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O poético sensual em Cícero Dias

Cícero Dias, ‘Coqueiral’, déc 30

 

O imenso painel Eu vi o mundo… Ele começava no Recife não é para iniciantes. Neste trabalho, Cícero Dias, um dos nomes seminais da arte brasileira, traz um fluxo de energia em que mistura Eros e Tanatos, Freud e Proust, Casa Grande e Senzala, brisa e fogo dos canaviais, como multiplicidade heterogênea de um imaginário quase intransponível. Chama atenção no Salão de 1931, no Rio de Janeiro onde é considerada profusa, confusa, dramática, cheia de devaneios eróticos. Apesar dos ataques, a obra consolidou sua trajetória. Cícero Dias é considerado inexplicável. Não para Mário de Andrade, que ao descobri-lo logo o definiu: “Cícero possui uma personalidade surpreendente. Uma expressão formidável e seus valores psicológicos principais são a sexualidade, o sarcasmo e o misticismo”. Concordem ou não com Mário de Andrade, essa trilogia perpassa toda sua obra.

Um corte transversal na retrospectiva Cicero Dias, na Simões de Assis Galeria de Arte, em São Paulo, nos leva a reconhecer sua formulação criadora em pinturas, aquarelas e litografias, por meio de suas várias fases. Colecionar é uma convenção que traduz o fazer artístico, sentimento e anseio. Waldir Simões de Assis, além de galerista é colecionador e assina a curadoria da mostra. Amigo pessoal de Cícero Dias por várias décadas, conviveu com ele, cotidianamente, em Paris, quando ambos residiam na capital francesa. A exposição, aparentemente enxuta com 40 obras, toca em várias fases de Cícero Dias, abrangendo aquarelas e pinturas de 1920 a 1960 e litografias da série Suite Pernambucana. Waldir Simões, no texto do catálogo, lembra que Cícero Dias raramente dedicou-se às litografias. A primeira delas foi em 1933 quando ilustrou o livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Em Lisboa, em 1944, produziu imagens para o livro Ilha dos Amores, de Os Lusíadas, de Luís de Camões e, em 1983, em Paris, produziu a Suite Pernambucana, adquirida por Waldir Simões.

Exposto lado a lado, esse conjunto de obras diferentes entre si faz conviver trabalhos de movimentos díspares. O Sonho Tropical, aquarela sobre papel, de 1929, pode ser uma ode à vida liberta, uma trilha poética non sense, uma exaltação ao não território. Em contraponto, Coqueiral de 1930, óleo sobre tela, retrata um cotidiano real, vivido em uma vila, com moradores dispersos em dupla ou em trio em posições determinadas. A sexualidade que transborda do imaginário de Cícero Dias parece se concentrar no Encontro no Canavial, de 1930. A cena, inusitada retrata uma mulher nua deitada sobre uma cama, em plena “rua” de um canavial, tendo à sua frente um cavaqueiro, suposto capataz, o todo poderoso da fazenda de cana de açúcar. Cícero se apropria do real, e sonha uma situação limite entre a força e a sexualidade.

 

Em Musicalidade, de 1940, óleo sobre tela desvenda sua chegada ao abstracionismo por meio de formas inspiradas no Recife, assim como o uso das cores impregnadas pela arquitetura local. A influência de Kandinsky se deixa transparecer em meio à luz tropical, coqueiros, bananeiras, como reminiscências já borradas. Alegria de 1970, traz de volta as tonalidades de Pernambuco, agora de forma mais intensa assim com os personagens mais rígidos. Entropia XII de 1960, óleo sobre tela é como águas tintas que o artista deixa escorrer pela tela. O crítico francês Pierre Restany diz que após um grande período abstrato e lírico das Entropias enegrecidas, que abrange o período dos anos 50 e os ultrapassa, o artista na metade dos anos 60 tem uma expansão da noção tropicalista, num retorno às origens da sensibilidade.

Cícero Dias nasce em 1907, no Engenho de Jundya, a 53 quilômetros de Recife, mora no Rio de Janeiro onde estuda pintura. Em 1927 faz a primeira exposição e no ano seguinte abandona a Escola de Belas Artes. Em 1937, cria o cenário do balé de Serge Lifar e Villa Lobos, expõe na coletiva de modernos em Nova Iorque, viaja a Paris, onde se fixa.

O modernismo manifesta-se em São Paulo, na Semana de 22 e espalha-se pelo Rio de Janeiro, por outras vias e climas. Na capital federal, na época, alguns artistas nascidos em outros estados brasileiros começam a chamar a atenção, entre eles Ismael Neri e Cícero Dias. O escritor Mario de Andrade logo se encanta com o imenso painel assinado por Cícero Dias, Eu vi o mundo…, considerado muito erótico para a época. Os dois artistas, escreve Mário, são completamente loucos. “Cícero Dias, mais dentro do sonho, ao passo que Ismael vive dentro de uma realidade, por assim dizer translata”. O crítico Roberto Pontual definia Tarsila como a telúrica, Ismael o poeta-filósofo, Cícero o lírico, “todos os três mergulhando sua característica mais forte num mesmo mar de ondas simbólicas impregnadas de sexualidade”.

Em meio à efervescência daquele momento, Cícero Dias conhece Di Cavalcanti, ligado ao movimento modernista, de quem se torna amigo. Di o incentiva a mudar-se para Paris, onde ele já morava. Ao chegar à capital francesa Cícero Dias participa da Revue D’Anthropologie, publicação muito importante na época, para qual escreviam vários intelectuais. Logo faz amizade com o poeta Paul Élouard, entra para o Grupo Espace e a seguir é convidado a expor na famosa galeria de Denise René. Nessa época se deixa seduzir pelo surrealismo.

Trabalhando no domínio da pura intuição Cícero Dias cria uma antropologia pessoal carregada de cor, luz e liberto à fantasia. Conquista seu espaço na capital francesa e, mais que isso, a amizade de artistas importantes como Picasso e frequenta sua casa e vice-versa. Seu trabalho evolui para uma espécie de combinação da intuição, do enigma e alguma narrativa seja surreal ou verdadeira.

