Na edição do último domingo, 27 de janeiro, o jornal O Estado de São Paulo publicou matéria na qual o pesquisador Edgar Santo Moretti teria descoberto o local exato onde teria sido realizada uma das primeiras – e mais importantes – exposições de Anita Malfatti, em dezembro de 1917.
O espaço que hoje se refere ao prédio no número 336, com térreo 332, na rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo, àquela época era o número 111. Em 20 de maio de 1916, um engenheiro chamado Gustavo Lara Campos recebeu alvará da prefeitura pra construir um prédio ali. O seu contratante era Antonio de Toledo Lara, o conde Lara (1864-1935).
Antes de ser erguido um prédio, o local foi sede de uma loja de cerâmicas e também uma fábrica de coroa de flores para finados. Após o soerguimento do edifício, o Conde Lara começou a ceder o espaço do térreo para que fossem realizadas exposições de arte, especialmente as que ousassem. O local ficou conhecido como Salão da Líbero Badaró 111 ou como Salão do Palacete Lara.
Também existem referências históricas que nomeiam como Palacete Lara o número 185 da rua Álvares Penteado e também o prédio que hoje é conhecido como Palacete Tereza de Toledo Lara – nome da filha do conde – e hoje é sede da Casa de Francisca. O local é conhecido como ‘A Esquina Musical de São Paulo’ por já ter sido sede da Rádio Record e de várias lojas de instrumentos ao longo do século passado. Isso indica que todos os imóveis que pertenciam ao empresário, fundador da fábrica de bebidas Antarctica, recebiam o título de ‘Palacete Lara’.
Além de ter abrigado a exposição de Anita que serve como marco do movimento modernista, o salão anteriormente já havia recebido exposições de Alfredo Norfini e do argentino S.M. Franciscovich, dentre outros. Essa exposição de Malfatti, inaugurada em 12 de dezembro de 1917 e intitulada Exposição de Pintura Moderna, não foi a primeira mostra da artista, como muitos creem, mas foi fundamental pela substancialidade do modernismo em suas telas, que causou debates calorosos no meio cultural da época, culminando na Semana de Arte Moderna de 1922.
Com o intuito de inserir definitivamente Los Angeles no circuito das grandes feiras de arte internacionais, a Frieze Art Fair realiza este ano sua primeira edição na metrópole californiana, reunindo 70 galerias em Hollywood entre os dias 15 e 17 de fevereiro.
Apesar de ser a segunda maior cidade americana – a maior da costa oeste – e de abrigar importantes museus, galerias e instituições culturais, Los Angeles ainda não hospedava uma feira de arte deste porte.
O evento se soma às já estabelecidas edições da Frieze em Londres e Nova York e, apesar de apresentar um número menor de galerias em relação à suas parceiras, traz casas de peso como David Zwirner, Gagosian e White Cube. Mendes Wood e Vermelho serão as duas galerias brasileiras presentes na edição.
A Frieze Los Angeles acontece nos estúdios da Paramount Pictures e conta também com uma intensa programação de conversas com artistas, debates e shows. Uma das táticas dos organizadores para atrair público e dar visibilidade ao evento foi inseri-lo no calendário da cidade entre a realização do Grammy, no dia 10, e do Oscar, no dia 24.
No dia 08 de novembro, o Sesc Belenzinho abriu as portas da exposição “Campos de Invisibilidade.” A curadoria é de Cláudio Bueno, Ligia Nobre e assistência curatorial de Ruy Cézar Campos, que também apresenta duas obras.
Por meio da organização de 23 produções de 18 artistas brasileiros e estrangeiros, propõe-se a imersão e reflexão sobre o que há efetivamente por trás das várias conquistas tecnológicas presentes no dia a dia do sujeito contemporâneo. Ou seja, quais os processos industriais e impactos geopolíticos por eles gerados. Fotografias, vídeos, áudios, mapas e instalações questionam o mito da imaterialidade implantado pelas tecnologias e denunciam os altíssimos custos para o meio ambiente.
Campos de Invisibilidade concentra trabalhos que carregam diferentes bagagens dos artistas brasileiros, ingleses, britânicos, colombianos, canadenses, franceses, africanos e franco-guianenses, com a reflexão comum.
Confira texto completo sobre a exposição, por Nayani Real, clicando aqui.
Ainda pequena, Regina Parra colocou na cabeça que queria muito ser artista. O pai trabalhava com tecnologia e a mãe era dona de casa, ambos relutaram, mas nada faria com que aquela jovem mudasse de ideia. Com 11 anos, começou a ter aulas de pintura e se dedicar ao ofício que queria ter para o resto da vida. Mais tarde, começou a cursas Artes Visuais, porém deixou o curso para se dedicar às artes cênicas, onde ficou por três anos nos cursos ministrados por Antunes Filho no Centro de Pesquisas Teatrais (CPT).
A trajetória de Parra com as artes do corpo fica bem evidente na sua história, tendo em vista que logo após o CPT, voltou a estudar artes visuais, começando pela École Nationale Supérieure des Beaux Arts de Paris e depois se graduando bacharel na Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo.
