuridão imprevisível da pandemia. “Em setembro, quando a mostra principal da Bienal abrir, quão sombrio estará o horizonte? É impossível prever”, escreve Miyada em uma correspondência “pré-isolamento”. Ao que Crivelli Visconti complementa: “Não previmos que a escuridão de que falávamos ficaria mais impenetrável ainda. Que a ameaça política e social à qual nos referíamos, simbólica e metaforicamente, de um momento para outro se tornaria também física, apesar de invisível”.

Já a curadora convidada Carla Zaccagni caminha rapidamente pelo processo de definição do título da Bienal. Ela comenta: “Decidimos chamá-la Faz escuro mas eu canto. Porque estamos em tempos escuros. E o escuro em que estamos é feito. Porque queremos olhar para esse escuro, olhar nesse escuro. Deixar que as pupilas se dilatem para capturar a luz que ainda há e começar a delinear vultos nas sombras.”.

Acervo multimídia mostra o que já veio e o que está por vir

Performance do artista sul-africano Neo Muyanga, apresentada no Pavilhão da Bienal em parceria com o coletivo Legítima Defesa. Foto: Levi Fanan/ Divulgação

Vale também vasculhar a parte multimídia disponibilizada, que conta, por exemplo, com o documentário sobre a realização da performance A Maze in Grace, de Neo Muyanga com Legítima Defesa + Bianca Turner, apresentada no dia 8 de fevereiro de 2020.

Embora as obras presentes na mostra coletiva ainda não estejam confirmadas, para cada artista foi criada uma galeria com algumas imagens referenciais de seu trabalho.

Desde 1996 a Bienal tem seu site próprio, sendo que todos podem ser vistos ou revistos no portal da Bienal, que também reúne conteúdos exclusivos sobre as diversas iniciativas culturais da Fundação Bienal e inclui o Arquivo Histórico Wanda Svevo, com mais de um milhão de documentos em torno das realizações das Bienais de São Paulo e seus desdobramentos na história da arte.

Confira também:

Em entrevista recente Jacopo Crivelli Visconti, curador da mostra, e Paulo Miyada, curador-adjunto, explicaram os principais contornos de seu projeto. Leia aqui.

 

Deixe um comentário

Por favor, escreva um comentário
Por favor, escreva seu nome