Durante toda a sua vida tentou contextualizar sua obra com o seu tempo e, por isso mesmo talvez tenha sempre surpreendido os críticos com soluções enigmáticas. Roberto Pontual fala das opções contraditórias que cercaram Cícero Dias e da lógica interna de sua obra, enquanto o francês Philippe Dagen simplesmente o classifica como “inexplicável”.

Serviço
Cícero Dias
Local: Galeria Simões de Assis. Rua Sarandi 113 – A, Jardins – SP.

Período de visitação: até 04/08
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Sábado das 10h às 15h. Fecha aos domingos e feriados.
Telefone: (11) 3062-8980

Grito e silêncio na fúria dos vulcões

NEOARTE - Soluções Fotográficas para o Mercado de Arte / www.neoarte.net

A fúria de um vulcão não intimida Manuela Ribadeneira, artista equatoriana residente em Londres; ao contrário, a instiga científica e artisticamente. De seu desafio sobre a associação entre fenômenos geológicos e sociais como corpo de nova pesquisa nasceu Ouça, exposição que toma todo o andar térreo da Casa Triângulo, até o dia 14 de julho próximo.

Tudo começou há dois anos quando Manuela foi a Armero, cidade colombiana, para conhecer de perto a chamada “Pompeia contemporânea”. Lá, em 1985 aconteceu a grande tragédia que matou a metade dos 50 mil habitantes soterrados nas lavas do vulcão Nevado del Ruiz. “Estar em Armero me impressionou muito ao conversar com as pessoas e saber que o desastre natural, logicamente, não poderia ser evitado, mas a tragédia poderia ter sido bem menor se houvesse um alerta sobre a erupção”.

O resultado desse mergulho no tempo transformou-se em uma mostra científico-poética, repleta de dinâmicas sociológicas, composta por escultura arquitetônica de grande escala, desenho topográfico direto na parede, conjunto de esculturas em vidro soprado, fotografias, vídeo e desenhos sobre papel, além de uma instalação sonora. Na opinião de Manuela, a emergência da história na sociedade contemporânea, rodeada de catástrofes naturais, sociais, econômicas, humanas, políticas, que podem ser previstas pelo homem, é cada vez maior. “A partir daí comecei a fazer investigações de textos científicos e encontrei alguns nos Estados Unidos em que se pode saber quando os vulcões vão entrar em erupção. Os cientistas gravam os sons que não são percebidos pelo ouvido humano, os comprimem para estudá-los e fazem uma representação de sons em barras, como aqueles que são mostrados em celulares quando gravamos algo como sound way. Queria muito trabalhar com os textos deles porque fazem metáforas de ritmos de instrumentos musicais”.  Temblores Armónicos III (Harmonic Tremors III) é um imenso desenho que cobre as paredes de uma das salas, realizado a partir da remoção da superfície pintada, onde Manuela cria um desenho topográfico e sonoro. “Uma instalação sonora”, define.  Ao percorrer a exposição, o visitante vai encontrando a memória da parede e do espaço e tem a noção do que está escondido. Aos poucos percebe os ritmos, os golpes sonoros, como um instrumento, se fazendo cada vez mais frequente e cada vez mais alto, até chegar a um ponto em que o vulcão grita. “Esta imagem não é minha, são os cientistas que fazem estes estudos que descrevem como um zumbido acompanhado de sons percussivos produzidos por um instrumento como um órgão ou uma combinação de instrumentos musicais tocados em frequências muito baixas. ” Estes são chamados de Tremores Harmônicos. A frequência e o tom desses tremores aumentam até o que soa como um grito. Quando a frequência atinge um nível altíssimo e não aguenta mais a pressão, ela fica quieta. São os trinta segundos de silêncio precedem a erupção. “Os cientistas encontraram este padrão de comportamento em alguns vulcões e pensam que, eventualmente, pode ser uma maneira de se prever uma catástrofe como a que se viu agora na Guatemala”.

Uma grande parede escultórica corta a galeria e exibe a palavra Ouça, que dá nome à exposição. É uma parede de sons, pode ser um convite, uma advertência, uma ordem, uma palavra que tem essa ambiguidade. Ainda nesta sala, pequenas esculturas sobre o piso exibem dedos de bronze apontando para diversas direções com o título de Los Culpables (The Guilty One) “São dedos de um braço de um santo colonial colombiano de terracota que eu tinha em minha casa em Quito. Durante um tremor de terra esse braço caiu no chão e os dedos se quebraram. Então os refiz em bronze. São chamados de Culpados, porque sempre que há uma catástrofe os deuses começam a culpar, não importa quem: `Você é o culpado`. ´Vocês são culpados´ e, assim por diante”.

A imagem-referência da erupção vulcânica é progressivamente decodificada como o elemento principal ao redor do qual todos os elementos da exposição orbitam, reaparecendo de diferentes formas ao longo da exposição. Os vidros soprados, expostos em uma vitrine, que formam uma instalação na segunda sala, representam os 30 minutos de silêncio do vulcão, que Manuela pediu para os artesãos cristalizarem. “Eles sopraram exatamente 30 segundos de ar, que formam uma partitura de silêncios. Essas formas, são formas de anotações musicais, uma pausa numa partitura, de trinta segundos”.

Na mesma sala, sobre a parede uma série de desenhos a tinta se referem à pesquisa histórica, assim como todo o seu trabalho. “Esta parte é histórico-científica, olhei muita pintura dos séculos 18 e 19 e de como representavam as erupções vulcânicas e então eu fiz minhas versões dessa representação”. São como anotações de cadernos, uma sequência de pequenos desenhos que formam uma única peça; me interessam as sequências, porque todas sequências são circunstanciais.