Desde sua formação, Regina mantém uma frequência rotineira em exposições coletivas e individuais. Só em 2019, ela participou de sete coletivas e duas individuais. Uma dessas mostras solo é intitulada Eu me levanto, apresentada na Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), em Itu. Fruto de um edital de ocupação lançado pela instituição, está em cartaz desde 17 de dezembro e será mantida até 9 de março.
O título da exposição vem de um poema da estadunidense Maya Angelou, que também deu origem ao nome da mostra que Sônia Gomes apresenta no MASP e na Casa de Vidro. A coincidência acontece em um momento que os escritos de Angelou, falecida em 2014, começa a ter forte presença nas discussões interseccionais de gênero no Brasil.
Assista o vídeo da performance Lasciva, realizada na abertura da mostra em dezembro.
Em 2018, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) dedicou todo o seu programa às histórias afro-atlânticas. A estratégia, que é desenvolver um eixo temático anual com histórias que desafiem narrativas históricas tradicionais, colocou-se em prática.
Masp recebe obras com foco contra-hegemônico
Foram 21 obras de 19 artistas afro doadas ao museu. Abdias Nascimento, Chico Tabibuia, Dalton Paula, Emanoel Araujo, Flávio Cerqueira, Jaime Lauriano, José Alves de Olinda, Lucia Laguna, Maxwell Alexandre, Mestre Didi, Rosana Paulino, Rosina Becker do Vale, Rubem Valentim, Sènéque Obin, Sonia Gomes, e os coletivos Ad Júnior, Edu Carvalho & Spartakus Santiago e Frente 3 de Fevereiro integram as novidades do acervo.
Abdias Nascimento, Okê Oxossi
MAXWELL ALEXANDRE, Éramos as cinzas e agora somos o fogo, Pardo é papel, 2018
MESTRE DID, Opa Exin Kekere – Pequeno cetro da lança, década de 1980
ROSANA PAULINO, A permanência das estruturas, 2017
FLÁVIO CERQUEIRA, Amnésia, 2015
JAIME LAURIANO, Pedras portuguesas #2, 2017
DALTON PAULA, João de Deus Nascimento, 2018
O conjunto de trabalhos reforça a presença de artistas afro no MASP e marca o ciclo de 2018 na coleção de um museu até então muito conhecido por seu acervo clássico europeu. A partir de abril de 2019 muitas dessas obras estarão expostas no Acervo em transformação. A mostra de longa duração guarda a coleção do MASP nos icônicos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi.
O diretor artístico do museu, Adriano Pedrosa, disse que a programação dedicada às histórias afro-atlânticas iniciou-se com as pesquisas desde 2014. “Essas aquisições deixam uma marca definitiva na coleção, conhecida por seus mestres europeus clássicos.” Seguindo a missão do museu, Pedrosa afirma que os mesmos esforços feitos em relação às obras de artistas afro serão dedicados às artistas mulheres. “Vamos continuar ampliando o escopo de trabalhos que trazemos para nossa coleção e expomos nos cavaletes de vidro”, finaliza.
Todos os trabalhos doados foram exibidos nas monográficas dedicadas aos artistas Araujo, Gomes, Valentim e Laguna, ou na exposição coletiva Histórias Afro-atlânticas. Em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, a última delas dedicou-se às relações entre a África, as Américas, o Caribe e também a Europa, do século 16 ao 21, eleita a melhor de 2018 pelo New York Times e Hyperallergic, e ganhadora do Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Sônia Gomes, Correnteza, da série Raiz, 2018. Foto”Patricia Rousseaux
Um dia, enquanto finalizava uma obra para a exposição vigente, Sônia Gomes percebeu que o corte feito na madeira que utilizava não deixava que a peça ficasse em pé. Ela levantou de onde estava sentada para observar melhor e pensou: “Ainda assim me levanto”. Não soube explicar de onde veio aquele sussurro em sua cabeça, mas não conseguiu parar de pensar nisso.
A artista, aliás, que seria um ótimo nome para aquela obra e, no fim, para a exposição, que está em cartaz no MASP e na Casa de Vidro, ambas as construções planejadas por Lina Bo Bardi, até março de 2019. A obra em questão se chamou, então Eu me levanto.
Em uma breve pesquisa na internet, depois descobriu que a frase era, na verdade, um verso de um poema da autora e ativista americana Maya Angelou. Teria algo de ancestralidade comum nessa reminiscência? Sônia acredita que sim, talvez. Esse acaso a encontra da mesma forma que quando ela se descobriu artista: “Não teve um momento que eu falei ‘agora eu vou ser artista’, não. Isso chegou para mim”, comenta.
A exposição Ainda assim me levanto é a primeira que faz parte de uma parceria entre as duas instituições. O projeto consiste em sediar uma mostra simultaneamente nos dois locais, uma vez por ano. É também a primeira curadoria, no MASP, de Amanda Carneiro, que atua como supervisora da Medição e programas públicos.
Ainda assim me levanto traz uma nova fase de Sônia Gomes, usando, desta vez, pedaços de troncos encontrados na beirada ou no fundo de rios do interior de Minas Gerais, seu estado de origem. Neles, Sônia faz seu trabalho com tecidos, manuseando-os das mais variadas maneiras, fluindo com seu trabalho habitual em um outro rumo.
