Previsões para 2021. Foto da Art Basel em Miami Beach. Cortesia da feira.
Foto da Art Basel em Miami Beach. Cortesia da feira.

Na ressaca de 2020, o mundo da arte começa a retomar calendários e estabelecer estratégias reformuladas após um ano de eventos sendo adaptados por conta da pandemia e feiras migradas em formatos híbridos com o online. A incerteza ainda cerca qualquer planejamento para o ano que começa, mas mesmo assim alguns especialistas em arte e mercado deram suas apostas para 2021. Em sua coluna Gray Market, o editor da seção de mercado no Artnet News, Tim Schneider, calcula que as principais feiras de arte de 2021 acontecerão conforme planejado: Frieze New York (5 de maio), Art Basel Hong Kong (21 de maio), Frieze Los Angeles (26 de julho), Armory Show (9 de setembro) e Art Basel Miami Beach (dezembro). 

“Se você está contando pontos, isso significa que as duas únicas feiras importantes que estou advertindo são a Art Basel em Basel (prevista para sair em 14 de junho, mas postergada recentemente para 23 de setembro) e a Frieze London / Masters (com lançamento previsto para 13 de outubro)”. Por que essas duas exceções? Schneider explica que a Suíça fez jus à sua reputação em 2020 por estar entre os países mais exigentes e restritos do mundo no que se refere à regulamentação de eventos presenciais durante a crise. “Considere os desafios que já estamos vendo com a distribuição de vacinas e restrições de viagens internacionais relacionadas à saúde, e posso ver os funcionários do governo potencialmente forçando a Art Basel a atrasar um pouco seu principal evento”, ele supõe. 

Já sua ressalva com a Frieze London / Masters recai sobre a estratégia de vacinação adotada pelo Reino Unido: o governo pretende oferecer vacinas a 15 milhões de pessoas – acima de 70 anos, profissionais de saúde – em meados de fevereiro e milhões a mais de pessoas com mais de 50 anos e outros grupos prioritários até a primavera. Só no outono o resto da população adulta receberá uma vacina, justamente para quando a ocorrência da Frieze London está planejada. O mesmo período no ano passado marcou um novo acréscimo no nível de transmissões, algo que poderia ser novamente um empecilho. “A cautela poderia obrigar os funcionários da Frieze a mudar a feira de seu formato tradicional no Regent’s Park para o mesmo modelo distribuído da Frieze Los Angeles 2021”, indica o editor.

Com todo o zelo para a última edição da Frieze de 2021, por que Schneider está confiante com a ocorrência da primeira, em Nova York, ainda em maio? Uma resposta pode ser a oferecida por Victoria Siddall, diretora do conselho da feira na metrópole americana. Em entrevista ao colunista do The New York Times Scott Reyburn, Siddall já havia sinalizado que “Nova York é uma das poucas cidades onde você pode realizar uma feira para 60 galerias internacionais sem ter que contar com um grande público internacional. Há tantos colecionadores na cidade”. Ela afirma: “É uma feira muito menor, mas parece certa para o primeiro semestre.”

Há de se esperar para 2021 uma redução no número de feiras frequentadas pelos galeristas? Talvez sim. A galerista de Marianne Boesky, também de Nova York, planeja atender metade das feiras às quais comparecia há cinco anos, por exemplo, ressaltando que a necessidade de frequentar os eventos e seu encarecimento gradual levaram-na a um ponto em que a comparação entre a receita da galeria e as despesas gerais em feiras de arte – sem contar horas de trabalho -, quase não atingiam o ponto de equilíbrio.

Previsões 2021. O leiloeiro Oliver Barker presidindo os leilões eletrônicos globais da Sotheby's. Cortesia da Sotheby's.
O leiloeiro Oliver Barker presidindo os leilões eletrônicos globais da Sotheby’s. Cortesia da Sotheby’s.

Para além da permanência das feiras presenciais, Schneider se arrisca entrevendo um aumento nos leilões online devido a um número de compradores dispostos a gastar (“livremente, mas não de forma imprudente”) depois de um ano em que reduziram os luxos; sua aposta é que finas obras de arte serão vendidas em leilão, embora “troféus não façam parte do pacote”.

E como ficam os famigerados viewing rooms? “Minha sensação é que, uma vez que até mesmo a programação física limitada entrou em cena, manter um programa digital simultâneo tornou-se uma proposta cada vez mais de alto esforço / baixa recompensa para revendedores com recursos modestos”, explica o editor. Ele complementa notando que caso feiras de arte virtuais continuem após o retorno de suas contrapartes ao vivo, “alguns desses negociantes vão decidir que o ciclismo contínuo de suas próprias salas de exibição online não vale mais a pena, especialmente se eles ainda puderem participar de feiras virtuais”.

Sejam os viewing rooms ou leilões virtuais, para a consultora de arte Emily Tsingou: “O legado duradouro de 2020 será que a confiança em um formato puramente digital não é a solução para o futuro do mercado de arte”, como dito em entrevista ao The Art Newspaper.

LEIA MAIS: Na edição #53 de arte!brasileiros foi publicada uma reportagem que traçava um panorama do mercado da arte no Brasil em 2020, escutamos galeristas e outros agentes do mercado nacional, colocando em cheque tais adaptações ao ambiente virtual e se elas haviam sido benéficas, ou não. Confira acessando este link.

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