Uma foto desta sala mostra a imagem difusa de um homem suspenso no ar por um jato de água. “Essa peça eu tomei de uma fotografia que saiu na imprensa, feita por um fotógrafo durante uma manifestação política em Londres, no momento em que um caminhão tipo “brucutu” atinge um militante e o levanta: a foto mostra o momento antes dele cair no chão. Quis fazer uma relação como um golpe de uma coisa inesperada, como os policiais fazem nessas horas com suas mangueiras de água”.

Fecham a mostra dois diapasões usados para afinação de instrumentos musicais, chamados Harmonia e Dissonância. Uma metáfora de que, apesar de tudo, ainda podemos afinar os sons que nos rodeiam.

A Visita

A visita da escola no Instituto tome Tomie Ohtake foi um dos melhores passeios que eu já tive. Pela primeira vez eu conseguir ver obras de arte que são difíceis de se ver por aí, uma delas é do famoso e renomado pintor Pablo Picasso, uma lenda do mundo das pinturas, o nome dado a essa obra é ”Arlequim Sentado” ela entre todas foi a que mais me chamou a atenção.

A exposição do instituto tem muitas variedades de obras, entre elas havia obras de Salvador Dali, Cândido Do Portinari, entre outros gigantes do mundo da arte.

Quando nós chegamos no local, eu havia deduzido que o passeio seria muito entediante e sem graça, porém quando entendi a origem dos quadros e suas características, eu vi que aquele passeio seria algo bem especial para mim, pois eu nunca havia tido qualquer oportunidade semelhante a essa.

Não há palavras para explicar o sentimento de ver uma obra de Pablo Picasso na sua frente e ainda poder tirar foto da obra, é algo sem igual, resumindo, é uma experiência que eu irei guardar para sempre.

Uma parte do passeio que foi muito interessante, foi quando os funcionários do instituto exploraram nossa criatividade com músicas bastante exóticas e também explorando o nosso lado artístico, todos os alunos se arriscaram a fazer suas obras.

Em relação à estrutura da instituição, também é maravilhosa, com lojas de lembranças, mesmo a loja sendo pequena havia muitas lembranças interessantes. O passeio foi bastante interessante e inovador, porque eu nunca tive nada desse tipo na escola. Até a bagunça no fundo do ônibus foi muito legal, o passeio foi espetacular!

Veja sugestões de revisão do editor

Marcamos o que foi modificado

A visita da escola no Instituto tome Tomie Ohtake foi um dos melhores passeios que eu já tive.  Pela primeira vez eu consegui ver obras de arte que são difíceis de se ver por aí, uma delas é do famoso e renomado pintor Pablo Picasso, uma lenda do mundo das pinturas, o nome dado a essa obra é ”Arlequim Sentado” ela, entre todas, foi a que mais me chamou a atenção.

A exposição do Instituto tem muitas variedades de obras, entre elas havia obras de pintores como Salvador Dali, Cândido Do Portinari, entre outros gigantes do mundo da arte.

Quando nós chegamos no local, eu havia deduzido que o passeio seria muito entediante e sem graça, porém, quando entendi a origem dos quadros e suas características, eu vi que aquele passeio seria algo bem especial para mim, pois eu nunca havia tido qualquer oportunidade semelhante a essa.

Não há palavras para explicar o sentimento de ver uma obra de Pablo Picasso na sua frente e ainda poder tirar foto da obra, é algo sem igual, resumindo, é uma experiência que eu irei guardar para sempre.

Uma parte do passeio que foi muito interessante, foi quando os funcionários do instituto exploraram nossa criatividade com músicas bastante exóticas e também explorando o nosso lado artístico. Todos os alunos se arriscaram a fazer suas obras.
Em relação à estrutura da instituição, também é maravilhosa, com lojas de lembranças, mesmo a loja sendo pequena havia muitas lembranças interessantes. O passeio foi bastante interessante e inovador, porque eu nunca tive nada desse tipo na escola. Até a bagunça no fundo do ônibus foi muito legal, o passeio foi espetacular!

Visita Ao Instituto Tomie Ohtake

No dia 25 de maio de 2018 visitei o Instituto Tomie Ohtake, onde vi muitas obras interessantes e legais, foi lá onde eu vi pela primeira vez as obras dos pintores famosos como Salvador Dalí, Henri Matisse, Candido Portinari entre outras obras espetaculares. Uma das obras que eu achei mais interessante foi a de Candido Portinari. O nome da obra é “O lavrador de café” onde me inspirei bastante e ao mesmo tempo vi uma realidade, um homem negro segurando uma enxada de capinar e me parecia que ele estava descansando depois de uma bela capinada. Essa pintura me contagiou bastante, mas falando sobre o Instituto Tomie Ohtake o lugar é lindo, quando você entra lá você se sente com vontade de saber sobre as pinturas, você fica completamente curioso pela arte e sem falar que os educadores são muito bons, te dão atenção, te explicam bem e você aprende mais sobre a arte.

Gostei bastante de conhecer esse belo lugar, vi culturas diferentes, eu tive a chance de desenhar com os meus colegas de classe, expressar o que eu vi em uma obra, foi uma experiência diferente, divertida e ao mesmo tempo uma experiência de aprendizagem.

Tenho que dizer que eu não sou um menino que gosta de pinturas, quando cheguei ao Instituto pensei “Ah, isso vai ser um tédio, nem de pinturas eu gosto”. Mas eu vi o porque eu não gostava de pinturas, pelo simples fato de só vê-las sem ás conhecer, mas depois que eu entrei naquela sala, olhei aquelas pinturas e o educador falando, eu já falei na hora pros meus colegas ”Cara, isso é bem legal, to começando a gostar”. Foi como uma chave para abrir a minha mente para aprender coisas novas.