A artista não se considera uma artista militante, mas não abdica de si como um corpo político, apesar de não levar isso ao seu trabalho de forma eminente. Já foi chamada de artista naïf, artista popular e também de artesã. Ela dispensa os rótulos: “Isso acontece porque eu sou negra, se eu fosse branca eles não estariam preocupados em me colocar nesse lugar”.
Ai Weiwei, The low of the journey (A lei da viagem). A obra que remete a travessia de refugiados ao redor do mundo, já foi exposta nos maiores museus. No Brasil entra na água, pela primeira vez, no Parque do Ibirapuera em São Paulo. Atualmente pode ser apreciada na Oca – Foto: Patricia Rousseaux
O acaso fez com que, exatamente num momento em que resistência parece ser a palavra chave para boa parte da população brasileira, esteja em cartaz em São Paulo uma ampla mostra de Ai Weiwei. A exposição do artista e dissidente chinês, que há décadas desafia o discurso hegemônico com ações e obras ao mesmo tempo ousadas e irreverentes, ocupa todo o espaço da Oca, no Parque do Ibirapuera. E retraça com bastante detalhe sua trajetória, incluindo alguns de seus trabalhos mais notáveis, bem como uma série de intervenções concebidas especificamente a partir do encontro de Weiwei com a paisagem e a cultura brasileira. Além de ser uma oportunidade rara de conhecer mais de perto sua força iconoclasta, a reunião desses trabalhos ajuda a entender as estratégias e poéticas que ele vem adotando nas últimas décadas, que conciliam questões universais como a liberdade de expressão e a perseguição aos refugiados, a um universo mais íntimo e pessoal.
É como se, calejado pelo regime de exclusão imposto a sua família ainda em sua primeira infância e por anos de resistência ao regime totalitário chinês – seu pai, o poeta Ai Qing, foi denunciado como inimigo do regime e exilado por 16 anos –, Weiwei tivesse se tornado psicologicamente impermeável à censura social. Indo mais além, nota-se em sua atitude uma estratégia de confronto às instituições e tradições impostas pela força e um desprezo provocador pelo status-quo. “A época em que me preocupava com o que as pessoas pensavam de mim ficou para trás há muito tempo”, disse ele em entrevista ao El País. Talvez por isso use com tanta falta de cerimônia sua própria imagem nos seus trabalhos.
Ai Weiwei trabalhou durante um ano pesquisando diferentes lugares no Brasil. Foto: Ai Weiwei Studio
Desde sua primeira ação mais desafiadora – a quebra de um vaso da dinastia Han com mais de dois mil anos de idade – ele coloca-se provocativamente em suas obras. Sua imagem reaparece constantemente, nas milhares de selfies que faz por onde passa (muitas delas mostrando o dedo do meio para símbolos de poder, como a Casa Branca) e que posta em sua concorrida conta no twitter. Ou em obras polêmicas como a que fez mimetizando a pose do menino sírio Aylan, encontrado morto nas areias de uma praia de Lesbos. Sua ação contundente em defesa dos refugiados, que gerou uma profusão de ações como o filme “Human Flow”, parece ter incomodado parte do circuito das artes, seja por seu uso excessivo da mídia, seja porque se sentiam mais confortáveis quando o alvo preferencial de Weiwei era o imperialismo chinês.
Em sua temporada brasileira, Weiwei deu ampla vazão a esse uso – para alguns despudorado, para outros desafiante – de sua imagem. Nos mais de 200 ex-votos que encomendou para artesãos cearenses (trocando provisoriamente o uso recorrente que faz da cerâmica e carpintaria chinesa pelo entalhe de madeira típico do nordeste brasileiro) há uma série de “retratos” seus realizando suas performances. E chegou ao ápice de transformar a si mesmo no símbolo de suas causas ao associar seu próprio corpo a um símbolo da natureza potente da Amazônia brasileira.
A obra “Raiz”
Um cativante vídeo entrelaça o “making of” de dois trabalhos distintos: a penosa modelagem do próprio corpo nu do artista para criar uma escultura em gesso – apresentada ao lado do corpo escultural de uma baiana, num questionável tributo à erotização tropical – e o esforço descomunal de modelar – para posteriormente reconstituir na China – um gigantesco pequi-vinagreiro, espécie em extinção, com mais de 30 metros de altura, encontrado em plena selva amazônica. A conclusão é evidente: “Essa árvore sou eu”, evidencia ele ao final.
Confesso admirador de Marcel Duchamp e Andy Warhol, cujas obras estudou em profundidade em seus anos de formação em Nova York (entre 1981 e 1993), Weiwei parece virar esses autores de cabeça para baixo quando associa a alta tecnologia, a fotografia e o vídeo, para dar um caráter simbólico a uma única árvore. Ou quando convoca 1,6 mil artesãos de uma região chinesa famosa por seu trabalho em cerâmica para realizar de forma massiva milhões de sementes de girassol. Tais pecinhas, reproduzidas de forma grandiosa e ao mesmo tempo individualizada (são pintadas à mão, uma a uma), condensam uma pluralidade de leituras: são claras representações do povo chinês, numa referência à alegoria de que Mao seria o sol e os girassóis seus seguidores, e ao mesmo tempo uma crítica ao ocidente, em sua visão do “made in China” como algo pobre e massificado. Uma versão deste trabalho, criado para a Tate Gallery, de Londres, ocupa o terceiro andar da Oca. Infelizmente a instalação é mantida a certa distância do público, que não tem contato direto ou proximidade com as sementes.
