Dora Smék. "simétricos psicofísicos: alegoria #1", 2022, exposto na ArtRio pela Central Galeria. Foto: Ana Pigosso

Entre os dias 14 e 18 de setembro, o Rio de Janeiro recebe a ArtRio. A feira chega à sua 12ª edição reunindo 60 galerias e 15 instituições ligadas a arte na Marina da Glória. Neste ano, a programação está dividida em dois espaços: o pavilhão TERRA (central), que abrigará a mostra PANORAMA, da qual participam galerias com atuação estabelecida no mercado de arte moderna e contemporânea; e o Pavilhão MAR. Este, os expositores dividem-se em quatro programas: VISTA é dedicado às galerias com até 10 anos de existência; SOLO foca em projetos expositivos originais dedicados a um único artista; EXPANSÃO reúne instituições e espaços que utilizam a arte como inclusão social e o já tradicional MIRA, com curadoria de Victor Gorgulho e Henrique Rondinelli, convida o público a explorar narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes que usam a videoarte como plataforma

Pensando em quem vai ao Rio de Janeiro acompanhar a feira, montamos um roteiro de visitações com as principais mostras em cartaz na capital fluminense durante a semana do evento.

UÝRA, “Espíritos de Tudo Que Vive”, 2019, exposta na mostra dos Premiados PIPA 2022. Foto: Selma Maia
Paço Imperial

A poucos minutos da ArtRio, no centro da cidade, o Paço Imperial recebe as exposições dos vencedores do Prêmio PIPA 2022 e das aquisições recentes da instituição. O Terreiro do prédio colonial carioca recebe trabalhos do Coletivo Coletores, de Josi, UÝRA e Vitória Cribb, totalizando 30 obras. “O conjunto mostra um ecossistema artístico bastante complexo, misturando poéticas que remetem a práticas mais artesanais, até o envolvimento radical com a tecnologia”, explica o curador Luiz Camillo Osório. Trabalhos de artistas contemporâneos brasileiros que fazem parte da história do Prêmio, como Eduardo Berliner, Leticia Ramos, Romy Pocztaruk, Ilê SartuziDenilson Baniwa e Isael Maxakali podem ser conferidos na mostra que reúne obras comissionadas e adquiridas pelo Instituto PIPA nos últimos anos.

Silvana Mendes, detalhe de obra da série Afetocolagens. Foto: Divulgação
Museu de Arte do Rio

Quem visita a Praça Mauá pode conferir as exposições do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã. No MAR, acaba de entrar em cartaz Um defeito de cor, exposição baseada no livro homônimo, da escritora mineira Ana Maria Gonçalves, que busca fazer uma revisão historiográfica da escravidão abordando lutas, contextos sociais e culturais do século 19. Ao todo, são 400 obras, entre desenhos, pinturas, vídeos, esculturas e instalações, de mais de 100 artistas, em sua maioria negros e negras.

Gira, individual de Jarbas Lopes, entra em seu último mês em cartaz (até 16 de outubro). Com curadoria de Amanda Bonan e Marcelo Campos, a mostra reúne cerca de 100 obras que fazem parte da produção do artista, além de trabalhos inéditos e projetos que só existiam no papel. Lopes também apresenta fotografias, desenhos, livros, maquetes e instalações. Com entrada gratuita, a exposição Ramificar, do artista plástico RAMO Negro fica no espaço ao lado da biblioteca. Em 30 obras que misturam elementos da rua, do afrofuturismo e da espiritualidade católica, aa exposição aborda temas como a masculinidade tóxica, o “vilanismo” do homem negro, o afeto e a esperança, colocando foco sobre a temática do racismo e da violência contra corpos negros e periféricos.

Museu do Amanhã

No outro lado da Praça Mauá, o Museu do Amanhã apresenta Amazônia, individual de Sebastião Salgado. Composta por quase 200 painéis fotográficos, a exposição é resultado de sete anos de experiências e expedições do fotógrafo na Amazônia brasileira e revela a floresta, rios e montanhas, assim como a vida em várias comunidades indígenas – estão retratados os povos Awá-Guajá, Zo’é, Suruwahá, Yawanawá, Marubo, Asháninka, Korubo, Yanomami e Macuxi. Leia nossa entrevista com Sebastião Salgado para saber mais.

Arjan Martins, “Só vou ao Leblon a negócios”, 2016, exposta em “Atos de revolta”. Foto: Fabio Souza / MAM Rio
MAM Rio

No dia 17 de setembro, último dia de feira, o Museu de Arte Moderna do Rio inaugura a exposição Atos de revolta: outros imaginários sobre independência, desenvolvida em colaboração com o Museu da Inconfidência. Com curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison, Pablo Lafuente e Thiago de Paula Souza, a mostra parte do bicentenário da independência do Brasil para propor uma releitura desse processo histórico desde a arte, reunindo obras e objetos do período colonial, em diálogo com a produção de artistas contemporâneos, de gerações e geografias diversas; e foca em uma série de levantes populares e motins que antecederam esse momento ou que ocorreram nas décadas subsequentes.

Quem visita a instituição também tem a oportunidade de ver Nakoada: estratégias para a arte moderna. Em cartaz até novembro, a mostra busca trabalhar perspectivas de futuro a partir de um diálogo entre o centenário da Semana de Arte Moderna — reunindo um vasto acervo de obras modernistas —, criações indígenas abrigadas pelo Museu do Índio e trabalhos de artistas contemporâneos; e o faz guiado por uma ética baniwa de permanência e retomada.

Galeria Nara Roesler

Em Ipanema, é possível visitar de Xavier Veilhan, expoente da arte francesa. Com obras em coleções prestigiosas como a do Centre Georges Pompidou, em Paris, e representante de seu país na Bienal de Veneza em 2017, o artista mostra esculturas em vários materiais e formatos – três delas interativas –, e um grande móbile, de 4,5 metros, que exploram seu interesse em criar espaços e contextos que alteram a experiência do espaço e a percepção do tempo.

Carpintaria

FALA COISA, no Jardim Botânico, estabelece um diálogo entre trabalhos inéditos de Barrão, representado pela Fortes D’Aloia & Gabriel e Josh Callaghan, representado pela Night Gallery, de Los Angeles. Com curadoria de Raul Mourão, a mostra suscita pontos de contato entre cada um dos artistas, cujas assemblages têm em comum um modo de crescimento vegetal, como se objetos banais ou de uso industrial pudessem brotar e crescer a partir da aglutinação de fragmentos heterogêneos. Nessa interação, as identidades ou usos pré-atribuídos de cada coisa dão lugar a um regime relacional de comunicação semelhante a uma dramaturgia objetual, ressaltando os componentes teatrais e cenográficos da obra dos dois artistas.


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