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No dia 25 de maio de 2018 visitei o Instituto Tomie Ohtake, onde vi muitas obras interessantes e legais. Foi lá que vi onde eu vi pela primeira vez as obras de dos pintores famosos como Salvador Dalí, Henri Matisse, Candido Portinari entre outras obras espetaculares. Uma das obras que eu achei mais interessante foi a de Candido Portinari. O nome da obra é “O lavrador de café”, onde me inspirei bastante e ao mesmo tempo me deparei com vi uma realidade, um homem negro segurando uma enxada de capinar e me parecia que ele estava descansando depois de uma bela capinada. Essa pintura me contagiou bastante. mas Falando sobre o Instituto Tomie Ohtake, o lugar é lindo. Quando você entra, você se sente com vontade de saber sobre as pinturas, você fica completamente curioso pela arte e, sem falar, que os educadores são muito bons, te dão atenção, te explicam bem e você aprende mais sobre a arte.

Gostei bastante de conhecer esse belo lugar, vi culturas diferentes, eu tive a chance de desenhar com os meus colegas de classe, expressar o que eu vi em uma obra, foi uma experiência diferente, divertida e ao mesmo tempo uma experiência de aprendizagem.

Tenho que dizer que eu não sou um menino que gosta de pinturas, quando cheguei ao Instituto pensei “Ah, isso vai ser um tédio, nem de pinturas eu gosto”. Mas eu vi o porque eu não gostava de pinturas, pelo simples fato de só vê-las sem as conhecer. mas Depois que eu entrei naquela sala e olhei aquelas pinturas e o educador falando, pensei e eu já falei na hora pros meus colegas ”Cara, isso é bem legal, estou começando a gostar”. Foi como uma chave para abrir a minha mente e para aprender coisas novas.

 

Expectativa X Realidade

No início, eu achei que nós iriamos somente visitar o instituto Tomie Ohtake e ver as obras artísticas que haviam lá, mas foi algo muito mais extraordinário. Primeiramente, fomos olhar a obra de Pabllo Picasso, Robert Delaunay e de muitos outros. Vimos a mensagem que cada um quis passar e percebi que todos eles tinham uma forma única de se expressar. Isso foi me deixando cada vez mais intrigado.

O artista que mais me interessou, foi o Robert Delaunay, com a obra La Tour Eifeel.

As cores e a forma que ele pintou, foi única e especial, fazendo com que o tamanho e a beleza da torre, fossem destacados. Até que fomos à uma sala realizar atividades artísticas. Então me perguntei, quais são essas atividades e por que? Foi onde percebi, que não eram só atividades, mas algo muito mais especial, que não há palavras para descrever, apenas tinta e pincel. Foram colocadas três músicas, cada uma distinta da outra, mas ambas faziam com que a pessoa que estivesse escutando, sentisse seu próprio interior.

Portanto, mandaram fechar os olhos e sentir seu corpo, não se importando com as pessoas ao seu redor. Então, colocaram uma música que mexeu muito comigo. Me senti calmo e feliz no começo, como se eu estivesse em um bosque onde tinha apenas o som do vento batendo nas folhas e o piar dos pássaros, mas depois me senti triste e com raiva, como se uma tempestade estivesse dominando o bosque.

Depois das outras duas músicas, os tutores pediram para desenhar tudo o que sentimos ao ouvi-las, então peguei o pincel e comecei a desenhar. Foi como se o pincel deslizasse na tela, deixando todos os meus sentimentos em um papel. Essa experiencia foi uma das mais especiais que já tive. Não fomos apenas aplaudir e contestar a arte de artistas importantes para a história artística, mas tivemos atividades que nos auxiliaram a descobrir nosso próprio interior e a expressar nossos sentimentos da maneira que queremos.

A Arte não é apenas uma pintura, uma escultura ou uma dança bonita, é uma forma de colocar tudo o que sentimos para fora e mostrar às pessoas um outro modo de ver tudo ao nosso redor.

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No início, eu achei que nós iriamos somente visitar o instituto Tomie Ohtake e ver as obras de arte artísticas que estavam lá expostas , mas foi algo muito mais extraordinário.

Primeiro, Primeiramente, fomos olhar as obras de Pablo Picasso, Robert Delaunay e de muitos outros. Vimos a mensagem que cada um quis passar e percebi que todos eles tinham uma forma única de se expressar. Isso foi me deixando cada vez mais intrigado.

O artista que mais me interessou foi o Robert Delaunay, com a obra La Tour Eiffel.

As cores e a forma que ele pintou, foi única e especial, fazendo com que o tamanho e a beleza da torre, fossem destacados. Na sequência Até que fomos à uma sala realizar atividades artísticas. Então me perguntei, quais são essas atividades e por que? Foi então que onde percebi, que não eram só atividades, mas algo muito mais especial, que não há palavras para descrever, apenas tinta e pincel. Foram colocadas três músicas, cada uma distinta da outra, e mas ambas faziam com que a pessoa que estivesse escutando, sentisse seu próprio interior.

Nos pediram para Portanto, mandaram fechar os olhos e sentir nosso seu corpo, não nos se importando com as pessoas que tínhamos ao nosso seu redor. Então, colocaram uma música que mexeu muito comigo. Me senti calmo e feliz no começo, como se eu estivesse em um bosque onde tinha apenas o som do vento batendo nas folhas e o piar dos pássaros, mas depois me senti triste e com raiva, como se uma tempestade estivesse dominando o bosque.

Depois das outras duas músicas, os tutores pediram para desenhar tudo o que sentimos ao ouvi-las, então peguei o pincel e comecei a desenhar. Foi como se o pincel deslizasse na tela, deixando todos os meus sentimentos em um papel.

Essa experiência foi uma das mais especiais que já tive. Não fomos apenas aplaudir e contestar a arte de artistas importantes para a história da arte artística, e sim também mas para experimentar tivemos atividades que nos auxiliaram a descobrir nosso próprio interior e a expressar nossos sentimentos com liberdade. da maneira que queremos.

A Arte não é apenas uma pintura, uma escultura ou uma dança bonita, é uma forma de colocar tudo o que sentimos para fora e mostrar às pessoas um outro modo de ver tudo, ao nosso redor.