Ai Weiwei, Forever Bicycles. A obra foi montada pela primeira vez em 2014 e contém aproximadamente 1.250 bicicletas, Especialmente transportadas para o Brasil
Outro importante trabalho de sua trajetória presente na mostra é “Reto”, uma instalação feita com 164 toneladas de vergalhões de aço retirados dos escombros de mais de sete mil escolas da região de Sichuan, construídas precariamente por desvios e superfaturamentos e que vieram abaixo com o terremoto de 2008, acarretando a morte de milhares de estudantes da região. Inconformado com o esforço do governo de acobertar o incidente, o artista lançou uma campanha para levantar a identidade dos meninos mortos e realizou uma série de ações para jogar luz sobre a conduta criminosa das autoridades.
Talvez o aspecto mais interessante da produção de Weiwei seja sua capacidade de imantar as coisas de significado, de buscar na aparência ou na essência dos objetos e gestos uma potência de síntese que leve à reflexão e ao desejo de mudança. As palavras têm também grande peso na exposição, seja por meio das frases que reescreve sobre couro de boi usando o alfabeto armorial de Ariano Suassuna, seja por meio de frases de resistência espalhadas por todo o espaço expositivo, como aquela situada sobre a instalação “Reto”: “Se você desviar o olhar, você é conivente”.
Não por acaso, o artista se incomoda em ser enquadrado no campo de artista plástico. Diz não costumar ir às aberturas de suas exposições (muitas vezes, há que se reconhecer, por estar detido, como no caso da Bienal de Veneza de 2013, quando teve que ser representado pela mãe). E que levou muito tempo para se considerar um poeta, como o pai, até reconhecer que esta é a “única posição possível ao indivíduo no nosso mundo”.
Carlos Zílio nasceu em 1944, no Rio de Janeiro. Psicólogo formado pela UFRJ, tornou-se doutor em Artes pela Universidade de Paris VIII, durante seu exílio na década de 1980. Antes disso, entre 1960 e 1970, participou ativamente da oposição ao regime militar ditatorial instalado no Brasil, por meio de uma arte engajada e militância política.
Em sua obra Identidade ignorada, 1974, Zílio aborda os desaparecimentos durante a ditadura militar no Brasil. A imagem porém faz-se atual e pertinente num momento em que a diversidade e as lutas identitárias são combatidas e censuradas pelo Estado e grupos sociais conservadores.
Nos últimos 20 anos, uma cultura de reconhecimento, valorização do outro, inclusão e respeito à individualidadee a diversidade de grupos sociais, fez enormes avanços no Brasil e no mundo. As questões de gênero e posicionamentos políticos diferentes encontravam espaço na sociedade democrática. Hoje, a (re)ascensão de pensamentos conversadores e de extrema direita questionam comportamentos contemporâneos, utilizando-se de discursos autoritários e reducionistas.
Marcados | Claudia Andujar
Por Marcos Grinspum Ferraz
Para os médicos que acompanhavam Claudia Andujar nos territórios Yanomami, no início dos anos 1980, as fotos deveriam ser simples registros dos habitantes daquela região amazônica. Como os índios Yanomami não possuíam nomes próprios, os números nas placas penduradas em seus pescoços serviriam como identificação para que os profissionais pudessem fazer o trabalho de saúde pública necessário. Dado o contato crescente com o homem branco, a vacinação se tornava urgente para que epidemias não dizimassem os Yanomami. Para os médicos, “deveria ser um clique e acabou”, como contou Andujar anos depois. “Mas para mim não poderia ser assim.” De fato, a série Marcados é muito mais do que um trabalho de identificação. Os gestos, expressões e olhares dos Yanomami, captados pela câmera de Andujar, revelam o trabalho não apenas ético, mas estético da artista, com sua capacidade de apresentar mundos objetivos e subjetivos, de captar sutilezas e violências, esperanças e tragédias, corpos e almas. Não à toa as fotos integraram tantas exposições ao longo das décadas, incluindo a Bienal de São Paulo, tornaram-se parte do acervo do pavilhão da fotógrafa em Inhotim e viraram livro. Marcados – para viver ou morrer? – revela um mundo índio que, sempre ameaçado, parece correr risco ainda maior quando um presidente eleito diz ser contra demarcações de terra e promete acabar com o “coitadismo” das minorias. Contra tamanha violência e ignorância, vale lembrar das palavras do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro: “Temos que aprender a ser índios, antes que seja tarde. Aprender como viver em um país sem destruí-lo, como viver em um mundo sem arrasá-lo e como ser feliz sem precisar de cartão de crédito. O encontro com o mundo índio nos leva para o futuro, não para o passado”. Em imagens, Claudia Andujar parece nos fazer esta mesma afirmação.
