No decorrer dos três séculos que separam os dois adolescentes franzinos, os Románov produziram 20 czares. Foto- Divulgação
No decorrer dos três séculos que separam os dois adolescentes franzinos, os Románov produziram 20 czares. Foto- Divulgação

A saga da dinastia Románov está intimamente associada à turbulência e ao excesso. Começou em 1613, com um rapaz franzino de 17 anos elevado a contragosto a soberano da antiga Moscóvia e terminou 305 anos depois, com a morte brutal de outro herdeiro adolescente. Aos 13 anos, fragilizado pela hemofilia, Alexei Románov foi fuzilado junto com os pais e as quatro irmãs no porão da mansão Ipátiev, em Iekaterinburgo, nos Urais. Os disparos demoraram a atingir o corpo das garotas, conhecidas pelo acrônimo OTMA, de Olga, Tatiana, Maria e Anastássia. Naquela madrugada, 17 de julho de 1918, as balas ricochetearam nas joias que as grã-duquesas tinham costurado no interior das roupas. Prisioneiras dos bolcheviques, elas ainda tinham esperança de fugir com a família de uma Rússia dilacerada pela guerra civil.

No decorrer dos três séculos que separam os dois adolescentes franzinos, os Románov produziram 20 czares, entre eles dois com fama de gênios políticos: Pedro I e Catarina II, os Grandes. Construíram também um império, que cresceu uma média de 140 quilômetros quadrados por dia e correspondia a um sexto da superfície do planeta em 1917, quando o czar Nicolau II, pai de Alexei, caiu, na sequência da revolução que levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lênin. São por esses três séculos que o historiador britânico Simon Sebag Montefiore empreende um excepcional estudo do poder, da brutalidade e do sexo em Os Románov 1613-1918. Autor de best-sellers como Jerusalém, Montefiore é especialista em história russa e escreveu dois livros sobre o líder soviético Josef Stálin, além de uma biografia do primeiro-ministro Grigory Potemkin, amante de Catarina, a Grande.

Em linguagem fluida e cativante, Montefiore apresenta o mundo dos Románov alternando detalhes da vida íntima de seus integrantes com assuntos de governo. O próprio autor esclarece o motivo: “É impossível entender Pedro, o Grande, sem analisar seus anões nus e papas falsos ostentando brinquedos sexuais tanto quanto suas reformas de governo e sua política externa. Ainda que excêntrico, o sistema funcionava, e os mais talentosos ascendiam a altas posições”. Dessa forma, amantes imperiais acabaram se revelando ministros de primeira linha, como foi o caso do poderoso Potemkin, durante o governo de Catarina, a Grande. Era também um mundo permeado pela traição. Seis czares foram assassinados, “dois por asfixia, um com uma adaga, um com dinamite, dois à bala”.

Os_Romanov_Capa
Os Románov 1613-1918, Simon Sebag Montefiore. Tradução de Claudio Carina, Denise Bottmann, Donaldson M. Garschagen, Renata Guerra e Rogério W. Galindo. Companhia das Letras, 906 páginas

Diante da profusão de personagens na obra de 900 páginas, Montefiore tentou facilitar a vida do leitor adotando grafias distintas para nomes similares e usando apelidos. Diante de cada capítulo, ele também apresenta uma relação dos personagens que virão a seguir. O fio condutor da narrativa é a autocracia e seus efeitos – tanto no destino de um povo quanto na distorção de personalidades. Publicada no centenário da Revolução Russa, Os Románov apresenta uma sucessão de bizarrices, como desfile de noivas para a escolha de consortes, anões saltando pelados de bolos, gigantes vestidos como bebês, pais torturando filhos até a morte, crianças assadas e comidas enquanto suas mães são estupradas. Tudo isso em um contexto de conspirações e golpes, de brigas intestinas pelo poder.

Nesse universo, Pedro, o Grande, é lembrado pela engenhosidade geopolítica, mas também pela “resistência férrea” para festas que exauriam os súditos e por protagonizar episódios grotescos. Um deles ocorreu em março de 1719. Ao final de uma investigação que trouxe à tona a promiscuidade da corte, Pedro I condenou à morte uma antiga amante, Mary Hamilton, descendente da realeza escocesa e dama de honra de sua mulher. Mary subiu ao cadafalso crente que receberia um perdão de última hora, mas o czar sinalizou para o carrasco descer a espada. Na sequência, “Pedro levantou aquela linda cabeça e começou a falar sobre anatomia para a multidão, mostrando a vértebra cortada, a traqueia aberta e as artérias gotejantes, antes de beijar os lábios ensanguentados de Mary e largar a cabeça. Em seguida, persignou-se e foi embora”. Depois de embalsamada, a cabeça de Mary foi levada para o Gabinete de Curiosidades, o espaço no qual o czar guardava sua coleção de objetos exóticos.

A pesquisa que permitiu a Montefiore entrar em tantas minúcias foi facilitada, em grande medida, pelo colapso da União Soviética e subsequente abertura de arquivos, que lhe deram acesso, inclusive, a diários íntimos dos Románov. Com isso, até mesmo suas notas de rodapé podem revelar detalhes preciosos. Um deles: depois da carnificina que culminou na morte dos últimos Románov, Órtino, o buldogue de Tatiana, desceu correndo as escadas e foi morto pela baioneta de um dos soldados. Destino similar teve Jemmy, outro cão da família. Em contrapartida, Joy, o cãozinho king charles spaniel de Alexei, conseguiu fugir durante a fuzilaria. Quando voltou, foi adotado por um guarda e mais tarde por um integrante das forças de intervenção dos Aliados. Levado para a Inglaterra, Joy viveu o resto da vida em Berkshire, perto do Castelo de Windsor.


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