 

Erick Jay: O DJ brasileiro duas vezes campeão mundial

Erick Jay_Creditos_Rafael Berezinski
Erick Jay_Creditos_Rafael Berezinski

Em 2016, Erick Jay (Erick Garcia) entrou para a história da discotecagem americana como o primeiro latino-americano (e brasileiro) a consagrar-se, no mesmo ano, vitorioso nos dois maiores campeonatos de DJs do mundo, o DMC World e o IDA World Technical Category.

Hoje, com 35 anos, o DJ representa o Brasil nos mais variados campeonatos ao redor do mundo. O mais recente foi o grande campeonato da Oceania, que aconteceu em Auckland, na Nova Zelândia.

Além das competições, Jay atua como DJ oficial do programa Manos e Minas, um show com plateia que tem como principal objetivo televisionar temas ligados a cultura do hip-hop, rap, funk, reggae e samba. Há 25 anos no ar, o show dirigido por Marcelo Costa integra a grade da TV Cultura e é exibido todos os sábados às 20h15.

O DJ também faz parte do projeto Laboratório Fantasma, um coletivo que produz e vende peças de roupa que, entre muitas coisas, promove artistas do hip-hop e do cenário urbano-periférico. “O Kamau faz parte do Laboratório Fantasma, portanto, quando o coletivo fecha algum show ou evento, eu toco junto. Estou junto com o Kamau desde 2008. É uma parceria da hora”, conta.

Como surgiu o DJ Erick Jay? 

Bom, eu comecei bem cedo, em 1991, quando tinha 11 anos. Comecei a ir para os bailes black e house da época. Mas foi em 1996, quando fui para o Projeto Radial. Eu ficava perto da cabine dos DJs, via como eles conduziam a pista e ficava admirado. Foi ali que comecei a me interessar pela arte da discotecagem e anos depois comecei a tocar nas festas dos amigos, em casamentos, etc.

Sempre estive ligado à música. Já veio de casa, quando meu pai ouvia as músicas dele. Na época, ele tinha uma pequena equipe de DJs com uns amigos. Meu pai tinha vários discos e fitas K7. Eu cresci ouvindo as músicas que ele gostava.

O programa Manos e Minas é um ícone da programação da TV Cultura, como chegou até ele? 

Fui convidado pelo Rappin Hood, devido ao falecimento do nosso grande irmão, DJ Primo, no ano de 2008 e estou lá até hoje. Para mim, é uma grande honra fazer parte do único programa dedicado à cultura Hip Hop da América do Sul e talvez do mundo. A produção me dá muita liberdade para eu fazer meu trabalho da melhor forma possível.

Estar no programa foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida, mudou tudo. O programa me deu mais visibilidade, conheci várias pessoas especiais. É um orgulho muito grande faze parte da família Manos e Minas.

Muitas áreas estão em crise. Como DJ, você sente que a crise chegou também para a música? Qual sua avaliação sobre a cena paulistana? 

Quem está em crise são as pessoas que não sabem diferenciar música boa de ruim. O Brasil é muito rico em sua cultura musical, mas a mídia tradicional, na maioria das vezes, não mostra as coisas boas, mas sim o que “eles” escolhem e que nem sempre é algo legal ou que irá somar. A cena paulistana e brasileira estão muitos boas, bastante bandas, músicos independentes talentosíssimos que só precisam de oportunidades.

Falando dos seus títulos, como foi a experiência durante o DMC World e o IDA World? O que sentiu quando soube que havia conseguido os dois títulos? 

Foi demais! Dois momentos sensacionais na minha vida, dois títulos mundiais em instituições diferentes e ainda sendo o primeiro da América do Sul a conseguir este feito [no mesmo ano]. Quando ganhei o DMC (Disco Mix Club), a ficha só caiu 3 dias depois. Foi incrível a repercussão, nunca imaginei ser tão querido assim. Ver pessoas que sou fã compartilhando minha fotos, me ligando, alguns emocionados… Foi demais. No IDA – (Internacional DJ Associação), foi muito bom também. Foi um pouco mais difícil por falta de patrocínio, mas extremamente motivador graças aos meus amigos e parceiros que me ajudaram muito.

Sendo um DJ negro, eu imagino que tenha enfrentado o racismo em muitas ocasiões. Como você busca lidar com o preconceito? Tem algum caso especifico que gostaria de compartilhar? Se sim, fique à vontade! 

Infelizmente, temos que lidar com isso ainda. Como diria Criolo “uns preferem morrer ao ver um negro vencer”. Quando o assunto é preconceito, o Brasil é especialista. Se o preto for um jogador, cantor ou artista, não vai ser igual aos outros. Sofri com preconceito em 2012, na Polônia, quando fui representar pela primeira vez o Brasil no mundial IDA World. As pessoas me olhavam com desprezo no aeroporto, no mercado. Confesso que fiquei um pouco surpreso inclusive, porque a história da Polônia foi marcada com preconceito e discriminação também. Mas não me abalei. Em 2016, voltei e foi diferente. Ainda bem. Como sou um brasileiro negro, já estou calejado com isso e cada preconceito que sofria era mais uma motivação para minhas conquistas.

E por fim, mas sempre importante lembrar, o que diferencia um produtor de um DJ?

Como o próprio nome diz, produtor só produz músicas, não faz nenhum tipo de performance etc. A maioria dos DJs produzem e tocam porque já dominam a arte dos toca-discos.

 

33ª Bienal de São Paulo: Artistas-Curadores

Wura-Natasha Ogunji, Generators, 2014

Com Wura-Natasha Ogunji, não há distância entre projeto e ação, tampouco entre pensar e se deslocar, mesmo que seja entre continentes. Morando em Austin e Lagos, a afro-americana é uma das artistas mais ativas de sua geração. Atua simultaneamente em várias frentes artísticas e em dois países: Estados Unidos e Nigéria. Ela faz parte do movimento da primeira geração de artistas visuais da diáspora africana.