Projeto Brasil nunca mais | D. Paulo Evaristo Arns
Por Fabio Cypriano
Durante os anos 1970, cerca de 50 pessoas nas semanas mais movimentas procuravam o então cardeal de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, em busca de parentes desaparecidos. “O senhor tem alguma notícia do paradeiro de meu filho”, era uma frase que o cardeal ouvia de forma recorrente.
Por iniciativa dele, inspirado nas centenas de testemunhos colhidos na sede da Arquidiocese de São Paulo, em Higienópolis, mas em uma rede que integrou lideranças de outras religiões, jornalistas e advogados, foi criado o Projeto Brasil Nunca Mais,em agosto de 1979. Até março de 1985, em sigilo, um grupo trabalhou em 850 mil páginas de processos do Superior Tribunal Militar para a publicação de um relatório e um livro, que revelaram a gravidade das violações aos direitos humanos promovidas pela repressão política durante a ditadura militar. Lançado em 1985, o livro permaneceu na lista dos dez mais vendidos por 91 semanas consecutivas, tornando-se – à época – o livro de não-ficção brasileiro mais vendido de todos os tempos. Hoje em dia, o Projeto possui uma versão digital disponível em http://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/.
Missão/Missões – Como Construir Uma Catedral | Cildo Meireles
Por Leonor Amarante
Uma de minhas obras políticas preferidas é a instalação Missão/Missões – Como Construir uma Catedral, realizada por Cildo Meirelles em 1987. A obra reforça a ideia de que o artista tem o compromisso moral de denunciar as atrocidades político-sociais em qualquer país, em qualquer época. Nesta instalação, Cildo aponta as práticas genocidas da igreja católica em suas Missões Jesuítas iniciadas em 1610 no Brasil, Paraguai eArgentina. Na tentativa de evangelização dos índios da região, combinou-se força e violência, o que exterminou parte deles. Na instalação, o elo entre as duas estruturas, uma feita de ossos e outra de moedas, é construído com hóstias que ligam o chão de ouro ao céu macabro, em franca denúncia sobre as relações de poder da Igreja. A controvertida obra hoje faz parte do acervo da Daros-Latinamerica, em Zurique, na Suíça.
Operação Tutoia | Fernando Piola
Por Maria Hirszman
“Operação Tutoia”, trabalho realizado em 2007 e 2008 por Fernando Piola, desafia de forma contundente a estratégia de silenciamento em torno dos aparelhos de repressão e explicita, por meio de um lento processo de subversão das aparências, o caráter violento de instituições simbólicas da ditadura, como o Doi-Codi. Durante meses, o artista trabalhou no número 921 da Rua Tutoia, em São Paulo, apresentando-se como paisagista. E, semana a semana, substituiu as plantas do jardim por diferentes espécies de coloração vermelha, transformando o entorno da antiga sede do centro responsável pela detenção e tortura de milhares de pessoas e assassinato de 50 opositores ao regime em palco de uma ação ousada de intervenção urbana, denúncia política e investigação poética.
A ação subverteu o espaço das forças de poder e tornou visível o quese pretendeu varrer da história e da memória. Os registros fotográficos (forma definitiva de um trabalho êfemero por natureza) hoje pertencem à coleção do Museu de Arte Contemporânea (MAC). E mostram como o tingimento da paisagem de vermelho, uma cor tão cheia de simbologias, foi pouco a pouco tornando concreta, pulsante e real a necessária tomada de consciência, não apenas em relação às brutalidade cometidas naquele local (que ainda hoje, surpreendentemente, abriga o 36º Distrito Policial da cidade), mas ao descaso em relação a um período negro de nossa história.
Assentamento | Rosana Paulino
Por Jamyle Rkain
O que acho mais belo na obra Assentamento, de Rosana Paulino, é como ela vai além de uma questão mais ampla de como os negros escravizados precisaram se reconstruir para caber em um local desconhecido ao qual foram levados. Gosto especialmente de olhá-la a partir de uma perspectiva que pensa especificamente sobre a mulher negra na sociedade.A fotografia da mulher desconhecida registrada pela expedição Thayer, entre 1865 e 1866, refere-se a uma escrava. Rosana intervém na fotografia de sua forma, seccionando-a e sobrepondo nela a ideia da costura, enquanto o coração sangra. Isso me leva às discussões que os movimentos negros trazem também, de forma mais contemporânea, sobre a solidão da mulher negra. Esse assunto, muito discutido pelos feminismos negros, cuida de refletir sobre como a mulher negra heterossexual é facilmente abandonada pelos homens em um relacionamento amoroso, independente de brancos ou negros, por serem colocadas pela sociedade em uma posição diminuta. Talvez essa costura também possa ser o juntar dos cacos em uma situação dessas. Vejo essa discussão como algo essencial, embora seja preterida. Pontuo isso porque acredito que mesmo a obra trazendo uma perspectiva mais histórica, ela também mostra olhares do contemporâneo sobre assuntos das militâncias negras que são urgentes.