Performer, desenhista e vídeo artista, aos 48 anos, vai atuar como artista curadora no projeto Sempre, Nunca na 33ª Bienal de São Paulo que abrange exclusivamente obras comissionadas. São seis artistas convidadas por ela: a sul africana Lhola Amira, a francesa Mame-Diarra Niang, a norte-americana Nicole Vlado, a nigeriana Ruby Onyinyechi Amanze e a libanesa Youmna Chlala que se juntam a ela em um processo curatorial colaborativo e horizontal. A produção dessas artistas “concilia aspectos íntimos, como o corpo, a memória e gestos épicos, como a arquitetura, a história e a nação”, explica Wura-Natasha.

“Nossos projetos individuais abarcam práticas e linguagens distintas, que convergem em ideias e questões cruciais para a experimentação, a liberdade e o processo criativo”, conta. O trabalho dessas artistas é afetado por suas histórias individuais e pelas complexas relações que mantêm com sua origem. “Suas obras quebram as narrativas hegemônicas”, comenta a artista curadora.

Wura-Natasha Ogunji, Generators, 2014
Wura-Natasha Ogunji, Generators, 2014

Ao lançar mão de todos os suportes disponíveis, Waru-Natasha faz, criticamente, o uso do bordado, atividade quase exclusivamente feminina, para criar comentários sobre a sociedade contemporânea nigeriana e destaca o papel das mulheres formadoras de uma crítica cultural. Impressionada pela maneira como os nigerianos negociam usando pouca ou nenhuma palavra e como simples gestos incitam ações, ela tenta demonstrar em sua obra o que não é dito. Esses trabalhos com cenas complexas e oníricas executados em papel, parecidos com pano, revelam desenhos delicados que parecem etéreos.

Artista múltipla e circunstancial, Wura-Natasha inventa vários sujeitos que se justapõem no mesmo cenário. Seus trabalhos têm uma relação com o real, mas estão ligadas ao desejo que habita o mundo das experiências. A magnitude de suas performances se expressa pela fisicalidade, resistência, gestos do corpo e a relação com o espaço geográfico, assim como a memória e a história. O movimento do corpo tem o poder de evocar os sentidos com uma finalidade que os transcende. Wura-Natasha em algumas atuações destaca a relação entre o corpo e o poder social, investigando como as mulheres, em particular, ocupam o espaço por meio de ações épicas ou comuns. Seus trabalhos incluem desenhos, vídeos e apresentações públicas e as pesquisas mais pertinentes discutem a presença de mulheres no espaço público em Lagos. Uma de suas performances mais conhecidas, Sweep, foi originalmente realizada durante sua primeira visita à Nigéria. Esse trabalho já foi realizado em vários países, aprofundando seu pensamento sobre a presença de mulheres dentro dessas sociedades e explorando a noção de identidade, pátria e diáspora. Nessa busca de presença contínua, Waru-Natasha se atém aos direitos das mulheres por vivenciá-los em duas sociedades diferentes. Uma de suas exposições foi acompanhada de um folder lembrando Angela Davis, em 1985, quando afirma: “Existem paralelos marcantes entre a violência sexual contra mulheres e a violência colonial contra pessoas e nações”.

A forte presença de Wura-Natasha na Bienal de São Paulo, com certeza será inspiradora, em um momento sombrio em que a impunidade para os assassinos de Marielle, também uma afro descendente atuante, continua sem prazo para uma solução, conforme tem demonstrado a justiça brasileira.

Mineira, mas nada quietinha

Após tentativas de criar uma feira de arte em Belo Horizonte, a Parte Produções Culturais trouxe uma receita que agradou e deu resultados satisfatórios. Unindo-se primeiramente às galerias que fazem o circuito 10 Contemporâneo, já bem estabelecido na cena das artes em Minas Gerais, criaram a ArteBH.

Entre 2 e 5 de maio deste ano, a feira reuniu as principais galerias mineiras e também abrigou estantes de galerias de outros estados. Muito bem recebida pelo público, a ArteBH aconteceu no Minas Tênis Clube, espaço que agradou os galeristas participantes e deve ser mantido na segunda edição da feira.

Foram ao todos 16 galerias participantes, sendo elas Celma Albuquerque, AM Galeria, Cícero Mafra, Orlando Lemos, Beatriz Abi-Acl, Murilo Castro, Lemos de Sá, dotArt e Manoel Macedo de Minas Gerais; Fólio, Tato, Chroma, AR, Papel Assinado e Hilda Araújo de São Paulo e TV Cultura e Arte de Salvador. Apostando na variedade, tanto de artistas quanto de valores das obras, as galerias tiveram preços que variavam de 350 reais a obras milionárias.

De acordo com Tamara Perlman, uma das realizadoras da produtora Parte, o desempenho da feira foi bastante positivo para a organização. “Recebemos 4000 visitantes. Esse número foi avaliado como bom ou ótimo por todas as galerias”, comenta. Ainda segundo a realizadora, as vendas variaram bastante. Para a maioria das galerias sediadas em Minas Gerais, os resultados foram satisfatórios. Enquanto isso, as galerias de outros estados tiveram dificuldade em vender, efeito comum em primeiras edições de feiras fora do eixo Rio-São Paulo.

Para Murilo Castro, diretor de galeria homônima em Belo Horizonte, “o mais importante, mais ainda que as vendas feitas, foi poder construir relações”. Este fator também é apontado por Tamara em seu balanço sobre o evento, a perspectiva de pós-venda foi expressiva.

A surpresa, ficou mais por conta da diversidade dos visitantes. “90% do público que vai à galeria aqui é um público de arquitetos que fazem compras para seus clientes, para agregar ao projeto. Não é essencialmente um público de colecionadores”, conta o galerista Orlando Lemos. No entanto, a feira atraiu visitantes que tiveram seu interesse avaliado, por galeristas, em quase 89%. “Conseguimos alcançar um equilíbrio bem interessante entre colecionadores, interessados de forma mais ampla, artistas, acadêmicos e autoridades”, aponta Tamara.

Para 2019, a ArteBH deve mudar apenas o mês no qual acontecerá. Segundo Perlman, ela deve ocorrer entre 6 a 9 de junho de 2019, dando tempo para que os galeristas que também participam da sp-arte possam se organizar melhor.

 


A jornalista Jamyle Rkain viajou a convite da organização da feira.

Um teto todo de Rose Klabin

ESCULTURA DE Rose Klabin, Feiga, 2018

Apesar da premissa de falar sobre o papel da mulher como ficcionista, Um teto todo seu, publicado por Virginia Woolf em 1929, reuniu textos que se debruçaram sobre o posicionamento da mulher como artista em geral. A escritora britânica buscou na História e no dia-a-dia exemplos para sua argumentação. Sob seu teto, abrindo sua casa ao público, Rose Klabin montou uma exposição na qual teve que remontar a sua história e questionar o seu dia-a-dia para contestar como estava sendo desemprenhado seu papel como mulher artista, mãe, filha e outros tantos que assumiu ao longo de seus 40 anos.

Afastou-se, por opção, do universo artístico enquanto, com suas contestações, tentava entrar em um acordo consigo mesma para concluir uma espécie de autodescobrimento. “A minha prática como artista não estava condizente com o meu afetivo”, conta Rose. Apesar disso, continuou a produzir em casa. Sua pesquisa íntima resultou na produção de cinco esculturas de mármore, comprometidas com resíduos industriais, como ferro e outros metais.

Inicialmente, porém, não havia intenção de produzir uma mostra. Por isso mesmo e pela questão de ter sido concebido naquele espaço, que além de sua casa abriga seu ateliê, preferiu não fazer uma exposição na galeria Eduardo Fernandes, pela qual é representada. Construiu, com projeto expográfico do arquiteto Mauro Munhoz, um “universo instalativo para esculturas que não se finalizavam por si só”, como definiu a artista.

‘Bertha’, 2018

“Imersão”, “dedicação” e “entrega” são as palavras que Rose usa para apontar com o que deve ser encarada a andança do visitante pelo caminho que construiu para a exposição, que tem curadoria de Douglas de Freitas. O percurso escuro, iluminado por fachos de luz controlados de forma metódica, é acompanhado por um canto lituano arcaico, entoado por mulheres, que ecoa alto por todo o ambiente. A junção do visual e do musical coloca qualquer visitante atento em transe. “Há encontros e desencontros nessas canções, os encontros seriam acordos”, comenta.

As figuras de mármore na primeira sala da exposição remetem a mulheres de diferentes arquétipos e em diferentes situações. Todas essas situações a dor parece estar presente. A delicadeza do mármore com o rústico do ferro decomposto formam um contraste que se complementa. Referências às origens de sua família estão sempre presentes.

A música lituana, o ferro, as peças que remetem à máquinas e uma última obra, na segunda sala, mostram que Rose foi ao cerne de si. Tal obra, um busto de seu avô instalado de forma particular, deve seguir para uma praça na cidade onde ele se instalou ao chegar no Brasil. Sutartine fica em cartaz até 8 de agosto no ateliê da artista, localizado no bairro Cidade Jardim


Rose Klabin – Sutartine
Até 08 de agosto
Ateliê Rose Klabin

Rua Jaguanambi, 105 – Cidade Jardim, São Paulo


Brasil, um país perverso e ambíguo

Emanoel Araújo, Suíte Afríquia I, 1977

“Tudo no Brasil é um faz de contas”, diz Emanoel Araújo em entrevista na qual comenta sua visão pessimista em relação à mudança do cenário de exclusão social e racismo no país. O artista plástico e gestor cultural comenta também sobre sua exposição, atualmente em cartaz no Masp, e sobre a mostra “É Coisa de Preto”, que organizou no Museu Afro Brasil, que desde sua fundação há 15 anos atua como polo de resistência da cultura negra em São Paulo.

Em que estado se encontra atualmente o debate sobre as marcas da escravidão no Brasil? Qual a importância dessa reflexão?

A universidade, os antropólogos, ficam a vida toda discutindo a questão  da escravidão. Serve para que? Vamos ficar falando a vida inteira e nada acontece, porque as pessoas que poderiam mudar o ritmo e o estado das coisas não estão interessados em nada disso. Se a gente ficar só rememorando essa chaga você não resolve a chaga nem anda pra frente. O Brasil é muito perverso, incrivelmente perverso, e a corrupção é só uma dessas perversidades.

E em termos da produção artística, não há uma ação mais contundente, uma movimentação mais ampla?

Tem, mas a situação não muda. É importante que eles façam suas obras, mas o problema é de mercado, de espaço nas galerias. A questão não é isolada. Se há a discriminação, se há desigualdade social, o que a arte faz no meio de tudo isso? Como é que resolve? Tudo no Brasil é um faz de conta. Como você pode entender um Ministério de Igualdade Racial que não iguala a ninguém? Como você faz igualdade racial se você não tem um projeto profundo sobre o Brasil?

Mas ao mesmo tempo é inquestionável o interesse profundo que esse museu desperta… Há quantos anos ele vem atuando e como é pensada a programação.

Esse espaço aqui é quase como uma ação afirmativa, para dizer: “Olha, aqui está a memória, ela está garantida, a memória existe”. As pessoas que lutaram, as pessoas que conseguiram romper com a desigualdade social, as pessoas que saíram diretamente da escravidão são estas. Mas ficou por aí. Ano que vem completamos 15 anos. O museu tem um projeto de continuidade, para não emperrar. Não importa se essas ações são extraordinárias ou não. Não buscamos aqui nenhuma concessão de contemplação. Temos um museu de ação, sempre em favor de um movimento afro brasileiro, de defesa da memória, da história e da arte. Temos também um trabalho em arte-educação, a biblioteca e o acervo permanente.