Os quatro segmentos da mostra Lasar Segall: ensaio sobre a cor levam ao público uma variedade de obras que demonstam as fases do artista com base no uso da cor. No Sesc 24 de Maio, até o dia 5 de março de 2019, a exposição também apresenta uma videobiografia do pintor. É uma parceria do Sesc com o Museu Lasar Segall.
Se debruçando sobre as várias formas de expressão de sua época (1891-1957), foi do expressionismo ao modernismo, deixando um vasto acervo, que teve curadoria de Maria Alice Milliet para a exposição no Sesc. São quase 100 obras “grupadas conforme o esquema cromático” que mudam de acordo com a vida de Segall e com as fases de sua obra, explica a curadora.
A exposição também abarca obras de artistas contemporâneos a Segall, como Milton Dacosta e Anita Malfatti, evidenciando que havia um grupo de artistas que conversava entre si.
Assista à reportagem feita pela ARTE!Brasileiros sobre a explosição.
A ARTE!Brasileiros acompanhou durante todo o ano que agora se encerra os acontecimentos na arte no Brasil e no mundo. Nesta reta final de 2018, fizemos um balanço daquilo que foi destaque no cenário nacional da arte e listamos algumas exposições em instituições e em galerias que foram marcantes.
Além disso, é importante pontuar alguns outros acontecimentos que se fazem importantes no desenvolvimento, na preservação e na manutenção da arte, como a inauguração da Fábrica de Arte Marcos Amaro, no interior de São Paulo. O espaço gerido pelo empresário, artista e colecionador homônimo se propõe a ser um importante polo de disseminação da arte. A Casa do Povo, espaço cultural no Bom Retiro, se firmou como um notável ambiente de troca e discussões sobre os temas que circundam o campo artístico.
O Masp e a Casa de Vidro, ambas instituições sediadas em prédios icônicos de Lina Bo Bardi, firmaram parceria para que pelo menos uma vez ao ano exposições simultâneas sejam realizadas nos prédios. Neste momento, acontece Ainda assim me levanto, de Sônia Gomes, em salas dos edifícios. Com grande esforço da Gerência de Artes Visuais e Tecnologia, o Sesc sediou em suas unidades dezenas de exposições valorosas ao longo de 2018, como Lugares do Delírio, Jamaica Jamaica e VKHutemas.
A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage assume gestão do Museu Internacional de Arte Naïf, no Cosme Velho, para realizar sua reabertura. Também no âmbito das reformas, o Museu Bispo do Rosário, por meio de investimentos da Galeria Almeida e Dale e da Fundação Marcos Amaro, está realizando uma série de melhorias no espaço e na conservação de seu acervo. Também vimos, em 2018, a Montblanc dar o prêmio de Arts Patronage para Mônica Nador, por seu trabalho no JAMAC.
A resistência e a perseverança desses agentes da arte e da cultura em tempos nos quais elas têm sido atacadas por valores políticos e ideológicos são coisas para serem festejadas. Desejamos um 2019 no qual possamos estar junto a essas pessoas e entidades que valorizam a arte.
Instituições
Histórias Afro-atlânticas
A grande exposição do ano realizada pelo Masp em parceria com o Instituto Tomie Ohtake ganhou reconhecimento no Brasil e no mundo, ganhado o APCA e sendo citada como uma das melhores exposições do ano pelo The New York Times. “Neste ano comemorou-se os 130 anos da Abolição no Brasil, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. E, no entanto, são vivas e profundas as marcas da escravidão no País. Diariamente somos confrontados com as provas concretas da desigualdade racial, seja por meio de aterradores dados estatísticos ou através de dramas reais, como o assassinato de Marielle Franco, que relembram quão profundo e arraigado é o racismo no país. Apesar da sensação de que pouco avançamos para combater tal situação, a denúncia dessa segregação persistente parece pouco a pouco esgarçar o manto da invisibilidade que recobre a questão”.Leia aqui sobre a exposição, eixo de nossa edição 43.
FOTO: Conversation, Barrington Watson, 1981.
Hilma af Klint: mundos possíveis
Como primeira exposição do ano, a Pinacoteca do Estado de São Paulo sediou a primeira individual da pintora sueca na América Latina. A curadoria foi de Jochen Volz, diretor da instituição, e teve mais de uma centena de obras expostas. Hilma af Klint é uma artista excepcional. Nas várias acepções do termo. Sua obra não é apenas seminal, antecipando em vários anos o início do abstracionismo, como apresenta uma qualidade estética rara, aliando sutileza formal e cromática a uma intensa espiritualidade”. Confira textocompleto de Maria Hirszman sobre a exposição.
Foto: Hilma af Klint, ‘The Ten Largest, No. 7, Adulthood, Group IV’, 1907. Cortesia da Fundação Hilma af Klint
AI-5: ainda não terminou de acabar
Nos 50 anos do do Ato Institucional n. 5, o Instituto Tomie Ohtake realizou uma grande coletiva que discutiu a ditadura militar no Brasil e fez pensar sobre o presente momento. “A ruptura da legalidade democrática leva à perda do direito de expressão, à autocensura, à instabilidade institucional, dentre outras consequências, cujos tentáculos se estendem até nossos dias. Para investigar os efeitos deste trauma no campo artístico, o Instituto Tomie Ohtake deu espaço à mostra “AI-5: Ainda não terminou de acabar”. Relembre reportagem sobre a exposição, publicado na ARTE!Brasileiros 44.