Você diria que estamos no mesmo pé que estávamos nos anos 1960, 1970, 1980…

Eu acho que estamos pior. Porque havia uma perspectiva de país,  de nação,  E isso de uma certa forma acabou.  De repente.  Não deu nem tempo de a gente fazer uma reflexão. Só sei dizer que no meu tempo de formação era mais viável alguém sair do seu lugar de origem e ir para o mundo. Ir para o mundo significava o que? Rio de janeiro, São Paulo,  e até o estrangeiro.  Eu vejo que hoje é muito difícil para um artista jovem fazer isso. Do meu tempo para cá o que aconteceu com os artistas afrodescendentes?

A história do negro no Brasil é feita de heróis, de grandes figuras emblemáticas, não?

Isso é uma coisa muito brasileira, você não encontra isso em todo lugar do mundo. Podemos citar o exemplo de Mestre Valentim (1745 – 1813), que fica amigo do vice-rei Luís de Vasconcelos (1742 – 1809). Eles vão trabalhar juntos, ter uma relação absolutamente extraordinária porque o Brasil também tem isso, é um país que é ambíguo. A ambiguidade é a nossa mais genuína forma de ser. Tudo pode e tudo não pode. Tudo pode, à medida que você consegue romper esta barreira. E tudo não pode porque já não pode mesmo, porque institucionalmente é para não acontecer.  Quando acontece, é um caso à parte. Então nós todos somos umas exceções disso. Dessa ambiguidade.

Você vê a sua trajetória também dentro desse perfil de excepcionalidade?

Eu estava outro dia olhando os jornais de matérias publicadas sobre meu trabalho desde que cheguei em São Paulo. Tanto sobre meu trabalho pessoal como sobre essa questão de gestão que em me meti, que é uma coisa diferente do trabalho artístico. Eu sempre tive o meu trabalho pessoal como teimosia. Comecei fazendo política estudantil, trabalhando para o Partido Comunista. Mas era um tempo mais ameno.  Quando eu cheguei em São Paulo, em 1965, tinha uma única favela, em Santo Amaro.

Você parece ter preservado este tempo mais doce, delicado, tranquilo, para seu trabalho artístico, é isso?

A exposição do Masp deriva de um momento em que achei que eu deveria ser mais explicitamente afro-brasileiro. Há alguns anos pensei que precisava deixar de ser tão eurocêntrico. Senti que faltava algo mais contundente nesse sentido E isso eu consegui com essa inspiração de juntar minha geometria, que já tinha laços com a questão africana, com certos registros que levassem alguma coisa religiosa. Foi uma coisa que eu entrei, fiz aquela série toda, e depois sai, também porque ela mete medo nas pessoas. Difícil vender uma obra daquelas. Porque ninguém quer ter este estigma defronte de si. Impossível que alguém compre ou queira. E como os museus no Brasil não compram, a gente tem que pegar e dar.

Como você vê iniciativas como as da exposição “Histórias Afro-atlânticas”, que o Masp inaugura em junho.

Revisitar isso é muito interessante, mas seu potencial de mudança é pouco porque o alcance do museu é pequeno. Não podemos imaginar que o museu possa fazer uma revolução.

Mas ele pode fazer o papel que lhe cabe. E um pouco mais. Como você fez.

Pode fazer e deve fazer. Sobretudo se o museu tem um conteúdo eurocêntrico. Não deixa de ser bem-vindo este olhar mais profundo para a situação social e histórica das nossas vidas. Mas falta muito. Quantos artistas negros têm obras no acervo do Masp? Não quero ser pessimista porque senão eu ia embora, não fazia mais nada. Mas é uma batalha insana a gente conquistar publico, tirar um laivo pejorativo dessa questão.

Eustáquio Neves, Foto 21, série Arturos, 1993-94, Minas Gerais
Eustáquio Neves, Foto 21, série Arturos, 1993-94, Minas Gerais

No caso de “Isso é coisa de Preto”, mostra atualmente em cartaz, qual é seu ponto de partida? Há uma certa ironia mordaz, não?

Todos os personagens da vida política e pública do Brasil que são negros são “coisa de preto”. É uma forma afirmativa do negativo. Fizemos um grande apanhado de todos esses protagonistas do Brasil que a sociedade brasileira insiste em não reconhecer e que a história do Brasil continua não reconhecendo. Escapa o Machado de Assis por esses abortos assim, porque ele também era extraordinário.

A exceção que confirma a regra…

É. Mas quem é que sabe de Cruz e Souza, que é o maior simbolista brasileiro, um dos grandes simbolistas do mundo? Quem sabe dos irmãos Rebouças? Do Paula Brito, que foi o primeiro editor brasileiro…  Ninguém sabe. Quer dizer, ainda vira e mexe você tem certas posições que são reveladoras dessa coisa do preconceito.

As estatísticas são realmente aterradoras.

Aterradoras?! É pior do que a Ku Klux Klan. Aqui é pior do que qualquer regime de exceção. É um genocídio. Porque se não for a miséria, é a polícia, se não for a polícia é o crime, é a droga, a milícia, a doença. Isso é desesperador. E você não tem representantes. Esse museu aconteceu por uma vontade pessoal minha. Mas não quer dizer que essa teimosia tenha continuidade.

A gente olha pouco para a África, presente na mostra com fotografias, peças etnográficas e obras contemporâneas?

Sim, a gente olha muito pouco para a África. A gente não sabe da África. Mesmo os negros acham que a África é um país. E ela é fundamental na constituição da condição de mudança da sociedade brasileira. Se não fosse a África seria o que? Imagina tirar o negro dessa história toda. Seria o que? Portugueses e índios? Por isso que eu acho que é muito importante sempre esse panteão para dizer “olha só, isso aqui foi real, foi verdadeiro, foi significativo, foi importante na constituição da sociedade brasileira”.

Você parece afirmar que não se apaga a cultura. As tentativas de apagamento, acabam levando a pensar, equivocadamente, como apenas uma questão étnica…

E não é uma questão étnica. Nem uma questão antropológica. Não é só isso. É muito mais. Não sei o que seria do Brasil sem essas personalidades. É isso que importa, que essa cumplicidade exista.