FOTO: Evandro Teixeira, ‘A queda do motociclista da Força Aérea’.
Ex-África
Mostra que visita as unidades do CCBB ao longo das unidades federativas do País, Ex-África reuniu a maior quantidade de obras provenientes de processos artísticos da África contemporânea. “A África é lembrada pelo sofrimento. Colonização, pragas, fome, segregação, inúmeros adjetivos de um continente abalado. Não obstante, parece importante observar que há movimentos na arte contemporânea que vem buscando, de forma notavelmente expressiva, trazer a tona séculos de identidade”, escreveu Matheus Moreira em texto sobre a mostra.
Coletiva com curadoria de Moacir dos Anjos buscou apresentar, no Museu de Arte do Rio (MAR), um panorama do que foi produzido recentemente no cenário nacional que vá de encontro à um ideal utópico. “(…) a exposição alcança uma temperatura às vezes até documental, que apresenta um quadro complexo da situação atual”. Clique aquie confira o que Fabio Cypriano escreveu sobre a exposição em texto para nossa edição 45.
FOTO: Anna Maria Maiolino, ‘Por um fio’, 1976
Bill Viola: visões do tempo
Uma valiosa mostra de vídeos produzidos nos últimos 20 anos pelo artista estadunidense e um dos pioneiros do formato: Bill Viola. Visões do Tempo, no Sesc Avenida Paulista, contou com a curadoria integrada de Kira Perov, diretora executiva do estúdio de Bill, Juliana Braga de Mattos e Sandra Leibovici, respectivamente gerente e assistente da gerência de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo (GEAVT). Leia mais sobre a exposição clicando aqui.
FOTO: Bill Viola, Chapel of Frustrated Actions and Futile Gestures (Capela de Ações Frustradas e Gestos Fúteis), 2013
Irving Penn: centenário
Grande fotógrafo estadunidense, Penn teve exposição no Instituto Moreira Salles paulista em homenagem aos 100 anos que completaria. Mais de duas centenas de fotografias estiveram na mostra. Dentre as imagens estavam retratos de nomes como Pablo Picasso, Audrey Hepburn, Truman Capote e Yves Saint Laurent, além delas, fotografias de moda e cliques de diferentes etnias, como os povos de Cuzco e da Nova Guiné, dentre outros registros.
FOTO: Irving Penn, Audrey Hepburn’, 1951.
MAM 70: MAM E MAC-USP
As sete décadas do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), que tem obras de seu acervo no Museu de Arte Contemporânea da USP, foram reunidas em uma mostra para comemorar esse natalício, com curadoria de Ana Magalhães (MAC USP), Felipe Chaimovich (MAM) e Helouise Costa (MAC-USP). Com quatro eixos expositivos, a exposição buscou enfatizar a fotografia, o contemporâneo, a formação do acervo e a missão pedagógica da instituição.
FOTO: Rosana Paulino, Sem Título, 1997.
Bienal Naïfs do Brasil
“(…) há muitas questões que podem escapar de quem observa a obra de um artista popular olhando-o a partir da concepção do primitivismo, que reduz esses artistas a um rótulo que pode significar um julgamento pelo contexto sócio-cultural em que vivem. Talvez o ponto mais latente disso na mostra seja o fato de que muitas obras abordam discussões sociais e políticas, muitas vezes identitárias, que podem muitas vezes se fecham apenas à ambientes acadêmicos e seriam reproduzidas apenas por artistas que tenham acesso a isso. Os naïfs se mostram muito à frente nesse ponto, assinalando nitidamente o seu posicionamento sobre algumas dessas questões”. Leia o texto completo sobre a exposição que ocorreu no Sesc Piracicaba clicando aqui.
FOTO: Gildo Xavier, Conquista, 2017.
Anri Sala: o momento presente
“Sala relaciona o território e a música a partir da memória do lugar e, como define a curadora da exposição, Heloisa Espada, o casal que empurra o realejo pode ter frequentado a Salle des Fêtes ou isso pode apenas simbolizar um fragmento de um sonho acordado. No trabalho de Anri Sala, a banalização do dia a dia se transforma por meio de práticas libertárias no espaço público, no melhor espírito da Internacional Situacionista, movimento surgido em 1957, que defendia, entre outras coisas, uma vida lúdica e de liberdade permanentes”. Confira texto no qual Leonor Amarante fala sobre a mostra ocorrida no Instituto Moreira Salles.
FOTO: Anri Sala, ‘Long Sorrow’, 2005.
GALERIAS
Vanderlei Lopes, A democracia é um mito, 2018
Com o ar pesado demais para respirar
Exposição importante com curadoria de Lisette Lagnado, sediada na Galeria Athena, no Rio de Janeiro. “A curadora aponta para os tempos cíclicos da arte, da política e da própria sociedade, afinal, um distanciamento necessário para quem vive a barbárie dos dias atuais”. Confira textode Fabio Cypriano sobre a exposição em diálogo com a exposição com curadoria de Moacir dos Anjos no MAR.
Neide Sá, A Corda
Neide Sá: estrutura poética, ruptura e resistência
Uma das fundadoras do movimento Poema-Processo, a artista carioca Neide Sá teve exposição individual na Galeria Superfície. Gustavo Nóbrega, diretor da galeria, se empenhou em inseri-la em grandes exposições desde que começou a representá-la, enfatizando o importante papel poético, político e comunicativo da artista. Suas obras também estiveram em grandes exposições, como Mulheres Radicais e Arte-Veículo. Clique aqui e leia nossa matéria sobre a exposição, publicada na edição 44 da ARTE!Brasileiros.
León Ferrari, ‘Sem título’, 2008
León Ferrari: por um mundo sem Inferno
Lisette Lagnado se destaca como curadora de importantes exposições de 2018. Na Galeria Nara Roesler de São Paulo e Nova Iorque, apresentou mostra individual de León Ferrari. O artista também foi tema de conferência realizada pela ARTE!Brasileiros em abril, no auditório do MAM. A exposição na galeria mostrou um panorama da obra do artista que “ao longo de sessenta anos de arte, viveu no contrafluxo do sistema sendo empurrado aos infernos para emergir ainda mais forte. Ferrari observa o mundo e o transfigura em textos/gráficos que apontam dimensões submersas no cotidiano”.Leia texto de Patricia Rousseaux sobre o artista, capa de nossa edição 42.
Milton Dacosta, ‘Construção Sobre Fundo Vermelho’, 1957
Milton Dacosta: a cor do silêncio
Uma sublime retrospectiva na Galeria Almeida e Dale fez coro à celebração dos 100 anos que seriam completados pelo artista em 2017. “Dacosta não era adepto dos rótulos, tendo um percurso livre em sua passagem da figuração para a abstração, enquanto os colegas artistas disputavam a importância dos estilos”. Clique e leia entrevistana qual Paulo Pasta e Alexandre Dacosta falam sobre o artista.
Maria Laet, Terra, 2015
Maria Laet: Poro
A exposição aconteceu tanto na galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro, quanto na galeria Marília Razuk, em São Paulo. Maria também teve forte presença na 33ª Bienal de São Paulo. “A obra de Maria Laet é uma suave projeção de sua personalidade. Ambas têm a essência onírica que brota de um imaginário quieto, afetivo e seletivo”. Confira texto de Leonor Amarante sobre a artista.
David Medalla, ‘A Flor Mohole’.
Você sonha com o quê?
Apresentada na Galeria Luisa Strina, coletiva com curadoria de Magali Arriola reuniu obras de Marcel Duchamp, Pierre Huyghe, Laura Lima e Zé Carlos Garcia, Marie Lund, David Medalla, Cildo Meireles, Theo Michael e Gabriel Sierra. A mostra foi definida por Leonor Amarante como “uma indagação de como a arrogância do mundo pode ser questionada com devaneios e imaginação”. Leia o artigo completo clicando aqui.
Marcelo Moscheta, ‘A História Natural e Outras Ruínas (Cap. 15), 2018
Marcelo Moscheta: a história natural e outras ruínas.
Desdobramento da pesquisa de Moscheta sobre a natureza e seus recursos na qual se debruça há anos, a exposição foi sediada na Galeria Vermelho. O artista utilizou múltiplas técnicas para transpor em suas obras as questões das modificações que o fator humano causa na ambiente. A força dessas transformações é desencadeada obra por obra: “E compreenderam também que nada – nem montanhas, rios, continentes ou mares – é eterno na Terra”, diz texto de enciclopédia em uma delas.
Clara Ianni, War II
Aonde Vamos?
Adolfo Montejo Navas, Ana Vitória Mussi, Clara Ianni, Ile Sartuzi, Kilian Glasner, Nazareth Pacheco, Ole Ukena e Tiago Tebet tem obras na mostra sob curadoria de Paulo Kassab Jr. na Galeria Lume. Jogando luz sobra a ideia de transição entre passado e presente, a exposição faz refletir sobre o caminho que percorremos e as quebras e permanências que se dão ao longo do tempo, dialogando com a situação política e social do país e questionando a intolerância e as ferramentas de mentiras nos dias de hoje.
Santídio Pereira, Sem título
Santídio Pereira: o olhar da memória
Com apenas 23 anos, o artista piauiense mostrou uma força robusta em exposição realizada na Galeria Estação. A mostra trouxe obras em xilogravuras, “técnica antiga que requer um tipo de relação diferente e mais demorada com a matéria, que sangra a madeira, e que coincide com a maneira com que Santídio enxerga seu passado”. Leia texto sobre a exposiçãopublicado em nossa edição 44.
Ícaro Lira, Crime e Impunidade, 2017.
Ícaro Lira: Frente de trabalho
Em abril, Ícaro teve individual na Galeria Jaqueline Martins, que destacou o pensamento coletivo do artista, uma de suas características fortes. Trazendo trabalhos próprios, colaborativos e de outros artistas, Ícaro tornou o espaço expositivo um espaço de produção e chamou a atenção do público para o exercício de reflexão sobre o trabalho, inclusive no sistema da arte, num processo engajado e de resistência.